[Música] [Música] [Música] Bom dia a todos a todas a todes meu nome é Márcio Carvalho sou professor de pedagogia da Universidade Federal do Tocantins no norte do nosso Brasil estou falando aqui do campus Miracema Miracema do Tocantins hoje nossa sexta aula do curso síntese das teorias pedagógicas anarquistas com a filosofia francesa contemporânea focou ótimo bom dia a todos a todos que estão nos assistindo no chat aqui já registrando que às 6:17 darl rossotti nos dá um bom dia Darly estava com ansioso aí para assistir o professor Silvio galo que vai ser o professor hoje que
vai conduzir a nossa aula diretamente lá da Unicamp Bom dia também para Carmosa Almeida e Cacau Nicolau e vários que estão aqui no chat Silvana Ricardi de Cascavel terra do nosso grande Professor Paulino orso obrigado bom dia Silvana Bom dia a conceção medonça São Luís do Maranhão pessoal do de São Luís do Maranhão aí presente a nossa nova integrante aí do canal a professora Nilva a professora Nilva é aqui de Tocantins de Palmas e ela é do grupo Praxis coordenado pelo nosso professor Roberto Roberto Carvalho grande abraço ao professor que coordena e é a nossa
referência aqui um dos coordenadores do sted BR Nacional Por que é o nosso a nossa referência aqui no no estado com o grupo Praxis Marcos Aires Barbosa de Paranavaí Paraná graciara pessoa Bom dia do Amapá Bom dia o pessoal do Amapá que está aqui conosco Ana Beatriz lá de Palmas ligada na aula de hoje Bom dia Ana Beatriz Obrigado Itapema Santa Catarina Silvana Sueli Silva Santo Ângelo Rio Grande do Sul a marj beer Mestrando em desenvolvimento e políticas públicas na Universidade Federal da Fronteira Sul Campo Cerro Largo um grande abraço e aqui também um aviso
importante para todos vocês o grupo steed BR também está no Blue Sky siga o nosso perfil oficial steed brbs social que é a nova plataforma aí para substituir o falecido x falecido Twitter que vai que está sendo cada vez mais banido aí por diversas razões mas as razões políticas principais são que não defende obviamente os interesses do da classe trabalhadora e tem reproduzido aí eh as práticas perversas opressoras aí da classe dominante cacal Nicolau São Paulo capital então nos siga lá no Blue Sky Canindé Ceará estamos com a Maria Simone ooa a Cleidiane de Nova
Xavantina Mato Grosso e a nossa querida Cátia Silene lá do programa de pós-graduação em educação da UFMA São Luís Maranhão também a Marin do programa de pós-graduação em educação da uniu Tubarão Santa Catarina Muito obrigado a todos deixem no chat aí da onde vocês estão falando para que a gente possa ver aí quem está nos acompanhando já temos uma uma pessoa que acabou de se inscrever no canal então muito obrigado Carla Roberta Brandão de Oliveira Departamento de Educação Carla é acabou de se inscrever no canal Então se inscreva no canal do sted BR ligue o
Sininho né para você receber todas as notificações e se você puder se associar ao canal você vai tá contribuindo para um canal que tá produzindo ciência né de forma rigorosa e também discutindo os interesses da classe trabalhadora principalmente na área da Educação Então se inscreva no canal do sted BR se associe a contribuição mensal segundo o professor zes é menos que um cafezinho é 1,99 você vai est contribuindo para um canal que tá produzindo e obviamente discutindo a educação brasileira na Perspectiva dos interesses da classe trabalhadora pela emancipação da classe trabalhadora brasileira estamos com várias
pessoas de várias partes do Brasil queria agradecer a todas elas e já de imediato passar os nossos recados primeiro deles que todos os cursistas podem acessar as informações deste curso seja o curso de extensão ou disciplina de pós-graduação para algumas pessoas nós temos diversas formas aí de inscrição nesse curso história das ideias pedagógicas no Brasil estudo das pedagogias com contra hegemônicas lá no site do sted BR lá no site do sted BR tem o cronograma tem o e-mail dos responsáveis e para aqueles que às vezes estão bastante atribulados aí com as tarefas do dia a
dia você pode acompanhar cada uma das aulas você pode ver quais são as bibliografias que são indicadas e antecipar e ao se inscrever no canal você também vai receber as notificações mas obviamente você pode fazer isso tudo de forma organizada e antecipada para organizar os seus estudos e obviamente contribuir aí para uma educação voltada à emancipação da classe trabalhadora brasileira acessem o site do sted BR acessem as informações e vamos cada vez mais organizar o nosso curso de imediato eu gostaria de agradecer ao Marcelo da Unirio Marcelo que tá aqui nos dando retaguarda e a
professora Jane Dalva Pontes Que também está nos dando retaguarda a gente não faz nada sozinho nesse curso e também não faz nada sozinho do ponto de vista da construção de um curso desse tamanho com milhares de inscritos então agradecer a toda a equipe Professor Ribamar também professor zeso que tá coordenando todo esse processo né e ele gosta de se chamar como subcomandante do sted BR então subcomandante zeso e a equipe de mídias um grande abraço jornada do sted BR lá em Fortaleza Ceará de 11 a 14 de novembro importante evento para conhecer e reconhecer os
nossos colegas os nossos pares aí que estão produzindo sobre pedagogia histórico-crítica sobre uma educação crítica no Brasil Então se inscreva Entre no site veja o os grupos que estão organizados e participe deste grande evento que vai acontecer de 11 a 14 de novembro de 2024 e já mandando um grande abraço a Professora Clarice que é uma das organizadoras os nossos anfitriões são a Universidade Federal do Ceará a Universidade Estadual do Ceará mas temos aí várias universidades se envolvendo então um coletivo grande que tá fazendo de forma voluntária rigorosa e eficiente a organização da jornada do
sted BR no Ceará nos encontramos no Ceará de 11 a 14 de novembro colóquio nacional e colóquio internacional do museu pedagógico de 6 a 8 de novembro de 2024 também um evento importante para que aqueles que querem apresentar as suas pesquisas que querem apresentar a sua produção científica podem participar de 6 a 8 de novembro de 2024 na uesb da Bahia colóquio nacional e internacional do museu pedagógico da uesb na semana que vem estaremos lá no seminário internacional desafios do trabalho e educação no século XX trabalho com direitos educação pública e meio ambiente na Universidade
Federal de Uberlândia então Aqueles que já estão se organizando para Esse grande evento e aqueles que querem saber mais informações acessem o site vejam e quem puder participar participe Vamos né construir aí uma educação voltada paraa classe trabalhadora brasileira uma educação crítica E aí os debates em educação da Universidade Federal é uma revista que tem o dossiê do 4º aniversário do livro escola e democracia contribuições e novos desafios eu apresenta a vocês aí a apresentação do dossiê do 4º aniversário do livro escola de democracia feito pelo professor José Claudinei lobar mas tem diversos eh artigos
e contribuições dos nossos pesquisadores de todo o Brasil que vão estar comemorando o 4º aniversário nesse grande dossiê e para quem tá iniciando o seu os seus estudos em pedagogia histórico-crítica livro escola e democracia e você já pode acessar o dossiê do 4º aniversário para verificar né a contribuições as contribuições desses professores já imediatamente aqui tô vendo no chat que a nossa professora Luciana Cristina salvate Coutinho está colocando aqui uma mensagem que tá lá na UFSCAR Campo Sorocaba certamente teremos mais uma excelente aula saudações Muito obrigado professora Luciana Coutinho a professora Luciana Coutinho também é
uma das organizadoras e do nosso grupo sted BR também ajuda a termos aí sistematicamente esses cursos Porque precisamos ter pessoas dedicadas à organização dos grupos locais e do grupo nacional e a professora Luciana ctin é uma dessas pessoas que tem se dedicado a nos ajudar a organizar um grande grupo Nacional feitas feitos os recados do Diários do nosso curso pedir novamente para aqueles que estão online conosco que possam primeiro curtir o vídeo no YouTube é muito importante para que a gente possa aumentar a capacidade de visualização dessa aula chegar a mais pessoas Lembrando que todas
as aulas ficam armazenadas no canal do YouTube do sted BR então é muito importante deixe seu comentário curta o vídeo e por favor se inscreva no canal Muito importante se inscrever no canal e também já agradecendo aí ao falar da inscrição no canal A aura Cristina Pires Marcelino que é nossa nova inscrita no canal muito obrigado por se inscrever e quem puder obviamente se inscreva no canal e também contribua já vou chamar imediatamente para a tela o professor Silvio galo dizendo que o professor cvio galo É com certeza um grande Pensador um cientista da educação
e obviamente nós agradecemos muito a participação dele tenho certeza que teremos uma grande aula eu tenho que agora nesse momento formalmente apresentar o professor Silvio galo e é o que eu farei Professor Silvio galo é titular aposentado da faculdade de educação da Universidade Estadual de Campinas e bolsista produtividad do CNPQ atualmente no nível 1 a atua junto ao programa de pós--graduação em educação da Faculdade de Educação Unicamp possui graduação em filosofia pela pontifícia Universidade Católica de Campinas mestrado em educação doutorado em educação e livre docência em filosofia da educação todos pela Universidade Estadual de Campinas
membro de diversas associações científicas do campo da filosofia da educação no Brasil e no exterior foi presidente da Sofie Sociedade Brasileira de filosofia e educação entre 2014 e 2018 e presidente da selp sociedade de filosofia da educação dos Países de Língua Portuguesa entre 2019 e 2022 sendo atualmente seu vice-presidente no período de 2023 a 2025 atua como membro do comitê científico do College International philosophy com sede em Paris exerceu atividades editoriais tendo sido membro do comitê editorial da revista educação e sociedade sedes foi coeditor da revista 23 foi editor associado E editor chefe da revista
proposições da Faculdade de Educação na Unicamp foi também editor responsável pela Editora da Faculdade de Educação na Unicamp entre 2020 e 2023 tem experiência na área de educação com ênfase em filosofia da educação atuando Principalmente nos seguintes temas filosofia francesa contemporânea e educação ensino de filosofia filosofia transversalidade anarquismo e educação sendo assim Gostaria imensamente de agradecer ao professor Silvio pela presença e a palavra está com o professor Muito obrigado pela sua contribuição eu garanto que nós teremos uma excelente aula e uma excelente discussão Muito obrigado Professor Silvio pela sua contribuição para a emancipação da classe
trabalhadora Brasileira de uma vida inteira e agora com essa aula acho que tá sem sem áudio Professor estamos sem áudio a eh é só apertar o botãozinho Agora sim funcionando agora sim obrigado Márcio eh Bom dia para todos vocês que estão aqui na sala com a gente eh bacana poder né falar olhando na cara da pessoas depois que a gente faz tanta eh exposição online que a gente só olha pra tela do computador quando zeso colocou a possibilidade de estar aqui paraa aula eu rapidinho aceitei porque eh acho que tem uma outra qualidade pelo menos
para nós da minha geração né que estamos acostumados com a sala de aula com gente na frente da gente né então bom dia para todos vocês aqui e bom dia para todos vocês também que estão aí para todo lado desse país como o Márcio tava apresent gente do norte nordeste centrooeste Sul Sudeste do país né um prazer poder estar falando com vocês na na manhã de hoje uma alegria né Eh eu me aposentei aqui da Faculdade de Educação no último mês de março eh então é uma aposentadoria recente Ainda estou aprendendo a sentir o gostinho
dessa condição que infelizmente para as gerações atuais parece que é um gostinho que não vão sentir nunca né mas já que a gente ainda tem eu resolvi eh usufruir desse direito conquistado eh e estive aqui na faculdade algumas vezes para bancas eventos etc mas é a primeira vez que eu retorno aqui depois de aposentado para uma aula então para mim é muito especial estar aqui com vocês hoje e eu agradeço sinceramente ao meu eterno chefe Professor zeso eh eu brinco sempre com ele sobre isso porque quando fui contratado aqui na faculdade de educação há quase
30 anos atrás o zeso era chefe do departamento e assinou a minha contratação né então eu sempre brinco com ele que ele é meu eterno chefe né foi quem me contratou eh não foi quem me aposentou agora mas foi quem me contratou no no meu ingresso aqui no departamento então zeso Obrigado eh pelo convite e eh bom Espero não decepcionar demais vocês com a nossa conversa na manhã de hoje eh vocês já estiveram com o professor Evaldo PI na semana passada tratando do tema do anarquismo e da educação da pedagogia libertária eu espero não ser
