De um lado nós temos Sócrates, o maior filósofo da Antiguidade. E do outro, nós temos Friedrich Nietzsche o maior filósofo da Modernidade. Mas uma coisa que talvez você não saiba é que se os dois estivessem vivos na mesma época possivelmente, eles se odiariam!
Eu não sei se você já percebeu mas existe uma contraposição muito grande entre o pensamento dos dois. É por isso que Nietzsche, inclusive costuma chamar Sócrates de “o instrumento da decadência grega”. Mas quais são os pontos que diferenciam a filosofia dos dois?
Quais as contradições no pensamento de cada um? Por que Nietzsche odeia Sócrates? Hoje, no filosofando.
Talvez, o maior desafio que enfrentamos para fazer esse vídeo foi o volume de informações que tivemos que pesquisar passando por cada uma das obras de Nietzsche para entendermos os reais motivos que fizeram ele desprezar o grande filósofo grego eu não sei se você já leu algum livro do Nietzsche, mas eles não são exatamente fáceis de se entender por isso que, para conseguirmos fazer uma pesquisa bem feita sobre isso nós tivemos uma grande ajuda do melhor navegador do mercado: o Opera One R2 uma das funções mais úteis dentro do Opera é a sua inteligência artificial Aria 100% gratuita já integrada no próprio navegador quando eu me deparava com alguma informação cabulosa durante a pesquisa e eu não estava ali conseguindo entender direito era rapidinho, clicava em "Explore mais" e TOMA agora eu tenho um monte de informação sobre o assunto e todo o contexto que eu precisava saber para conseguir interpretar o nosso bigodudo tem um monte de atalho que pode te ajudar muito também principalmente o Ctrl + / que ele abre uma linha de comando da Aria podendo te ajudar em tudo que você precisar e depois é só apertar Esc que ela fecha. E ela também reconhece imagem que me ajudava demais! Volta e meia eu achava uma pintura insana mas eu não tinha a menor ideia de onde ela vinha e a Aria vinha e me ajudava a encontrar.
E óbvio que como uma ótima inteligência artificial ela também é capaz de gerar imagens pra você. Como essa aqui do Nietzsche e do Sócrates se encarando, por exemplo. E eu não sei você, mas eu só consigo trabalhar escutando uma música de fundo e o player de música flutuante do Opera é perfeito pra isso você pode escolher o programa que preferir e rodar sua playlist ali pela barra lateral mesmo e o melhor de tudo é que você pode arrastar o player de um lado pro outro ou até mesmo jogar pra fora do navegador para não te atrapalhar no que você estiver vendo.
Outra para que eu amo também é quando eu, por exemplo, nesse vídeo aqui estava estudando uma palestra no Youtube sobre a filosofia do Nietzsche e não precisava ficar preso no site. Eu consigo rodar qualquer vídeo no canto da minha tela enquanto eu buscava resenhas sobre os livros dele, por exemplo. Isso tudo me ajudou a manter a pesquisa sempre organizada principalmente quando eu usava a Ilha de Guias que funcionam basicamente como pastas para um grupo de guias abertas e você pode expandir e comprimir as abas.
A tela dividida também me ajudava muito. E os rastros de guia que você consegue ver o histórico de navegação de uma forma organizadinha e bonitinha ali. Ele me mostrar as últimas guias que eu abri, da mais recente para a mais antiga foi essencial para eu não me perder durante a pesquisa.
E tem muito mais para deixar a navegação mais rápida e com sua cara da para você mudar o papel de parede, usar VPN para navegar tranquilo e até bloquear aqueles anúncios chatos. Tem como não gostar de um navegador desses? Clica aqui no primeiro link da descrição ou no primeiro comentário fixado e confere tudo isso, enfim vamos pro vídeo.
Oi, eu sou o Tinôco e Sócrates nasceu na tão conhecida capital grega, Atenas. Naquela época, o grande foco dos filósofos era o estudo da natureza e do mundo ao nosso redor. Eles achavam que assim, ao estudar o exterior seria possível entender o interior.
