Descobriram minha missão: Debora Noal no TEDxVer-o-Peso

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TEDx Talks
Debora Noal Geografia nunca foi seu ponto forte. Mas não importava, pois sua inquietação superaria q...
Video Transcript:
[Música] Bom dia primeiro quero começar dizendo que que sensação estranha que é de de reconhecer iguais seja do lado de cá seja do lado cá é uma sensação boa como eu tenho poucos minutos para falar para vocês vamos lá vamos começar abrir os trabalhos com toda essa gente que tá aqui em 2004 o finalzinho dele foi quando eu resolvi colocar em prática um plano que eu já vinha pensando já fazia algum tempo durante todo o período da Universidade eu fui maquinando como fazer o que fazer com esse diploma para que que eu quero seu diploma
onde é que eu coloco ele que fazer com ele dentro da dessa maquinária toda o plano era muito simples eu sairia do Rio Grande do Sul ou do interior de lá onde eu estava estudando iria até a Amazônia e da Amazônia simplesmente trabalharia em todos os estados brasileiros o plano simples e claro não fosse o fato de que eu tinha R 300 e que eu não sabia direito qual era a rota que tinha que fazer mas tudo parecia muito claro comecei Então fui pro Fórum Social Mundial meu primeiro trabalho dois dias Depois de formada comecei
como voluntária Já comecei bem né comecei como voluntária num ã programa de emergência que tinha dentro do fórum para atender as pessoas saindo de lá o único lugar que eu consegui carona a única delegação que me deu carona foi a delegação de Pernambuco e assim eu fui saindo cheguei em Pernambuco três dias depois com um ônibus cheio de gente que eu nunca tinha visto sem ar condicionado um calor desgraçado o ônibus parava pouco pra gente ir ao banheiro que o banheiro não tava funcionando também depois de lá então trabalhei alguns meses saindo de lá fui
ao Ceará Parecia tudo muito bem não fosse o 52º da sombra do Sertão do Ceará então não era um bom lugar para continuar o trabalho no meu ponto de vista que eu precisava naquele momento um pouco de relaxamento para entender melhor o que que eu ia fazer foi assim que eu fui parar no estado de Sergipe onde morei 6 anos a vida não parecia muito difícil por lá comecei trabalhei fiz especialização fiz residência tudo parecia muito bom meu sonho de trabalhar com saúde pública era viável as condições eram muito boas tinha motorista comecei a trabalhar
pros 28 municípios mais pobres do Estado trabalhando com conformação de estratégias de saúde pública o plano parecia perfeito morava numa cobertura de frente para mar com uma gata chamada Filomena tinhamos uma excelente relação às duas não discutimos em nada éramos de acordo com tudo inclusive com as mudanças bom o plano Tava perfeito acordava de manhã cedo caminhava na praia tomava meu banho de mar uma aguinha de coco e saía pro trabalho quem não ia gostar de um trabalho desse Tudo tava tão gostoso tão gostoso não fosse o fato de numa dessas noites eu encontrar uma
pessoa pessoa que me contou Nossa isso tudo que eu fiquei sabendo de você Você me parece um perfil tão próximo de uma organização que chama médico sem Fronteira você nunca pensou em entrar na verdade eu nunca tinha pensado na organização antes de formar eu já tinha pensado que queria também trabalhar no mundo mas um passo de cada vez Então o primeiro plano vocês já sabem é aquele simples qu trabalhar em todos os estados do Brasil bom saí de lá depois dessa conversa fui picado pelo mosquito da inquietação busquei mais sobre organização e resolvi me inscrever
mesmo com essa vida instável 8 meses depois eu recebo uma ligação eu estava saindo e eu estava saindo do do meu da minha praia para poder trabalhar e já sabia que naquele dia eram exatamente o dia que eu ia receber uma promoção eu seria promovida ganharia mais trabalharia num lugar ainda mais confortável do que eu já trabalhava numa situação ainda mais confortável e era muito estranho no momento que eu recebi a chamada Débora encontramos a sua missão minha missão eles encontraram a minha missão Nossa e qual será a minha missão Bom na verdade aconteceu um
furacão na baia de gonaives e a gente tá eu gostaria que você partisse ainda essa semana você tem disponibilidade é bem difícil explicar para vocês o que é um sentimento mas se eu pudesse dar uma imagem do que foi meu sentimento naquele momento eu tive a sensação de que o reveião de Copacabana acontecia dentro de mim eram fogos de artifício dentro de mim eu queria saí gritando eu tava sozinha no carro e eu queria gritar e eu queria dizer Gente vocês não sabem eles encontraram a minha missão e e naquele momento eu não conseguia mais