repetitivo demais não retomar muitas coisas que o Evaldo já trabalhou na semana passada eh infelizmente eu não consegui acompanhar a aula do do professor Evaldo eh eh até tentei fazer isso mas o o tempo infelizmente não permitiu eh Então eu não sei o que o Evaldo trabalhou eu eu creio que não vou tocar em muitos pontos que já foram tocados por ele mas peço a vocês que estão aqui que por favor se eu começar a abordar coisas que vocês já viram na semana passada com Evaldo me dei um toque que eu passo eh mais rápido
por isso e sigo adiante tá eh eu fiz uma pequena alteração no título da da aula eh ainda que o conteúdo seja aquele que esteja anunciado no título eh oficial das eh interrelações do anarquismo com a filosofia francesa contemporânea e as questões de educação mas eu nomeei como pedagogia libertária e uma filosofia anárquica da educação o conteúdo Como eu disse é o mesmo o título um pouquinho mais diferenciado e eu quero começar dizendo para vocês que muito rapidamente né A forma como eu compreendo o o anarquismo que do meu ponto de vista eh podemos vê-lo
como uma teoria social e política e ao mesmo tempo como um movimento social e político organizado eh de forma radicalmente contrária ao estado e o anarquismo compreendendo o estado como instituição privilegiada de manutenção de privilégios e portanto né sendo radicalmente contrário ao estado como uma instituição de manutenção dos privilégios e de exploração eh das classes eh desprivilegiadas especialmente no contexto do capitalismo da classe trabalhadora o anarquismo é necessariamente oposto ao capitalismo né então deixar isso claro com vocês porque sobretudo as novas gerações penso eh têm tido acesso sobretudo se fazem buscas na internet a estupidez
que é o chamado anarcocapitalismo eh alguns capitalistas radicais que eh se declaram anarquistas Então queria primeira primeiro ponto deixar claro para vocês que não é disso que a gente vai falar na manhã de hoje a gente vai falar do anarquismo como um movimento dos trabalhadores e não como um movimento de extensão do capitalismo ao contrário um movimento contrário ao capitalismo eh o movimento anarquista então que se constitui segundo os historiadores do movimento ah na segunda metade do século XIX ele se constitui como movimento juntamente com a Constituição do movimento operário organizado eh na nos países
europeus em meados do século XIX eh o o anarquismo vai se colocar então a a crítica ao estado e a destruição do Estado como sua finalidade primeira né então o anarquismo primeiro faz a crítica dessa instituição social e política que é o estado mas se propõe a destruir essa instituição então finalidade primeira e última do anarquismo é a destruição do Estado porque o anarquismo pensa o anarquismo né A Teoria anarquista de forma geral os anarquistas né os indivíduos anarquistas os eh militantes anarquistas pensam ou pensamos deveria dizer eu me incluindo nesse nesse conjunto eh pensamos
que a a construção de uma nova sociedade só é possível com a destruição do Estado né frente à manutenção do Estado em qualquer de suas formas mesmo um estado tomado pela classe trabalhadora eh não se consegue produzir uma nova sociedade que seja orientada pra liberdade pra igualdade e pra solidariedade Então os anarquistas defendem sobretudo uma sociedade baseada na Liberdade na igualdade e na solidariedade semelhança com o lema da revolução francesa não é mera coincidência evidentemente ainda que os anarquistas substituam a ideia de fraternidade por solidariedade por considerar eh mais apropriada a noção de solidariedade de
articulação entre eh os indivíduos do que a noção de fraternidade já que a noção da de fraternidade implica numa perspectiva familiar né o Frater é o irmão n então então tratar a todos como irmãos os os anarquistas não propõem que tratemos a todos como irmãos mas eh que respeitando as nossas diferenças intrínsecas entre todos nós nós sejamos solidários entre nós então uma sociedade anarquista eh ou a sociedade a sociedade que o pensamento anarquista e que a militância anarquista pretende construir é uma sociedade orientada pela igualdade pela solidariedade e sobretudo pela Liberdade eu estou frisando aqui
a noção de liberdade porque uma das questões que chegaram previamente eh me pedia justamente para esclarecer a noção de liberdade pros anarquistas então aproveito para já fazer isso eh já com uma propaganda a a vocês né eh Há muito tempo atrás eu escrevi eh sobre essa questão isso é um capítulo da minha dissertação de Mestrado eh defendida em 1990 faz tempo aqui nessa faculdade de educação mas que tá disponível no no diretório né da da da Unicamp das dissertações e teses da Unicamp Então se vocês tiverem maior curiosidade quiserem aprofundar esse tema procurem essa dissertação
antiga eh tem lá um capítulo intitulado eh a liberdade na Perspectiva anarquista e depois num livro que eu publiquei a partir da da dissertação não é a dissertação toda mas é parte dela o livro ped P agogia do risco que está na bibliografia indicado para vocês eh tem traz também esse capítulo é um livro que tá esgotado há muito tempo que eu sempre Quero fazer uma nova edição mas nunca eh o tempo permitiu Quem sabe agora como aposentado eu consiga mas eh Embora esteja esgotado ele tá disponível aqui na nossa biblioteca da Faculdade de Educação
então Aqueles que frequentam a faculdade de educação da Unicamp podem ter acesso ao livro e ao capítulo que está lá eh se eu fosse falar disso eu poderia tomar a manhã toda falando disso sobre a liberdade na concepção anarquista mas muito rapidamente só para responder a essa questão então que veio e porque isso é de algum modo uma introdução também ao que a gente vai comentar nessa manhã Eh os anarquistas têm uma concepção de liberdade muito diferente da Concepção clássica Liberal burguesa de liberdade né os liberais os burgueses pensam a verdade como uma característica individual
eh vocês hão de se lembrar por exemplo de Rousseau que é Talvez um dos mais eh significativos filósofos eh do liberalismo econômico ainda que o roussea já seja alguém que ajude a fazer a transição para uma perspectiva socialista ainda que ele próprio não fosse socialista eh mas Rousseau como um grande defensor da Liberdade eh inicia o seu contrato social seu livro do contrato social dizendo que o ser humano n se livre mas para todo lugar que a gente Olhe ele está acorrentado né frase famosíssima do do roussea eh Rousseau considera então a liberdade não apenas
Rousseau mas os filósofos liberais de forma geral consideram a liberdade como uma característica humana como uma parte da natureza humana a liberdade como uma essência humana que a gente no caso do Rousseau perde em sociedade e daí a crítica que o Rousseau faz a sociedade do antigo regime francês que é uma sociedade que não fomenta a liberdade dos indivíduos que impede a liberdade dos indivíduos então toda a defesa que o Rousseau vai fazer de uma sociedade que depois a gente chamaria de sociedade burguesa que em larga medida se consolida através da Revolução Francesa é uma
é uma sociedade que vai est eh balizada por uma noção de liberdade do indivíduo como uma característica natural do indivíduo os anarquistas os filósofos anarquistas e nesse texto que eu comentei com vocês eu abordo especialmente as ideias de prudon um anarquista francês de metade do século XIX e bakunin um anarquista Russo pouquinho posterior ao ao prudon eles vão construir uma ideia completamente diferente de liberdade eles vão dizer que a liberdade não é uma característica natural do ser humano a liberdade é uma construção social Nós não somos livres porque nascemos livres nós somos livres quando nós
construímos a liberdade em sociedade né portanto a liberdade é um fator político ela ela não é um fator da natureza humana e portanto a liberdade é algo que só faz sentido de ser falada em termos coletivos não em termos individuais não faz sentido eu dizer para vocês que eu sou livre se o preço da minha liberdade é a exploração de alguém porque se eu exploro alguém para poder ser livre Isso significa que eu não sou livre eu dependo da pessoa que eu exploro então a liberdade nunca é de um indivíduo a liberdade é sempre de
um conjunto de indivíduos né prud Dom vai chamar muita atenção para isso né dizendo que se a liberdade fosse individual o máximo de liberdade seria um sujeito perdido numa ilha deserta né o Robson cré né o personagem lá que a gente conhece numa ilha deserta ele é Absolut ente livre por quê porque não tem ninguém para confrontar a liberdade dele mas o prudon diz essa ideia é um absurdo né porque se não tem ninguém para compartilhar com ele a vida também não faz sentido dizer que ela é livre a liberdade é algo que só faz
sentido coletivamente Então ela é algo que articula o indivíduo com o coletivo do qual o individo participa né então a a liberdade pros anarquistas tem essa dimensão há um só tempo individual e coletivo né então respondendo essa pergunta que veio eu também tangenciar pergunta não tô entrando diretamente nela depois mais para frente eh eu volto nessa outra questão que fala justamente dessa dessa questão do indivíduo com o coletivo da relação do indivíduo com o coletivo mas já na dimensão da liberdade pros anarquistas a gente tem essa dimensão eh que não necessariamente Eh esses eh filósofos
anarquistas que eu citei prudon e bakunin chamam de uma dimensão dialética mas que a gente pode chamar de uma dimensão da dialética que se estabelece entre o indivíduo e o coletivo né a liberdade não é estritamente coletiva nem é estritamente individual ela é necessariamente uma relação entre o indivíduo e o coletivo por essa razão o bakunin vai cunhar uma frase Lindíssima que virou Óbvio frase de camiseta né Eh a minha liberdade ou melhor a liberdade do outro eleva a minha ao infinito a liberdade do outro não limita a minha liberdade a liberdade do outro é
a que faz com que a minha liberdade seja plena né Eu só posso ser livre se todos os outros forem Livres então é nesse contexto que os anarquistas pensam a liberdade e quando a gente fala de uma educação anarquista de uma pedagogia libertária de uma pedagogia orientada pela Liberdade eh é dessa liberdade que nós estamos falando né então não é uma liberdade russoa e isso é importante de se dizer também acho que isso vai ficar claro aqui na na exposição que eu vou fazer para vocês não é uma liberdade russía porque o Rousseau também foi
alguém que pensou a a educação que através do livro Emílio ou da educação eh construiu muito do que são as bases da pedagogia burguesa moderna né e é uma pedagogia baseada na Liberdade do indivíduo né Eh Rousseau é o sujeito que vai dizer que o Emílio é plenamente livre e deve viver de acordo com a natureza desenvolvendo a sua liberdade e a gente vai ter toda uma série de pedagogias que vão retomar essa ideia do Rousseau as pedagogias anarquistas vão afirmar a liberdade de uma outra forma né não se trata de partir do princípio de
que a criança nasce livre e portanto ela é livre por Excelência e eh respeitar e preservar essa liberdade natural da criança não trata--se de compreender a criança como um ser social a criança como um indivíduo que vive na relação com o coletivo e que pode ser livre se a sua liberdade for construída e conquistada coletivamente então quando a gente fala de uma pedagogia para a liberdade a pedagogia anarquista a pedagogia libertária como uma pedagogia para a liberdade É nesse sentido da da Liberdade como uma construção não a liberdade como um pressuposto não a liberdade como
da criança como ponto de partida mas a liberdade da criança como objetivo como ponto de chegada do processo educativo tá depois essas coisas imagino espero vão ficando mais claras ou a gente esclarece se vocês quiserem depois né Eh E para finalizar essa eu disse que seria rápida introdução sobre o anarquismo e já tô me demorando um pouco sobre ela eh como decorrência desse projeto eh anarquista de produção de uma nova sociedade eh que implica necessariamente na destruição do Estado o o o campo educativo acabou sendo de extrema importância para os anarquistas desde o século XIX
até os nossos dias por quê porque eh eles acreditavam e acreditam defendem ainda hoje que se nós queremos produzir uma nova sociedade é preciso aprender a viver nessa nova sociedade nós não podemos esperar a revolução fazer a revolução para depois de feita a revolução agora vamos pensar como é que nós educamos nessa nova sociedade não dá né Por quê Porque a revolução pros anarquistas é a destruição do Estado né então você vai destruir o estado hoje claro que a destruição do estado não se faz em um dia né Mas você vai destruir o estado hoje
hoje e tem que viver amanhã né então se a gente vive alimentado atravessado pelo Estado O que que significa destruir o estado e continuar vivendo amanhã né se por exemplo o sistema de saúde hoje é todo ele é organizado pel mesmo quando ele é privatizado ele é atravessado pelo estado se a gente destrói o Estado como é que a gente garante que tem hospital funcionando amanhã né como é que a gente garante que tem um sistema de saúde funcionando amanhã se a a gente destrói o estado hoje como é que a gente garante que amanhã
