Você provavelmente conhece essa ovelha. Essa é a famosa Dolly, que foi o primeiro mamífero clonado a partir de uma célula adulta. Mas ela não está sozinha.
Outros animais já foram gerados por processos semelhantes de clonagem. Cachorros, gatos, lobos, cavalos e por aí vai. E pensando nisso, a gente pode se perguntar.
Tem alguma coisa que impeça a clonagem de seres humanos? Ou será que um de nós vai poder ser clonado um dia? Primeiramente, a gente precisa entender o que exatamente significa clonar alguém.
Segundo a definição do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano dos Estados Unidos, clonar é criar cópias geneticamente idênticas de uma entidade biológica. A palavra vem do grego clon e significa broto. E isso faz sentido quando a gente descobre que o termo foi criado por um botânico, o americano Herbert Weber.
É que alguns vegetais, e não só vegetais, na verdade, alguns fungos e bactérias também, são capazes de fazer reprodução assexuada, que pode ser considerada uma espécie de clonagem. Mas o assunto fica bem mais complexo quando falamos de animais que se reproduzem de maneira sexuada. Como é que cientistas conseguiram duplicar um ser vivo?
A resposta óbvia é que eles estudaram na Alura. Tá, isso foi uma brincadeira, mas o que eu vou falar agora é verdade. Se você está se sentindo perdido nesse novo universo de inteligências artificiais, a Alura preparou algo especialmente para você.
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E agora sim, vamos lá. Como que funciona a clonagem de animais? A clonagem animal se divide em dois tipos principais.
Por isso, para poder explicar melhor, eu vou chamar reforço. Um dos tipos de clonagem é a natural, que acontece sem nenhuma intervenção científica. Você possivelmente conhece um clone desse tipo.
É o caso dos irmãos gênios idênticos ou univitelinos. Eles são o resultado da fecundação tradicional de um óvulo por um único espermatozoide. Só que aí os zigotos se dividem em dois e cada parte se fixa em uma região diferente do útero.
E com isso, dois seres diferentes são gerados mas sempre do mesmo sexo e extremamente parecidos. Já o outro tipo de clonagem é a induzida. É o clone feito artificialmente utilizando técnicas de engenharia genética.
Ou seja, é quando cientistas simulam a reprodução assexuada de células em um laboratório. E esse tipo de clonagem, por sua vez, também se divide em dois tipos. Existem a clonagem terapêutica e a clonagem reprodutiva.
No caso da clonagem terapêutica, os cientistas pegam o óvulo de uma fêmea e retiram o núcleo dele. No lugar, eles colocam o núcleo de uma célula somática, ou seja, uma célula não reprodutiva, que no caso dos seres humanos possui 46 cromossomos. E então começa o desenvolvimento do embrião, até chegar Até chegar a menos de uma semana depois, a fase do blastocisto.
Nessa fase, ainda não aconteceu a diferenciação celular. Ou seja, as células são pluripotentes, capazes de se transformar em qualquer tipo celular de um adulto. E por isso elas são chamadas células troncoembrionárias.
E elas podem gerar tecidos de diversas partes do corpo. Essas células tronco geradas por clonagem induzida têm um grande potencial no tratamento de doenças cardíacas, câncer, mal de Parkinson, mal de Alzheimer, entre outros problemas de saúde. Mas é um outro tipo de clonagem induzida, muito mais polêmico, que é o tema desse vídeo.
A clonagem reprodutiva. O procedimento no início é bem parecido com o da clonagem terapêutica. Cientistas vão lá, pegam um óvulo, retiram o núcleo, colocam no lugar o núcleo de uma célula que vai ser clonada, esperam o desenvolvimento do embrião até a fase do blastocisto e é aí que vem a grande diferença.
Nesse caso o blastocisto é implantado dentro da cavidade uterina, para que ele se desenvolva como se fosse uma gestação tradicional. E se tudo der certo, esse blastocisto vai evoluir normalmente da origem a um novo animal que é geneticamente idêntico àquele da célula original. E assim nasce um clone.
Dá pra gente dizer que o primeiro caso de clone induzido aconteceu ainda no final do século XIX, mas de um jeito um tanto quanto rudimentar. Foi quando o cientista alemão Hans Dresch pegou um embrião de um ouriço do mar com apenas duas células, colocou num becker com água do mar e chacoalhou até que as células se separassem. Cada uma delas cresceu de maneira independente, dando origem a dois ouriços do mar.
E com o passar do tempo, as técnicas foram evoluindo. Nos anos 1930 um outro alemão chamado Hans, mas não era o clone do primeiro Hans, desenvolveu um pouco mais os estudos nessa área. O nome dele era Hans Spemann e ele viria ganhar um prêmio Nobel.
Ele acreditava que qualquer célula de um animal poderia gerar um outro animal geneticamente idêntico graças ao conceito de totipotência. Isso significa que cada célula contém a receita completa para produzir um indivíduo inteiro. Ou seja, por mais que as células exerçam apenas uma função específica na vida adulta, elas continuam contendo o código completo para gerar um novo ser.
