Olá! Estamos de volta nesta nova temporada de Gênesis e, hoje, estamos fazendo um fechamento daquilo que consideramos, como já dito no último episódio, o fechamento do primeiro círculo concêntrico das narrativas de Gênesis. O que estamos querendo dizer com isto?
Nós comentamos, no episódio passado, que Gênesis utiliza de um expediente muito interessante que é fazer uma narrativa completa, como se fosse um círculo. Depois, ele repete a mesma coisa, mas acrescentando novos elementos e segue repetindo e acrescentando novos elementos. Então, nós teremos uma série de círculos cada vez mais se ampliando, desenvolvendo aquele tema que está em estado de semente pelo que esta ideia de semente se torna muito interessante, para entendermos isto.
É como se na semente tivessem todas as potencialidades que vão aflorar, que vão se desenvolver na árvore. Não é por outra razão que Jesus chega até mesmo a utilizar, este símbolo da semente, para falar de realidades que demandam tempo para serem concretizadas, como no caso do Reino de Deus. É a reafirmação de que tudo isso está conectado.
Aqui, fecha-se o primeiro círculo concêntrico: o menor de todos, mas o fundamental, aquele que contém tudo. Então, nós poderíamos dizer que (pegou um pedaço do capítulo 2 e isto é bom, para nos mostrar como esta divisão em capítulos e versículos, às vezes, é artificial, não obedece à estrutura do texto e foi colocada por volta do ano 1. 600 d.
C. . O texto original não tem esta divisão: só tem consoante e segue direto na sequênciasem divisão, que é posterior e, nem sempre, atende à estrutura literária do texto, porque ela tem a ver com a visão de quem esta fazendo á divisão da queles que fizeram a intervenção Como isto se tornou uma convenção internacional, não justifica, hoje, mudar, senão você constrói uma tradução uma Bíblia sobre a qual ninguém vai conseguir dialogar.
O objetivo de colocar capítulo e versículo é para que você possa se comunicar e citar o texto, para que todos possam citar o texto em uma comunidade internacional e todos terem a certeza de que estão falando do mesmo trecho bíblico. Esta é que é a função do texto e, aqui, nós vamos nos libertar disso. ) A narrativa da criação refere-se a sete dias, sendo que, no sétimo há a conclusão da obra e o descanso.
Portanto,descansar faz parte do trabalho divino da criação e é o descanso que coroa a obra, que coroa a ação criadora. Isto é muito importante também. Nós já comentamos “O Livro dos Espíritos”, na parte sobre as leis morais, que o descanso também é lei da natureza juntamente com a lei do trabalho, compõem um par.
E, assim funciona em tudo: até a terra precisa de um descanso, precisa se recuperar e teremos, ao longo do Velho Testamento, ordens para que o povo hebreu observe que, a cada sete anos, há o descanso da terra. Não se pode plantar no sétimo ano. E sobre esse aspecto nós falaremos posteriormente.
O que nos chama a atenção é que este bloco – os sete dias da criação – contém o gérmen de toda a Bíblia até o final do Apocalipse. Tudo é um desenvolvimento deste núcleo. Isto é o que pretendemos, hoje, comentar e fazer algumas reflexões para abrir esta visão, esta perspectiva de análise do texto.
Então, Revisando: o quê aconteceu aqui? A criação foi dividida em blocos, portanto não aconteceu em um ato contínuo. Ela aconteceu em um processo cíclico: primeiro fez uma coisa, depois uma outra etapa, depois uma segunda etapa, até chegarmos na sétima etapa.
“sete”, aqui, vai ser aquele padrão matemático bíblico, que vai inspirar todas as profecias. Toda a história bíblica está referenciada no tempo com o “sete” – nós veremos isto com mais detalhes, embora já tenhamos comentado isto em episódios anteriores - e, também, mostra as sementes que irão se desenvolver. Vamos rever isso: o que este bloco literário básico, esta pedra fundamental nos mostra?