tem um sistema de transporte público para atender a população né você tem que manter a sociedade funcionando sem eh e esse essa instituição exploradora que é o estado nos dominando então pros anarquistas o processo revolucionário a construção da revolução que é a destruição do Estado já é ela própria um processo educativo um processo pedagógico é preciso aprender d a viver numa nova sociedade e a gente aprende a viver numa nova sociedade transformando cotidianamente as nossas relações pouco a pouco a gente vai transformando as nossas relações e ao mesmo tempo os anarquistas eh lá no século
XIX né Por enquanto estou falando de lá os anarquistas lá no século XIX defendiam que a educação oferecida a aos filhos da classe trabalhadora não era a educação que os filhos da classe trabalhadora mereciam né prudon Por exemplo faz críticas muito duras ao sistema educativo francês o sistema público francês de Educação de 1840 50 60 né o período que ele que ele viveu né Eh e o sistema educativo eh francês o sistema Republicano francês é justamente Talvez uma das principais realizações da Revolução Francesa de 1789 e e anos seguintes n é eh coisa de 40
50 anos depois né da construção do início da construção desse sistema educativo o prudon já tá fazendo a crítica desse sistema mostrando que ele não é um sistema adequado pros filhos da classe trabalhadora né Ele é um sistema orientado pros filhos dos burgueses mas ele não é um sistema adequado para os filhos da classe trabalhadora né E vai defender Então o que ele chama de uma demop édia nome interessante né uma demop édia uma educação do povo que vai ter uma influência decisiva essa noção de demop édia do prudon na Comuna de Paris em 1871
né quando os revolucionários tomam a cidade de Paris em 1871 eles transformam as eh escolas públicas francesas no curto período que durou a comuna de Paris né pouco mais de um mês eh eles transformam as escolas públicas e da cidade de Paris eh segundo os princípios da demop pensados por prudon uma educação do Povo pelo povo para o povo uma educação feita pelo próprio povo uma educação feita pela própria população eh bom E aí essas decorrências vão se construindo eh ao longo do tempo e é nessa perspectiva então que eu eh pretendo comentar um pouco
com vocês nessa manhã em torno dessa eh pedagogia libertária e eu vou eh abordar essa essa questão em três momentos fundamentalmente né Eh um primeiro momento que eu pretendo que não seja tão longo e é aí que talvez eu repita algumas coisas que o professor Evaldo já trabalhou na semana passada eh do em torno daquilo que eu estou chamando de experimentações inaugurais da pedagogia libertária um segundo momento que é aquele no qual eu vou me demorar mais que eu tô denominando aqui de educação anar e pedagogias libertárias hoje né que esse é o Esse é
o objetivo fundamental dessa aula pensar contemporaneamente essas pedagogias libertárias e um terceiro momento ao qual eu vou chegar se der tempo se eu me demorar demais nos primeiros eu deixo para trás esse terceiro momento mas se eu chegar nele eu vou falar 5 minutos sobre isso para vocês eh que é o que eu tô chamando de uma filosofia anárquica da educação contra os fundamentalismos que é um tema que eu tô pensando Eh agora recentemente de uns tempos para cá e e tenho sempre procurado me eh aproveitar os lugares de fala que eu tenho para explorar
esse tema né de que é necessário hoje combater os fundamentalismos e uma educação anárquica é uma possibilidade de combate a esses fundamentalismos se falar disso eu só vou enunciar rapidamente essas questões para vocês se houver tempo eh chegando lá no final mas o o nosso foco vai ser Então essa segunda parte mas para chegar na segunda Temos que passar pela primeira né O que que eu tô chamando aqui de experimentações inaugurais eu quero eh comentar um pouquinho com vocês rapidamente sobre três eh experimentações e eu gosto de chamar de experimentações eh de três pessoas que
se envolveram com educação desde de uma perspectiva anarquista a primeira eh um ativista e educador francês chamado Paul roban que viveu entre 1837 e 1912 a segunda de um outro ativista anarquista francês chamado Sebastian for que viveu entre 1858 e 1942 estô colocando aqui as datas para vocês localizarem no tempo essas figuras né então o o Paul roban um pouquinho mais velho Sebastian for já 20 anos mais novo do que o o o Paul roban eh e mais ou menos da mesma geração do Sebastian for o espanhol Francisco Ferrer Francisco Ferrer e Guardia eh que
viveu entre 1859 e 199 né então são três figuras eh que do meu ponto de vista são eh inaugurais para aquilo que a gente chama de pedagogia libertária para aquilo que a gente chama de uma educação anarquista porque foi foram pessoas que se envolveram com o ato de Educar segundo os princípios anarquistas se a gente for ler pro Dom já comentei com vocês né Eh na obra do embora prudon não tenha escrito uma obra específica sobre educação ao longo da sua vasta obra a gente encontra inúmeros comentários sobre educação né crítica à sociedade e desculpe
crítica à educação oferecida pela sociedade capitalista e proposição do que ele vai chamar de uma demop édia como eu comentei antes proposição do que ele vai chamar de uma educação Politécnica de uma politecnia na educação né Eh tudo isso a gente encontra na obra do prudon mas a gente encontra como teoria a gente encontra como formulação teórica paraa educação anarquista se a gente vai ler bakunin e eu vou citar só esses dois nós temos inúmeros filósofos e ativistas anarquistas eh eu não vou ficar trazendo eh tudo isso para vocês porque a gente não teria tempo
de e explorar eu vou me limitar a esses dois que também me limito a eles porque são os meus preferidos né preciso eh dizer isso eh mas eh o prudon e o bakunin cada um a seu modo vão trazer eh reflexões super importantes pra educação Então se de um lado o o prudon eh Pensa a demop e a politecnia o bakunin por outro lado vai ser alguém que introduz a ideia de uma educação integral que vai ser Central no desenvolvimento da da da da pedagogia libertária da pedagogia anarquista né mas são eh proposições teóricas digamos
assim são considerações sobre educação né são críticas à educação que existe e pensamento sobre como deveria ser a educação dos trabalhadores essas três figuras que eu tô comentando aqui Paul roban Sebastian for e Francisco Ferrer são daqueles que estão entre os primeiros a transformar isso em prática em ir paraa escola ou ir para instituições educativas e molhar a mão sujar a mão educando crianças segundo esses princípios né por isso eu eh as chamo de experimentações inaugurais eh Paul roban eh foi diretor de um orfanato francês na cidade de Samp puil uma pequena cidade no norte
da França entre 1880 e 1894 então 14 anos que ele esteve à frente desse eh desse orfanato já já eu falo mais dois minutos sobre isso para vocês eh Sebastian for eh criou uma escola uma o que ele chama de uma comunidade escola na cidade de rambu também na França não muito distante de Paris eh essa escola eh durou entre 1904 e 1917 e eh Francisco Ferrer criou eh em Barcelona a escola Moderna que é a mais comentada e a mais famosa das experimentações anarquistas em educação eh que foi fundada em 191 e foi fechada
pelo Estado espanhol destruída pelo Estado espanhol em 1906 né não foi simplesmente fechada impedida de funcionar eh o estado espanhol fechou a escola e destruiu tudo que existia na escola queimou o material quebrou o todo o o o mobiliário o material da da escola para que ela não voltasse a a se repetir então uma uma rápida palavra sobre cada uma dessas experimentações eh pra gente passar adiante né Eh o Paul roban do meu ponto de vista é o mais importante de todos esses caras e infelizmente é o menos conhecido entre nós aqui no Brasil a
gente não tem nenhum texto do Paul roban traduzido pro português eh a gente tem tem tem um um texto que foi eh produzido aqui no Brasil eh eh produzido no Brasil não traduzido e publicado aqui no Brasil o livro Educação libertária eh organizado por um espanhol Félix Garcia morillon eh que foi publicado lá em 1989 e tá esgotado há muitíssimo tempo mas vocês encontram Aí em algumas bibliotecas ou em eh uma busca pirata na internet eh Vocês conseguem talvez localizar o pdf desse pode falar lá em pirataria não o YouTube não derruba o vídeo espero
eh apropriação da produção apropriação déb não indébita então é uma obra que talvez vocês encontrem tem lá um pequeno trecho de um texto do Paul roban é a única coisa que a gente tem em português ah de dos escritos do Paul roban eh traduzidos aqui né então é um cara muito conhecido entre nós infelizmente eh ele era um ativista eh anarquista ligado a ao internacionalismo francês ao movimento internacionalista francês é o movimento socialista internacionalista francês eh ele chegou a ser eh secretário do Marx Quando Marx era secretário-geral da associação internacional dos trabalhadores mas o roban
não era marxista ele não era do grupo do Marx ele era do grupo dos bacun ministas ele era dos seguidores do bacun então também teve umas tretas eh entre ele e o Marx mas ele eh atuou como secretário da ait durante um um um tempo eh e ele tinha formação no campo do Jornalismo e da educação Então como ele conhecia aspectos de educação tinha experiência como professor etc nos congressos Operários da da ait eh dos anos 60 70 em geral as proposições sobre educação são as teses sobre educação quem redigia era o Paul roban as
teses que foram aprovadas nos movimentos Operários eh Desculpe nos congressos Operários eh eram redigidas pelo Paul roban e uma das coisas que o Paul roban fez foi transformar em tese a a noção de educação integral que era uma proposta do bakunin né O que que significa essa proposta de uma educação integral significa que o ser humano Deva ser educado em todos os seus aspectos né depois depois a gente pode eh esclarecer um pouquinho melhor isso mas uma educação integral como nada a ver evidentemente com aquilo que a gente chama de educação em tempo integral no
Brasil hoje né Eh mas a ideia de que o ser humano é um todo complexo e que ele precisa ser educado em todos esses aspectos então a gente tá falando em 1870 1880 até 1894 quando o Paul roban está lá na na administração daquele orfanato não é eh e eh num momento então que a educação do corpo não tinha a menor importância nos sistemas de educação europeus não se falava em educação do corpo educação o que hoje a gente chama de educação física e tem como eh obrigatória em todas as as nossas escolas ainda que
a educação física eh não seja né tão propriamente uma educação do corpo na maioria das nossas escolas a gente sabe disso né mas os anarquistas diziam o ser humano não é só mente não é só intelecto o ser humano é corpo então a educação não pode ser uma educação apenas intelectual ela tem que ser também uma educação corporal tem que ser uma educação do corpo tem que ser um aprendizado do corpo e esse aprendizado do corpo envolvia Inúmeras coisas né envolvia noções de higiene de como cuidar bem do corpo cuidar bem da sua saúde envolvia
noções de refinamento sensório motor como desenvolver as suas habilidades manuais as suas habilidades físicas eh envolvia ah a o aprendizado através de jogos né então a a interação com os outros através de de jogos e envolvia o o que eles chamavam também de educação profissional né a formação profissional dos das crianças e dos jovens que participavam dessas escolas como parte do seu processo educativo né então uma educação integral que o Paul roban vai dizer que se divide em educação física com esses três aspectos que eu comentei com vocês educação intelectual claro que também não o
ser humano não é só intelecto mas é também intelecto Então a gente tem que ter uma educação do intelecto uma educação que seja a transmissão da cultura produzida pela humanidade e a possibilidade de que cada um seja produtor de Cultura então a educação física a educação Intel e o que paulan chamou de uma educação moral que o nome é meio estranho né para nós ou pelo menos PR minha geração aqui no Brasil que foi vítima de um troço chamado educação moral e cívica a gente ouve falar em educação moral e obrigado Evaldo um abraço para
você também tá o professor zeso aqui comunicando do abraço do então devolvido devolvido não retribuído eh então a esses três aspectos da Educação Física intelectual e moral sendo que a educação moral não é esse engodo que a gente teve aqui no Brasil sobre o nome de educação moral e que alguns tantos conservadores hoje querem retomar o que Paul roban chamava de educação moral era um aprendizado da Vida em liberdade igualdade e solidariedade né moral por quê Porque ada nesses três valores que eram os pilares centrais do movimento anarquista liberdade igualdade solidariedade como viver em liberdade
uma educação moral era o exercício da Vida em liberdade uma educação moral era o exercício da Vida em igualdade como é que eu convivo com os outros compreendendo os outros como iguais a mim Eh iguais em termos políticos e sociais né Eh e como é que o convivo com os outros eh exercitando a solidariedade né era isso que o Paul roban chamava de educação moral como constituinte da da educação integral né muito rapidamente eu não sou Historiador da educação mas acho que é como isso é muito pouco trabalhado acho que é importante deixar esses dados
