CABULA: a avó da Umbanda e mãe da Macumba!

17.24k views1654 WordsCopy TextShare
Tradição - Mário Filho
#Umbanda #Macumba #Tradição O que era a Cabula? Como funcionava o ritual? Como ela se desenvolveu?...
Video Transcript:
Olá, sejam bem-vindos ao  nosso canal eu sou o Mário, dirijo o Templo Espiritual Caboclo Pantera  Negra e o Ilé Ifá Ajàgùnmàlè Olóòtọ Aiyé, no nosso vídeo de hoje vou tratar sobre um  dos cultos que antecederam a Umbanda e que nós podemos chamar esse culto de "A avó da Umbanda",  que é a Cabula. Espero que apreciem ao vídeo Vejam, esse vídeo ele vai ser um complemento  do vídeo que eu falo sobre a Santidade, porque alguns elementos que eu trouxe que falam sobre a  Cabula também se remetem à Santidade, então vejam, a Cabula era um culto praticado em diversas partes  do Brasil. Há registros especialmente feitos no Espírito Santo, porém nós encontramos em Salvador  por exemplo o nome de um bairro chamado de Cabula, e segundo as pesquisas mais recentes esse nome  desse bairro se deve à prática da Cabula naquela região então nós temos registro tanto em Salvador  quanto no Espírito Santo e depois vem para o Rio de Janeiro então provavelmente tenha saído da  Bahia, vindo para o Espírito Santo e finalmente para o Rio de Janeiro.
A Cabula é um culto em que  a grande parte dele se baseia na tradição Bantu, porém há a mistura com muitos elementos que  na época chamavam-se de elementos Muçulmi, ou Malê, essas palavras Muçulmi designa em árabe  a palavra Muslimim, que quer dizer muçulmano, e Malê e a palavra Ìmàle em Yorùbá que também  designa muçulmanos então a Cabula se constrói com essas duas, com esses dois povos que foram  para o Brasil escravizados e o nome Cabula vem da alteração da palavra Cabala. E essa Cabala que se  fala, nós vamos encontrar também mais recentemente nos livros do Tancredo nos anos 50 Inclusive tem  um livro que Ele publicou chamado a Cabala da Umbanda então este nome já existia, não no sentido  da Cabalá Judaica do misticismo próprio do judeu, mas como algo secreto como algo desconhecido,  então a Cabula tem esse mesmo sentido porque era uma prática que era bastante reservada, então  a Cabula tem alguns nomes que nós conhecemos que nós até usamos até hoje e outros nomes que nós não  conhecemos, por exemplo o Cafioto que a palavra é da língua Congo Angola quer dizer "filho pequeno".  Que são as pessoas que frequentavam o terreiro E se fossem homens eram chamados de Mucambo ou de  Mucamba, então vocês vejam que já tem ligação da questão ancestral com o povo Bantu.
Os Camanás  eram os iniciados na Cabula, que passavam por um ritual próprio de iniciação, a iniciação na Cabula  era um ritual bastante marcante para a comunidade, então a comunidade se reunia, os rituais de  Cabula eram feitos em sua maioria no meio da Mata, logicamente para preservar o grupo da perseguição  do estado ou da monarquia dependendo do tempo em que aconteceu era feito na mata e após  vários banhos ritualísticos que era feito no Caialo, que é a pessoa que vai se iniciar,  que vai ser iniciada depois de iniciado ele se chama Camaná, mas o Caialo é a pessoa  que está no caminho da iniciação, então o Caialo ou a Caiala, era preparado com banhos  depois era defumado com várias ervas também, colocava a roupa branca nova, entrava na Engira,  que era o ritual, o que nós usamos até hoje como gira mas é o nome que já se usava na Cabula no  século 18 e 19, então nós atualmente herdamos diversos termos da Cabula. Além disso depois que  ele passava por esses rituais purificatórios ele entrava cerimoniosamente na Engira e ele tinha que  passar três vezes por entre as pernas do Embanda, o Embanda é o sacerdote e também a palavra Embanda  vai também influenciar o nome Umbanda porque tanto Embanda, quanto Umbanda significa sacerdote, que  é aquele que pratica a Quimbanda esse nome também se dá nesse sentido. Então nós temos também essa  outra lembrança que o Embanda que era o sacerdote no qual a pessoa passava três vezes por entre as  suas pernas depois disso ele era cruzado com uma vela acesa pelos demais Camanás, então cada Camaná  vinha com uma vela acesa e cruzava o seu corpo na frente depois ele passava a vela por entre as  pernas do iniciado e cruzava pelas costas e cada Camaná fazia isso.