Mostra-nos, no topo da etapa criadora, que é o sexto dia, aquela espécie que é capaz de reconhecer-se e reconhecer a Deus, que é a espécie humana, que é o Adam. É o homem, não no sentido de homem oposição à mulher (gênero), é o Homem no sentido de ser humano, em comparação com as demais espécies. Ou seja, esta espécie biológica, que é o ser humano, é capaz de refletir sobre ele mesmo, fazer escolhas, portanto, ele tem o livre-arbítrio, e ele é capaz de reconhecer um Criador.
Como ele reconhece a si mesmo e ele reconhece um Criador, que é o Outro, há a possibilidade de relacionar-se, de estabelecer um relacionamento. E, este é o tema bíblico. Então, se nós pudéssemos resumir em meio segundo o quê a Bíblia fala, qual o tema da Bíblia: que ela fala sobre relacionamento.
Mas, relacionamento conjugal? Relacionamento de amizade? Ela fala do relacionamento que é a base de todos os outros relacionamentos, que é o relacionamento da criatura com o Criador.
Esta é a questão: de um lado o Criador, de outro lado a Criatura e a relação entre eles. A esta relação nós podemos dar o nome de Religião, de Religiosidade, de Espiritualidade, o que é uma questão de terminologia e de gosto. Mas, é relação.
E, na moldura da narrativa, nós temos um Criador que prepara todo o cenário (todos os elementos: desde o Sol, a Lua, as estrelas, a terra, a vegetação, as demais espécies animais, os rios, os mares), tudo é um cenário, uma composição, um ambiente pedagógico para que esta espécie, este Ser se desenvolva e siga um traçado. Como assim um traçado? Embora não fique muito evidente nesta narrativa do capítulo 1 e início do capítulo 2 de Gênesis, o quê percebemos?
Que houve um planejamento. O planejamento fica claro nos verbos e na maneira como a criação é narrada (Deus criou, fez e viu que era bom). Então, há uma projeção, uma concretização e uma avaliação, uma seleção do que é bom.
Bom no sentido daquilo que corresponde, o que mais se aproxima do projeto. Você avalia o que foi feito e ajuíza se aquilo que conseguiu ser concretizado está próximo do projeto. Se está, é bom, pois correspondeu ao projeto.
Do ponto de vista de Deus, há uma perspectiva: Ele quer que a criação corresponda ao Seu projeto. Nós vemos isto claramente na criação do ser humano, que é a imagem e semelhança de Deus. Então, há um homem ideal.
O homem primordial, que os hebreus chamam de Adam Kadmon (o primeiro), é aquele que corresponde ao projeto divino de humanidade. Deus projetou o ser humano, soprou nele, insuflou nele todas as potencialidades e umconjunto de virtudes, de capacidades que iriam se desenvolver. Nós temos um hábito de pensar que a evolução como se alguém estivesse apontando um caminho, como se a evolução fosse assim: Esta é a nossa ideia de evolução: como se ela fosse uma estrada e eu dissesse para seguir por aqui Quando eu digo isso, eu estou assumindo que devo estar aqui e não lá.
Mas, a evolução não é assim. Por quê? Porque Deus já está onde tudo vai chegar.
A perspectiva da evolução bíblica é a perspectiva de que o Criador está na perfeição, na chegada e Ele atrai tudo para Ele. Então, tudo o que se desenvolve está sendo atraído pelo Criador. a perspectiva é a de que Ele já está na perfeição, Ele é a perfeição.
Então, Ele atrai tudo para o projeto original. Como os nossos irmãos teólogos evangélicos e os teólogos católicos vão se referir a isto? Eles não vão usar a palavra evolução.
Eles vão falar do plano da salvação ou história da salvação. Por que história da salvação? Porque o texto dá a entender que tem um projeto para o primeiro homem, mas este primeiro homem, de início, não correspondeu nem a 1% do projeto, não aceita esta ação atrativa de Deus e resolve caminhar por conta própria.
seguir o próprio caminho, ele deixa de corresponder ao projeto divino e se torna algo que não é o homem projetado por Deus. Então, ele se torna desumano. Isto, aqui, não é trocadilho!
