Oração: a porta da santidade

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Padre Paulo Ricardo
Crescer na vida de oração é crescer no amor a Deus. “Para aproveitar neste caminho e subir às morada...
Video Transcript:
É em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Se inspirar e ao Senhor, as nossas ações, ajudai-nos a realizá-las.
Para que vós comece, para que vós termine, tudo aquilo que fizermos por Cristo, Senhor nosso. Amém. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. É tão boa a noite a todos!
Vamos, então, tratar agora do nosso tema principal: o tema principal da noite, que é a vida de oração. O que é oração? Como nós podemos começar uma vida de oração?
E como perseverar nesta vida de oração? Se a gente conseguir responder a essas três perguntas básicas, ensinando você a ter uma vida de oração, então nos damos por satisfeitos. O seguir aqui, o desafio é grande.
Para começar, é necessário dizer desde o início que nós vamos tratar da oração dos principiantes. É evidente que eu não vou aqui me aventurar a tratar da oração das pessoas mais protegidas, que já estão na Via Mística. Não é que as coisas estejam muito mais complexas.
Aqui nós queremos dar uma orientação para quem está iniciando a vida de oração. Então, começamos definindo oração. A Igreja Católica nos diz, no número 2559, o seguinte: "A oração é a elevação da alma a Deus" ou "o pedido a Deus dos bens como venientes.
" A oração é uma definição dada por São João Damasceno, uma definição clássica. Portanto, a elevação da alma a Deus. Que isso quer dizer?
Quer dizer que, quando falamos de oração, estamos falando de uma realidade para seres racionais. A oração é uma atitude sempre de um inferior para um superior. Então, quem é que pode rezar?
Quem pode rezar são os homens ou os anjos. Os animais não rezam porque não têm alma e não podem levar sua alma a Deus. Deus, nele mesmo, não reza porque não tem superior.
A oração é uma elevação. Agora, essa é a oração como ela é definida classicamente. Nós podemos aqui explorar essa definição de forma escolástica, mas eu gostaria de dar uma definição mais prática para você.
Porque essa elevação da alma a Deus não é uma realidade simplesmente racional. Ela também implica a realidade da caridade, do amor. Então, eu quero dizer desde o início: o importante é, como diz Santa Teresa d'Ávila no livro "Das Moradas", "não se trata de pensar muito, mas de amar muito.
" Muitas vezes, as pessoas ficam pensando a respeito de Deus, mas não é isso! É um verdadeiro relacionamento com Deus, que inclui a razão, evidente! Inclui a racionalidade, o pensamento, mas o que aperfeiçoa a vida de oração é a vida da caridade, o crescimento do amor, nosso amor para com Deus.
Por isso, a oração é fundamental para a santidade. O que é que você, se quer ser mais santo? Santo não é aquele que segue os mandamentos e diz: "Ah, eu sigo, não sou santo.
" Santo é aquele que tem para com Deus amor, caridade, a cada vez mais elevada. É evidente que seguir os mandamentos é o pressuposto básico, mas a pessoa vai além disso! Então, se você quer crescer na santidade, você tem que crescer no amor.
E para você crescer no amor, você também tem que crescer na oração, porque as duas coisas vão juntas. As duas coisas são, digamos assim, formadas pela caridade, pelo amor. Então, o crescimento da nossa santidade, a vida de perfeição, progride conforme progride o amor.
E aí, conforme progride o amor, progride também a nossa vida de oração. As duas coisas não são quase que sinônimos. São aspectos diferentes da mesma realidade, na que a vida de Deus em nós.
Então, para a gente dar uma definição um pouco mais, assim, palatável: a oração é a elevação da alma a Deus. Parece uma coisa tão abstrata! Santa Teresa, novamente com seu gênio feminino, diz assim no livro "Da Vida", Capítulo 85, e é uma definição dela de oração mental, que é a que estamos tratando aqui: "A oração mental, a meu parecer, não é outra coisa senão tratar de amizade.
" Bom, então, a oração não é outra coisa, a não ser tratar de amizade, estando à mesa, muitas vezes, tratando as coisas com quem sabemos que nos ama. É isso aí! Esse trato, este convívio, é com alguém que sabemos que nos ama.