registrados para vocês eh esse orfanato orfanato prô na cidade de Samp pui que foi administrado pelo Paul roban eh Era um negócio totalmente alheio ao que era comum na França da época na França daquela época os orfanatos eram instituições religiosas todos os orfanatos não existiam orfanatos públicos os orfanatos eram instituições religiosas e aí a gente tinha orfanatos para meninos que em geral eram administrados por uma ordem religiosa católica França Era um país católico ainda que a Revolução Francesa tenha parado igreja e estado a França permanece como um país católico e e orfanatos para meninas que
eram eh geridos e trabalhados e orientados por uma ordem religiosa feminina por freiras então orfanatos governados por padres orfanatos governados por freiras né com os padres estavam os meninos com as freiras estavam as meninas isso era o comum na França prev Gabriel Prev eh foi um comerciante dessa cidade de sanui que eh era simpatizante das ideias socialistas ele não era militante socialista mas era um pequeno comerciante e que eh achava interessantes as ideias socialistas esse cara não se casou não teve filhos e construiu uma pequena fortuna com a sua atividade de comércio durante a vida
e aí ele doou a sua fortuna deixou em Testamento né quando ele morresse a as os seus bens ficariam paraa prefeitura da cidade com a condição de que eles fossem usados para criar um orfanato para atender crianças pobres e carentes com a condição de que esse orfanato não fosse administrado nem por um padre nem por uma freira né porque como ele era socialista portanto anticlerical não queria saber de contato com a igreja então a a a condição dele era usar o dinheiro que ele produziu ao longo da vida retornando para as crianças carentes sem a
interveniência religiosa né E aí a prefeitura da cidade de Samp pui tinha como um dos seus eh o prefeito tinha como um dos seus eh me foge aqui a palavra uma das suas atribuições nomear o diretor desse orfanato e o Paul ran conseguiu através de um amigo dele Fernão buisson que é uma outra figura importante da educação francesa no século X conseguiu ser nomeado diretor desse orfanato né então ele vai para lá Em 1880 assume a direção e eh ele resolve que nesse orfanato então é uma casa que reúne meninos e meninas eh ele vai
desenvolver os princípios da educação integral que até então eram princípios eram ideias aí ele se vê lá com um conjunto de crianças que ele fala bom né sopa no mel é aqui que eu vou experimentar né se funciona esse negócio e a é muito interessante quando a gente lê os escritos dele porque a gente vê esse conceito isso que era conceito que era uma ideia educação integral ser transformado em prática e ele ir corrigindo coisas Ah isso aqui foi pensado mas não funciona no dia a dia eh de um processo educativo né não funciona desse
jeito precisa funcionar assim então ele vai relatando tudo isso né as coisas que ele fazia os resultados o que que ele tinha que corrigir para onde é que ele tinha que avançar como é que ele ia fazer né então esses 14 anos que ele passa na direção do Orfanato eh é a primeira experimentação que a gente tem de alguém que procura educar segundo os princípios anarquistas por isso é uma experiência importante uma experimentação importante do meu ponto de vista a gente tem um problema político né ele tá lá como diretor com um cargo político nomeado
pelo prefeito né então ele não tá lá h de eterno o cara durou 14 anos na direção não é pouca coisa né mas desde o primeiro ano dele na direção eh ele enfrentou protestos da sociedade francesa contra a administração dele por quê Porque um dos princípios dele é o que ele chamava de coeducação na época não se falava em gênero se falava em sexo né então a coeducação dos Sexos ele dizia meninos e meninas têm que ser educados juntos por quê Porque que dentre as várias formas de exploração do ser humano que a gente tem
uma delas é a exploração da mulher pelo homem 1880 o cara fazendo issoé uma das formas de exploração que a gente tem que quebrar numa sociedade anarquista é a exploração da mulher pelo homem e a gente só vai conseguir quebrar essa exploração se meninos e meninas forem educados juntos se a gente tiver uma educação PR os meninos e uma educação para as meninas como coisas separadas como coisas distintas a gente vai manter essa dicotomia então a gente precisa de uma educação conjunta então algo até então né o orfanato tinha meninos e meninas mas em alas
separadas o Paul roban vai e junta tudo e começa a educar e todo mundo junto e aí o povo vai pra porta do Orfanato protestar pedir a cabeça do Paul ran e etc ele passa 40 é 40 anos olha 14 anos Desculpe ele passa 14 anos sob protesto n e ele acaba sendo demitido 14 anos depois justamente por conta dos protestos eh pela direção dele do do Orfanato né então é uma experiência importante é uma experiência interessante mas que tem e esse atravessamento político que determina o próprio fim da experiência por isso que do meu
ponto de vista ela de algum modo se complementa ah desculpem eu vou voltar aqui um pouquinho porque eu coloquei aí na tela vocês eh se pesquisarem na internet tem ali uma uma foto do do Paul roban eh e a a imagem de baixo é um cartão postal eh da cidade de sanui eh que mostra o atelier a oficina de marcenaria que existia no orfanato durante a administração do Paul ran E aí bom talvez Para quem para quem esteja vendo no computador seja possível eh chegar mais perto da imagem pra gente que tá aqui na sala
eh isso não é eh conveniente né mas a gente vê crianças né nas mesas trabalhando ali com as máquinas eh dessa oficina de marcenaria e vocês encontram várias outras imagens desse tipo a oficina de metais de metalurgia oficina de costura com tudo que as crianças se envolviam na formação Politécnica que elas tinham né na formação das várias técnicas profissionais porque essa era uma das propostas também do Paul roban as crianças aprendiam tudo né E aí quando ele diz as crianças aprendiam tudo isso significa di que meninos e meninas aprendiam a mexer com madeira para ser
marceneiro a mexer com metais para trabalhar com metalurgia mas também a mexer na cozinha para ser cozinheiro a mexer na horta e todos aprendiam tudo então se uma menina queria eh se estabelecer no campo da metalurgia ela podia fazer isso né se um menino queria se estabelecer no campo da costura ele também podia fazer isso né ou seja profissões que eram socialmente colocadas pra mulher eram aber também pros meninos e profissões que eram colocadas eh pros homens também eram abertas paraas meninas n e a ideia do Paul roban é que as crianças né na medida
que eh completavam 16 anos e saíam do Orfanato tinham que se integrar na sociedade elas teriam uma formação profissional e conseguiriam um um emprego mais qualificado por conta dessa formação que elas tinham né Eh então a gente tem ali na na na na na internet a gente encontra uma série de imagens desse orfanato né e mas essa experiência do do Paulo roban se eh Se complementa do meu ponto de vista com aquilo que fez o Sebastian Ford alguns anos depois eh Sebastian for cria uma escola a qual ele dá o nome de la ruch a
Colmeia eh e ele dá continuidade ao projeto do Paul roban ele conhecia o Paul roban foi amigo do Paul roban visitou o orfanato de sanui diversas vezes e aí ele diz bom qual que é o problema daquilo que Paul roban fez em sanui ele era uma instituição da prefeitura uma instituição pública gerenciada pela prefeitura então o Paul roban não podia fazer tudo que ele quisesse naquele campo ele tinha que prestar contas a prefeitura o que que diz o o Sebastian for eu vou criar uma instituição que é Nossa que é da classe trabalhadora Sebastian for
é um cara que foi Padre eh de uma família abastada Francesa foi direcionado pro seminário eh se tornou padre e largou a a batina logo em seguida porque ele eh não concordava com a a igreja católica para vocês terem uma ideia ele é autor de um opúsculo intitulado 12 provas da inexistência de Deus né então um padre né um ex-padre que escreve 12 provas da inexistência de Deus era alguém no mínimo curioso né Eh então Sebastian forg faz fama eh como palestrante no meio Operário francês ele se liga é de algum modo né El ele
ele se torna um orador importante famoso faz grandes palestras e angaria muitas doações pro movimento operário então ele pega esse pega o dinheiro que ele tinha de herança da família e esse dinheiro que ele recebe de doações compra uma chácara e eh cria essa eh o que ele chama de comunidade escola não veja o nome é importante é uma comunidade escola não é uma escola só é uma comunidade escola por quê Porque ele imita sanui quem que ele recebe nessa nessa escola crianças Órfã mas também crianças que Tin um pai e mãe ou pai ou
mãe né ou pai e mãe Eh mas que eram muito pobres ele acolhe então é uma casa no qual ele recebe as crianças para viver né é como se fosse o orfanato mas ao mesmo tempo que é uma casa que é uma comunidade na qual elas vivem é uma escola é o lugar no qual elas estudam então Eh nessas duas experimentações do roban e do e do Sebastian for é importante eh a gente ressaltar que elas eram em tempo integral de verdade né Por quê Porque as crianças passavam 24 horas por dia na escola então
é uma coisa interessante por um lado e uma tragédia por outro né Imagine as pobres crianças 24 horas por dia sendo educadas né Elas eram educadas até quando estavam dormindo né então ah ah essas duas experiências são curiosas nesse aspecto elas não são escolas no seno que a gente conhece do termo escola né eram lugares onde as crianças viviam e ao viverem eram educadas n eh e aí o que o o o Sebastian for vai fazer então é dar continuidade àquilo que o Paul roban fazia e ele mantém mais ou menos o mesmo tipo de
de eh de trabalho que o Paul roban fazia eh aqui também a gente tem uma imagem da da escola né o prédio da escola ao fundo e as crianças Saindo pro campo né para para vocês terem uma ideia mas vocês também encontram se pesquisarem por la rish na na internet uma série de imagens na forma de cartões postais que são fotos da época que a cidade transformou depois em cartões postais né Eh e a diferença de de sanui do orfanato de sanui é a a escola a comunidade escola do Sebastian for era autogerida né era
uma gestão da própria do próprio movimento anarquista né no qual o Sebastian for era diretor mas e em nome do movimento do movimento anarquista então ele não não tinha um cargo político ele não podia ser tirado do cargo a qualquer momento Ele experimentou um tipo de problema diferente do problema do Paulo roban por Ah eu tinha projetado lá atrás para vocês que a Colmeia foi fundada em 1904 e fechada em 1917 Por que 1917 primeira guerra mundial Então o que fecha a escola é a guerra né a a a as dificuldades da Guerra os problemas
econômicos que a guerra causou fez com que a manutenção dessa comunidade escola se tornasse insustentável né tanto que no relato que o Sebastian forg faz da da da experiência dele ele diz a guerra matou a Colmeia né quem acabou com a escola foi a Guerra porque a guerra né as dificuldades econômicas trazidas pela da Guerra tornaram insustentável a manutenção da escola então vejam na experimentação do Paul roban a gente tem o problema político atravessando né ele não conseguiu ter continuidade Por uma questão política na questão do na experimentação do Sebastian for ele não consegue ter
continuidade Por uma questão Econômica né então não tinha aí o aspecto político colocado Mas tinha uma questão Econômica com as dificuldades da Guerra ele não conseguiu manter a a escola e a terceira experimentações experimentação é aquela eh feita por Francisco Ferrer então mais ou menos na mesma época da Colmeia porque Francisco Ferrer Funda a Escola Moderna de Barcelona em 1901 né a Colmeia de 1904 eh Francisco Ferrer também conheceu Paul roban também visitou o orfanato de sanui eh trocou correspondência com com o Paul roban durante muito tempo eh e também de algum modo vai dar
continuidade ao trabalho do Paul roban mas com uma transformação significativa porque o que o Francisco Ferrer faz é criar uma escola então não é um orfanato não é uma comunidade escola é uma escola né As crianças TM casa tem família vivem nas suas casas com as suas famílias e uma parte do tempo elas passam uma parte do tempo no dia elas passam na escola né Ferrer eh se coloca como um reformador da instituição escolar ele faz críticas bastante duras a à escola espanhola da época a escola também um país eh profundamente católico eh uma educação
que se não era uma educação estritamente Católica mesmo a educação pública espanhola era at avessada pelo catolicismo e o Ferrer e anticlerical anticlerical eh ligado aos movimentos do livre pensamento espanhol ligado aos movimentos anarquistas que é uma escola laica né E aí ele cria a escola Moderna como uma escola laica é uma escola privada não é uma escola pública porque ele considera que o estado espanhol jamais vai fornecer paraa classe trabalhadora a escola que a classe trabalhadora deseja então ele cria como uma escola eh eh privada uma escola que portanto as pessoas precisavam pagar mensalidade
