Salve meus cavaleiros, Thiago aqui, sejam muito bem-vindos ao Impérios AD. Quer saber um assunto que eu não gosto de falar? Doença!
É porque quando eu começo a falar de doença, vírus ou bactérias mortais eu saio de um estado de de paz mental e tranquilidade e começo a sentir um monte de coisas. E mesmo sendo bizarro pensar que um vírus ou uma bactéria tão pequenos podem matar um monte de gente, eles matam mesmo. O Corona Vírus mostrou pela primeira vez a avós, pais e filhos como micro-organismos podem mudar suas vidas sabendo que dezenas de milhares de pessoas estão morrendo no mundo todo.
Só que não é a primeira vez que a raça humana enfrenta um desafio assim: há 700 anos atrás, nossos ancestrais também viram pela primeira vez suas vidas acabarem. . .
e literalmente. Só que não aos milhares; aos milhões, na pior catástrofe da história da humanidade: e que só o nome já causa calafrios tenebrosos e sombrios: A Peste Negra! Os mesmos navios que traziam riqueza e prosperidade para a Europa, agora traziam um inimigo invisível, silencioso e insaciável.
E ele veio do mesmo lugar que o Sars, Toc Toc, A China. . .
Um alastramento descontrolado de ratos e pulgas convivendo com os seres humanos começaram a contaminar os chineses e asiáticos em larga escala, e de lá se espalhou pra Índia, Síria, Pérsia até chegar na Europa. Só que, embora hoje a gente tenha uma boa noção do porquê essa doença tenha surgido na China, em 1346 o mundo não fazia ideia com o que estava lidando e nem de onde o problema vinha. Eles só tinham uma certeza: a doença era imparável!
Principalmente porque Europa, Ásia e África estavam conectados por uma complexa rede comercial conhecida como Rota da Seda. Os mercadores, comerciantes e seus produtos seriam os mensageiros do caos mundial no alastramento da pior pandemia da história da humanidade, que duraria desesperadores 10 anos! A Peste Negra chegou na Europa pelos agitados portos Italianos de Veneza e Gênova que eram as superpotências econômicas da Europa, e ela se alastrou tão rápido que não tiveram nem tempo de dar nome a praga, que só foi chamada de Peste Negra séculos depois.
Depois dos primeiros sintomas surgirem a pessoa já estaria morta no máximo em 5 dias, e por mais bizarro que possa parecer, a morte seria uma verdadeiro benção pra essas pessoas contaminadas, porque o sofrimento era inimaginável. E geralmente eles não precisavam voltar mesmo, porque no quarto dia eles morriam, até porque com esse tipo de tratamento médico, melhorar seria um verdadeiro milagre. A ciência da época tentava buscar explicações de todas as formas para a catástrofe que devastava o povo, mas nada físico parecia explicar o motivo, então eles voltaram suas atenções para o único sentido que conheciam das coisas: Já outros oravam, veneravam imagens dos santos, construíam igrejas com ainda mais fervor e zelo.
. . ou então se matavam!
Tudo isso para acalmarar a fúria de Deus e parar o flagelo enviado por ele para devastar a humanidade pecadora. E enquanto a Europa e a humanidade continuavam perdidos m busca de respostas, milhões continuavam morrendo todos os meses. Só algumas ilhas isoladas no Mediterrâneo que estavam seguras, longe das rotas comerciais infectadas pela pandemia.
Mas no restante do continente, não parecia haver uma cidade ou vilarejo livre da doença, que em poucos meses viravam cidades fantasmas. Mas aí você me pergunta: Thiago, por que que eles não isolavam as pessoas infectadas? Aí eu te respondo: Dá uma olhada nesses dois cavaleiros aqui: um deles já tem a bactéria há 3 dias.
. . Aí eu te pergunto: qual dos dois?
Isso significa que os dois viviam uma vida normal: batiam uma bola com o filho, bebiam com os amigos, namoravam. . .
e só 5 dias depois de pegarem a bactéria é que começavam a se sentir mal. Então, até isso acontecer e sem saber eles, já tinham contaminado um monte de gente, que já tinha contaminado um monte de gente. .
. Então, o isolamento seria a salvação mundial, mas impossível de se conseguir naquela época. E assim milhões foram contaminados e milhões morreram.
E só pra você saber, esse é o cavaleiro contaminado. . .
Mas se a situação da Europa já está ruim, não tema, ela vai ficar muito pior: A Peste Negra não atingiu só os humanos: os animais também eram contaminados e morriam por todo o lado, principalmente bois, vacas, porcos e ovelhas; e se bois, vacas, porcos e ovelhas morriam na Europa Medieval, os europeus tavam ferrados: carne, leite, roupas, agricultura. . .
tudo dependia desses animais, e agora os europeus não morreriam só da Peste: morreriam de fome e de frio também. E justamente pelo impacto da Peste Negra, muitos estudos tentam explicar como a Peste Negra se espalhou tão rápido na Idade Média, e muitos discordam uns dos outros: alguns dizem que a bactéria Yersinia Pestis era transmitida pelo ar, outros pelo toque, por bebidas contaminadas, mas o que a maioria concorda é que a origem da contaminação era causada pelas pulgas dos ratos mortos contaminados, que tinham que procurar novos hospedeiros e na falta de ratos ou outros animais próximos, os humanos seriam as vítimas. E pra piorar ainda mais, os navios europeus eram infestados de ratos que não só contaminavam os marinheiros, mas também desciam com as mercadorias para as cidades, se espalhando e espalhando o caos na Europa.
Mas outros estudos mais recentes dizem que a Peste Negra não tem nada a ver com a peste bubônica, mas era causada pelo Antrax. Se hoje tá difícil chegar numa conclusão definitiva, imagine para os pobres humanos do século XIV. Mas o que é consenso mundial é que essa foi a Peste mais devastadora da história humana: na Europa, de 30 a 60% da população morreu, totalizando 70 milhões de pessoas.
E a tragédia para a Europa foi tão grave que o continente só conseguiria recuperar sua população 200 anos depois. E no mundo todo as estimativas do número de mortes variam de 75 a 200 milhões de pessoas. E é justamente vendo esses números totais que a ideia da tragédia se torna ainda mais assustadora: é porque o mundo todo tinha cerca de 500 milhões de pessoas Então se algumas fontes estiverem certas metade da população mundial morreu na Peste.
Tudo isso em apenas 7 anos de pandemia. E assim como nossos irmãos e irmãs do passado, hoje nós também vivemos uma pandemia, mortalmente incomparável, mas que foi capaz de parar o mundo, e que mostra como em pleno século XXI ainda existe extrema falta de higiene em muitos lugares que podem gerar um novo vírus ou bactéria, que independentemente de onde esteja no planeta, vai se espalhar e causar o colapso mundial. Muito obrigado por assistir, um grande abraço, se cuida e Adeus!