Bom, então essa realidade do amor, essa amizade, está no fundamento da oração. E veja, o amor é essencial. Então, eu sei que isso daqui parece óbvio, mas se você for olhar na sua vida, não é tão óbvio assim.
Quantas vezes eu, na minha vida de oração, fui mal treinado para rezar? Não me ensinaram direito a rezar. Seja, eu ia rezar, vou para a capela cumprir meu dever.
Então, lá vou eu cumprir um dever, pego o breviário, e vamos lá, cumpro o dever. O clima, mente, atento àquilo que estou rezando. Que beleza!
Vamos supor assim que não haja distrações. Vamos supor que eu esteja atento e meditando aquilo que está lá, ótimo. Porém, o problema é o seguinte, gente: e o amor, onde é que fica?
Então, Santa Teresa, e mais uma vez, é corante! Vou pegar a situação aqui para quem quiser depois ler no primeiro capítulo das Quartas Moradas. Ela diz assim: "Quem é e para ter benefício nesse caminho" – subir as moradas que desejamos, você também tem ouvido do Espírito!
O importante não é. . .
Pensar muito, mas amar muito, e assim deveis fazer. O que mais despertaram amor é possível que nem saibamos o que é amar. Então, você quer amar Deus?
Então, você vai lá rezar, você fala isso, tudo aquilo, por obrigação, para se livrar de Deus, né? Aí eu vou em galinha enganar Jesus, eu vou me livrar dele. Não é isso!
A oração pelo presente é amor. Mas o que é amor? E ela disse: "O amor não está no maior gosto.
" Ah, tá! Não quer dizer que no prazer, aí eu vou rezar e sinto prazer. Não, é isso.
O amor está na maior determinação de desejar contentar a Deus. Você vai rezar não para se contentar, mas para contentar Deus, em procurar, na medida do possível, não ofendê-lo, em pedir-lhe o aumento contínuo da honra e da glória do seu Filho, bem como a prosperidade da Igreja Católica. Pronto, tá aí.
A grande Santa Teresa, as Quartas Moradas, Capítulo Primeiro, número 7, quem quiser olhar isso daí, né? Vai encontrar a sensação é extraordinária. Então, o que é amor?
Não é gosto e não, porque eu posso rezar uma tremenda aridez e "Oi", e essa oração vale mais, só são vai ter o maior valor. O que é amor? É determinação, há de querer contentar Deus.
Eu quero agradar o coração de Deus, eu quero, na prática, responder ao amor de Deus, porque o amor consiste nisso: Ele nos amou primeiro. Então, Ele primeiro me ama, então eu vou responder esse amor que Ele me deu. E por isso, na prática da Vida de Oração, Santa Teresa diz constantemente que uma das coisas que mais nos ajuda é a meditação sobre a Paixão de Cristo.
E, nesse sentido, a gente vê claramente porque o diabo odiava tanto o filme do Mel Gibson, porque aquele filme nos deu um conteúdo para uma meditação muito forte. A Igreja, é interessante isso: eu fui reitor do seminário durante 15 anos e eu fui formado, e eu passei isso para os meus formandos durante 15 anos, e hoje me arrependo de ter errado. Eu fui formado para banir, banir da vida de oração e das paredes do seminário, cruza Barrocas, o Cristo ensanguentado.
Por quê? Porque colocaram na minha cabeça que é o Cristo ressuscitado. Então, eu preferia sempre aquele crucifixo de São Damião de São Francisco, que é o Cristo crucificado, porém ressuscitado, glorioso.
Teologicamente, muito mais completo. Até concordo que, teoricamente, mais completo. O problema é que, para a vida de oração, a Paixão de Cristo, o sofrimento dele na cruz, por amor a nós, é fundamental para nossa vida espiritual.
Então, tirar das nossas vidas os crucifixos, as imagens de Cristo ensanguentadas, faz um mal imenso para nossa vida de oração. Lembre-se que Santa Teresa, por dentro, ela se converteu diante de um Cristo chagado. E não é por isso essa realidade da Paixão de Cristo que faz brotar em nosso coração a gratidão e o amor.
Então, crescer na oração é crescer no amor. Isso precisa ficar bem sólido aqui, bem no início, para que a gente possa entender do que estamos tratando. E agora, é evidente que tudo isso é uma graça de Deus.