me concentrar tipo como é que eu vou chegar numa reunião que vou ser promovida eu vou ter que contar verdade no meio disso tudo e e nem sei eu que verdade é essa não sei nem como é que eu vou nem que que eu vou fazer mas eu sabia que eu ia voltei para casa e comecei a encaixotar as coisas Filomeno a gente vai se mudar mudanças de planos até hoje a fomina não entende direito o que aconteceu naquele momento mas a gente empacotou tudo fizemos temos as caixas e me custou mais ou menos S
dias que foi o tempo de fechar tudo literalmente fechar as portas do boteque onde eu morava uma cobertura de frente para mar colocar tudo no meio do corredor e dizer pros vizinhos eu vou deixar aqui no corredor mas eu volto em três meses ou seja eu já volto e e foi isso ficou tudo lá no meio do Corredor mas dentro de mim o o reveião de Copacabana continuava era uma sensação muito boa e foi assim que eu cheguei nesses pontos do mundo todas essas flechinhas que vocês estão vendo foi em alguns dos países onde eu
percorri depois de ter entrado paraa organização É uma sensação meio estranha de que aquele mundo todo que antes me tocava mas não era meu hoje já também o meu mundo então hoje um terremoto que aconteça no ha ou um tsunami que aconteça na Ásia tá acontecendo com gente minha é uma sensação de que que é preciso fazer alguma coisa não dá para não se tocar mas é um se tocar que que é operacional eu preciso est lá então eu tô vendo desastre na televisão no jornal alguém me ligando e de alguma forma dentro de mim
algo já tá conformando uma estratégia porque o sentir precisa também de uma operação a energia concentrada por si só ela só causa angústia ansiedade uma sensação de desconforto o desconforto ele é necessário é como ficar muito tempo sentado numa cadeira nem a gente às vezes sabe que as costas está doendo a gente precisa levantar a gente precisa alongar para de alguma forma sentir que alguma coisa não tava bem nem sempre Claro pra gente para mim não era Parecia tudo muito confortável mas o desconforto que eu sinto hoje é de uma Plenitude que é difícil de
de passar para vocês mas é uma sensação boa de que de ter o mundo todo muito perto o tudo o mundo muito conectado atravessar qualquer um desses pontos seja sair do Brasil para ir pro aiti seja para ir para pro Líbano para para Israel seja lá para qualquer lugar do mundo é um uma sensação de encontrar um igual de encontrar um humano Eu Sou natural de Santa Maria talvez alguns aqui saibam e as perguntas que me vê sempre é como foi trabalhar em Santa Maria por mais que seja a terra onde eu nasci eu não
tenho muito essa ideia de território Então para mim eu sou um pouco como as tribos e as tribos africanas né Não me importa se se esse território de alguma forma foi demarcado por alguém por isso que talvez uma organização que se chama sem fronteiras para mim faz bastante sentido nunca fui muito boa em geografia as fronteiras nunca foram muito Claras para mim o que me causaram algumas dificuldades né de ser Barradas em alguns locais não conseguir passar em algumas fronteiras tudo antes de entender melhor como é que funciona a geografia do mundo e a história
política dos locais mas isso tudo para mim faz um sentido muito grande e eu trouxe alguma imagem uma imagem para vocês que eu gostaria de de passar é uma imagem que conta as primeiras 24 horas num pós terremoto eu tentei trazer algumas imagens que é para vocês consigam ter a ideia mais ou menos do que eu visualizo no meu trabalho eu faço parte de uma equipe que tem como missão chegar em até 72 horas depois de grandes desastres seja uma guerra seja um terremoto seja um tsunami Essas são algumas imagens do Haiti no no terremoto
que acontecer alguns anos atrás a gente perdeu muitas vidas e parte do meu trabalho era preparar as pessoas para as amputações que elas iam passar em marça Então não é um trabalho fácil você tá no meio de um calor de 40º com muita gente gritando muita gente chorando com nada ou quase nenhum meio de bordo Ou seja a gente não tinha luz os geradores que a gente tinha não eram suficientes para operar todas as pessoas ao mesmo tempo a gente tinha uma média de 500 pessoas aguardando por amputação num espaço com se centro cirúrgico muito
pequeno então é uma sensação de angústia de ansiedade mas também uma sensação de que se você conseguiu escutar uma pessoa se você conseguiu trabalhar o emocional de uma pessoa para entender Por que que ela vai passar por aquela cirurgia o que que vai acontecer com ela provavelmente nas próximas semanas é uma sensação que não dá para explicar uma sensação de contato humano e uma sensação de estar conectada com um outro igual E essa era a situação Esse era o meu campo de trabalho Esse é o meu escritório Este é o meu esta minha sala de
