porque zygmund bauma Pensador polonês radicado na grã-bretanha vai muito além de qualquer apropriação caricatural ou unilateral como toda pensadora como todo Pensador não fica famoso por falar alguma coisa óbvia mas ao contrário é pela variedade e pela complexidade das suas análises que as suas ideias podem ultrapassar o seu próprio tempo e com Bauman a gente tem um cenário bem parecido se ele parece é o que tudo indica ser um desses pensadores mais citados do que lidos talvez vale a pena a gente voltar para entender a sua noção de amor a uma das suas ideias mais
conhecidas que a ideia justamente de um mundo líquido essa noção aparece pela primeira vez num livro intitulado justamente modernidade líquida até então Baumann já tinha publicado várias obras de sociologia ele já eram sociólogo relativamente conhecido já tinha publicado duas obras que eu pessoalmente recomendo a leitura antes inclusive de ler o modernidade líquida que são dois livros um deles se chama modernidade e ambivalência e o outro se chama o mal estar na pós-modernidade e nesses dois livros ele prepara um diagnóstico que depois ele vai sintetizar a meu ver de uma maneira muito inteligente na ideia do
Mundo líquido da modernidade líquida O que é essa ideia do líquido a gente costuma ouvir Como Eu mencionei algumas pessoas falando da ideia do líquido como uma transformação Perpétua e constante mas no próprio livro modernidade líquida vai falar que essa ideia procura capturar uma característica típica dos Tempos Modernos a ambivalência o líquido não é apenas alguma coisa que muda de forma se fosse só isso Bauman não precisaria criar o conceito bastaria dizer que tudo se transforma Ok Heráclito falou isso é quase 3 mil anos e tá tudo bem A sacada é utilizar a ideia de
líquido para mostrar o seguinte há uma transformação de fato o líquido muda de acordo com o recipiente onde ele está ele muda de forma mas ele não muda de conteúdo ele não muda a sua natureza portanto a ideia de uma liquidez não significa uma transformação constante em tudo Mas significa uma ambivalência entre a transformação e a permanência o líquido se transforma o tempo todo Isso é verdade o líquido muda de forma mas ele mantém as suas propriedades a água muda de forma quando você tira da jarra vai para o copo mas ela não deixa de
ser água a modernidade é justamente o momento aonde você tem transformações das mais radicais que parecem realmente revolucionar o mundo a cada instante e ao mesmo tempo você tem a permanência de elementos que não mudam você tem a permanência de elementos que são conservados a ferro e fogo ou que são transformados para permanecerem exatamente os mesmos então um primeiro ponto para a gente entender a noção de amor em Bauman a ideia de um amor líquido nesse nosso quinto episódio nessa Nossa Quinta Estação quinta parada dessa jornada filosófica sobre o amor entender que o líquido não
se refere a uma transformação constante e inesgotável ao contrário a ideia do líquido a metáfora do líquido é justamente a gente entender que a modernidade ela é caracterizada por uma ambivalência estrutural aonde algumas coisas se transformam o tempo todo e outras permanecem rigorosamente as mesmas para pegar um exemplo que tá provavelmente ainda a palma da sua mão a nossa tecnologia muda a cada instante se você quiser você pode comprar um Smartphone novo todos os dias porque tem alguma coisa nova vai ter um dispositivo a mais uma câmera a mais faz uma coisinha mais na fotografia
ou grava vídeo de um jeito ou de outro Então nesse ponto você pode olhar e falar nossa realmente Olha só estamos no mundo líquido a tecnologia tá mudando todos os dias a rede social de ontem não vale para hoje as coisas mudaram é verdade é verdade show de bola estamos mudando o tempo todo e não existe nada mais antigo do que o racismo do que a misoginia do que é homofobia do que o preconceito e do que o ódio que estão justamente proliferando aonde nessas redes sociais o máximo de modernidade e o máximo de num
sentido talvez daquilo que há de mais antigo Isso é ambivalência isso é o líquido a modernidade líquida não é a transformação pela transformação a modernidade líquida é o fato de que as coisas se transformam ao mesmo tempo em que ela se conservam as coisas mudam totalmente ao mesmo tempo em que elas conservam mantém as suas propriedades a tecnologia avança da maior maneira possível super rápido mas os nossos pobres padrões sociais parecem seguir exatamente o mesmo roteiro de 50 100 200 anos atrás portanto um mundo líquido não é o mundo aonde tudo está aberto onde tudo
pode acontecer isso seria talvez um mundo o tópico de infinitas possibilidades infelizmente ou felizmente não é isso que que acontece um mundo líquido é um mundo Aonde a impermanência atua em ambivalência constante com a permanência é a partir dessa percepção da ideia de líquido que existe mundo Baumann vai escrever um dos seus livros talvez mais fortes e que diz respeito diretamente ao conteúdo Desse nosso quinto encontro o livro Se chama amor líquido e é aonde Bauman vai estudar como que os laços humanos se formam e se desmancham numa sociedade líquida lembrando aonde você tem fluxos
e aonde você tem permanências o subtítulo do livro a meu ver é um achado porque completa muito bem o título da história o amor líquido sobre a fragilidade dos laços humanos e aí a gente pode tentar entender o que vem a ser essa fragilidade dos laços humanos para isso a gente precisa fazer um breve contraste como que foi num passado até recente um vínculo vamos lá para a gente não precisar sair muito da nossa zona de conforto eu não sei que idade você tem aí do outro lado da tela Mas provavelmente o tipo de relacionamento