E não é? É. O próprio catecismo nos recorda essa realidade da graça de Deus, quando o número 2560 nos diz assim: “Se conhecesses o dom de Deus.
” Né? Aquela, aquele versículo de Jesus à Samaritana. Em vez de Jesus aqui, tá falando com uma pecadora, né?
É aquela realidade dos rios de água viva. Estuque de pedrarias a Ele, e Ele te daria água viva. Então, está a graça de Deus, né?
Deus que quer nos dar água viva para saciar o nosso coração. Então, só a vai haver vida de oração se houver esta realidade da graça de Deus. O padre Garrigou-Lagrange, na sua famosa obra “Das Três Idades da Vida Interior”, são quatro volumes: o primeiro volume introdutório e depois três volumes, seguindo as três idades, ou seja, iniciantes, os avançados e os perfeitos, né?
As três vias: purgativa, iluminativa e punitiva. E o segundo volume, então, o segundo volume que trata da Via Purgativa e da Via dos Principiantes. E no início, a nossa vida de oração, a gente tem que simplificar.
Nosso amor é um amor por Deus que pode até ser sincero, mas o motor misturado com amor próprio, todo misturado com o egoísmo, todo misturado com a idolatria. A gente ama a Deus, mas também idolatra o Criador. Bom, ele, para ligar em uma granja, no início, falando da generosidade que os principiantes devem ter no início da sua vida de oração, ele recorda uma quantidade enorme de santos: Santa Catarina de Sena, Santo Tomás, Santa Teresa, São João da Cruz, que nos visitam.
Esse versículo: "Olá, seja dessas fontes de água viva". Lembrando que nós precisamos ter uma sede desta água, uma sede desta graça. A vida de oração só vai acontecer se nós abrirmos nosso coração para receber esta graça, que é rezar.
Rezando, na verdade, é um grande dom de Deus, uma grande graça, né? Bom, então, Santo Tomás recorda, por exemplo, bem-aventurados aqueles que têm fome e sede de justiça, e ele então comenta: essa sede é a sede de Deus que a gente precisa ter. Assim, por dentro, não vou citar aqui todos os santos, porque nos levaria muito longe, mas para lembrar essa realidade que é algo básico, fundamental.
Uma vez que a gente já predispôs mais ou menos um conceito de oração, que a gente entendeu mais ou menos o que é oração, né? Essa vida de caridade e amor de resposta ao amor de Cristo, e na qual nós fazemos, ser ajudados pela graça de Deus, que nós não damos conta de amá-lo. Bom, então precisamos pedir o Espírito Santo, porque o Espírito Santo é.
. . Ho.
co Gu de Deus. O que irá conceder que esse nosso amor possa amar a Deus? Então, essa é uma intenção básica de Santa Teresinha do Menino Jesus.
Santa Terezinha diz que o Espírito Santo não inventou nada; isso aqui é da Igreja, mas ela não aprendeu isso de ninguém. Ela teve essa intuição na própria vida de oração. Ela viu que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado em nosso coração, com o qual Deus quer que nós O amemos.
Então, Deus nos dá o amor com o qual Ele quer ser amado; isso aqui é a beleza do Espírito Santo. Mas não vai acontecer vida de oração se não tiver a virtude da humildade, e aqui a coisa é definitiva, fundamental e importantíssima. Ah, tá!
O Catecismo nos lembra isso mais uma vez, né? A questão da humildade tá lá logo no início: a humildade é o fundamento da oração, e a humildade é a disposição para receber gratuitamente o dom da oração. O homem é um mendigo de Deus, Santo Agostinho, um mendigo de Deus.
Então, se você vai com soberba, você não vai terminar a oração; pode crescer, pode esquecer, não vai ter relação, porque Deus resiste aos soberbos. Então, a primeira atitude nossa é uma humildade. Se você quer crescer na sua vida de oração, você vai ter que ter humildade.
Aqui, então, temos uma espécie de problema. Qual é o problema? O problema é o seguinte: para a gente rezar, a gente precisa ser humilde.
Mas por que é que a gente quer rezar? A gente quer rezar porque nós queremos ter uma caridade cada vez mais perfeita, cada vez mais alta, cada vez mais pura, para poder amar a Deus. Então, isso é um projeto enorme.