Mas Sócrates era diferente e propôs justamente o contrário. Para que nós entendêssemos o mundo seria necessário primeiro entender o homem. Até hoje, Sócrates é uma das figuras mais enigmáticas da história visto que ele nunca colocou nenhuma de suas ideias em papel e, portanto, não deixou nenhum texto escrito que sobreviveu à contemporaneidade.
Tudo que sabemos sobre ele vem, na verdade de outros pensadores da sua época que escreveram sobre o filósofo como, por exemplo, Xenofonte e principalmente Platão que, durante sua vida, escreveu diversos diálogos nos quais Sócrates é um dos personagens. Em um desses diálogos Platão fala sobre um amigo que visita o chamado Oráculo de Delfos. Este era um local destinado para fazer perguntas e receber conselhos dos sábios, das sacerdotisas e profetas… é tipo o ChatGPT da Antiguidade.
Lá, este amigo pergunta para a sacerdotisa: “Quem é o homem mais sábio de Atenas? ” E ela responde: “Sócrates”. Só que quando essa resposta chegou no próprio Sócrates, ele ficou perplexo.
Afinal, ele tinha noção de tudo aquilo que ele não sabia logo, ele não podia ser o mais sábio, afinal faltava a ele um monte de conhecimento. Assim, o próprio Sócrates resolveu ir atrás das pessoas tidas como as mais sábias de Atenas buscando encontrar alguém que fosse mais sábio que ele para mostrar que o Oráculo estava equivocado. Sócrates teve diversas conversas com diversos intelectuais e todos eles apresentavam um ponto em comum: todos alegavam saber de tudo e ter todas as respostas.
Assim, Sócrates chega à conclusão de que talvez o Oráculo realmente esteja certo afinal, ele era o único pensador que tinha noção de sua própria ignorância. Essa história dá origem à principal máxima socrática: “Só sei que nada sei” – que… na verdade, ele nunca disse isso mas é uma frase muito usada para representar esse ideal. Mas assim, o ponto de Sócrates é que essa ignorância é um passo fundamental para alcançar a verdade.
Se você já sabe de tudo você não tem mais conhecimento para adquirir é uma postura de humildade frente ao desconhecido. Quando Sócrates evidencia a sua ignorância ele o ajuda a se aproximar da verdade do verdadeiro conhecimento que, para Sócrates está dentro de cada um de nós. E para chegarmos a essa verdade Sócrates propõe o uso da razão.
Dizendo que esse é o único caminho para o conhecimento. Graças a esse pensamento revolucionário Sócrates exerceu uma enorme influência sobre os filósofos da Antiguidade e continuou a fazê-lo na Modernidade, chegando até os dias atuais. Todo esse discurso sobre a razão, a verdade, o conhecimento verdadeiro é maravilhoso porém… desagradou um filósofo que você já deve ter ouvido falar.
O nome dele? Friedrich Nietzsche. Um dos maiores erros que eu já vi muita gente cometendo é dizer que Nietzsche era apaixonado pela razão.
Eu não sei de onde as pessoas tiraram isso não sei se o bigode dele faz parecer isso mas a verdade é que não é muito bem assim. Essa é justamente a maior crítica que Nietzsche faz a Sócrates: o racionalismo excessivo. E ele deixa isso muito claro no seu primeiro livro, “O nascimento da tragédia” onde Sócrates é o nome mais citado de toda a obra.
Nela, Nietzsche desenvolve a ideia de dois conceitos opostos: o apolíneo e o dionisíaco. Apolíneo vem de Apolo, deus do Sol que representa a razão e a moral iluminando a vida das pessoas. E Dionisíaco vem de Dionísio, deus do vinho e da festa representando o completo caos!
