Suponhamos que você e eu discutamos. Se você levar a melhor, e eu não conseguir argumentos melhores, é você, necessariamente, quem tem razão e eu estou errado? Ou se eu levar a melhor, e não você, sou eu, necessariamente quem tem razão e você está errado?
Ou ambos teremos razão em parte e estamos errados em parte? Ou ambos estamos completamente certos e completamente errados? Você e eu não podemos sabê-lo e portanto vivemos todos nas trevas.
A quem chamaremos para árbitro nessa questão? Se eu pedir a alguém que tenha a sua opinião, para servir de juiz, ele ficará de seu lado. O que adiantará um tal juiz entre nós?
Se eu pedir opinião de alguém que tenha seu lado. o meu ponto de vista, ele ficará de meu lado. O que nos adianta um tal árbitro?
Se eu chamar alguém cujas opiniões sejam diferentes das nossas, ele, igualmente, ficará em situação de não poder decidir entre nós, já que difere de ambos. E se eu chamar alguém que concorde com os dois também ficará em situação de não poder decidir, já que concorda com ambos. Desde que você e eu, e outros homens, não podemos decidir, como podemos depender um do outro?
As palavras dos argumentos são todas relativas; se nós queremos alcançar o absoluto precisamos harmonizá-los por intermédio da unidade de Deus e seguir sua evolução natural de modo que possamos completar a duração de vida que nos foi concedida. Mas o que é harmonizá-los por meio da unidade de Deus? É isso.
O direito pode não ser realmente direito. O que parece assim pode não sê-lo realmente. Mesmo que o que é direito seja realmente direito.
Mesmo que o que aparece onde difere do que não o é, também não pode ser evidenciado por argumento. Não repare no tempo. Nem no direito, nem no errado.
Passando para dentro do reino do Infinito faça seu repouso final lá. Esteja em Paz. Chuang Tzu.
Esteja com seu coração em paz. Assista a turbulência dos seres, mas contemple o seu retorno. Se não percebe a fonte, você tropeça na confusão e na tristeza.
Quando você percebe de onde você vem, naturalmente se torna tolerante, desinteressado, divertido, bondoso como uma avó, digno como um rei. Imerso na maravilha do Tao, você pode lidar com o que quer que a vida lhe traz, e quando a morte chega, você está pronto. O homem sábio sabe que é melhor sentar-se nas margens de um riacho do que ser o imperador do mundo inteiro.
Se a tranquilidade da água permite refletir as coisas, o que não poderá a tranquilidade do espírito? Para a mente tranquila, todo o universo se rende. A não-ação do sábio não é a inação.
Não é estudada. Coisa alguma a abala. O sábio é quieto porque não se altera.
Não porque ele queira ser quieto. A água parada é como um espelho. Você pode olhar nele e ver os pelos em seu queixo.
Sua superfície é perfeitamente plana. Um carpinteiro podia usá-lo. Se a água é tão clara e sua superfície plana.
Quanto mais o espírito do homem? O coração do sábio está tranquilo. É o espelho do céu e da terra.
O espelho de tudo. É vazio, é quieto, é tranquilo, é sem sabor. O silêncio, a não-ação: esta é a medida do céu e da terra.
Este é o perfeito Tao, o sentido da vida. Os sábios encontram aqui seu lugar de repouso. Repousando, estão vazios.
Do vazio vem o não-condicionado. Daí, o condicionado, as coisas individuais. Assim, do vazio do sábio surge a quietude.
Da quietude, a ação. Da ação, a realização. Da sua quietude vem sua não-ação, que é também ação.
E é portanto, sua realização. Pois a quietude é alegria. A alegria é isenta de preocupações, fértil por muitos anos.
A alegria faz tudo despreocupadamente: Porque o vazio, o quieto, o tranquilo, o silêncio é a não-ação, Eis a raiz de todas as coisas. Conservai aquilo que está dentro de vós, e deixai do lado de fora o que vos é exterior; pois saber muito é uma calamidade. A boa ordem surge espontaneamente quando as coisas são deixadas em paz.
Deixe sua mente vagar no puro e simples. Seja um com o infinito. Deixe todas as coisas seguirem seu curso.