E veja, nós temos aqui duas virtudes que são intenção para a gente poder rezar: humildade, porque saindo de você no começo a rezar, Deus resiste aos soberbos. Mas, ao mesmo tempo, você tem que ter magnanimidade. O que é essa virtude da magnanimidade?
A virtude da magnanimidade faz você apreciar a grandeza da sua vocação. Deus te chama para ser um grande santo; é só dizer: “Mas Padre, isso é falta de humildade. ” Não, não é falta de humildade, porque não é falta de humildade você querer dar a Deus o máximo de amor que você possa dar; um amor incomensurável, amor que não dá para medir.
E por quê? Porque por Ele, por Deus, né? Por você.
Então, Santo Tomás, na genialidade de Santo Tomás, resolve esse problema, um sério problema teórico, sério entre a humildade e a magnanimidade. Estou colocando isso porque essas são suas predisposições para você começar a rezar. Sua oração não dá certo, talvez porque você não tem essas predisposições.
Você não está, digamos assim, reagindo como deveria. Então, veja só: se você precisa se predispor à humildade, faz o que Santo Tomás recomenda. Eu estou lendo para vocês, depois quem quiser verificar, está na segunda sessão da segunda parte da Suma Teológica, questão 129, artigo 31.
Então, aqui na parte que entendi da divisão da sua Nona, quarto, me conta, quarta objeção, né? Tem diz assim: “A humildade obriga o homem a se julgar pouca coisa em consideração à sua própria insuficiência. ” Bom, então, se você quer rezar, você tem que ter a ver tudo, a humildade; eu sou nada, eu sou um vaso de barro, eu sou um nada.
Isso daqui, nós faz de conta, a humildade é a verdade. Mas e o que acontece? É que você é um vaso de barro no qual Deus colocou um tesouro dentro.
Então, não por você, mas por causa do dom de Deus, você é chamado a uma grandeza espiritual. Então, aí a magnanimidade. Veja, Santo Tomás, a magnanimidade permite ao homem perceber a sua dignidade, levando em consideração os dons que recebeu de Deus.
Já tá resolvido o problema, porque as duas coisas não se contradizem. Ou seja, em você mesmo, você é esterco, húmus. É, mas o dom de Deus é você.
O que isso significa? Que a Trindade, Deus infinito, habita em seu coração. Bom, então, a primeira atitude, quando você se põe a rezar, é uma humildade que te leva a adorar a Deus.
Bom, e você pode adorar a Deus em você, e em você, e quando você recebe a comunhão, o Santíssimo Sacramento, e você o sacrário. É, mas você que é batizado, não é? Você tem a inabitação divina, você tem em você Deus.
Então, você pode se humilhar. E a humilhação do homem o leva quase que naturalmente à adoração a essa realidade, e essa realidade da pequenez e da adoração, você pode fazer isso olhando para dentro de você. E você pode imaginar uma das coisas que sempre me ajuda muito na reflexão da humildade: o que é que o nosso nada dentro da Majestade Divina.
Eu penso o universo, é o Salmo 8: “Quando olho para o céu, para as estrelas, para o universo, obra de suas mãos, eu pergunto: o que é o homem para que nele penses? ” Bom, então, por exemplo, quando você olha para a Terra, o ser humano, vocês imaginem, nós estamos em uma galáxia que tem 100 bilhões de estrelas. Há 100 bilhões, é um número que não dá nem para imaginar o que é isso, a nossa galáxia.
E na periferiazinha dessa galáxia está uma estrelinha de quinta grandeza chamada Sol, quinta categoria à portaria, assim chamada Sol. Ah, pois bem! Vocês sabem, na nossa galáxia são 100 bilhões de estrelas.
Você sabe qual é a estrela mais próxima? Qual é a distância? E se o Sol fosse bater na estrela mais próxima, ele teria que viajar, na velocidade da luz, durante quatro anos.
Para chegar lá, os limpadores para bater, eu levaria quatro anos; ou seja, a estrela mais próxima de nós está a quatro anos-luz de distância. É enorme, mas é um espaço vazio desse universo e as distâncias são de 100 bilhões de estrelas na nossa galáxia, a Via Láctea. Agora, imagina: existem 100 bilhões de galáxias iguais a ela.
