Rádio Comercial | Mixórdia de Temáticas: Invasão! Perigo! Guerra!

Michória de temáticas. Então já foi para todos. Já, já.

Pronto. Então não havia razões para est nervosos. Pois não.

Bom, pera aí, pera aí. O o Marc não tá aí texto não faz mal. Ele está aqui.

E este tens txto? Não. Então anda para venham para aqui para o pé de mim.

Eu tenho tipo de letra não consigo dizer tamanho 0,1. Mas eu digo, eu digo devagar, connosco hoje na rádio comercial, Bernardo Cardoso, o português que mais sofreu ontem com o apagão. Bernardo, bom dia.

Eh, como é que o Bernardo sabe que é o português que mais sofreu? Ó Pedro, olha, é muito simples, é que eu tenho um conjunto de características que que todas elas somadas fazem de mim o português que sofreu mais. Por exemplo, eu ontem tive uma pessoa o dia todo a chamar-me estúpido.

Ai, que horror. Quem era? Era eu, era eu.

É que eu, sabe quando eu, quando falta a luz, eu tenho uma coisa que é, eu levo tempo a habituar-me à ideia de que não há luz, tá a ver? Então, acontecem-me 50 vezes coisas do tipo. Vou à dispensa, ligo o interruptor, olha, não acendeu.

Ah, estúpido, não há luz. A seguir vou ao frigorífico. Não tá a fazer frio, estará a variar.

Ah, estúpido, não há luz. Que chatiço não haver luz. Deixa ver o que é que eles estarão a dizer sobre isto na televisão.

Ah, estúpido, não há luz. Até às 5 da tarde foi esta a minha vida. Maus tratos emocionais constantes.

Mas calma, ó, Bernardo, não é? É. Exato.

Não chega essas situações todas não chega para ser o português que mais friu. Não, mas eu dou-lhe mais exemplos, ó Vasco, por exemplo, eu ontem fazia anos, tá a ver? Ficamos sem comunicações ao meio dia.

Ao meio-dia ficamos sem comunicações. Sabe quantos parabéns é que eu recebi? Zero.

Nem um parabén. E deixa-me perguntar-lhe quantos é que costuma receber. Zero.

Eu não tenho muitos amigos, mas eu tinha a esperança que fosse este ano e a P destruiu-me esse sonho. Eh, mesmo assim eu acho que não é o suficiente para ser quem sofreu mais. Ah, Nuno, quero mais.

Quer mais? Tudo bem, eu dou-lhe, olhe, eu a isto. Quando eu me percebo que estamos há 3 horas sem luz, eu entro imediatamente em ação.

Eu vou ao congelador tentar salvar as coisas que lá tenho para não se estragarem e penso: "Isto vai ter de ser consumido tudo". Nuno, eu comi 17 cornetas. Nuno.

17 cornetos? É. Ainda assim há destinos piores do que comer 17 cornetos.

É. E esta? E esta?

Ó, ó, ó, ó, ó, Manuel, deixe-me só. Espera aí que que eu não estou no texto certo. Tá bem, Manuel.

Deixe-me só. Dê-me só um minuto. Com certeza.

Espera, dê-me só um minuto ao Manuel que Mas Sim, sim. De facto, há destinos piores, não é? Do que comer 17 cornetos.

Há coisas muito piores do que essas. Exatamente. Exatamente.

Várias até. É. 17 cornetos.

17 cornetos. Tinha alguma coisa no congelador? Não, não.

Escute. Portanto, e eu e digo eu, ó Nuno, eu comi 17 cornetos e o Manuel o que é que disse? Se bem me lembro.

Sim, há destinos piores do comer 17 cornetes. Pois, ó Manel. Ah, só que eu também tinha no congelador uma lula grande.

Tá bem. E pensei, olha, vou cozinhá-la, ao menos não se estraga. Chego ao pé do fogão, olha a placa elétrica, não liga.

Ah, estúpido, não há luz. Tá a ver? Hum.

Mesmo assim acho que quem tenha há quem tenha sofrido mais. É, é. E esta, Manel, eu moro no 12º andar, fiquei sem elevador.

Também não incomoda. É, também não incomoda. E sim, mas mais gente mora no 12º andar.

O senhor tem certamente um vizinho. Tenho um vizinho. Tenho um vizinho que não tem um cão.

Eu tenho bolinhas. O vizinho não teve de descer 12 andares para levar bolinhas à rua. O vizinho não verificou no terceiro andar que se tinha esquecido dos sacos de cocó do bolinhas.

O vizinho não voltou para cima para ir buscar os sacos do cocó do Bolinhas. O vizinho não voltou para baixo para ir levar o Bolinhas à rua novamente. O vizinho não topa no sexto andar que dessa vez se esqueceu do próprio Bolinhas.

O vizinho não voltou para cima para ir buscar o Bolinhas. O vizinho não entrou em casa e foi surpreendido com o facto que o Bolinhas já fez no hó. Começa realmente a parecer muito, mas muito sofrimento.

Há mais, Pedro, há mais. Eu sou uma pessoa que acompanha a herança, a novela da SIC. Mais alguém que acompanha a novela da SIC?

Eu acompanho a novela da SIC. E ontem é o episódio em que pipa desmaia e vais para o hospital. Eu vi o episódio, não vi?

A EDP mandou alguém à minha casa com uma lanterna para mim interpretar o episódio à minha frente. Não mandou. Mais, mais, Pedro, por volta das 8 da noite eu começo a encarar a dura realidade.

Não há televisão, não há internet, eu vou mesmo ter de conversar com a minha mulher. E pá, isso é que não. Pois, mas foi Nuno, mas foi.

E diz ela: "Olha que eu ouvi que isto foram os russos que vêm aí. O melhor é a gente preparar-se porque diz que já há barcos na costa portuguesa a apontar para nós. " E eu construo uma barricada na sala.

Tá a ver? Por volta das 10, diz a minha, diz a minha mulher: "Ó filho, eu acho que a guerra já começou e é química, porque está no ar um cheiro muito intenso que parece que é uma mistura de peixes com baunilha. " E digo eu, "Ó filha, sou eu que estou a arrotar a corneto e a Lula.

" E nesse preciso momento volta à luz e eu dou por mim escondida atrás do meu louceiro com o meu arpão da caça submarina à espera das tropas russas. E eles dizem na televisão que afinal foi um espanhol que tropeçou num cabo ou que é. E portanto uma coisa é catástrofe que eu aguento.

Tá a ver? Outra é fantochada. Eu para para a guerra estou preparado, mas anto o ridículo sucumbo.

Michórdia de temáticas é mesmo uma michária de temáticas. Não há dúvida nenhuma que se trata de uma michória de temática. Ai, eu estava mesmo convencido que hoje não havia deitar deitar.

Ainda bem que houve. Rádio comercial. Comercial.

M.