Serenidade constitui o elemento essencial da natureza humana. E o que é a serenidade? É o espaço interior ou o estado de consciência por meio do qual as palavras escritas nesta página são compreendidas e transformadas em pensamentos.
Sem essa consciência, não haveria percepção, nem pensamento, nem mundo. Cada um de nós é essa consciência, sob a capa de um indivíduo. Quando você perde o contato com a serenidade interior, perde o contato consigo mesmo.
Quando perde o contato consigo mesmo, perde o rumo da sua vida, perde-se no mundo. A serenidade é inseparável da íntima consciência de si, a consciência da sua verdadeira identidade. “O Eu Sou” é muito mais profundo e importante do que o nome ou a forma física.
A Inteligência da Serenidade. Eckhart Tolle. O ruído exterior equivale ao ruído interior proveniente do pensamento.
O silêncio exterior equivale à serenidade interior. Sempre que houver algum silêncio à sua volta – escute-o. Isto é, repare nele.
Preste atenção. Ouvir o silêncio desperta a dimensão de serenidade que há dentro de si, e só através da serenidade é possível aperceber-se do silêncio. Repare que, no momento em que nos damos conta do silêncio, não estamos a pensar.
Estamos conscientes, mas não estamos a pensar. Quando nos apercebemos do silêncio, surge imediatamente aquele estado interior de atenção serena, que significa estar presente, que significa libertar-se de milhares de anos de condicionamento humano coletivo. Observe uma árvore, uma flor ou uma planta.
Deixe que a sua consciência se detenha nelas. Veja como estão tranquilas, tão profundamente enraizadas no Ser. Deixe que a Natureza o ensine a sentir a serenidade.
Quando observamos uma árvore e discernimos a serenidade que ela possui, tornamo-nos serenos. Ligamo-nos a ela a um nível muito profundo. Sentimo-nos unos com tudo o que percebemos através dessa serenidade e com tudo o que percebemos nela.
Esse sentimento de harmonia entre nós e todas as coisas é amor. O silêncio ajuda, mas não é absolutamente necessário para se encontrar a serenidade. Mesmo quando há ruído, conseguimos ter consciência da serenidade que existe sob o ruído e do espaço de onde ele surge.
Esse é o espaço interior de pura consciência, é a própria consciência. Podemos compreender a consciência como sendo a base para as percepções dos sentidos, para todos os pensamentos. E o fato de nos apercebermos da consciência representa o surgimento da serenidade interior.
Qualquer som incomodativo pode ser tão útil quanto o silêncio. Como? Abdicando da resistência interior ao ruído, permitindo que ele seja tal como é, essa aceitação leva-nos até ao reino de paz interior que é serenidade.
Sempre que aceitar verdadeiramente o momento tal como ele é - seja ele como for, se sentirá tranquilo, em paz. Preste atenção ao espaço vazio - ao intervalo entre dois pensamentos, ao espaço, breve e silencioso, entre as palavras numa conversa, entre as notas de um piano ou de uma flauta, entre cada respiração. Quando se presta atenção àqueles intervalos, ter a percepção de “alguma coisa” torna-se simplesmente percepção.
A dimensão de consciência pura incorpórea emerge de dentro de nós e deixamos de identificar-nos com as formas exteriores. A verdadeira inteligência trabalha silenciosamente. Na serenidade, encontramos a criatividade e a solução para os problemas.
Será a serenidade apenas uma ausência de ruído e de matéria? Não, a serenidade é a própria inteligência - a consciência básica da qual todos os corpos nascem e que não pode ser separada da nossa verdadeira identidade. A forma física que julgamos ser resultou e é sustentada por aquela consciência.
A consciência constitui o elemento essencial de todas as galáxias e de todas as espigas de trigo; das flores, das árvores, dos pássaros e de todas as coisas que existem. A serenidade é a única coisa neste mundo que não tem uma configuração material. Na verdade, a serenidade não é realmente uma coisa e não é deste mundo.
Quando se olha para uma árvore ou para um ser humano que estão serenos, quem está olhando? É alguma coisa mais profunda do que quem observa. É a consciência a olhar para a sua criação.
Acha que precisa de ter mais conhecimentos? Acha que o mundo pode ser salvo se houver mais informação, computadores mais rápidos ou mais investigação científica e trabalho intelectual? Não será de sabedoria que a humanidade mais necessita neste momento?
Afinal, o que é a sabedoria e como poderemos alcançá-la? A sabedoria surge com a capacidade de se ser sereno. Olhe e escute, apenas.
Não é preciso mais nada. Ver e ouvir ativam a inteligência não conceitual que há dentro de si, tornando-o sereno. Deixe que a serenidade guie as suas palavras e ações.