As mais distantes estão a 15 bilhões de anos-luz. É um negócio assim: é impensável! A vertigem de pensar nesse universo é enorme, enorme, enorme.
E nós somos nada, não somos mais do que uma poeirinha nesse universo. A paz, meus irmãos, é que esse universo enorme, dentro de Deus, é um nada, é uma gota d'água na balança. E o incrível é que Deus nos ama!
O incrível é que Ele se importa conosco! E o incrível é que Ele vem habitar em nosso coração. E, no entanto, esta é a verdade; essa é a verdade cristã.
Bom, então agora, a essa realidade. . .
Bom, então, quando você se coloca diante de Deus em adoração e nessa humildade, então imediatamente o que brota, como número dois, é um ato de fé. Estou seguindo aqui um esquema que não é meu; é do próprio Garrigou-Lagrange, no outro livro chamado "Perfeição que Está em Contemplação", segundo Santo Tomás de Aquino e São João da Cruz. Esse livro "Perfeição que Está em Contemplação" tem dois volumes; eu estou usando aqui um esquema que está no segundo volume.
Tenho aqui a versão italiana na página 232. Então, a primeira coisa é a humildade que nos leva à adoração e a essa graça santificante que está em nós, essa habitação da Santíssima Trindade. A segunda atitude, o segundo ato, é o ato de fé.
O ato de fé não precisa de muitos discursos; o ato de fé é um olhar simples. Um olhar simples que se deve dirigir a Deus com admiração e com amor. E se você olha para os mistérios da salvação: "Nossa!
Deus nos ama! Deus morreu por nós na cruz! Deus se encarnou, nasceu da Virgem Maria!
" O que está nos nossos mistérios da fé nas festas litúrgicas? A gente militar esses mistérios da fé! Então, é o ato de fé na oração.
A primeira coisa é simplesmente olhar para aquilo dizendo: "Creio. " Mas este "creio" não é uma coisa separada do amor. A caridade de Santo Tomás informa e dá forma a todas as virtudes.
Então, quando eu digo para Deus: "Eu creio que vós morrestes por mim na cruz", isso é acompanhado de admiração, de amor, de gratidão. Bom, então você vai e faz um ato de fé. Mas esse ato de fé leva você quase que automaticamente a um ato de esperança.
Veja que estou passando pelas virtudes teologais; é simplesmente isso, uma coisa muito simples. Porque o crescimento da vida gera o crescimento das virtudes teologais. Então, colocamos aqui que, quando você faz atos de esperança, surgem aqui quase que automaticamente, na sua oração, a súplica.
Por que a súplica é a linguagem da esperança? Você tem confiança no Deus que auxilia você, no Deus que ajuda você. Então, quando você vai e se põe a orar, imediatamente a esperança começa a suplicar.
Agora, a gente pede o quê para Deus? Sobretudo, os meios necessários para alcançarmos a salvação eterna; ou seja, o pão espiritual e o pão material para chegarmos lá. A gente espera nesse Deus que age e é muito bom.
No ato de esperança, exercitar esta sede de Deus. . .
Eu falava dessa sede de estar com Ele, essa sede de contemplá-lo face a face, esse desejo de união com Ele. Olá, pessoal, tudo de esperanças. O ato de caridade pode ser dividido em duas partes.
O ato de caridade, a primeira coisa, é um ato afetivo. É um ato afetivo quando você vê os benefícios que Deus te dá, que você espera d'Ele. Está na esperança, né?
O que você viu através da fé faz com que você imediatamente ame a Deus por aquilo que Ele é, não pelo que Ele faz. Então você ama a Deus, como um amor de amizade. As pessoas têm uma noção disso, e isso por influência de alguns teólogos que o amor caridade é superior e que o amor de amizade é inferior.
Santo Tomás não era de se parecer assim. E por quê? Porque o amor de amizade, quando é sobrenatural para com Deus, é exatamente aquilo que a caridade é.
Por quê? Porque veja, você vai amar Deus, mas esse amor a Deus é sempre uma resposta. Então já se instaurou a amizade.
A amizade é amor que vem e vai; ou seja, não existe amor caridade no ser humano que já não seja, desde o início, uma resposta ao amor de Deus. É isso aí! Eu aprendi com meu amigo Padre Duarte da Cunha, padre português do patriarcado de Lisboa.