para estudar mas ele cria todo um sistema de pagamento das mensalidades eh fazendo com que cada família pagasse de acordo com as suas eh possibilidades Então você calcula bom a o custo da escola o custo do aluno na escola é é x Mas se a família não consegue pagar x ela vai pagar 12x ela vai pagar 1 Dé de X ela vai pagar 1 centésimo de X ela vai contribuir com alguma coisa mas ela vai contribuir de acordo com as possibilidades dela N E aí ele se Virava para conseguir eh os recursos em outras fontes
para manter a a escola funcionando eh foi uma escola então que eh revolucionou o cenário pedagógico espanhol eh e que provocou a ira do governo espanhol que em 1906 Antes de iniciar o ano acadêmico de 1906 a escola funciona entre 1901 e 1905 eh Antes de iniciar o ano acadêmico de 196 a escola é fechada pelo governo espanhol o Francisco Ferrer é preso a escola é fechada ele é preso Como eu disse para vocês a escola é toda destruída ele tinha criado uma editora e uma eh imprensa uma gráfica para imprimir o material que era
usado na escola porque ele considerava que os livros existentes na Espanha da época não eram adequados para aquilo que ele queria ensinar então ele contrata ele convida eh anarquistas da Espanha da França Portugal vários outros países para escreverem os livros que seriam eh usados na escola para vocês terem uma ideia os livros de geografia foram escritos Por eliz reclu que é um geógrafo anarquista francês importante da da da época eh os livros de história escritos por Ancelmo Lorenço que era um anarquista eh espanhol também importante na época e assim por diante ele produz eh livros
para serem usados na escola segundo eh os princípios do pensamento eh anarquista E aí para poder ter esses livros ele cria uma editora e cria uma gráfica para imprimir os livros o o governo quebra tudo destrói as máquinas queima os livros e acaba com tudo né a a escola era equipada com Laboratórios eles quebram todos os equipamentos destróem né a escola eh Francisco Ferreira é preso mas não tem eh como sustentar a prisão dele ele acaba sendo libertado nesse ano mesmo de 1906 se exila na França passa um tempo na França em 1909 ele retorna
a à Espanha e novamente é preso eh ele retorna para visitar um familiar que tava doente eh e da azar que na época que ele tá em Barcelona visitando a família Acontece uma imensa greve eh a chamada semana trágica de Barcelona em 1909 e ele é acusado de ser o mandante intelectual do movimento é preso é julgado sumariamente por um tribunal militar e é condenado à morte é fusilado em outubro de 1909 né Por que que eu tô dizendo isso para vocês porque eh o que o governo espanhol fez com Francisco Ferrer eh foi botar
Ferrer nos holofotes eles acabaram com a escola do Ferrer mas ao acabar com a escola do Ferrer eles espalharam a escola do Ferrer pro mundo inteiro né porque muita gente eh protestou contra a prisão do Ferreira ele era conhecido no mundo ele era alguém que se eh movia pelo pelo movimento educativo eh pedagógico da época né E era um movimento importante eh é ligado à renovação pedagógica e ele era parte desse movimento de renovação pedagógica Então ele era muito conhecido E aí muita gente protesta contra o governo espanhol pede a soltura dele o governo espanhol
faz de conta que não houve mata o o cara E aí Tem protesto no mundo inteiro com a morte do Francisco Ferrer e a forma que as pessoas encontram de homenagear o Ferrer é Abrir escolas para funcionar segundo os princípios da escola Moderna né um um Historiador eh Catalão eh espanhol da da da pedagogia do do Francisco Ferrer chamado Per solá eh tem um livro muito interessante em que ele estuda as escolas que foram abertas depois da morte do Ferrer na Espanha e ele fala entre 1909 que foi quando Ferrer foi morto e 1936 que
é a Guerra Civil Espanhola e o início da ditadura do Franco em milhares de escolas modernas abertas no território espanhol pequenas escolas escolas maiores escolas menores mas milhares de escolas abertas no território espanhol nesse período de 20 e Poucos Anos não é justamente por conta do eh da dimensão que ganhou a a perspectiva do Francisco ferrira e não só na Espanha em vários outros lugares do mundo também se abriram escolas modernas inclusive aqui eh no Brasil que a gente vai ter uma série de eh explorações nesse nesse sentido mas eu não vou falar disso eh
para vocês creio que o Evaldo tenha eh eh explorado um pouco essa dimensão na semana passada eh então com isso eu fecho aqui essa que era a primeira parte que eu disse para vocês que seria curta desculpem acabei me estendendo mais do que eu planejava com ela mas para chamar a atenção de vocês que não dá pra gente falar em educação anarquista ou falar em pedagogia libertária sem olhar com atenção essas três experimentações elas não são as únicas nós temos inúmeras outras Mas elas são extremamente importantes eu coloquei aqui nesse slide algumas eh indicações de
leitura se vocês quiserem se aprofundar nesse sentido e conhecer outras eh experimentações pedagógicas eh eu coloquei aqui algumas coisas que a gente tem em português né Eh então vocês encontram aí por exemplo a publicação do Francisco Fer que escreve quando ele tá na na prisão em 1909 ele escreve um um relato sobre o que foi a escola Moderna de de Barcelona eh esse esse texto tá eh produzido tá traduzido e publicado aqui no Brasil pela Editora Terra livre em 2014 eh o Sebastian forg também escreveu um relato sobre a Colmeia também foi eh publicado aqui
no Brasil pela Editora Terra livre em 2015 então vocês encontram o relato dos próprios autores falando eh do que eles fizeram né e os outros livros são alguns eh autores contemporâneos que falam sobre as escolas anarquistas de forma geral né então eu eh coloquei aí Alguns que vocês encontram eh atualmente se vocês quiserem eh conhecer um pouco mais desse universo Tá mas eu fecharia aqui essa primeira parte eh esse trabalho em torno do que é a emergência da educação anarquista das escolas e libertárias não é e ali no final do século XIX primeiros anos do
século XX né Isso foi uma coisa ali naquele momento e aí eu passo pro segundo momento que eu quero eh então Eh explorar um pouquinho com vocês quais seriam os sentidos e as possibilidades de se pensar uma pedagogia libertária hoje nos nossos dias de se praticar uma pedagogia libertária hoje nos nossos dias o que que significaria isso tá porque eh uma coisa me parece óbvia a gente olha essas experiências na história e elas são muito interessantes Ou pelo menos eu acho né Pode ser que vocês não achem nem um pouco interessantes eu acho tremendamente interessantes
e nós temos um fenômeno importante essas experiências foram varridas para baixo do tapete da história dificilmente a gente encontra referências a elas nos livros de história da educação dificilmente nos cursos de pedagogia nas aulas de história da educação a gente estuda essas eh experiências históricas e no entanto elas foram mais importantes do que a gente quer crer porque eu tentei aqui esboçar um pouquinho para vocês a influência que houve entre esses três caras né o Paul roban como o O Pioneiro ali produzindo as coisas como é que o Sebasti forre pega isso continua desenvolvendo amplia
desenvolve outros aspectos como é que o Francisco Ferrer toma isso também e desenvolve em outros aspectos mas eles não só se influenciaram entre eles eles influenciaram todo o movimento da Renovação pedagógica do começo do século XX então e que não tem nada a ver com anarquismo né então se a gente pensar por exemplo em figuras que a gente estuda nos cursos de pedagogia como Eh decoli Maria Montessori eh e outros renovadores da Educação do início do século XX que não eram anarquistas que eram burgueses Que bom montessore inclusive foi ligada a Mussolini na Itália né
depois ela se rompeu com Mussolini saiu da Itália mas em princípio ela teve ligação com Mussolini né mas eram pessoas que estavam eh interessadas em transformar a escola né em modificar a escola eh acabou-se produzindo aquilo que que a gente eh conhece como escola nova né o movimento da escola nova que no Brasil vai vir muito mais sobre a influência de John duy no nos Estados Unidos né do que de Montessori ou de de crolly por exemplo eh na França Ah mas esses caras todos foram profundamente influenciados pela pedagogia anarquista que eles conheceram e eles
levaram práticas das escolas anarquistas paraas suas experiências pedagógicas tiradas de contexto Porque nas escolas anarquistas elas faziam parte de um projeto político social né quando eles levam para uma educação burguesa eles descaracterizam o aspecto político dessas práticas Mas elas estão lá e o que é interessante é que a gente não aprende nos manuais de de história de educação ou de pedagogia que esses caras foram influenciados pelos anarquistas mas os estudiosos que trabalham com essas teorias hoje nos mostram que sim eles conheceram e eles foram influenciados e muitos deles relataram eh isso que foram influenciados pelos
anarquistas né e o caso mais típico para além de Montessori decoli e outros foi celest freinet que também é um pedagogo francês super conhecido que passa por um fenômeno curiosíssimo no Brasil Me desculpe isso não tem nada a ver com o tema aqui mas só para dar uma Alf ada né Eh celesta freinet comunista membro do Partido Comunista francês uma Educadora eh comunista francês então não era anarquista era comunista conheceu Paul roban conheceu a a escola do Paul roban e ele diz que o centro da da sua teoria pedagógica da teoria pedagógica freine Tiana que
é a fazer o jornal na escola ele foi influenciado pelo Paul roban ele aprendeu com o Paul roban Paul roban fazia isso ele editava um boletim eh do do orfano de seui coisa que o Sebastian forg também fez e que o Francisco Ferrer também fez na escola Moderna as crianças escreviam e eles publicavam os textos da criança das crianças num boletim impresso na gráfica eh da escola e o fren leva isso para pra sua experimentação educativa e o fren desses pedagogos todos que eu comentei Talvez o fren seja o mais conhecido no Brasil a gente
tem diversas escolas fren no Brasil que são escolas burguesas n eu não conheço o movimento das escolas fren no Brasil mas uma ou outra que eu tenho conhecimento são escolas burguesas que simplesmente escamoteiam o fato de que celest frein era comunista e a pedagogia que ele desenvolve é uma pedagogia comunista identificada com os princípios do Partido Comunista francês influenciada pelo movimento pedagógico anarquista então tô tô chamando a atenção disso de vocês para dizer que eh essas experimentações históricas de educação que foram varridas para baixo do tapete eh tem mais influência na educação do século XX
do que a gente imagina ou do que a gente aprende que tem eh normalmente tá então tem aí um veio que me parece interessante de ser estudado né eu passei da idade de fazer isso mas quem sabe algum de vocês mais jovens se anima né a buscar eh essa documentação buscar esses elementos fazer uma pesquisa eh mais específica sobre isso acho que é um um ponto interessante mas o que eu quero eh trabalhar com vocês então agora é pensar um pouco eh essas questões hoje como pensar uma pedagogia libertária hoje E aí vou tentar acelerar
um pouquinho e inverter a lógica que eu tinha dito eu achava que eu ia me demorar mais aqui como eu me demorei mais lá eu vou tentar me demorar menos um pouco aqui eh e aí eu vou eh destacar para vocês duas citações que eu coloco num artigo que foi indicado paraa leitura prévia de vocês eh uma citação é de um autor estadunidense o Tod May num livrinho intitulado pós-estruturalismo e anarquismo Deixa Eu Dizer para vocês que eu não gosto da expressão pós-estruturalismo não simplesmente não gosto mas discordo dela ela é um rótulo inventado nos
Estados Unidos para se referir à filosofia francesa produzida na segunda metade do século XX que eu acho absolutamente inapropriado né inapropriado porque a a ela não é uma escola filosófica né ela coloca sob o mesmo rótulo autores com pensamentos completamente diferentes entre si então ela não funciona como rótulo aglutinador então não gosto dela por conta disso De toda forma Todd May estadunidense USA eh esse esse eh essa expressão Então tá ela tá aí citada por conta dele né mas ele ele escreve assim vou ler aqui para tá projetado mas eu vou ler aqui retomando com
vocês né que ele comenta o seguinte as análises pós estrutur pós estruturalistas da Consciência do desejo e da linguagem subvertem o discurso humanista sobre o qual se Funda o anarquismo tradicional e nisso eu estou plenamente de acordo com Ele Discurso anarquista tradicional do século XIX é um discurso humanista né faz a afirmação do humano afirmação do ser humano eh essas filosofias do final do século XX que eu não chamaria de pós-estruturalistas mas ao tematizar a questão da consciência da linguagem do desejo subvertem esse discurso humanista um filósofo como Foucault por exemplo subverte o pensamento humanista