E o que acontece? Nietzsche usa esses dois conceitos para falar que o desenvolvimento da arte e da cultura vem de uma constante luta entre a razão e o caos. Assim, ele usa justamente a tragédia grega aquele gênero teatral voltado para histórias tristes para exemplificar o que ele está dizendo.
Ele mostra que para construir uma tragédia é necessário tanto elementos apolíneos quanto dionisíacos. Da mesma forma que a gente precisa de uma narrativa planejada e elementos bem contados a gente também precisa do caos dado pelas emoções humanas na interpretação. E quando Nietzsche expande essa visão para além dos palcos gregos ele percebe que Sócrates, com sua crença na razão acima de tudo está matando esse espírito dionisíaco caótico colocando a razão acima das emoções humanas.
Beleza, mas onde está o problema nisso tudo? Bom, quando Nietzsche entende isso ele percebe também que junto da razão vem uma constante crítica à realidade. Nietzsche vê que Sócrates, ao tentar ser guiado puramente pela razão para levá-lo ao conhecimento verdadeiro passa a ver a realidade como algo imperfeito um problema a ser resolvido o que acaba sendo uma atitude muito pessimista e niilista em relação à vida.
Essa visão racional não deixa espaço para outra possível forma de olharmos para a realidade não tentando consertá-la, mas buscando compreendê-la. Essa ideia está diretamente ligada com um conceito que Nietzsche só veio a desenvolver em obras futuras: o amor fati. Esse é um termo em latim que pode ser traduzido para “amor àrealidade”, o “amor aos fatos ou o “amor ao mundo como ele realmente é” argumentando que não basta aceitar a realidade de forma passiva nós também devemos amá-la.
Ou seja, enquanto Sócrates tenta consertar as “imperfeições” da vida através da razão Nietzsche busca abraçar a realidade por inteiro amando cada uma de suas partes pois somente assim poderemos tirar o máximo proveito da nossa existência. Alguns anos depois, Nietzsche começa a escrever o seu próximo livro: “Humano, demasiado humano” onde ele já começa colocando o pau na mesa mostrando o grande problema fundamental do pensamento de todos os filósofos! Ele… ele era um cara imponente.
Nietzsche entende que todos esses filósofos consolidados na história enxergam a natureza humana como algo imutável ou seja, como se houvesse uma verdade universal que define a nossa existência. Mas Nietzsche discorda veementemente disso dizendo que o homem existe em um constante estado de evolução concluindo que “não há fatos eternos, assim como não há verdades absolutas”. Só que aqui, se Sócrates estivesse vivo ele olharia bem no fundo daquele bigode e diria: você é um hipócrita!
Tô brincando… ele não falaria isso porque ele nem falava português. Eu falei no começo do vídeo que Sócrates não deixou nada escrito. E um dos motivos para isso é que ele entendia que a escrita enrijece o pensamento no sentido de que um livro guarda ideias estáticas dentro dele.
Por isso, Sócrates argumentava que o diálogo é superior à escrita porque você poder trocar ideia com alguém faz o pensamento surgir de uma forma muito mais dinâmica e fluida. E assim, de fato, ao longo da história diversos filósofos escreveram livros imensos tentando definir o mundo e o ser humano com regras bem estabelecidas. Só que aqui eu vou ter que defender o nosso bigode já que ele foi um dos grandes críticos a essa ideia e por isso ele quebrou esse padrão desenvolvendo um estilo de escrita aforística escrevendo pequenas passagens ou textos sobre um determinado assunto.
Se você já leu algum livro do Nietzsche você sabe do que eu estou falando. E isso acontece porque Nietzsche, diferentemente da maioria dos pensadores não quer escrever uma verdade final sobre o mundo ou definir o homem ele busca apenas desenvolver verdades pontuais. Inclusive, esse aforismo em específico de que “Não há fatos eternos, assim como não há verdades absolutas” desafia totalmente a noção socrática de que há uma verdade dentro de cada um de nós.
