UMA CRIANÇA É ESPANCADA – UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ORIGEM DAS PERVERSÕES SEXUAIS (1919)

E aí [Música]? É uma criança, é espancada. Texto de 1919 de Freud, mais um dos textos clássicos de Freud, porque, afinal, trata das perversões sexuais.

Ou seja, uma criança espancada é uma frase sem sujeito. Quem bate nessa criança? Quem está falando?

É quem assiste à cena, ou é a criança, ou é quem bate? Tão forte já é provocativo no próprio título. E ele diz do prazer de uma criança pequena vendo o próprio irmãozinho ser espancado pelo pai ou pela mãe, não importa, após fazer uma traquinagem.

Freud tenta trazer para discussão que prazer é esse de assistir a essa cena. É desnecessário dizer que o espectador aqui do canal já deve estar pensando: "Bom, então isso, na vida adulta, vai estar relacionado ao prazer de bater, apanhar, assistir. " Muito comum.

Eu tenho interesse em assistir a uma cena de espancamento. Eu tenho interesse em participar da cena, numa posição ou na outra. E prazer é esse?

O que não seria o prazer, entre aspas, rapidamente mais tradicional na relação entre as pessoas? Então, fora de lances, texto belíssimo, texto longo, um texto bem interessante, bem intenso. Não teríamos tempo para esmiuçar o texto aqui, mas eu gostaria de provocar o espectador a ler esse texto com bastante atenção, não achar que está entendendo tudo rapidamente.

Fica um texto complexo, mas é um texto de profundidade e inigualável. Freud realmente se supera nesse texto, porque ele traz questões que dizem respeito ao campo da sexualidade, mas dizem também da agressividade e, principalmente, diz, em última instância, do diálogo. A psicanálise, chamada Jacques Lacan, privilegiou tanto que o desejo, em última instância, dos desejos.

Então, aquilo que nos dá prazer, aquilo que poderíamos dizer como uma cena—uma cena, ó—fiz uma cena primária, via de regra, passa por essas variações da perversão. Então, o neurótico tem grande interesse na perfeição, mas nem sempre consegue realizá-la devido, claro, à rigidez de seu superego. Então, esse texto de Freud ajuda a gente a nos aprofundarmos um pouco nesse tema da perversão sexual.

É [Aplausos]. E aí [Música]? [Música] [Música].

E aí [Música]? E aí? E aí [Música]?

E aí [Música]?