um filósofo como the que eu vou citar em seguida para vocês subverte o discurso humanista que é o fundamento do anarquismo tradicional e aí ele segue Além disso essas análises julgam como Perigosa a ênfase colocada pelo humanismo na autonomia e na dignidade do sujeito para quem tal fato ah desculpem eu ia pular aqui o o parêntese né mas eh então a ênfase colocada no humanismo eh pelo Human na autonomia e na dignidade do sujeito pois retomaria de maneira dissimulada os mecanismos essenciais de opressão a que tenta opor-se o humanismo é a ideia dominante do século
XIX e tanto a autonomia individual quanto a subjetividade que são os seus conceitos devem ser negados caso exista a intenção de articular uma política adequada à nossa época n então Todd May um Pensador anarquista político contemporâneo né diz que a gente tem que lidar com uma outra perspectiva para pensar a política hoje que não é a perspectiva humanista e eu concordo com Tod May nesse aspecto né Eh não dá para no século XX a gente retomar o humanismo do século XIX então como eu dizia para vocês não dá pra gente reproduzir O que eram as
escolas as escolas anarquistas do século XIX né Eh por uma questão prática mas também não dá para reproduzi-las por uma dimensão teórica tá eh na questão prática porque por exemplo eh educação profissional presença na escola de oficinas que oficinas a gente teria que ter nas escolas hoje para dar uma educação profissional paraas nossas crianças que vão permitir que elas se insiram num num mercado de trabalho ainda capitalista lá no século XIX era Marcenaria era metalurgia era costura hoje vamos formar marcineiros os caras vão ser desempregados porque praticamente já não tem marcenarias a Marcenaria é um
artesanato hoje né não é uma atividade propriamente eh Industrial né Eh e assim por diante então a gente não poderia simplesmente transportar aquelas experiências do final do 19 começo do 20 para cá a gente teria que revê-las né produzir outros tipos de educação profissional hoje né mas também por essa dimensão teórica que o Tod May eh nos traz né precisamos pensar o anarquismo sob outras sobre outras outras bases hoje né Eh aquilo do pensamento anarquista do século eh XIX algumas coisas do pensamento anarquista do século XIX não funcionam politicamente hoje E aí eu emendo com
uma outra citação de um sociólogo francês chamado Daniel colson e que tem um livrinho que eu invejo muito é daquelas coisas que quando você lê você fala caramba Por que não fui eu que escrevi isso né Eh tem umas coisas assim na vida né que você fala puxa eu gostaria de ter escrito esse livro né e não não rolou não deu eh o o corson chama esse livro de pequeno léxico filosófico do anarquismo de prudon adz né prudon É o primeiro primeira pessoa que internamente se declara anarquista em 1840 num texto dele ele se diz
eu sou anarquista o termo anarquista era pejorativo na época né e ele tenta inverter o sentido pejorativo do termo anarquista né Eh então de prudon que é o primeiro a se declarar anarquista a De filósofo da segunda metade do século XX eh e aí o que que escreve o Daniel colson na introdução desse livro mostrar como o nanismo né de Foucault e delz foua e delz dois autores muito influenciados por niet ah como o nanismo de Foucault de delus a releitura de Espinosa ou de libit que esse nitian ismo autoriza mas também a redescoberta atual
de Gabriel tard um sociólogo francês do início do século XX eh e de Gilbert simondon eh também um filósofo francês da metade do século XX ou ainda de Alfred nor White um filósofo inglês né não apenas dão sentido ao pensamento libertário propriamente dito dão sentido aos textos de prudon ou de bakunin por exemplo mas adquirem sentido eles mesmos no interior desse pensamento que eles esclarecem e que eles renovam contribuindo assim talvez com este feliz encontro para tornar possível o anarquismo do século XX o que que me enca nessa citação aqui Dani que um anarquismo do
século XX é um anarquismo que tem que colocar em diálogo pensadores que não dialogaram lá no século X não dialogou com prudon e comun ao contrário niet foi um crítico do do anarquismo um filósofo extremamente interessante an do final do século X mas que criticou duramente o socialismo e o anarquismo niet achava que socialismo e anarquismo estavam totalmente equivocados E no entanto Talvez o niet seja profundamente anarquista e profundamente socialista ele pode ser lido de um modo anarquista de um modo socialista ou não né ou pode ser lido pelos nazistas por exemplo como foi né
Eh mas Vejam o que que vai nos dizer o o o Daniel colson precisamos retomar o pensamento do niet articulado com o pensamento de prudon e de bakunin por exemplo precisamos ou podemos retomar o pensamento de Foucault de delz de tard de Simon Don eh de whitehead eh em relação com o pensamento de prudon e de bakunin no século XIX por quê Porque esse pensamento do século XX ao mesmo tempo em que é diferente ele ecoa esse pensamento do século XIX e ele torna possível esse pensamento do século X coisas que bakunin e prudon pensaram
lá no século XIX e que eram impossíveis naquele momento se tornam possíveis no pensamento desses caras no século XX né ainda que nenhum desses caras se declare anarquista Foucault jamais se disse anarquista del jamais se existe anarquista Muito provavelmente porque o rótulo anarquista para eles fosse um rótulo anti anarquista tento explicar para vocês né Eh a diferença do Brasil eh na França existe um existe ainda hoje um movimento anarquista forte no momento em que esses caras pensaram escreveram década de 60 70 80 eh existia um movimento anarquista não um movimento tremendamente expressivo mas existia um
movent movimento eh instituído na França ligado ao movimento operário etc se o cara se diz anarquista ele ia ser articulado com esse movimento social existente naquele momento movimento esse dos quais eles discordavam por uma série de razões assim como discordavam tanto Foucault quanto delus nunca foram eh filiados ao partido comunista francês ao qual a grande maioria dos intelectuais franceses franceses dos anos 60 e 70 foram filiados né então ele nem se aproximaram do Partido Comunista francês nem se aproximaram do movimento anarquista francês Eles não queriam ser rotulados né nem como comunistas nem como anarquistas o
que não significa que o pensamento deles não seja um pensamento profundamente comunista e um pensamento profundamente anarquista né em diálogo com autores comunistas e com autores eh anarquistas né E é isso que o Daniel colson vai chamar a atenção então né É é preciso para pensar o anarquismo hoje para produzir o anarquismo hoje para militar no anarquismo hoje eh trazer a as ideias desses autores colocar esses autores em eh em em diálogo em contexto eh e em contato tudo bem até aqui para vocês eu tô despejando aqui um monte de coisa tá tá tá dando
para acompanhar sem maiores problemas sem maiores traumas Então vamos lá eu juro que eu vou tentar chegar num momento paraa gente ter a possibilidade de perguntas né para não não sair daqui falando sozinho mas vamos lá eh nem o Tod mei da citação anterior nem o Daniel cson dessa citação estão falando de educação anarquista estão falando do anarquismo do pensamento anarquista e do movimento anarquista de forma [Música] geral desculpem me afogando na própria água perdão sobretudo a quem tá assistindo que o som deve ficar complicado né mas é coisa de aposentado de velho que já
começa a não conseguir controlar a garganta eh eh brincadeiras a parte então né o que eu quero fazer com vocês agora é um exercício de fazer o que esses car chamam atenção para pensar educação coisa que eles não fizeram Vamos tentar eh fazer aqui então eu vou trazer alguns elementos de dois autores para não eh estender demais poderia ficar uns três dias falando disso aqui para vocês Vocês já perceberam isso mas eh para não estender demais eu vou retomar dois autores algumas considerações do Gilbert simondon que foi um filósofo francês que viveu entre 1924 e
1989 um filósofo pouco conhecido na França e menos conhecido ainda aqui no Brasil ele começou a ser estudado muito recentemente no Brasil hoje a gente já tem alguns grupos de pesquisa em filosofia e em sociologia que estudam as ideias do Simon Don e alguns livros dele já estão traduzidos no Brasil mas há 5 se anos atrás por exemplo vocês não encontrariam eh referências ao ao simond Don aqui no no Brasil e ele é um cara que influenciou profundo ente o Gil de que é o outro filósofo que eu vou citar em seguida esse já bem
mais conhecido aqui entre nós Mas eh três aspectos então do do simondon que eu vou chamar a atenção de vocês e que eu vou eh colocar jogar aqui agora porque eu vou retomar depois n mas os três aspectos são os seguintes primeiro e E isso também vai ter relação com aquela pergunta que eu disse que tangencial e o coletivo no Pens anarquista porque tô aqui agora eh me baseando na memória a pessoa eh que perguntou colocava Justamente a questão como é que dá pra gente afirmar o indivíduo se a gente tem uma série de questões
que são coletivas que são sociais e que a educação precisa lidar com elas a gente não pode desprezar essas questões e eh para investir eh na integralidade do indivíduo né Eh Bom eu acho que a pedagogia anarquista procura fazer isso né porque ela vai investir na integral do indivíduo mas é um indivíduo que não é um indivíduo isolado é um indivíduo articulado com o coletivo por isso que lá no início eu já comentei isso né Há uma dialética entre o individual e o coletivo no anarquismo o anarquismo não toma partido nem pelo indivíduo absoluto nem
pelo coletivo absoluto você não pode colocar o coletivo sobre o indivíduo Mas você também não pode colocar o indivíduo sobre o coletivo por uma razão simples o é formado por indivíduos se você transforma o coletivo em absoluto e perde as individualidades você perdeu também o coletivo e por outro lado se você coloca o acento absoluto no indivíduo você não constrói o coletivo você fica só no individualismo né então o anarquismo tenta justamente produzir essa dialética né de produzir um coletivo que não signifique a perda do indivíduo é é esse o jogo que o anarquismo tenta
fazer e é esse o jogo o que se tenta fazer na educação também né porque o que que significa explorar as potencialidades do indivíduo né permitir que cada indivíduo desenvolva as suas potencialidades porque se ele desenvolver as suas potencialidades essas potencialidades vão ser eh importantes socialmente então um uma criança que tenha um tremendo eh pendor pro conhecimento técnico se a gente se a escola ajudá-lo a desenvolver esse conhecimento técnico essa habilidade técnica isso tudo vai depois eh ser devolvido pra sociedade com aquilo que essa pessoa vai produzir né então não é ela por ela simplesmente
é ela como membro de um coletivo como membro de uma sociedade né então o desenvolvimento integral das potencialidades de cada um tem a ver com esse desenvolvimento integral do coletivo da sociedade n eh e aí acho que o o simond Don vai trazer eh elementos importantes né simondon é um cara que pensou e essa questão da do que ele chama de individuação eh de um ponto de vista extremamente inovador no no século XX né E aí eu vou resumir isso aqui eh muito rapidamente né Eh com uma citação aqui de um livro dele intitulado individuação
psíquica e coletiva vocês terem uma ideia né o processo de individuação é psíquico é psicológico é individual mas ele é também necessariamente coletivo porque nenhum indivíduo se desenvolve No Vazio cada indivíduo se constitui como indivíduo na relação com os outros no coletivo e é isso que o simond Don vai chamar a atenção né então Eh o que que ele vai dizer o indivíduo como qualquer forma de individuação é sempre mais do que ele mesmo e eu peço para vocês guardem isso o indivíduo é sempre mais do que ele mesmo na medida em que ele e
aí eu cito veicula consigo uma realidade mais completa que a individuação não esgotou que ainda é nova e potencial animada pelos potenciais ou seja cada individuação cada processo de individuação o processo de Constituição de um indivíduo eh torna concreto torna real algumas possibilidades mas não todas exagerando um pouco a gente talvez pudesse dizer que cada indivíduo e todo indivíduo pode ser qualquer coisa né quando eu me tornei Professor eu deixei de ser ator de teatro o teatro perdeu um grande autor um grande ator desculpem aqui no Brasil né eu poderia ter sido o novo Paulo
alran eh estava fazendo pouca piada desculpem mas eu não resisto de vez em quando né Eh vocês podem não acreditar mas é era fui um grande ator Pelo menos eu achava assim grande em importância não em estatura porque a minha estatura sempre foi pequenininha né mas eu fui um grande ator eu poderia ter ou melhor eu poderia ter sido um grande ator e não fui eu poderia ter sido um grande escritor mais rico mais famoso e mais importante do que Paulo Coelho e não fui porque eu me tornei Professor espero ter sido um grande Professor
mas aí já é outra história mas a gente vai se individuando de determinados modos então eu eu tinha possibilidades antes de ser professor antes de me dedicar à filosofia eu era técnico em química e eu acho que eu era um bom técnico em química tive formação técnica em química trabalhei em indústria química vários anos eu acho que era um bom profissional no campo da química me interessei pela filosofia e abandonei a química bom quando eu abandonei a química e entrei pro campo da filosofia eu investi numa individuação diferente daquela que poderia ter sido a minha