Um Caim que mata o irmão é desumano. O assassino é um desumano. É desumanidade, a violência, o roubo, o egoísmo, todas as mazelas que nós vivemos, hoje, no mundo não é desumano?
Sim, é desumano. E o quê significa isso? Significa que o ser humano recusou o projeto de uma humanidade e adotou um projeto individual, próprio.
Mas, como é que uma criatura imperfeita, que está em processo de aperfeiçoamento, pode criar um projeto perfeito? Como isto é possível? É bom nós refletirmos, até para que nós não nos iludamos com instituições e projetos humanos.
Emmanuel diz isto: ‘não deposite sua fé em instituições que são fruto do projeto humano’, portanto, são falíveis. Todo projeto humano é falível, porque foi feito por criaturas que são imperfeitas, que estão em processo de aperfeiçoamento. Tudo o que o ser humano cria, vai se aperfeiçoar.
Isto é muito importante porque esta é a tensão bíblica que está descrita no primeiro capítulo, está em gérmen - o homem foi criado com toda a potencialidade – e quando começa a narrativa do capítulo 2 nós veremos que este homem, porque tem o livre-arbítrio, pode recusar esta força gravitacional de Deus. Recusar em parte, até um determinado limite, porque o livre-arbítrio humano não pode ser igual ao livre-arbítrio de Deus. A vontade humana não pode ter a mesma força e o mesmo status da vontade divina.
A vontade humana é limitada, reduzida. Ela é observada, condicionada às leis divinas. Quando Deus concede o livre-arbítrio o faz dentro de uma margem de movimentação.
E isto já está bom, não é? Porque dentro desta margem já fazemos tanta coisa equivocada e boa também! Então, a ideia deste Deus perfeito atraindo a sua criação para a perfeição é muito importante, porque isto vai justificar as intervenções de Deus na história que é o que o texto de Gênesis mais faz questão de frisar.
Se tem algo que o texto de Gênesis quer transmitir a nós leitores é a ideia de um Deus operante, vigilante e atuante. Não é um Deus que criou, tirou férias, foi embora e deixou as coisas funcionando. Não!
Agora, Ele também não é um Deus que decide tudo , porque senão não haveria espaço para a utilização do livre-arbítrio. Estes dois extremos confundiram até os grandes homens como, por exemplo, o Einstein. Einstein acreditava na existência de um Deus que criou, deixou as leis e tirou férias.
Por quê? Porque um homem que via as guerras, aquele período de convulsão do início do século XX, bomba atômica, aquela história toda acha que não seria possível Deus permitir isto. Eles não entenderam que o livre-arbítrio faz parte da criação.
O homem pode errar dentro de uma margem que para nós é gigantesca, mas para Deus é pequena, porque ele administra um Universo infinito. Nós podemos criar uma bomba atômica e destruir um planeta, mas o que é a destruição de um planeta para Deus? Para nós é assombroso, para Deus… Então, nós vamos entendendo esse contorno, uma margem de livre-arbítrio e Deus intervindo, atuando ou corrigindo rotas.
E, aqui, nós consideramos preciosa contribuição do Espiritismo para a interpretação do texto bíblico. Quando a Doutrina Espírita nos revela a lei de causa e efeito, o que é a lei de ação e reação. A lei de ação e reação é o mecanismo divino de correção de rotas, é o GPS divino recalculando rotas.
Há um projeto: se você se desviou, criou um estrago, criou uma desarmonia, prejudicou o semelhante, criou um distúrbio, o que acontece? Você perde parcela do seu livre-arbítrio e é feita uma correção de rotas. Se se corrige a rota, você volta de novo para a rota.
Quando eu digo rota, não quero dizer um caminho reto, mas possibilidades, porque tem possibilidades de desvios que são infinitos caminhos de desvios e tem também infinitos caminhos de acertos. Você sai da zona de erros e volta para a faixa de acertos. Então, não é um caminho retilíneo.
É um conjunto de possibilidades, mas no bem, porque você pode viver de infinitos modos sem prejudicar ninguém, sem ferir ninguém e sem ferir-se a si mesmo. Da mesma maneira, você poderá viver de infinitos modos prejudicando, ferindo aos outros e a si mesmo. Têm probabilidades para ambos os lados.