Guarde essa informação porque daqui a pouco ela vai fazer toda a diferença. Enquanto isso, outros avanços foram sendo feitos nos estudos sobre clonagem. Nos anos 1950, por exemplo, uma equipe liderada pelo cientista americano Robert Briggs inseriu uma célula embrionária de um sapo num óvulo de uma sapofêmia.
E não, não é uma rã, nem perereca, é sapo fêmea. Enfim, o fato é que esse procedimento deu origem a um novo sapo geneticamente idêntico ao original. Mas então você pode se perguntar, por que que quem ficou famosa foi a ovelha Dolly, e não o sapo?
Nem nome ele tem! Ele foi clonado décadas antes e não ganhou o mínimo reconhecimento. Me ajudem a batizar ele nos comentários, por favor.
A pergunta é, por que a Dolly foi tão revolucionária? Então, lembra do que eu falei sobre o princípio da totipotência, de que até uma célula de um animal adulto continuaria guardando a receita completa para gerar um novo indivíduo? Foi essa a ideia que o cientista escoces, Ian Wilmut, conseguiu colocar em prática em 1996.
A equipe dele retirou o núcleo de uma célula da glândula mamária de uma ovelha adulta de cabeça branca. E o núcleo foi inserido no óvulo de uma ovelha de cabeça preta. E outra ovelha de cabeça preta gerou a ovelha que nasceu, a Dolly, com a cabeça branca, comprovando que era um clone.
Foram 277 tentativas, mas finalmente deu certo. E com isso a Dolly se tornou o primeiro mamífero gerado pela clonagem de uma célula somática adulta. E aí tudo o que aconteceu com ela dali em diante foi acompanhado de perto pelos cientistas, já que o caso dela serviria de base para uma série de descobertas sobre a vida dos animais clonados.
Um dos fatos mais importantes aconteceu em 1998, quando a Dolly teve um filhote. Sim, o Dollynho! E no ano seguinte vieram mais três, e isso provou que animais clonados podem ter filhos normalmente, mas nem tudo na vida da Dolly transcorreu de maneira tão natural.
Ela sofreu com envelhecimento precoce e isso levantou um questionamento. A idade dela seria a idade normal ou, no fundo, era a idade dela somada à idade da ovelha que doou o núcleo? Bom, de qualquer forma, com apenas 6 anos de idade, já muito debilitada com uma doença pulmonar, a Dolly precisou ser sacrificada, mas seguindo todo o código de ética e responsabilidade.
E a morte dela não foi em vão. O legado que ela deixou é imenso. Vários outros animais foram clonados usando técnicas semelhantes.
Aqui no Brasil, por exemplo, o primeiro clone de um mamífero gerado por uma célula adulta aconteceu em 2002. E foi a bezerra-penta, que inclusive ganhou esse nome porque o Brasil tinha acabado de ganhar a Copa do Mundo. Só que ela não foi muito longe e morreu naquele mês, igual a seleção.
Desculpa, pensei alto. E de lá pra cá, a produção de clones se tornou cada vez mais comum, a ponto de a clonagem de animais de estimação ter se tornado febre entre influenciadores que não superam a morte dos seus bichos de estimação. E eles chegam a pagar 50 mil dólares pra gerar um novo animal com o mesmo código genético.
Mas se a clonagem se tornou tão comum, você pode estar se perguntando agora por que um ser humano nunca foi clonado. E aí eu te pergunto, quem disse que não? No início desse século, um médico ganhou as manchetes mundiais anunciando que ele tinha produzido clones humanos.
O nome dele? Dr Albi. .
. Brincadeira, Severino Antinori. Essa galera vai ter que alcançar lá no fundo do baú.
Ele disse que três pessoas clomadas pela equipe dele viviam no leste europeu. Seriam duas meninas e um menino. E supostamente os únicos casos de sucesso em cerca de cem tentativas.
O Antinori não entrou em detalhes. Ele avisou que ele não iria provar nada do que ele estava falando. E ele disse que era para preservar a privacidade dessas pessoas.
Pode até fazer sentido, mas com isso a gente não tem como garantir se é verdade ou não. Mas todo esse mistério tem uma justificativa. Afinal, a clonagem humana é um tema extremamente controverso.
A Unesco, por exemplo, publicou nos anos 90 a Declaração Universal do Genoma Humano e dos Direitos Humanos. O artigo 11º diz claramente. Não serão permitidas práticas contrárias à dignidade humana, tais como a clonagem reprodutiva de seres humanos.
Na prática, essa declaração não tem força de lei. Cabe a cada país fazer sua própria legislação sobre o assunto. No Brasil, por exemplo, é a Lei da Biossegurança de 2005.
E tá lá no capítulo 8, artigo 26º. Realizar clonagem humana é crime. Pena, reclusão de 2 a 5 anos e multa.
Ouviram? Não clone ninguém. Você vai ser preso e ainda vai ter que pagar a multa.