Verdade essa que Sócrates buscava através da razão. Para Nietzsche, essa noção de que existe uma verdade absoluta não passa de uma falsa interpretação da realidade que nasce das crenças morais de cada indivíduo. Assim, Sócrates e outros filósofos gregos ao buscarem um “conhecimento puro e verdadeiro” acabavam impondo as suas próprias verdades pessoais como verdades absolutas para outros tornando-se então, nas palavras de Nietzsche, “tiranos do espírito”.
Alguns anos se passaram e Nietzsche continuou atacando Sócrates por todos os lados o que ninguém esperava é que mudaria os rumos da filosofia com apenas uma frase. “Deus está morto e nós o matamos, você e eu. Somos todos os seus assassinos.
” Essa é uma das frases mais conhecidas e impactantes da filosofia. Escrita por Nietzsche, ela fala justamente sobre a decadência da necessidade humana de ter um criador guiando suas vontades sobre a humanidade começar a ser independente de Deus. Essa separação nos leva diretamente para a liberdade de escolha de viver de acordo com o que acreditamos sem ser guiado por um ser superior.
Nietzsche argumenta que para alcançar esse nível de consciência da vida é preciso estar sempre preparado para mudanças constantes sem nunca ter uma opinião fixa ou uma mente formada. Ele fala muito sobre esse constante movimento da vida dizendo que se a gente se apega a uma verdade ou a um conceito nós estaríamos presos mentalmente. Só que essa visão desafia diretamente a ideia socrática de uma verdade absoluta que existe dentro de cada um de nós.
Para Nietzsche, o ser humano é um indivíduo caótico que nunca deve se conformar com uma suposta “verdade interior” mas sempre continuar questionando, experimentando e aprendendo com a vida o tanto quanto for possível. Como ele ainda diria em um livro futuro: “É preciso ter o caos dentro de si para dar luz a uma estrela dançante”. Você já deve ter ouvido falar no super-homem de Nietzsche, ou no Übermensch.
Ele diz que o homem deve quebrar os valores da moral e transformá-los em novos valores. E aqui, pode parecer que a ideia nietzschiana de criar seus próprios valores seja similar ao pensamento socrático de encontrar nossa verdade interior. Mas há uma diferença fundamental entre os dois pensamentos.
Sócrates acredita que existe uma verdade dentro de cada um de nós ela só precisaria ser descoberta. Já Nietzsche defende a ideia de que nós precisamos criar nossas próprias verdades e que elas não necessariamente serão válidas para o resto de nossas vidas isso é o que chamamos de perspectivismo. Pois à medida que vivemos, podemos aprender com nossas experiências e evoluir nosso pensamento.
Assim, enquanto Sócrates acreditava em valores universais e absolutos como a justiça e a coragem, por exemplo Nietzsche entende que esses valores tomados como absolutos são apenas interpretações de diferentes indivíduos que viveram em diferentes circunstâncias e épocas. Nietzsche argumenta que o que os filósofos chamam de “verdades” são apenas definições impostas por eles à natureza humana a partir de seus próprios preconceitos. Para ele, a filosofia de qualquer filósofo incluindo ele mesmo, é apenas uma generalização de seu ponto de vista limitado criada a partir de sua própria imagem.
Só que Nietzsche tá cagando para isso porque ele não faz filosofia buscando seguidores ou seitas ele quer apenas manter o espírito cético. Por conta de tudo isso, você deve imaginar que Nietzsche não era muito fã da ideia das religiões já que elas derivam de “verdades” e “caminhos” a se seguir. E adivinha quem Nietzsche responsabiliza por tudo isso?
Justamente Sócrates! Isso porque, da mesma forma que Sócrates nega os sentimentos humanos em favor da razão as religiões fazem o mesmo com a fé. Com isso, na visão de Nietzsche a religião cria diversas ferramentas para se afastar da realidade, tentando negá-la.