Nós não estamos nesta visão newtoniana, nós já estamos tentando raciocinar com a visão da nova Física, a Física Quântica. É uma correção de rota a lei de causa e efeito. Quando o homem começa a exercer o livre-arbítrio veremos a narrativa do capítulo 2 em diante, que veremos no próximo episódio - na primeira oportunidade, que o ser humano tem de exercer o livre arbitrio ele rejeita a condição divina, ele rejeita esta força atrativa do Criador.
O quê acontece quando ele rejeita? Ele cria - da parte dele, não da parte de Deus - um rompimento das relações com o Criador. O Criador continua inalterável.
Nós temos que observar que, relação com o Criador, como diz Emmanuel, não é como você pegar um pão e entregar para alguém, um ato mecânico de entrega. Não é assim! O Criador não se relaciona de um modo particularizado conosco, privilegiando-nos em detrimento dos outros.
O Criador relaciona-se com Seus filhos de modo igual, em pé de igualdade. Como que é o relacionamento do Criador com a Criatura? É como um Sol irradiando luzes para todos, de igual modo.
Um Espírito superior não tem mais bênçãos de Deus do que um inferior. O que acontece é que um Espírito superior tem mais capacidade de recolher as bênçãos Ele desenvolveu uma permeabilidade maior do que nós, porque eu posso me fechar totalmente para absorver esta luz do Sol, isolar completamente e não deixar entrar a luz, assumindo, assim, uma postura refratária. É claro que o Criador tem elementos para apaziguar isto, para recuperar, para trazer de volta a criatura ao relacionamento com Ele, o que, biblicamente falando, chama-se salvação.
Porque a ideia é de que se você romper o relacionamento com Deus, você está perdido, no sentido técnico da palavra, sem rumo, um náufrago. Então,precisa ser salvo, resgatado. Esta é a ideia para que você volte a ter direção, para que a sua vida volte a ter sentido, volte a ter propósito, volte a ter rumo.
Esta ideia que está aqui no primeiro bloco da narrativa de Gênesis o Ser humano com livre-arbítrio e com todas as potencialidades divinas. Nós poderíamos dizer, grosso modo, que de Gênesis 1:1 a Gênesis 2:4 nós temos um Ser humano que é um Ser divino criança. A criança divina tem todas as potencialidades da angelitude, mas é ainda uma criança: terá que amadurecer, terá que aprender Como ela poderia aprender?
Se ela for uma criança dócil, ela vai cometer erros, que são erros de aprendizado (erro-aprendizado/erro-evolução); agora, se ela for uma criança rebelde, ela vai cometer erros, que não são erros de aprendizado, são erros de rebeldia, erros da criança recalcitrante, erros da criança birrenta, que está em luta, que não aceita autoridade paterna e que cria uma série de problemas e de resistências que vão exigir um conjunto de medidas pedagógicas inspiradas na dor. Daí, somente elementos pedagógicos que incluem dor para poder amenizar, diminuir esta rebeldia,esta dureza, para que ela consiga se tornar dócil e aceite novamente este poder atrativo de Deus, para que ela consiga se relacionar e fazer escolhas com a consultoria divina. Este é o desafio da evolução: você aprender a tomar decisões com a consultoria divina, porque Deus está sempre nos inspirando no nosso coração, de um modo imponderável.
Ele tem acesso direto ao nosso coração. A todo o momento ele está nos monitorando e está em relação conosco. Se eu desenvolvo a sensibilidade, eu consigo absorver o que é melhor para mim em determinados momentos e daí, eu começo a tomar decisões mais acertadas.
Embora eu não veja, embora minha visão não consiga abarcar o todo, por um processo intuitivo, eu tomo decisões porque eu estou sob a tutoria, sob a consultoria divina e, aí, a evolução ganha efetividade, ganha eficácia, com menos transtornos, com menos dificuldades, com menos acidentes. Assim se dá nossa evolução, como espíritos encarnados neste orbe, caracterizado por ser habitado por Espíritos extremamente rebeldes, extremamente resistentes à condução divina. No que concluímos disso, então?