Mas é importante destacar que isso se refere à clonagem reprodutiva. Essa mesma lei autoriza a utilização de células troncoembrionárias. Mas agora vamos fazer um exercício de imaginação e supor que é tudo liberado.
Quais seriam os benefícios da clonagem generalizada? O primeiro deles seria permitir que casais que sofrem com infertilidade tivessem filhos. Além disso, seria possível de certa forma ressuscitar pessoas.
Não seria exatamente a mesma pessoa, claro, mas uma cópia idêntica de alguém que já morreu, assim como aqueles influenciadores faziam com os bichos de estimação. E o potencial disso é bem bizarro. Eu deixo pensar nas decorrências com vocês.
Mas por outro lado, essa coisa de ressurreição pode ser interessante para reviver espécies que já foram extintas, exceto dinossauros, porque a gente já viu no cinema que isso não dá muito certo. E também porque o DNA só fica preservado no máximo por uns 7 milhões de anos. Então não daria para reviver dinossauros que foram extintos há 65 milhões de anos.
Mas daria para ressuscitar outras espécies. E na verdade isso já aconteceu. Em 2009 cientistas espanhóis conseguiram trazer de volta à vida o chamado Ibex dos Pirineus, a partir de células congeladas de um animal morto.
Mas o clone só viveu durante alguns minutos, e aí o Ibex dos pirineus conseguiu ser extinto pela segunda vez. Mas voltando pra clonagem humana, a gente tava falando dos benefícios. O problema é que também existiriam muitos malefícios.
Basicamente, como em toda nova tecnologia que surge, a gente precisa se perguntar, como que o ser humano seria capaz de estragar isso? Por exemplo, lembra aquela ideia de reviver sua bisavó? Pense que isso não iria valer somente para ela.
Qualquer pessoa poderia ser, de certa forma, trazida de volta à vida, inclusive figuras abomináveis da humanidade, que fizeram muito mal no passado. E isso causaria um grande dilema ético. Como que a gente iria lidar com uma nova versão dessas pessoas?
E isso é uma questão intrigante, já que uma pessoa não é feita só dos seus genes. Ela também é fruto do meio em que ela vive. Será que uma pessoa clonada anos, décadas ou até séculos depois teria alguma coisa a ver com a pessoa original, além da aparência?
Até que ponto será que nós e a nossa personalidade são frutos do ambiente em que nós vivemos? E se existiriam ainda outros problemas muito mais graves? Lembra que a Dolly precisou de 277 tentativas para ser gerada com sucesso?
No caso dos seres humanos, muitos embriões também seriam descartados na tentativa de gerar um clone, o que certamente seria alvo de muita polêmica. E mesmo os clones que nascessem saudáveis poderiam ter uma vida debilitada. Comparando mais uma vez com a Dolly, seria possível que as pessoas clonadas sofressem com envelhecimento precoce e morressem bem mais jovens do que a média da população.
E além disso, a criação de seres humanos em laboratório poderia provocar riscos para toda a humanidade. A possibilidade de fabricar artificialmente pessoas com uma determinada característica física, como a cor da pele, por exemplo, poderia levar a uma nova onda de eugenia, que é um movimento racista que busca supostamente uma melhoria na genética da população. O que não faz sentido.
Seria possível até mesmo a criação de verdadeiros exércitos de seres humanos produzidos em escala industrial, numa distopia típica de filme de ficção científica. E por isso, talvez seja melhor a gente abandonar a ideia de clonar seres humanos, pelo menos dessa maneira tradicional. Isso porque, falando em ficção científica, a inteligência artificial poderia um dia abrir caminho para um outro tipo de clonagem, a digital.
Ou seja, e se ao invés de nós copiarmos o DNA de alguém, a gente pudesse copiar a mente? Deixar de lado a ideia de reproduzir as células e focar em reproduzir o pensamento? Imagine como seria escanear por completo o cérebro de alguém, mapear todas as conexões, registrar todas as lembranças, identificar todas as características que fazem uma pessoa ser exatamente quem ela é.
No momento em que isso fosse possível, a gente teria uma inteligência artificial que nos representaria com a mais absoluta perfeição. Ela seria capaz de pensar exatamente como nós pensaríamos, responder exatamente como nós respondemos e ser exatamente como nós seríamos. As nossas experiências e quem sabe a consciência estaria preservada para sempre numa espécie de nuvem.
E avançando ainda mais na imaginação, que tal se a gente combinasse essa técnica digital com a clonagem tradicional do corpo físico, e aí fizéssemos o download daquela consciência no cérebro da pessoa clonada. Dessa forma o corpo e a mente estariam reunidos novamente. A morte deixaria de ser o fim e se tornaria apenas um intervalo entre os nossos infinitos retornos à existência aqui na terra.
Seria esse o caminho da vida eterna? Escreva nos comentários o que você acha disso tudo. Nós vamos adorar saber!
Muito obrigado, e até a próxima!