Você sabe como costuma ser o curso de graduação em psicologia aqui no Brasil? Não dá para falar como é cada um dos mais de mil cursos de graduação que existem por aqui, mas obviamente existem muitas semelhanças entre eles e é nisso que vou me focar. Eu sou o André, já conclui um curso de graduação em psicologia na Universidade de Brasília e hoje quero te dar uma noção geral do tipo de coisa que você pode esperar de um curso desse.
Vou falar sobre alguns dos princípios mais importantes no planejamento desses cursos e de algumas das atividades mais comuns de ocorrerem neles. Se gostou do tema que vamos abordar hoje, clica no joinha para nos ajudar, inscreva-se no canal, siga a gente nas redes sociais e acompanhe o nosso podcast no Spotify. Cada curso de graduação em psicologia aqui no Brasil tem as suas particularidades, mas todos os cursos precisam garantir que as diretrizes curriculares nacionais previstas pelo Ministério da Educação sejam cumpridas.
De acordo com essas diretrizes, o principal objetivo de um curso de graduação nessa área é formar psicólogos e psicólogas capazes de atuar na pesquisa, no ensino, na clínica e nos demais tipos de atuação ligados à essa profissão. Essa formação deve tornar o profissional capaz de contribuir para o desenvolvimento do conhecimento científico em psicologia e deve incentivá-lo a ter um olhar crítico ao analisar a realidade social, econômica, cultural e política do Brasil. É fundamental que o estudante conheça e valorize as diferentes abordagens, teorias e áreas afins que podem contribuir para uma compreensão mais ampla do comportamento humano, tais como a biologia e as ciências sociais.
Os cursos também devem preparar os profissionais para atuarem em diferentes contextos e incentivá-los tanto a se capacitarem continuamente após o curso quanto a obedecerem os princípios éticos da psicologia. Todos essas ideias se materializam no curso através de disciplinas, estágios, projetos de pesquisa e de extensão, por exemplo. Também podem contribuir para essa formação os congressos, intercâmbios e outras atividades que o estudante pode buscar por conta própria.
Um curso de graduação em psicologia costuma ter a duração de 5 anos. Ao longo de cada semestre ou trimestre, os estudantes concluem vários tipos de atividades que os ajudarão a desenvolver competências básicas para o exercício da profissão. Elas serão úteis para qualquer psicólogo, seja lá qual se torne a sua abordagem, área de atuação ou tema favorito de estudo ao final da graduação.
Fazer um curso de psicologia envolve concluir uma série de disciplinas, sendo que muitas são da própria psicologia, enquanto outras são de diferentes áreas, como a filosofia, as ciências sociais e a estatística. Algumas disciplinas são obrigatórias e outras podem ficar a critério do estudante, sendo que o quanto das disciplinas é obrigatório varia entre as instituições. Exemplos de disciplinas que costumam ser obrigatórias são as de psicologia da aprendizagem, história da psicologia, psicologia social, psicopatologia e ética profissional.
Já as optativas ou de módulo livre podem variar bastante, indo desde introdução à filosofia até libras e prática esportiva 1. Inclusive, eu fiz libras e várias práticas esportivas, super recomendo se isso for possível. Ao longo dessas disciplinas, você precisará fazer coisas como ler uma grande quantidade de textos, redigir vários relatórios, artigos e análises críticas, realizar diferentes apresentações orais, provas e participar de debates, por exemplo.
Uma outra parte bem importante do curso de graduação em psicologia são os estágios, os quais costumam ocorrer mais para o fim do curso. Neles, o estudante tem a oportunidade de vivenciar na prática algum campo de atuação profissional do seu interesse. É comum que eles sejam realizados em clínicas-escola, empresas e órgãos públicos, sendo que alguns estágios são remunerados, enquanto outros, não.
No meu caso, por exemplo, 2 dos meus estágios envolveram atender na clínica-escola da Universidade de Brasília, o CAEP. Foi uma experiência maravilhosa e super gratificante na qual eu pude atender diferentes clientes, mas a minha paixão pela pesquisa científica falou mais alto e eu me direcionei para a carreira acadêmica depois da graduação. Projetos de extensão tentam aproximar as universidades da sociedade através de ações nas quais os conhecimentos estudados em sala de aula possam impactar a comunidade local e a própria comunidade possa fornecer informações valiosas para a universidade.
Esses projetos podem ajudar a resolver ou amenizar algum problema prático vivido pela comunidade local, como a poluição ou o analfabetismo, por exemplo. As ações podem estar ligadas à áreas como os direitos humanos, a cultura, a saúde, a educação ou a tecnologia. Em um projeto de extensão bem planejado, executado e supervisionado, tanto o estudante quanto a universidade e a comunidade saem ganhando da ação que foi desenvolvida.