individuação tô dando exemplos próprios ees pra gente tentar entender isso que o sim chama de individuação e que tem a ver consigo mesmo mas tem a ver com coletivo então eu realizei determinadas coisas no meu processo de individuação mas eu não realizei tudo ou não realizei muitas outras né ninguém realiza Tudo Claro né mas ao realizar uma determinada linha de individuação a gente deixa de lado outras por isso que todo indivíduo é sempre mais do que ele mesmo n enquanto professor na minha atuação como professor eu carreguei um pouco do ator de teatro que eu
poderia ter sido enquanto Professor eu carreguei um pouco do escritor que eu poderia ter eu escrevi artigos livros etc acadêmicos né não não desenvolvi a literatura mas eu pratiquei a escrita então eu poderia ter sido um literato poderia hoje est lá junto com a Fernanda Montenegro Gilberto Gil na Academia Brasileira de Letras né mas não sou professor né mas poderia ser outras coisas é por isso que todo indivíduo é mais do que ele mesmo tranquilo para vocês é uma é um pouquinho complicada mas acho que dá paraa gente ir traduzindo eh assim né eh essas
questões eh segunda observação do simond Don essa esse mais do que si mesmo de todos os indivíduos está na base do coletivo tá esse é o ponto né o coletivo não é mais do que Associação dos individos e o eh simond Don chama essa Associação dos indivíduos o coletivo de interindividual o coletivo é interindividual ele é um conjunto de indivíduos mas ele o coletivo surge do mais que si mesmo dos indivíduos não da individuação dos indivíduos né vejam Aqui tá o o o ponto importante dessa questão pelo menos na minha leitura na minha forma de
ver né Eh eh o coletivo se forma pelos indivíduos ou é formado pelos indivíduos mas não exatamente pelo processo de individuação de cada indivíduo mas por aquilo que os indivíduos não individuar no seu processo de individuação né E aí tem uma outra citação Zinha aí do simondon do mesmo livro eh os indivíduos trazem com eles alguma coisa que pode vir do coletivo mas que não está já individuada no indivíduo então eu professor individuado como professor trago comigo outras coisas que são do coletivo e que levo para o coletivo e a terceira observação é que essa
realidade pré individual dos indivíduos da qual nasce o indivíduo então vejam a expressão que ele usa indivíduo coletivo é o ser pensado como Devir devido não sei se todos vocês se familiarizam com essa palavra que não é tão comum em português mas é um conceito filosófico importante daquilo que está em movimento daquilo que está sempre em transformação daquilo que está vindo a ser né Devir é o vir a ser não o que é mas é o vir a ser né então a a realidade pré indivídu ual dos indivíduos nasce do indivíduo coletivo porque é pensado
como Devir a natureza o indeterminado o que há de ilimitado no limite então quando eu me individuo como professor eu limito as minhas possibilidades de ser mas ao limitar as minhas possibilidades de ser eu carrego comigo o ilimitado que tá para além dessa limitação para além dessas possibilidades Ok então acho que essa essa eu tô aqui sintetizando ao máximo simplificando o máximo possível eh essas observações do do simondon pra gente compreender um pouco essa relação do indivíduo com o coletivo que os pensadores anarquistas do século XIX não escreveram assim eles nem teriam condições de escrever
assim porque o o simondon vai lidar com uma terminologia filosófica sociológica psicológica que não existia lá no século X ainda ele tem um refin ento conceitual maior do que aquilo que existia lá no século XIX mas de algum modo o que ele tá dizendo é o que esses caras já pensavam lá no século XIX sem ter condições de dizer desse jeito né Então essa é a a tese do Daniel cson que eu eh coloquei para vocês antes e aí vamos seguir um pouquinho eh adiante né Para pensar a pedagogia libertária hoje né Eh eu diria
então que para pensar uma pedagogia libertária hoje que faça sentido pros nossos dias seria necessário a gente produzir um deslocamento do que seria pedagogia para um processo de aprender e espero que isso fique mais claro para vocês nos próximos 5 minutos mas deslocar a pedagogia para o Aprender por que fazer esse deslocamento porque a pedagogia toda a pedagogia está necessariamente ligada com a ideia de condução a própria palavra pedagogia né significa condução né Na antiguidade grega vocês sabem disso mas vou dizer de novo que nunca é demais na antiguidade grega o pai da gogos o
pedagogo era o escravo que levava a criança pra escola o pedagogo não era o professor o did dascal era o professor o que ensinava o pedagogo era o cara que pegava a criança de casa e levava na escola o que fez com que um colega nosso Newton aqui lus Von Zuben meu querido orientador de doutorado quando era professor aqui eh ele contava nas aulas dele a piadinha a seguinte piadinha pedagogo Hoje é a Kombi né hoje nem é a Kombi mas é a van né porque é o transporte que leva a criança de casa pra
escola né então o pedagogo é aquele que conduz a escola então essa ideia de condução eu tô brincando com isso mas é importante porque a pedagogia é a condução ensinar é conduzir é tirar o sujeito de um lugar levar para outra em termos de conhecimento em termos de prática em termos de moralidade todos os termos que vocês queiram pensar né ora uma pedagogia anarquista tal como pensada no século XIX também era condutiva por mais que ela fosse mobilizada pela Liberdade Mas ela é era condutiva ela queria conduzir para a liberdade só que hoje a gente
poderia colocar isso como um problema uma liberdade conduzida é liberdade a criança não pediu para ser educada paraa Liberdade quando ela vai para uma escola anarquista n é que liberdade é essa como é que a gente tá que dialética é essa que se estabelece entre o desejo da criança ou não desejo da Criança e a condução para um lugar que talvez ela não quisesse ser conduzida então É nesse sentido que eu eh eh queria explicitar aqui com vocês a ideia de que a pedagogia libertária hoje talvez ela devesse ser pensada como uma espécie de anti
pedagogia não como uma pedagogia mas como uma anti pedagogia uma não condução E aí só para eh ficar o relato eu Eu tô tomando esse termo de um artigo que eu li em 1989 num jornal anarquista italiano um manita nova um jornal que foi fundado pelo errico Malatesta um dos mais importantes anarquistas italianos no início do Século XX e que existia ainda até o final do Século XX e eh num artigo desse jornal eh o beniamino vizini publicou um texto intitulado a pedagogia libertária como anti pedagogia bastante interessante mas não é na de direção desse
texto que eu vou eh seguir eu vou pensar a pedagogia libertária como anti pedagogia de uma outra forma mas eu queria fazer essa referência porque eh essa ideia de anti pedagogia tá lá nesse texto do vizini eh de 1989 né então para ser eh correto com ele também é preciso né dizer que eh essa ideia foi pensada lá eu vou pensar essa questão junto com com Del eh fazer esse deslocamento pro âmbito do do aprender o o Gil de então filósofo francês do século XX eh que nasceu já que eu falei as datas de nascimento
e de morte dos outros Esse eu não coloquei aqui the nasceu em 1925 morreu em 1995 eh ano que vem a gente completa 30 anos da da morte dele eh então é um filósofo que pensou sobretudo a segunda metade do século XX eh e ele escreveu dois livros na década de 1960 eh Nos quais ele tem uma exploração muito interessante da ideia de aprender deles não foi um filósofo da educação foi professor professor universitá professor de escola média e depois professor universitário mas não foi um filósofo da educação eh mas num livro eh de eh
1964 que ele se dedica a eh estudar a literatura de Marcel prust escritor francês intitulado prust Eos signos e depois num livro que originariamente foi a sua tese de doutorado diferência repetição que ele publica em 1968 eh ele resvala por essa questão do aprender em prust os signos porque ele vai dizer o aprender é um encontro com signos ele faz um estudo da literatura do prust mostrando que a literatura do prust é uma literatura baseada em signos e ele vai dizer o aprender é um encontro com signos a gente aprende alguma coisa quando a gente
se encontra com signos se a obra do prust é um conjunto de signos Nós aprendemos quando lemos prust por exemplo né e ele retoma 4 anos depois essa ideia em diferença repetição que é um uma tese de doutorado depois um livro no qual ele quer produzir uma filosofia da diferença uma Filosofia na contramão da filosofia ocidental que é uma filosofia da da semelhança uma filosofia do mesmo ele quer produzir uma filosofia da diferença não pensar o ser mas pensar a diferença né esse é o Projeto filosófico dele e ao pensar a questão da diferença ele
vai ter um capítulo nesse livro importantíssimo intitulado a imagem do pensamento no qual Ele trabalha o que significa pensar porque ele vai dizer que aquilo que a gente chama de pensamento não é pensamento o pensamento para ele é algo absolutamente novo a gente pensa quando a gente produz algo novo no pensamento mas a maior parte do tempo a gente não tá produzindo algo novo no pensamento a gente tá repetindo o que já foi pensado e quando a gente repete o que já foi pensado a gente não tá pensando a gente tá repetindo tá esse é
o o jogo do capítulo que é um capítulo super complexo mas o jogo é esse né precisamos inventar um pensamento novo que é um pensamento que ele vai chamar de sem imagem então Todo pensamento se produz como uma imagem do pensamento mas quando eu penso no contexto de uma imagem do pensamento eu não penso Eu repito o que já foi pensado né eu preciso me desafiar então a ter um pensamento sem imagem que é um pensamento novo um pensamento diferente um pensamento original Esse é o o ponto que ele vai trabalhar e nesse capítulo que
ele trabalha essas questões então vejam nada a ver com o livro sobre prus ele retoma a ideia do aprender e do aprender como um encontro com signos e ele vai dizer nesse capítulo que o aprender é um acontecimento no pensamento eu não vou ter tempo de explorar isso a fundo com vocês precisaria de mais umas três aulas para isso claro ou quatro ou cinco eh conceito de acontecimento é um conceito filosófico importantíssimo no penso do parae o acontecimento aquilo que a gente não é aquilo que não nos cont sar você e aprend é aconteciment no
Pens ou se quando a gente aprende acontece alguma coisa no pensamento que é diferente do que a gente sabia antes então aprender é a produção de algo novo né e ele diz aprender é nada mais nada menos do que a passagem Viva do não saber ao saber e aqui sem querer eu citei literalmente de de memória né pelo menos na tradução brasileira é exatamente assim que tá a frase né aprender é a passagem Viva do não saber ao saber você não sabe e passa a saber o aprender o quê é esse movimento que você sai
da condição de não saber e chega na condição de saber talvez seja Lógico né esse processo você sai da condição de não saber pra condição do saber e El o que que ele vai dizer pra gente a educação ele não vai dizer isso mas a gente depreende isso da da do pensamento dele a educação se coloca sempre do lado do saber o aluno não sabe e a gente quer que o aluno venha a saber e a gente avalia o que o aluno sabe e o que o aluno não sabe não é o que que a
gente valoriza no processo educativo no processo pedagógico o saber né sempre né você faz uma prova você faz um concurso você seja lá o que for a gente valoriza o saber você nunca valoriza o processo que faz sair do não saber e chegar no saber por quê Porque segundo o nosso amigo del esse processo de aprender é absolutamente descontrolado ou incontrolável melhor dizendo e misterioso então uma frase bonita dele é ninguém sabe como alguém aprende é impossível saber como alguém aprende o que que fez de mim alguém que sabe alguma coisa sobre anarquismo e pedagogia
libertária nem eu sei quanto mais um de vocês saber o que que me levou a isso ele diz que a gente é impossível saber isso é impossível controlar isso portanto n o que que eu concluo dessa afirmação do essa ideia da pedagogia moderna que há um uma expressão ensino if aprendizagem é um engodo n por porque quando a gente fala em ensino aprendizagem a gente Lig indelevelmente a aprendizagem ao ensino se há ensino alguém aprende e alguém só aprende porque ouve ensino o que que o está dizendo como se lançasse um raio quebrando esse if
entre as duas coisas as pessoas aprendem independente daquilo que é ensinado eu tô aqui hoje nessa manhã já long desculpo termin um pouquinho eh mas nessa manhã já longa eu tô ensinando uma série de coisas para vocês eu tô transmitindo uma série de signos para vocês Tá mas eu não tenho o menor controle sobre aquilo que cada um de vocês está aprendendo sobre isso eu não tenho como ter controle sobre isso eu não sei como é que esses signos que eu tô emitindo estão chegando em cada um de vocês podem não estar chegando pode estar