Ele fez até um livro, e este aqui é o primeiro volume que ele me deu, autografado e tudo. Está lá na biblioteca do seminário, onde deixei todos os meus livros quando saí. Aí tive que comprar este daqui, que é a segunda edição, "A Amizade Segundo São Tomás de Aquino", da editora Prendia, né, do Padre Duarte da Cunha, quem é o pai do ACE?
Foi quem me chamou a atenção com uma tese clara. A tese vale a pena lê-la toda, é em que ele mostra claramente que o amor a Deus e o amor caridade no ser humano não podem deixar de ser amizade. É, né?
Abelardo, que era o mal informado na Idade Média, não entendeu nada dessa história do amor a Deus, querendo que o homem ame a Deus sem querer recompensa nenhuma! Mas isso é impossível porque acontece o seguinte: para começar, você já foi recompensado, ou seja, tudo que você recebeu foi de graça. Você já recebeu imensos benefícios: a sua existência, a salvação, a graça santificante, etc.
Você recebeu tudo, e o que você pode fazer, além de agradecer, é dar uma resposta. Então, realmente, como disse Santa Teresa, com o nosso início do programa, a vida de oração não pode ser outra coisa; se ela é uma vida de crescimento do amor, é uma vida de amizade. Tem que ser realmente amizade com Deus.
Bom, então diz o padre Garrigou-Lagrange que o ato de caridade tem que ser primeiro afetivo, e essa resposta agradecida a Deus é uma das orações mais eficazes que a gente pode fazer. Nesse momento, no ato de caridade, quer dizer: "Meu Deus, eu estou cansado de mentir, e eu quero vos amar verdadeiramente. " Esse é o amor afetivo de quem realmente quer amar.
Portanto, se é isso que você pede na sua caridade afetiva, ela precisa realmente se transformar em caridade efetiva. E, para ser caridade efetiva, você tem que começar a adequar a sua vontade à vontade de Deus. Essa adequação de sua vontade à vontade de Deus é fundamental.
Se você não fizer isso, você não é nada. Então, "seja feita a vossa vontade" é um princípio fundamental na vida de oração. A vida de oração tem que nos mudar, tem que nos transformar.
Muita gente quer crescer na vida de oração, mas não entende que a oração é para mudar você. E é claro que você suplica a Deus por algumas coisas, mas essa sua súplica não é para mudar a vontade dele. Na verdade, você não deve mais aqui modificar a maneira extraordinária com que lidamos com a dificuldade intelectual que enfrentamos.
Bom, se a vontade de Deus é perfeita, para que eu tenho que pedir as coisas para ele se ele não vai mudar? São Tomás de Aquino disse que Deus, na sua Divina Providência, não determinou somente o que vai acontecer, mas também os meios. Portanto, a oração dos santos, a oração dos justos, a oração dos fiéis é um instrumento da providência divina.
Deus determinou, por exemplo, que irá salvar alguém, mas irá salvar essa pessoa pela sua oração, pelo seu jejum e pela sua transformação pessoal. Ele determinou que salvará, mas o meio vai ser você, a sua ação; você tem que pedir a ele. Isso está determinado pela própria providência divina.
Eu vejo que a gente tem que mudar quando reza. Assim, a gente vai crescer na oração. Veja, são esses quatro atos: um ato de humildade, que leva evidentemente à adoração; um ato de fé, que é um olhar simples; e depois, um ato que nos leva à esperança.
É um ato de fé, um olhar simples sobre os mistérios da fé que nos põe agradecidos e com um grande amor, grande admiração diante do grande amor de Deus. Isso nos leva à esperança por todas as suas súplicas. Na vida de oração, a súplica deve ser das realidades necessárias para nossa salvação eterna.
O ato de caridade e de amor deve ser efetivo, afetivo e efetivo. Com essas quatro coisas — humildade, fé, esperança e caridade — você vai exercitando sua vida de oração. Então, aqui temos uma espécie de esquema.
As pessoas que progridem, ou seja, as que já estão na fase mística, vivenciam essas realidades de maneira quase unificada; elas acontecem já em uma só realidade. E por quê? Porque não é uma realidade tão discursiva como a oração do principiante; ela é mais contemplativa.
