Introdução à CNV: Resumo sobre o que é Comunicação Não Violenta de Marshall Rosenberg

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CNV em Rede
Você sabe o que é CNV? Sabe o que significa comunicação não violenta? Nesse vídeo, você verá uma int...
Video Transcript:
Se você me perguntasse se a comunicação não violenta é um tipo de linguagem, eu diria: Bem, isto depende! Depende do que a palavra “linguagem” significa para você. .
. Você também considera seus pensamentos um tipo de linguagem? Uma linguagem Interna?
Então, talvez possamos dizer que estudar CNV é como aprender uma maneira de falar… Mas deixe-me esclarecer melhor as coisas para você! Vamos começar pelo nome: Comunicação Não Violenta. Primeiro, vamos ver a palavra "Comunicação".
Vem da palavra communicare, que significa “compartilhar” ou literalmente “tornar comum”. Tem a mesma raiz que a palavra comunidade. Então, a comunicação é o processo no qual compartilhamos experiências e criamos relacionamentos que formam as comunidades.
Mas, você já percebeu que os pensamentos também são baseados na linguagem? Oh sim… Deixe-me te mostrar: No cérebro humano, existem duas redes famosas envolvidas no processamento de linguagem: a área de Broca, que está relacionada à pronúncia e a área de Wernicke, que está relacionada à compreensão de símbolos… ou seja, as ideias que as palavras representam. Além disso, geralmente, quando pensamos, enviamos mensagens internas.
Então, podemos dizer que os pensamentos são um tipo de comunicação interna: a primeira camada da comunicação acontece nos pensamentos. Agora, vamos ver a expressão "Não Violência". Este adjetivo vem da palavra sânscrita ahinsa, que normalmente é traduzida como sem danos.
Mas o verdadeiro significado dessa expressão é “um estado puro de amor e compaixão, que é acompanhado de um comportamento pacífico”. Sim! Não muito óbvio.
. . Você pode achar que não parece isso!
Mas para a cultura antiga onde esta palavra (ahinsa) foi inventada pela primeira vez, esse estado de manifestação físico e mental era tão profundo que dar a ele um nome levaria a uma perda de significado. Então, para preservar a pureza desse estado das limitações das palavras, eles escolheram dizer o que não era: Ahinsa: sem danos: físico, verbal ou mental . .
. sem violar o outro! Contudo, infelizmente, a violência sempre foi algo muito mais “popular” e “mais fácil” de experimentar e entender do que esse “estado puro de amor, compaixão e comportamento pacífico”.
Então, ahinsa é uma maneira de lembrar que não esse estado de violência que estamos acostumados a experimentar que estamos buscando. Então, comunicação não violenta é um proposta educativa teórica e prática de pensar, comunicar, criar relacionamentos e comunidades orientados por valores de amor, compaixão, com o objetivo de criarmos uma cultura de paz. Em outras palavras, é um conjunto de idéias, princípios e técnicas de linguagem que servem para nos ajudar a manter nossa atenção e intenção dirigidos a cuidar da vida.
Eu acho isso lindo! E você? Agora, você pode se perguntar: que critérios usamos para saber se estamos cuidando da vida?
Bem, para explicar isso, quero mostrar uma síntese que fiz onde percebi que existem dois aspectos fundamentais da vida que queremos cuidar: Um desses aspectos é algo no qual somos essencialmente iguais: São as Necessidades Humanas Universais Nossa ponte comum para uns sobre os outros. Todos temos necessidade de respeito, cuidado, apoio, acolhimento, cooperação… Não importa a cor da nossa pele, o dinheiro que temos na nossa conta, o papel social que estamos ocupando… Independentemente disso, todos temos essas mesmas necessidades. A outra coisa que também queremos nos importar é aquilo no qual somos essencialmente diferentes: nossa liberdade de fazer escolhas: Livre arbítrio, se preferir.
E na CNV, entendemos que toda a escolha é tomada para tentar cuidar de necessidades. Logo, essas duas características são complementares. Na CNV, essas são as duas coisas que tentamos cuidar.
Mas, ao nos questionarmos “qual o melhor meio de cuidarmos de nossas necessidades e de nossa liberdade? ”, vamos observar que há muitas crenças culturais que precisam ser superadas. Descobriremos que precisamos adotar novas posturas para agirmos em harmonia com esse cuidado.
Essa revisão das crenças e princípios é a parte mais trabalhosa da CNV, porém fica numa camada de comunicação interna. (iceberg) E na superfície da CNV, para cuidarmos da vida, a comunicação girar em torno de apenas duas perguntas que queremos responder e queremos que outras pessoas respondam: Como estamos? Como contribuímos?
Na primeira pergunta, o foco vai naquilo que compartilhamos: Nossas nossas necessidades. Está sendo atendidas ou não na situação? Como nos sentimos em função disso?
Na segunda pergunta, o foco vai naquilo que temos de diferente. Nossas escolha. O que estou com vontade a fazer para contribuir com essas necessidades?