ou os tipos de relacionamento que você tem e teve são muito marcados pela idade que você tem eu tô com 45 anos e a geração minha geração e a geração talvez mais velhas 20 anos mais velha que a minha nunca ficou é pelo menos não sabendo do que tava fazendo nunca ficou jamais mas ainda que ficasse né o fenômeno existia mais o nome não existia existiam outros que não era exatamente a mesma coisa da ficada mais existia aí A sei lá uma amizade colorida que era outra coisa mas enfim existiam alguns termos para classificar uma
ambivalência de relacionamento mas em linhas Gerais o pessoal que tá com 65 75 anos Portanto tem 20 30 anos mais do que eu nunca fico pelo menos não quando era jovem Talvez esteja ficando hoje e se dando muito bem aí cada um sabe da sua vida mas quando era jovem certamente não ficou porque porque muitos anos atrás Décadas atrás o conceito de ficada não existia não havia um relacionamento fluido o suficiente para atender pelo nome de ficada e portanto havia outros conceitos que definiam outras realidades Vamos colocar aí a 100 anos você tinha basicamente duas
ou três no máximo modalidades de relacionamento amoroso você flertava e flertar não é ficar flertar era um jogo de olhares tá não tinha contato físico você flertava se o flerte ia para frente você namorava não tinha essa de juntar ficar vamos morar junto não namorar e o que que era namorar era namorar na sala de casa de preferência com o pai ou com a mãe ali perto namorou namoro tinha tempo limitado e ora para acabar 10 horas namorar na rua aliás 10 horas é muito tarde 9 horas namorado na rua nada disso de ficar namorando
mais tarde sair passar a noite passar a noite imagina de jeito nenhum ao contrário a instituição namoro era um Prelúdio para a maior de todas as instituições que era o casamento e olha só nada mais sólido mantendo a metáfora dos estados da matéria nada mais sólido do que um casamento Portanto o teu bisavô a sua bisavó nunca ficaram eles flertaram um pouquinho de sorte começaram a namorar e casaram e acabou talvez na época da sua bisavó ou não existisse sequer o divórcio e então casou é para toda vida pior das hipóteses havia uma coisa chamada
desquite em que não era um fim do casamento né a pessoa apenas se separava e isso colocava a mulher separada como foco de todos os estigmas negativos possíveis e eu tô com 45 anos eu cheguei a pegar nos anos 80 quando eu era criança o estigma no meu círculo social o estigma de conviver com crianças e falar Fulano ali os pais são desse quitados e as pessoas falavam baixo eu tô falando dos anos 80 aí eu tive foi criança lá nos anos 80 mas ainda existia esse estigma e falar nossa olha o Fulano ali o
seu amigo a mãe dele o pai dele são desquitados as pessoas falavam baixo falavam com medo porque entendia-se que o casamento era para sempre a instituição do casamento era para sempre e portanto o relacionamento era sólido a própria divisão era demarcadamente sólida flerte namoro noivado eu pulei um noivado porque ele era um estado intermediário Mas enfim noivado casamento qualquer desmanche no namoro ou no noivado era uma tragédia social e adivinha a mulher ficava falada então a moça ter um segundo namorado ou já ter sido noiva de alguém podia ser um tabu social imenso evidentemente eu
trago só aprendizados que aprendi de amigas minhas machismo estrutural tem uma apresentação histórica das piores maneiras possíveis o homem Jamais ficaria mal falado mas a mulher que já tinha tido um outro noivado e rompeu meu Deus ela vai ficar mal falada assim como a mulher conectada e assim por diante Esse era o mundo de ontem o mundo sólido ao qual Bauman Vai contrapor um mundo aonde você tem uma fluidez maior nos relacionamentos hoje quando a gente pensa em termos de Século 21 é aquele modelo flerte namoro noivado casamento parece a coisa mais engessada que tem
e de certa maneira era porque porque partido princípio de que uma vez feita uma determinada escolha se é que os jovens puderam escolher essa escolha seria pela vida toda e portanto qualquer uma das pessoas envolvidas mas aí como aprendi das minhas amigas Principalmente as mulheres estariam condenadas a uma vida de Sofrimento Porque se o casamento era indissolúvel você casou com um traste você vai ficar com o traste a vida toda não tem uma segunda opção não tem uma segunda chance Vamos pensar você teria entre muitas aspas a segurança do casamento teria o que numa sociedade
mais machista do que a nossa era importante mas é que segurança é essa que importância era essa que só podia se desenvolvida as custas do sofrimento psíquico de quem tava envolvido na relação as mulheres e os filhos né Então o mundo sólido de ontem ele não era o mundo ideal Baumann em momento algum vai glamourizar o mundo de ontem como o mundo ideal ele não vai dizer ah agora tá tudo líquido tá ruim antigamente era bom não ele vai dizer na verdade na ideia da ambivalência da liquidez nós trouxemos o pior do mundo de ontem
para a modernidade líquida no entanto a modernidade líquida pela sua própria característica de liquidez ela abre alguns caminhos que resolve alguns problemas e traz outros ela resolve alguns dilemas e nos coloca na frente de outros de fato os relacionamentos não são mais sólidos ou seja eles não são feitos para durar chega-se no entanto segundo baumana numa outra perspectiva aonde os relacionamentos são feitos para não durar E aí você chega num curioso paradoxo aonde de um extremo ao outro o que que sobra a angústia de quem ama seja assinante da casa do Saber mais e confira
essa aula completa e também 250 outros cursos sobre filosofia história psicanálise psicologia Artes e muitos outros temas assim agora e assista quando e onde quiser