Depois desse ritual havia a  comemoração cumprimentavam o novo Camaná, ele passava então a fazer parte do grupo dos iniciados  dos Camaná, e entre os rituais entre a vida deles nós temos alguns nomes então o Camucite é o local  de reunião onde se reuniam para fazer a mesa, as duas mesas principais da Cabula era a mesa  de Santa Bárbara , e a de Santa Maria então já vemos aí as questões sincréticas que já existiam  desde sempre, que o povo Bantu já veio da África para o Brasil já com muita parte sincrética Então  essas duas mesas eram as principais, ainda aqui nós não encontramos Òrìṣà ainda não existe Òrìṣà  aqui ainda porque o povo Yorùbá chega depois. E aí a questão do Òrìṣà agrega para isso tudo então  ainda nós vamos temos Òrìṣà ainda não há Exu não há Pomba Gira, o que se incorpora nas pessoas são  os Táta que a gente usa até hoje os nomes de Táta, Táta Caveira, Táta rompe-mato então vários nomes  que usamos hoje são nomes oriundos da Cabula e que acabaram também permanecendo até hoje em  especial na Umbanda e na Quimbanda. Continuando, o Camolelê, era um gorro que os homens usavam  que era um gorro muito próximo daquele que os muçulmanos usavam em terras africanas, que é  mais um exemplo da influência Malê, da influência Islâmica que tem também na Cabula.
O Cambone que  nós também usamos na Umbanda era o auxiliar do Embanda, que fazia a assistência aos Táta,  aos seres que incorporavam nas pessoas. O Nimbu eram os cantos que eles faziam então o  primeiro Nimbu que era feito era o Nimbu para abrir a Engira, então é um canto que abria  a Engira, logo depois de abrir-se a Engira, cantava-se o segundo Nimbu que é lógico para  defumação então depois de aberta a Engira, nós fazemos a defumação então segundo canto  logo após a abertura é o de defumação, e aí de fumavam todas as pessoas que participavam tanto  os Camanás, os iniciados, os Caialo, que hoje nós chamamos de Abiyan no Candomblé que são aqueles  que estão se preparando para ser iniciados, como os Cafiotos, que são o público geral, Mucambo  homens , Mucamba mulheres. Então nada se cria, tudo vai se adaptando as novas realidades  dos seres humanos, na Cabula, há o culto, a reverência à Deus e há o culto especial aos  Bakulo, o Bakulo na tradição Bantu se refere aos ancestrais.
Porém na Cabula o Bakulo Vai um  pouco mais além dos ancestrais, como também o Bakulo pode ser representado por elementos da  natureza, então forças da natureza que também podem ser representados pelos Bakulo e é o que  ele se manifestam nas pessoas. Então os Táta são os Bakulo, o que incorpora nas pessoas, então  o Bakulo para o povo Bantu é o nome que se dá aos ancestrais também você vai encontrar, depois da  Umbanda e depois na Quimbanda, os Bakuro que é a mesma ideia só que mudou Bakulo para Bakuro,  mas é a mesma palavra que designa o ancestral. Quando o iniciado depois de ser cruzado  como falei antes pelas velas ele tinha um outro cruzamento que a gente era o cruzamento  com a pemba que também é uma prática antiga, quando você cruza o terreiro, Encruza Encruza  Encruza Terreiro, Encruza Encruza Encruza terreiro Encruza.
. . Encruza o terreiro com  a pemba então ele também era cruzado com a pemba, o Ẹfun que nós falamos hoje era o pó,  uma argila branca que fazia com que a pessoa era consagrada finalmente depois de passar  pelas pernas do Embanda do iniciador, depois de ser cruzado com as velas, ser cruzado com a  pemba, ele estava iniciado como um novo Camaná.
Outra forma de eu chamar o estado de  transe, a incorporação dos Táta, que são os Bakulo, os ancestrais e a força da natureza  o estado de transe que eu tenho se chama Santé, esse termo Santé vem, naquele vídeo que eu  falei anteriormente, do vídeo falando sobre a Santidade que é a manifestação, é o transe  que a pessoa se encontra por meio das cantigas das danças e no caso específico da Cabula,  pelo consumo do tabaco, seja ele fumado, seja por rapé da mesma forma como se dá o  transe na Santidade. Então veja e a bisavó, melhor dizendo a mãe da Cabula nós podemos dizer  que é Santidade, a filha da Cabula nós podemos dizer que a Macumba e a filha da Macumba são duas  filhas especificamente, a primeira é uma filha que depois divide-se em duas que é a Umbanda que  depois deriva pra Quimbanda, então no histórico do que nós praticamos hoje a Cabula tem um papel  fundamental, porque depois da Santidade que era um culto indígena católico a Cabula já entra com  os elementos afro, já sai somente dos elementos católicos indígenas, e aqui entram os elementos  afro. Então é nesse contexto da circulação das memórias brasileiras católicas indígenas e  finalmente negra que a Cabula se desenvolve, então a Cabula é o primeiro culto sistematizado  e organizado que existe no Brasil que mistura as nossas três configurações básicas, da influência  católica, da influência da própria questão indígena e da influência da tradição africana. 