Que esta criança divina criada no primeiro bloco de Gênesis terá uma história, fará uma série de escolhas. Deus irá intervir, corrigindo rotas e, daí, ela vai fazer outras escolhas. Deus irá intervir de novo e, daí, nós teremos a história bíblica que vai culminar no momento em que vem até nós o homem do projeto, aquele ser humano que é o projeto original, aquele ser humano que representa tudo o que Deus projetou.
Por que Deus projetou? Para trazer concretude ao projeto, para mostrar, na prática, como é o projeto funcionando. Este Ser humano é o Cristo.
Então, a encarnação é isto: é o projeto concreto. Vem, aqui, aquele Ser humano que estava previsto em Gênesis 1:27: “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus Ele o criou. ” Jesus é este projeto andando, vivendo, o ser humano na sua humanidade divina, porque a minha, a nossa humanidade é uma humanidade deturpada.
Como eu rejeitei a consultoria divina, eu rejeitei a condução divina, eu criei uma aberração, uma deformidade, que precisam ser corrigidas, precisam ser polidas. Agora, o Cristo, não! Ele chega como modelo.
É esta a ideia de modelo: Jesus é o modelo e o guia. Por que Ele é o guia? Porque Ele já está lá na ponta e como Deus é o grande poder que atrai e Jesus já percorreu este caminho, ele já foi atraído, ele volta para falar: ‘Vem cá!
Vem comigo! Eu vou mostrar para vocês como é deixar-se ser atraído por Deus, deixar Deus conduzir. ’ Por isso, ele é um guia.
Jesus nos leva neste processo. Os próprios hebreus perceberam que a criação que está em Gênesis 1:1 a 2:4, é a pedra fundamental, mas nós teríamos uma era messiânica, porque neste período – de Gênesis 1:1 a 2:4 – ocorreram coisas que não correspondem a este projeto aqui. Houve o desvio de rotas e a grande correção – não a correção individual de rota – coletiva de rota, a correção do mundo, que eles chamam de era messiânica e, nós, chamamos de mundo de regeneração ou mundo ditoso.
Não é nem mundo de regeneração, é mundo ditoso, porque o mundo de regeneração é uma transição para o mundo ditoso, para a grande era messiânica, para todas aquelas benesses da era messiânica que o mundo de regeneração está mais próximo dela, mas não é ainda. É curioso porque tudo isto é uma simbologia, um vocabulário. Mas quando nós vamos para o livro A Gênese, de Kardec, os Espíritos vão utilizar este vocabulário de Gênesis.
O último capítulo do livro A Gênese, de Kardec, fala da nova geração. Não é curioso isto? Nós comentamos, aqui, que o livro de Gênesis é conhecido na cultura hebraica como O Livro das Gerações.
Inclusive, o livro de Gênesis todo pode ser dividido em dez blocos que são as dez genealogias. Qual é a primeira genealogia? Adam.
Depois, Caim, Abel, Set etc e daí encerra. Depois, começa uma outra. E, lá no final do livro A Gênese temos ‘A Nova Geração’: veja que interessante.
O que os Espíritos metaforicamente, simbolicamente estão querendo nos dizer? Olha, vai continuar a Bíblia: vocês leram dez e, agora, vem a nova geração, cujo modelo é o Cristo. Cristo é o modelo da nova geração, que não é a geração adâmica, é uma nova.
Mas, ela é nova em que sentido? Ela é nova no sentido de concretude, Porque, em termos de projeto, ela não é nova: é o velho e antigo projeto. A nova geração de Espíritos é, na verdade, a concretização do antigo projeto de Gênesis 1:1 a 2:4.
É a retomada, como em espiral mesmo: você retoma em um nível superior. Sem esta perspectiva nós não conseguimos ler o texto bíblico ou comete-se um grande equívoco, que é repartir o texto bíblico. Se você começa a falar em Novo Testamento, em Velho Testamento, você está fazendo cortes em um bolo completo.