Mas isso é para aqueles que já estão em um estágio mais avançado. A proposta do nosso programa era colocar para vocês as balizas necessárias para a gente progredir na nossa vida de oração. Agora, nós apresentamos o básico da vida de oração, mas eu gostaria de dar algumas dicas em dois pontos.
Primeiro, a questão do dia a dia. Por quê? Porque a maior parte das pessoas transfigura o nome quando diz: "Ah, não vou rezar, mas eu não consigo rezar.
" Então, você deve preparar a sua oração. Existe a preparação remota. O padre Garrigou-Lagrange, mais uma vez falando do estágio da purificação dos principiantes, nesse livro "As três idades da vida interior", diz assim na página 225, volume 2, que devemos, com muita frequência, levar o nosso coração a Deus.
Bom, então, para que quando você for rezar, consiga realmente rezar, é importante que, no dia a dia, as pessoas não tenham uma espécie de divisão — um muro que divide a vida de oração e a vida cotidiana. Esse muro não funciona e é isso que impede você de rezar corretamente; você tem que derrubar esse muro. Não são duas vidas; é uma vida só.
Então, você precisa, por exemplo, se aproximar das pessoas como se aproximaria do Santíssimo Sacramento. Eleve a Deus o seu coração. Se você está na fila do banco, tenha paciência.
Então pense: "Jesus teve paciência comigo e ficou 30 anos trabalhando em Nazaré. Posso ficar 30 minutos na fila do banco. " E se você está com dor de cabeça, leve o seu coração a Deus.
E você pode dizer: "Eu estou com dor de cabeça, mas Jesus foi crucificado entre espinhos. Eu vos amo, Jesus, e eu te ofereço essa dor de cabeça. " Leve o seu coração a Deus no dia a dia.
Dia e adorando o Cristo presente nos seus sofrimentos, você agradece a Ele nos irmãos. Você serve a Ele e, se você fizer isso, estará multiplicando esses atos de elevação da sua alma a Deus. Esses atos de amor ao próximo são por causa de Deus, porque viu que só é importante isso.
Não é servir o próximo simplesmente pelo próximo em si mesmo; não, isso é amor natural. O amor natural não é caridade. O que diferencia o amor natural do amor caridade é o fato de que a caridade é sempre por causa de Deus.
Tu és santo, mas aqui nos ensina que é a questão do objeto. Por isso, eu amo a Deus (objeto formal) por causa dele; amo a mim mesmo (objeto material) por causa de Deus (objeto formal); amo o próximo (objeto material) por causa dele, Deus (objeto formal). Então, dá para entender.
É assim que esse amor que você deve ter pode ser natural, por Deus, por você mesmo e pelo próximo. Deve ser elevado, porque vai ser tudo por causa de Deus. Seja essa determinação.
Como diz Santa Teresa d'Ávila: há de agradar a Deus. Eu vou lá, Deus, para agradá-lo; eu vou amar a mim mesmo para agradar a Deus; e eu vou amar o próximo para agradar a Deus. Assim, nós estaremos fazendo atos de caridade, e isso irá ajudar a sua vida de oração.
Depois, uma outra coisa importante para a preparação remota é o nosso silêncio. As pessoas fazem barulheira o tempo todo, não se encontram consigo mesmas. Se você não se encontra com você, como vai se encontrar com Deus?
Como você vai ter a oração? Ele é, por definição, vida interior. Se você não tem vida interior, se você nunca visita a si mesmo, se você não está com saudade de você, não é?
Mas se você não se suporta e precisa fazer barulho, como se fosse uma lata vazia caindo escada abaixo, fazendo barulho? Desculpe, eu só posso lamentar, mas cuidado; a lata vazia caindo escada abaixo, um dia, essa queda acaba. Bom, então peça a Deus.
Existem duas coisas para nossa perseverança na vida de oração, tá? Duas sugestões para perseverar. Então, parece que falei agora e antes da oração: preparação remota e a oração.
Mas falamos dos atos de humildade, fé, esperança e caridade. Depois, para você perseverar no dia a dia, tem duas coisas importantes, tá? O primeiro: você tem que ter confiança no fato de que Deus é quem vai conduzir sua vida de oração.