trabalho para muitos Pode não parecer o lugar mais confortável as pessoas aguardando paraa operação as pessoas aguardando numa enfermaria improvisada mas poder ter o contato com outro poder se conectar com sentimento de alguém que aparentemente você nunca viu antes na vida mas que hoje é o seu igual não tem preço não tem um um um salário não tem um plano de carreira não tem um investimento que explique o que é você encontrar um riso no meio da desgraça no meio de uma catástrofe no meio daquilo que você acredita que não pode mais haver vida e
é uma sensação boa de você voltar às vezes meses depois ou anos depois neste mesmo espaço encontrar essas mesmas pessoas sem as pernas é verdade mas com uma outra perspectiva de viver com uma outra forma de viver as pessoas percebendo que aquilo que você contou aquilo que você declarou naquele momento junto com ela embora você não conhecesse tava cheio de verdade não tava desconectado de uma verdade então se cria um vínculo e se cria um um contato que é pro resto da vida então se família é isso eu ten um contato eterno pro resto da
vida essas pessoas também fazem parte da minha família e é bom ter família espalhada por todos os cantos do mundo e esse é um pouco do contexto que vivenciou a minha família nesses últimos anos foram os terremotos foram os furacões foram os tsunamis foram as inundações aqui no Brasil ou fora dele são as epidemias de bola que eu espero que a gente nunca nunca ninguém aqui tenha que passar por uma situação dessa onde sem ver os olhos sem ver os nossos olhos sem poder tocar sem poder sentir o cheiro as pessoas tê que entender que
aquilo que a gente tá produzindo é cuidado esse é mais uma parte do contexto da minha família de pessoas como o Ferdinand que não podiam mais levantar que não podiam mais mamar no seio da mãe que não tinham mais força para respirar e sent eu não sei se alguém aqui já tocou uma criança desnutrida quando você toca numa criança que você tentar ela para levantar seja do chão seja do berço o bebê sente dor nopo então ele chora de dor pelo simples fato de que a pele tá colada no osso e que não tem o
peso do corpo já é por si só uma dor é difícil de você trabalhar com isso mas quando você vê que em algumas semanas aquilo que era um possível cadáver é de novo uma criança não tem não tem preço trabalhar com uma possibilidade dessas de de produção de vida o tempo todo de produção de cuidado mas produção de vida acima de tudo esse também é o contexto são os campos de refugiados são os os campos onde as pessoas tentam simplesmente encontrar um lugar para chamar de casa para chamar de cidade um lugar onde não existem
mais pontos de referência Este é outro ponto Onde vive a minha família são os lugares de desassistência absoluta onde nunca uma criança viu uma equipe de saúde onde as as crianças morrem de de desnutrição mas morrem também de doenças como verminose que hoje em dia a gente tem dificuldade de ver inclusive num país como nosso esse para mim é uma uma dor bem grande são os os refugiados essa foto em especial são os refugiados do congo onde há anos e anos e anos passam por conflitos armados e contexto de guerra e passam andando muitos muitos
meses simplesmente para chegar num lugar onde as pessoas possam dormir sem medo de levar um tiro que não não se sabe de onde vem esse também faz parte da minha família são as pessoas que de um dia para noite perdem tudo aquilo que elas acreditavam que era sólido se seja casa seja escola seja igreja seja coisas que antes pareciam Claras que é dar um ponto de referência onde você mora hoje as pessoas não conseguem dizer onde era a sua casa onde era a sua escola e que hoje constroem com as próprias mãos literalmente de resgatar
vida debaixo dos escombros e de alguma forma transformar isso em novas vidas e eu espero que isso tudo que eu trouxe para vocês que essa parte da minha família que essa parte do mundo que eu trago dentro de mim e que vocês podem ver em vários outros espaços que eles acompanhem vocês de uma forma confortável mas não aquele conforto que acomoda aquele conforto que de alguma forma pede para fazer alguma coisa e que coloque a mão na massa podem ter certeza que não é um trabalho fácil mas viver também não é um trabalho fácil a
gente vive né então acho que a gente tem escolhas a gente pode focar o que que me renova o que que me dá a sensação de tá vivo o que que me dá a sensação de de ser o humano O que é sabe a minha atitude que renova a minha vontade de me renovar é ver a vida no olhar do outro e que para alguns pode ser escombro para mim é uma possibilidade de Recomeço de você fazer de um outro jeito de você fazer de uma outra forma a gente tem várias formas de olhar pro
mundo a minha é essa Eu espero que eu encontro vocês encontrem nesse meu olhar o olhar de vocês e eu espero que a gente se encontre nessas esquinas deste mundo redondo em vários moment MG
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