Como podemos conciliar nossas ações para cuidarmos uns dos outros? Parece simples, né! ?
E é… Mas, simples não quer dizer fácil! Quais as consequências desafiadoras de permanecermos conectados à vida? Para mim, o que torna isso um processo difícil é que ele exige que sejamos vulneráveis ​​em dois sentidos .
. . Novamente, conectado à nossa essência: 1) Quando estamos conectados às nossas necessidades, reconhecemos que o que as outras pessoas fazem nos afeta.
E o que acontece a elas também nos afeta. Ou seja, nós nos tornamos mais sensíveis. Quanto maior for nosso vínculo com as pessoas, mais sensíveis estaremos ao que acontece entre a gente.
Vou deixar para vocês ponderarem sobre as consequências disso… O que acha que pode acontecer? 2) Estaremos mais conscientes de que dependemos uns dos outros para atender às nossas necessidades - somos interdependentes. Isso implica que eu reconheço a liberdade da outra pessoa e procuro preservá-la como um direito.
Novamente, assegurar a liberdade das pessoas nos coloca em uma condição de vulnerabilidade. Vou deixar para vocês ponderarem sobre as consequências disso… O que acha que pode acontecer? Então, ficar vulnerável implica em não ter controle sobre o que irá acontecer.
Pode ser bem assustador enquanto não tivermos um vínculo maior com as pessoas! E pode ser ainda mais assustador quando temos um vínculo forte e nossas necessidades são feridas. Mas, se realmente nos conectarmos com a necessidade das pessoas, elas podem até nos ferir, mas sentiremos compaixão.
Não deixaremos de vê-las como seres preciosos tentando cuidar da vida à sua maneira. Mas, esse é o preço de se conectar com a vida. Esse é o preço de assumirmos nosso papel de indivíduos pertencentes a uma mesma rede: a rede dos seres vivos.
Numa visão isolada da perspectiva de apenas um indivíduo, parece que seremos prejudicados. E isso nos causa medo. Mas, numa visão ampla, da perspectiva de uma sociedade, essa é a linguagem que pode sustentar uma convivialidade harmoniosa entre os indivíduos.
----- E qual a relação disso com a violência? Eu acredito que a nossa intolerância ao medo que a vulnerabilidade estimula na gente é principal causa da violência. Estimo que, no passado, quando começamos a criar grandes civilizações, algumas pessoas, que tinham mais recursos do que a média, tinham tanto medo de serem lesadas que instituíram uma organização social especializada em protegê-las da vulnerabilidade.
Para isso, instauraram uma estrutura hierárquica, na qual as autoridades assumiram para si o direito de controlar as demais pessoas. Colocavam-se como superiores e detentoras da verdade absoluta. Para isso, criaram uma linguagem rica em expressão de condenação e julgamentos moralizadores que reforçava a dominação.
E com essa política, a busca pelo poder e segurança dependia da dominação do maior número de pessoas. Acontece que o tempo foi passando… e de lá para cá, embora tenhamos evoluímos muito em tecnologias, continuamos sendo educados predominantemente pela mesma cultura e a mesma linguagem de dominação dos nossos antepassados. E quais as principais características dessa forma de violência que leva à dominação?
Novamente, há duas coisas principais que essas autoridades tentam garantir para transformar as pessoas em robôs obedientes: 1) Alienação - educar-nos para nos desconectarmos da vida (negar nossos sentimentos e necessidades) 2) Escravidão - educar-nos para dominarmos ou nos submetermos uns aos outros (negar nossas vontades e liberdade de escolha). Vou deixar mais essas duas perguntas para refletirmos: Quais crenças e hábitos culturais sustentam a alienação? Quais crenças e hábitos culturais sustentam a escravidão?
Por fim, quero chamar a atenção para a principal diferença entre a Comunicação Não Violenta e a Linguagem da Cultura de Dominação… Se trata do objetivo. A comunicação não violenta nos estimula a estabelecermos uma conexão com as pessoas onde enxergamos uns aos outros como seres que partilham das mesmas motivações. Ela nos estimula a criar vínculos com as pessoas e a partir desse cuidado mútuo, vamos procurar soluções que conciliam as necessidades de toda a comunidade.
Quando as pessoas colaboram umas com as outras sob essa energia, elas atendem sua própria necessidade de contribuição social. Isso gera uma energia de satisfação mútua, onde tanto quem oferece algo quanto quem recebe saem enriquecidos. Porém, no paradigma da dominação, para evitar o medo de ficar vulnerável, o foco não é estabelecer uma convívio harmonioso no qual as pessoas agem orientadas por sua vontade própria.
O foco é ter resultados! E como o foco é apenas o resultado e o bem-estar das pessoas envolvidas não é prioridade, educamos as pessoas para serem robôs: seres desprovidos de vontade própria e sem sentimentos. Por ora, é isso… Nas próximas atividades veremos mais sobre o que é e o que não é Comunicação Não Violenta.
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