Isto aqui é um todo! Isto aqui é um quebra-cabeças cujas peças vão sendo colocadas ao longo do tempo: a primeira peça veio, depois veio a outra e a outra. Por que estamos utilizando este símbolo do quebra-cabeças?
Porque é o que Paulo de Tarso vai utilizar no primeiro versículo da Carta aos Hebreus, quando ele diz que Deus falou aos pais de modo fragmentado através dos profetas. A peça é falsa? Não, a peça é verdadeira.
A peça é inválida? Não, ela é válida. Mas, é uma peça, não é o todo.
De repente, o que Deus faz? Ele manda a caixa do quebra-cabeça, porque geralmente na caixa do quebra-cabeça, ele vem montado. Quem é a caixa do quebra-cabeça?
Jesus Cristo. Quando ele vem, você diz: ‘Entendi: é assim que monta! ’ .
Daí, você monta tudo, você pega tudo e monta, Tudo faz sentido, porque todas as peças se encaixam todas. Por que todas as peças se encaixam? Porque Ele é o modelo concreto do quebra-cabeça.
É importante entender isto. É isto que Paulo está dizendo na Carta aos Hebreus: ‘de modo fragmentado e de muitos modos’. É um quebra-cabeça mesmo!
Por quê? Porque o quebra-cabeça é fragmentado, são polímeros, são pedaços, mas um pedaço não é igual ao outro. Cada pedaço tem uma característica.
O Livro de Isaías tem uma característica, Êxodo tem outra característica, quer dizer, tudo é diverso, uma diversidade de fala, tudo fragmentado. Quando você reúne os fragmentos, ele forma um todo uniforme, mais rico. Por que rico?
Por causa das diversidades das partes. Em um quebra-cabeça que tem uma montanha: umas pecinhas são mais escuras, outras são mais verdes, outras são azuis por causa do céu. Não é?
Cada pedaço tem uma característica, mas quando você monta, dá uma paisagem única, rica, mas conectada. O Cristo, então, é este modelo, é o quebra-cabeça montado. Paulo estava dizendo que todas estas peças que foram colocadas visavam este quebra-cabeça, tudo o que foi fornecido foi para chegar a este perfil, a este modelo de Ser humano, que é Jesus Cristo.
Portanto, qual deve ser a nossa leitura, que é a leitura que está presente, inclusive, na Doutrina Espírita? Está lá em O Evangelho Segundo o Espiritismo: a moral do Cristo é a moral mais perfeita. Por quê?
Porque ela reflete a Lei Divina. Como que nós lemos toda a Bíblia? Lemos com a caixa do quebra-cabeça nas mãos.
Como nós estamos fazendo agora: eu pego Gênesis 1: 1 a 2: 4 e tento encaixar em Jesus. Este texto está dizendo que tudo foi montado para que o projeto de ser humano pudesse se desenvolver: crianças divinas queriam se tornar no Ser humano divino, que é o Cristo. Daí, tudo faz sentido, tudo ganha um brilho.
Nós veremos que neste ser humano, aqui – referindo-se à Gênesis – tem um assassino e neste, aqui, - referindo-se ao Cristo – tem um doador de vida. Então, aquele Ser humano, referindo-se à Gênesis (Caim), deturpado, tira a vida do irmão e, no Ser humano que é o modelo, Ele doa a vida, Ele restitui a vida. Neste modelo de Ser humano que perdeu a conexão com Deus, é um ser humano que vinga, que tem ódio; neste outro modelo, é o Ser humano que perdoa.
Então, são os opostos. Nós vamos fazer uma leitura de todo Velho Testamento como o oposto, aquilo que não deveria ser e as intervenções divinas chamando a atenção: ‘Tenha cuidado! Venha para cá!
’ Para cá, onde? Para o modelo do Cristo. Com isto, nós encerramos este episódio de hoje e, no próximo episódio, nós já vamos voltar no segundo ciclo, que vai repetir o que está aqui, mas trazendo novos elementos, novas histórias, novas aventuras sobre este ser humano que decidiu apartar-se de Deus, desligar o GPS e seguir um caminho próprio.