Elas dizem sobre um mundo melhor, um paraíso menosprezando o mundo em que vivemos ou seja, cria-se um céu para desprezar a terra. O tempo passou e Nietzsche seguiu criticando o pensador grego. Assim, ele cria uma ideia que nós conhecemos como “O Problema de Sócrates”.
“O Problema de Sócrates” aparece no livro “Crepúsculo dos Ídolos” onde Nietzsche usa de suas páginas para falar sobre o problema de idolatrar alguém e usa de um capítulo inteiro para mostrar como isso foi feito com Sócrates durante toda a história. O uso excessivo da razão do filósofo grego conseguiu se infiltrar em todas as camadas da sociedade até os dias de hoje. Ao longo dos anos, diversos homens considerados sábios tomaram as ideias de Sócrates como verdade principalmente quando falamos da “busca por uma verdade dentro de cada um de nós”.
Nietzsche sugere que essa propagação da razão excessiva que busca certezas sobre a vida não é um sinal de sabedoria, mas sim um sintoma de decadência entre os sábios um reflexo da fraqueza e do declínio desses indivíduos. Afinal, ele entende que essa tentativa de explicar a vida racionalmente limita a experiência humana que também é composta por instintos e emoções, ou seja, de partes irracionais. E então Nietzsche vê em Sócrates como o maior exemplo dessa decadência vendo nele sinais de decomposição e fraqueza e apontando como sua filosofia reflete uma atitude negativa em relação à vida.
E esse seria o chamado “problema Sócrates” onde ele vê a vida como uma doença a ser curada ou um problema a ser resolvido. Só que aqui o buraco começa a ficar mais embaixo e Nietzsche passa a dizer que Sócrates era feio… que isso Nietzsche? !
Aí não, aí tá pegando pesado. Ele diz que essa feiura do grego seria quase como uma refutação à própria cultura grega que valorizava a beleza física como um sinal de virtude. Além disso, o alemão tenta mostrar como a dialética socrática é o maior exemplo de decadência dos gregos promovida por Sócrates.
O que é isso? Bom, para tentar mostrar que a ignorância faz parte de cada um de nós Sócrates dialogava com um especialista. Durante o diálogo, o pensador ia fazendo uma série de perguntas usando das respostas dadas para formular novas.
Assim, eventualmente as respostas se contradiziam evidenciando a ignorância do especialista que alegava saber tudo sobre o assunto. Só que Nietzsche vê que Sócrates pode ter usado essa dialética quase como uma arma para se vingar daqueles que estavam em posições de poder transformando o raciocínio lógico em um instrumento de ataque. A dialética, nas mãos de Sócrates podia enfurecer e confundir os adversários degradando sua inteligência e forçando-os a se defender.
Por isso, Nietzsche vê a dialética de Sócrates como uma possível expressão de ressentimento e vingança contra a elite ateniense e argumenta portanto que, ao elevar a dialética Sócrates tornou-se uma espécie de palhaço que foi levado a sério um símbolo de decadência social. Ele acreditava que a razão poderia trazer a ordem e o autocontrole permitindo que os indivíduos vivessem de maneira mais virtuosa e tranquila e sua dialética buscava justamente expor a ignorância para promover uma vida orientada pela racionalidade e pelo entendimento. Assim, Nietzsche vê na razão, não um sentido para a vida mas sim um sintoma da decadência grega.
Essa verdadeira imposição da razão sobre os instintos é apenas mais uma forma de repressão que não leva à verdadeira virtude. Os instintos humanos não devem ser controlados mas integrados harmoniosamente em nossas vidas para que assim possamos ter uma vida feliz e significativa. Nas palavras de Nietzsche: “Ver-se obrigado a combater os instintos é a fórmula da decadência”.
Por fim, nós chegamos ao Ecce Homo, a autobiografia de Nietzsche onde, mais uma vez, ele evidencia a rivalidade entre os dois. “Torna-te quem tu és”. Essa é uma passagem de Nietzsche que se assemelha demais com uma frase de Sócrates que você já deve ter ouvido falar: “Conhece-te a ti mesmo”.