Um projeto muito legal que eu conheci na graduação foi o "Política na Escola" e nele, estudantes de graduação visitavam escolas em regiões hisoricamente marginalizadas do Distrito Federal com o objetivo principal de demistificar a política. Outro exemplo foi um projeto no qual eu me envolvi logo no início da minha graduação e que ocorria na ala cirúrgica do Hospital Universitário de Brasília, mais conhecido como HUB. Eu e outros estudantes da psicologia, da biologia, da medicina e da terapia ocupacional íamos em alguns leitos e nos ofereceríamos para tocar algumas músicas.
Esse projeto de extensão fazia parte de uma pesquisa mais ampla cujo objetivo era testar o impacto desse tipo de intervenção no bem estar dos pacientes que estavam aguardando ou se recuperando de uma cirurgia, os quais muitas vezes vinham de outros estados e alguns nem tinham alguém que os acompanhassem. Felizmente, os resultados sugeriram que a nossa cantoria contribuiu consideravelmente para o bem estar dos pacientes. Também ficou claro para a gente que eles gostavam especialmente quando a gente tocava músicas do Alceu Valença como "Anunciação" e "La Belle de Jour".
Uma das partes que mais me impactou na graduação foram as pesquisas. Tanto em disciplinas quanto em grupos de pesquisa dos professores, é possível desenvolver estudos sobre os mais diversos assuntos ligados à mente humana. Eu gostei tanto disso que emendei a graduação no mestrado, depois pulei para o doutorado e para o pós-doutorado sem medo de ser feliz.
Aprender como pesquisas são conduzidas é essencial até para quem não deseja se tornar professor ou pesquisador, já que só assim é possível se tornar um bom consumidor de informações científicas. Entender mais sobre pesquisas também pode ajudar o estudante a se comunicar melhor, ser mais organizado, ter um pensamento mais crítico, saber analisar dados, debater ideias e trabalhar em grupo. Durante a graduação, pode ser ótimo buscar a orientação de professores que trabalhem com diferentes abordagens, temas, métodos de pesquisa e de análise de dados.
Isso permitirá que você analise de forma crítica diferentes tipos de pesquisa e saiba utilizá-los para responder diferentes tipos de perguntas caso necessário, mesmo que você acabe se especializando mais em certos formas de conduzir estudos. De maneira geral, instituições de ensino superior públicas oferecem mais oportunidades de pesquisa e de extensão do que as particulares, embora muitas das melhores instituições particulares também tenham uma grande ênfase em pesquisas. Os estudantes também costumam ter mais liberdade para escolher as disciplinas que irão cursar em instituições públicas do que em particulares.
Aqui vão agora algumas dicas para caso você esteja cogitando fazer um curso de graduação em psicologia. Dica número 1: escolha muito bem o lugar onde você fará o curso. Isso pode fazer toda a diferença porque a verdade é que alguns cursos oferecem uma experiência bem mais distante da ideal do que outros.
Pode ser muito útil tomar conhecimento das avaliações oficiais que o curso teve nos últimos anos, de qual é o projeto pedagógico do curso e conversar com pessoas que estão realizando o curso ou que já se formaram lá. Dica número 2: aproveite o máximo que uma graduação em psicologia pode oferecer. Não fique esperando ninguém dizer à você tudo o que poderia fazer, explore todas as oportunidades que forem possíveis e esteja sempre de mente aberta ao que surgir.
Realize um intercâmbio em outro país, faça parte da sua graduação em outra instituição aqui no Brasil, conduza um projeto de iniciação científica, publique um artigo em uma revista científica, frequente encontros de estudantes, congressos nacionais e internacionais. Nem só de disciplinas, estágios e pesquisas vive o graduando em psicologia, uma parte muito importante do curso também é se enturmar com os coleguinhas em momentos mais informais. É assim que você começará a construir a sua reputação e uma rede de contatinhos profissionais que pode abrir muitas portas no futuro.
Também é discutindo com outros estudantes do curso que você poderá fazer grandes amizades, rever algumas das suas crenças e aprender que uma das coisas mais difíceis no mundo é conseguir fazer com que vários psicólogos concordem em algum aspecto sobre o comportamento humano. Se você se interessa por psicologia, então não deixa de ler o meu livro "Ser humano: Manual do usuário - As origens, os desejos e o sentido da existência humana". Você pode comprá-lo no link que está aqui embaixo, na descrição do vídeo.
Eu juntei nesse livro algumas das coisas mais interessantes e úteis que eu aprendi com a psicologia ao longo dos últimos anos e numa linguagem pensada para um público que nunca tivessem estudado nada sobre psicologia. Então se você gostaria de aprender mais sobre psicologia, mas ainda não sabe muita coisa, comprar esse livro pode ser uma ótima escolha. Muito obrigado a todos vocês que fazem parte do programa de apoiadores do Minutos Psíquicos.
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Falamos sobre disciplinas, estágios, projetos de extensão e de pesquisa que podem ser realizados durante o curso. No final, demos algumas dicas de como aproveitar o curso da melhor maneira possível. O que você achou do vídeo de hoje?
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