Ah, tá, isso quer dizer que, se você pede ao Espírito Santo, você tem os dons do Espírito Santo. O padre, a rigor, esclarece essa questão dos dons do Espírito Santo que a gente tem tanta dificuldade em entender, dizendo assim: os sete dons são disposições infusas permanentes para assegurar a nossa docilidade com relação a Deus. E essas disposições crescem em nós juntamente com a qualidade.
Então, faça o seguinte: confie em Deus, você vai crescer no seu amor e Ele vai te ajudando. Os dons do Espírito Santo vão crescendo também; conforme a caridade, o amor vai crescendo, você vai crescendo junto. Mas não pense, porém, que as coisas serão do jeito que você planejou; as coisas serão do jeito que Deus planejou.
Então, Deus, além das modificações que você faça, também nos modifica com aridez, com a noite dos sentidos, com as dificuldades do dia a dia, etc. E, bom, então essa realidade das nossas dificuldades de compreender o caminho de Deus. .
. Há gente que, por exemplo, entra na vida de oração. Isso acontece com muita frequência entre os carismáticos, né?
A pessoa entra na vida de oração, começa a crescer, começa a receber as consolações, que são tão comuns no início da vida espiritual, para os principiantes. Mas quando Deus lhe dá de presente, às vezes a pessoa cai fora. Eu chuto o balde; não quer saber.
Mas a aridez é importante. Se você fizer sua tarefa de casa, rezar direitinho, fizer bastante oração, bastante penitência, e for generoso com Deus mais do que o comum daquilo que a gente vê, você irá passar por uma aridez. E a aridez é importante.
Nós, que estamos na vida ativa e não somos monges, não somos contemplativos; isso pode ser acompanhado de perseguições, de problemas familiares, de dívidas, de provações. É Deus purificando o seu amor. As coisas não vão ser do jeito que você quer, mas do jeito que Deus quer.
Então, para perseverar, essas duas coisas: confiar em Deus e ter disponibilidade para aceitar os caminhos dEle, não os seus. As pessoas resistem, né, ao amor de Deus. E, bom, acho que ficamos por aqui.
Eu queria muito, muito, acrescentar outra coisa, mas acho que não dá para tratar tudo no programa. Só gostaria de concluir com aquilo que é o principal: crescer na vida de oração e crescer no amor a Deus. Isso não acontece se houver o esquecimento de você mesmo.
Ou seja, você precisa cultivar a sua amizade com Deus. Santo Tomás de Aquino nos recorda, e o padre Duarte da Cunha insiste, ao estudar toda a tese dele, que aquilo que faz com que a amizade seja verdadeira amizade é o amor de benevolência. Ou seja, eu escolho, às vezes pela mente, eu determino Deus como amigo, e eu quero agradá-lo.
Isso aqui é amizade. Então, para que eu quero essa vida de oração? Bom, na conclusão da sua tese, o padre Duarte da Cunha, analisando a amizade, em um esquema das quatro causas de Aristóteles, recorda que a causa final da amizade é a comunhão de vida.
Ou seja. . .
Nós iremos participar dessa koinonia, dessa comunicação, dizia Santo, mas é dessa comunhão de vida com Deus no céu. Bom, então esta comunhão de vida, esta realidade de união com Deus, ela é fundamental; ela é importante sim, e nós precisamos realmente ter isso como meta final. Nós precisamos crescer nesse amor, porque um dia, quando nós estivermos no céu, aqui na terra, andamos às apalpadelas com a fé, segure sim, mas às escuras.
Um dia nós veremos Face a Face; um dia poderemos cantar os louvores de Deus, que é nele mesmo uma grande amizade: amizade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Assim, teremos nesta vida de comunhão, através da porta que Jesus nos deu, estaremos com Deus no céu. E pensamos desde já em largar o nosso coração para começar, já que na terra, aquela Vida divina que o céu preparou para nós.
Então, a vida de oração é começar aqui na terra a Vida eterna, a Vida divina. Precisamos rezar; essa é a finalidade da nossa vida: a comunhão com Deus no céu precisa começar aqui na terra. Então, rezemos com força, muita humildade, adorando a Deus e nos colocando diante do Mistério do amor d'Ele com fé e admiração.
Bom, então suplicamos a Ele na esperança que nos ajude com Sua graça e dizemos a Ele: Senhor, eu não quero usar apenas da boca para fora; eu quero usar afetiva e efetivamente.
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