E assim, elas podem parecer a mesma coisa mas na verdade, são muito diferentes. Isso porque, o “conhece-te a ti mesmo” na filosofia socrática pressupõe que existe algo a ser conhecido. Uma verdade pessoal dentro de ti que pode ser alcançada.
Nesse sentido, Sócrates busca um conhecimento eterno e imutável sobre nós mesmos. Em contrapartida, o “torna-te quem tu és” na filosofia de Nietzsche reconhece que nós, como indivíduos estamos sempre em um processo de transformação e mudança contínua. Por isso, ao contrário de Sócrates Nietzsche argumenta que não há uma verdade eterna dentro de nós algo que está cravado em nossas almas e nos acompanhará por toda a nossa vida.
Para Nietzsche, viver seria um processo constante de esculpir a si mesmo de abraçar todas as experiências que a vida pode lhe proporcionar e aprender com todas elas, para que assim você tenha a oportunidade de, constantemente, tornar-se quem tu és. Beleza, mas depois de toda essa discussão de Nietzsche enchendo o saco de Sócrates berrando, falando que “Sócrates, você é um burro! Imbecil!
” E Sócrates aqui ó. Sócrates aqui, Sócrates tava na boa aqui ó – “Mas que você não sabe de nada mesmo! Você é um ignorante!
Pega aqui na minha dialética! ” E Sócrates aqui ó. Na paz aqui, na tranquilidade – “E que você é o instrumento da decadência grega e acima de tudo você é feio!
” E Sócrates aqui ó… e Sócrates ele não sai daqui. Você pode estar pensando: “Pô, mas independente das discordâncias entre eles, não tem nada que Nietzsche vê de positivo em Sócrates? ” Na verdade… tem sim.
Nietzsche reconhece que mesmo Sócrates pregando verdades absolutas ele ainda promove o domínio de si para alcançar a felicidade instigando a individualidade de cada pessoa. No livro “O Anticristo”, Nietzsche chega a comparar Sócrates com Buda dizendo que, mesmo com abordagens diferentes os dois promovem o autoconhecimento. Além disso, Nietzsche vê em Sócrates como um exemplo de um indivíduo que desafiou os valores vigentes de sua época e propôs uma nova forma de pensar sendo inclusive condenado à morte por conta disso.
Dessa forma, mesmo Nietzsche apresentando pesadas críticas à Sócrates e sua filosofia ele ainda reconhece a inegável contribuição do grego para o pensamento filosófico como um todo. Uma coisa que precisamos entender é que isso é a filosofia, mesmo eu tendo brincado aqui no vídeo que eles se odeiam na verdade, esse debate só representa exatamente o puro suco da filosofia. É com o debate entre dois pensadores tão marcantes que nós conseguimos mostrar que não existe um certo ou um errado apenas duas ideias que se opõem.
Tanto Nietzsche quanto Sócrates são dois pensadores fundamentais para o estudo da filosofia mas eles não carregam consigo a verdade do mundo. Então, não apenas ouça o que eles estão falando vá atrás de entender as ideias deles de compreender o que eles estão dizendo ao invés de somente ouvir de forma passiva. Bom, esse foi o vídeo, eu espero que você tenha gostado.
Se você gostou, deixe o seu like, se inscreva no canal aqui embaixo, e ative o sininho de notificações. Me siga nas redes sociais @tinocandotv. Você pode conhecer o nosso podcast de filosofia clicando aqui na descrição o Assim Falou Tinôco e também conhecer os moletons que a gente faz com a Lolja.
Assista esse vídeo aqui, onde a gente conta porque Nietzsche ficou louco e esse vídeo aqui também, onde a gente conta sobre a morte de Sócrates. Enfim, é isso, muito obrigado pelo seu acesso e até o próximo vídeo. Valeu, falou, um grande abraço do Tinôco e lembre-se: a existência é passageira.
Tchau!