Então é o primeiro culto que realmente une as três vertentes como um culto organizado, os demais  não tem esse culto organizado tão forte como foi a Cabula, com todo o sistema que eu descrevi da  iniciação, da forma com a pessoa se comporta e assim por diante.
Related Videos
MACUMBA: A mãe da Umbanda
19:42
MACUMBA: A mãe da Umbanda
Tradição - Mário Filho
12,139 views
Do Exu Mulher à Pomba Gira
26:36
Do Exu Mulher à Pomba Gira
Tradição - Mário Filho
24,139 views
A Verdadeira Origem da UMBANDA | do Calundu e Cabula às Macumbas
12:59
A Verdadeira Origem da UMBANDA | do Calund...
Fernando Ribeiro | Umbanda (Pirro)
3,098 views
APRESENTAÇÃO DA CABULA
9:16
APRESENTAÇÃO DA CABULA
Cabula. org
2,685 views
Luzia Pinta e o Calundu colonial - Contos e histórias negras
10:46
Luzia Pinta e o Calundu colonial - Contos ...
Contos e histórias negras
1,315 views
Umbanda e Preconceito: Cabula
12:03
Umbanda e Preconceito: Cabula
Voz Espiritualista
5,381 views
Orixá Ogum com Bàbá Mario Filho
59:22
Orixá Ogum com Bàbá Mario Filho
EAD Ubuntu
6,686 views
#02 Diferenças entre a Umbanda, Candomblé e Omoloko
9:37
#02 Diferenças entre a Umbanda, Candomblé ...
Aldeia do Cacique
38,741 views
VERDADEIRO significado e ORIGEM da MACUMBA? A origem da Macumba Carioca - EP #17
6:14
VERDADEIRO significado e ORIGEM da MACUMBA...
Historiando Axé com Tom Oloorê
12,672 views
COMO NOSSOS GUIAS ESCOLHEM OS NOMES QUE USARÃO?
12:44
COMO NOSSOS GUIAS ESCOLHEM OS NOMES QUE US...
Tradição - Mário Filho
14,276 views
⭕ PREPARANDO AS PEMBAS COM A FORÇAS DAS ALMAS👴🏿👵🏿🕯️🌿@VozesdeUmbanda
17:23
⭕ PREPARANDO AS PEMBAS COM A FORÇAS DAS AL...
Vozes de Umbanda
9,368 views
A INCORPORAÇÃO NAS RELIGIÕES AFRO
14:35
A INCORPORAÇÃO NAS RELIGIÕES AFRO
Tradição - Mário Filho
11,061 views
EXU - Como ele surgiu na Macumba, Umbanda e Quimbanda
21:00
EXU - Como ele surgiu na Macumba, Umbanda ...
Fernando Ribeiro | Umbanda (Pirro)
1,573 views
Calundu - O Precursor do Candomblé!
16:36
Calundu - O Precursor do Candomblé!
Papo, Café & História!
4,579 views
Qual a diferença entre a Umbanda e o Camdomblé?
11:55
Qual a diferença entre a Umbanda e o Camdo...
Alexandre Cumino
15,009 views
INICIAÇÃO EM IFÁ
35:15
INICIAÇÃO EM IFÁ
Tradição - Mário Filho
44,929 views
OLHA SÓ COMO CABOCLA JUREMA MUDOU A ENERGIA DA GIRA 💚📿
41:38
OLHA SÓ COMO CABOCLA JUREMA MUDOU A ENERGI...
Oxossi ibo caçador
680,076 views
# 167 - Macumba Carioca.
13:36
# 167 - Macumba Carioca.
Marcelo Pereira - Umbanda
2,325 views
Assunto polêmico: Quimbanda e Kimbanda. Primeira parte.
24:22
Assunto polêmico: Quimbanda e Kimbanda. Pr...
Tradição - Mário Filho
27,022 views
Preto-Velho na Umbanda e sua influência nos cultos afro-brasileiros.
45:00
Preto-Velho na Umbanda e sua influência no...
Tradição - Mário Filho
17,665 views
Copyright © 2025. Made with ♥ in London by YTScribe.com