entrando por um ouvido saindo pelo outro ou vocês podem tá simplesmente não escutando né ou tão pensando em outras coisas e e Tá no automático e isso não tá dizendo nada para vocês né ou para outros pode estar dizendo alguma coisa mas eu não tenho como saber isso e eu continuo aqui falando né E vou continuar se vocês continuarem aqui olhando paraa minha cara eu vou continuar falando né Eh eu tô emitindo signos O que vocês estão fazendo com esses signos não está sob meu controle eu não posso dizer que porque eu disse vocês aprenderam
vocês assimilaram aquilo que eu falei por outro lado ao ouvir essas coisas que eu estou dizendo vocês podem estar pensando em coisas que eu sequer imagino mas relacionadas com o que eu tô dizendo vocês podem Claro o tempo todo est pensando coisas que eu não imagino né Eh que não tem nada a ver com isso mas vocês podem estar pensando em coisas que eu não imagino mas que são relacionadas com isso E vocês estão conduzindo coisas muito para além daquilo que eu tô ensinando para vocês né é por isso que o delus diz que o
o aprender é esse acontecimento no pensamento e que é misterioso e que é incontrolável né me perdoem eh só um uma referenci Zinha para eh tornar mais brasileira a questão tem um livro maravilhoso da Clarice Lispector eh que é uma aprendizagem ou o livro dos saberes que é mais ou menos da mesma época que o o Deus escreveu eh esse texto eh dos anos 60 eh e que diz literariamente o que o delus diz filosoficamente nesse texto né Eu já procurei muito eh nunca encontrei nenhuma referência de que o delus tenha lido clariss Lispector nem
de que a clariss Lispector tenha lido del então provavelmente os caras estavam pensando coisas parecidas enunciando de formas diferentes mais ou menos na mesma época né mas nesse livro da da Ah é a história de uma professora primária que se relaciona amorosamente com um professor de Filosofia né e eh depois de uma série de Idas e Vindas nesse romance lá pelas tantas a professora que é Quem narra o o romance O a narrativa ela di Quem narra a narrativa é bom né desculpa mas ela diz eh sim eu aprendi contigo mas não aquilo que você
quis me ensinar eu aprendi contigo coisas que você sequer imagina né então na relação ela diz ter aprendido né com o professor então e aí é interessante porque os dois são professores né mas o homem denominado Ulisses é professor de Filosofia professor universitário a professora chamada de Lori em referência a Lor lá e a sereia né Ulisses e a sereia A professora é uma professora primária é uma professorinha digamos assim então é como se o professor Universitário acadêmico ensinasse pra professorinha E aí num determinado momento a professorinha diz sim eu aprendi com você mas não
o que você acha que eu aprendi as coisas que eu aprendi com você eu vou usar contra você e você nem vai saber disso então só para pra gente trazer um pouco essa essa dimensão aqui né Então a partir dessas dessas ideias do do então eu tentei condensar aqui nesse slide algumas algumas questões eh e vamos tentar eh fechar um pouquinho isso né aprender portanto se é algo que é incontrolável é um ato de liberdade né aprender é um ato de liberdade aprender não é uma condução não é algo conduzido portanto é um ato de
liberdade né aprender é construir singularmente uma liberdade e uma relação de si consigo mesmo né então quando a gente aprende a gente se constitui a gente passa por um processo de individuação Na expressão do simond Don essa educação pensada a partir do aprender ela não apaga o coletivo ela não apaga o múltiplo multiplicidade se o ato de aprender se dá no inconsciente essa é uma outra expressão do delus que eu não tinha comentado com vocês antes né para ele o aprender nunca é consciente ele é inconsciente né o aprender se dá no inconsciente se dá
no impessoal e no pré individual de cada singularidade né singularidade é o termo que o termo filosófico deles usa para falar em indivíduo Ele acha que o termo indivíduo é um termo muito marcado então ele usa o termo singularidade eh se o ato de aprender se dá no inconsciente no pré-indicado de de signos emitido pelos professores né então não há controle sobre o que se aprende Mas isso não significa que a gente não Aprenda que a gente aprenda sem professores né porque se a gente aprende quando a gente se encontra com signos a gente precisa
de quem emita os signos e os professores são emissores de signos não são só os professores que emitem signos mas os professores são emissores de signos tá então os professores são importantes nos processos de aprendizagem né Eh mas o que que eu o que que a gente pode dizer a partir do The né que é o fora a coletividade que coloca os signos que permitem que o aprendizado seja possível se o aprender é algo da interioridade de cada pessoa do inconsciente de cada singularidade é o fora da singularidade é o coletivo é a heterogeneidade do
mundo que existe fora de nós que emite signos que permite que cada um de nós aprenda Tá então não dá pra gente se fechar em si mesmo e dizer vou me constituir vou me individuar né alheio ao mundo não rola não funciona a gente só se individua ou a gente só se singulariza para usar a expressão do The em contato com a multiplicidade que é o mundo com a heterogeneidade que é o mundo isso faz então com que o aprender seja ao mesmo tempo um ato singular e plural porque o aprender é de cada um
mas ele é plural porque ele tem a ver com a heterogeneidade dos signos n o aprender é se vocês quiserem individual e coletivo ao mesmo tempo né singular e plural singular e múltiplo para usar expressões do Del individual e coletivo para usar expressões que com as quais a gente tá mais acostumado mas então dizendo a mesma coisa né e uma última um uma última observação que o aprender é uma dobra do fora no dentro aí um negocinho bonito né Eh não vou eh alugar as mentes de vocês falando muito sobre isso mas esse conceito de
dobra é um conceito que o theus desenvolve num livro intitulado eh a dobra leibnitz e o Barroco que ele publica em 1988 e depois ele usa esse conceito de dobra para eh analisar a obra do Michel Foucault né Foucault que morreu em 84 eles eram colegas eram foram amigos num determinado tempo depois se distanciaram depois que o Foucault morre o delus dá uma série de aulas de cursos sobre o pensamento do Foucault sobre a obra do Foucault e escreve um livrinho intitulado Foucault no qual ele homenageia então o o amigo eh comentando a obra do
amigo né e o theus diz que a o processo de subjetivação que é um processo importante pro Foucault é uma dobra do fora no dentro a subjetividade é essa dobra do fora no dentro ou seja o mundo exterior né tudo que existe né E essa interioridade da consciência essa interioridade da singularidade essa interioridade de cada um que segundo ele nada mais é do que essa eh dobradiça entre o que é interior e o que é exterior com isso ele tá querendo quebrar com essa noção moderna da interioridade do sujeito cartesiano né como aquele sujeito que
diz eu penso portanto eu sou né então o sujeito moderno cartesiano é esse sujeito voltado para dentro de si mesmo né eu penso portanto eu sou eu sou porque eu penso né Eh e o o o o processo ou a subjetivação pensada pelo delz pensada pelo Foucault é esse processo de relação necessária com tudo aquilo que tá fora né O que tá fora é o que nos constitui então eu não posso dizer dizer que eh aquilo que eu sou está dentro de mim mesmo está na minha interioridade não aquilo que eu sou é a minha
relação com o fora ah tô chegando no fim né não se desesperem né então o ensinar não é nunca uma ação puramente individual ou puramente coletiva o ensinar é ao mesmo tempo individuação se a gente pensa sim e coletivização o ensinar é ao mesmo tempo singularização se a gente pensar com e multiplicação na dobra da singularidade professor e nas dobras de cada uma das singularidades aprendizes porque eu professor que emito signos sou uma singularidade e que ao emitir signos eu estou possibilitando aprendizagens est que os outros aprendam mas nesse processo Eu também estou aprendendo Eu
também estou me constituindo a mim mesmo né e cada uma das singularidades aprendizes também está se constituindo se individuando nesse processo que é ao mesmo tempo singular e múltiplo individual e coletivo Então não dá pra gente separar um aspecto do outro né se a gente limar o coletivo a gente deixa de ter individualidade da mesma forma se a gente apagar a individualidade a gente deixa de ter coletividade né esse é o o princípio do do pensamento eh anarquista E aí esse processo educativo permite então articular o mais que si mesmo né por isso que eu
disse para vocês lá daquelas primeiras três observações do simond Dom para guardar essa expressão o mais que si mesmo né cada um que se individua é mais do que ele mesmo né Então esse processo educativo articula esse mais que si mesmo do professor com o mais que si mesmo de cada estudante de cada aprendiz produzindo aquilo que a gente poderia chamar de um coletivo aprendente que é muito mais do que a soma da singularidades do professor e dos aprendizes então por exemplo hoje estamos aqui eu sou uma singularidade zeso é outra singularidade cada um de
vocês é uma singularidade só que essas nossas singularidades nessa manhã pelo menos estão compondo um coletivo aprendente nós estamos aqui atravessados por esse curso né essa oportunidade que esse curso nos dá de estarmos juntos nessa manhã agindo como um coletivo aprendente e nesse coletivo aprendente n quero crer que vocês estão aprendendo alguma coisa Tomara que estejam embora possam não estar e eu tenho que ter consciência disso né eu como singularidade professor nesse caso tenho que ter consciência de que vocês podem não estar aprendendo né e mas eu estou aqui me esforçando para que alguma coisa
aconteça no pensamento de vocês né mas ao mesmo tempo em que eu tô aqui nesse esforço de comunicar alguma coisa para vocês de transmitir signos para vocês eu também estou aprendendo porque há um trabalho sobre mim mesmo que eu tenho que fazer para tornar possível essa relação com vocês né então isso é um coletivo de aprendizagem e não é outra coisa que tentavam fazer o Paul roban O Sebastian forg o Francisco Ferrer quando educavam nas suas seus orfanatos escolas etc era a construção desse coletivo aprendente no qual os professores estavam profundamente implicados no processo de
aprendizagem dos Estudantes e estavam aprendendo também junto com os estudantes ainda que eles estivessem ali na posição de professores por supostamente saber coisas que os estudantes não sabiam né mas o fato de estar ali na relação com os estudantes fazia com que eles próprios estivessem aprendendo outras coisas porque na relação com o outro a gente também tá o tempo todo aprendendo a gente também tá o tempo todo se constituindo né Eh se não é possível controlar aquilo que cada um aprende na na singularidade de cada um esse coletivo aprendente se torna então um lugar de
experimentação da liberdade e do pensamento em relações de solidariedade mútua abrindo horizontes novos para cada Aprendiz para o professor e para toda a comunidade tá então e essa é a dimensão posta também na pedagogia libertária né Eh toda a sala de aula é um lugar de experimentação por isso que eu usei a expressão experimentações eh primeiras experimentações originais lá na na primeira parte da da aula né Toda aula é uma experimentação ela não é simplesmente uma transmissão de conteúdo que vai ser assimilado por quem tá eh assistindo aquela transmissão de conteúdo ela é um espaço
e um lugar de experimentação experimentação para vocês que estão aí do lado do Estudante e experimentação para mim que estou aqui do lado do professor todos nós estamos experimentando né e tudo isso além de qualquer controle eu posso tentar mas eu não controlo o que vocês aprendem também não controlo aquilo que eu ensino eh e eu diria né que nessas palavras né esse é exatamente o projeto anarquista de uma pedagogia libertária isso que eu tentei expor para vocês dialogando com delus dialogando com Simon é exatamente o projeto anarquista de uma pedagogia libertária tal como os
caras quiseram fazer lá no século X mas pensado em outras bases em bases não humanistas tá eh um projeto que se apresenta Então como um projeto aberto de livre experimentação do pensamento livre experimentação das práticas construção de si mesmo na relação com os outros para além de qualquer projeto an a contemporaneidade abre novos horizontes para práticas anarquistas em educação bom eu paro por aqui como eu disse para vocês talvez eu não chegasse na terceira parte não cheguei Passei já um bocado do tempo eu sei que tem eh se vocês não tiverem questão nenhuma para fazer
eu sei que tem questões que já foram enviadas que eu me comprometi a responder né mas eu espero que vocês também tenham algumas então eu não vou entrar naquela eh terceira parte porque eh tomaria mais alguns minutos falando daquilo e eu acho que vocês já ouviram demais eh para pra amanhã de hoje obrigado pela atenção até aqui e podemos então passar pro seg pro Márcio pro segundo momento Obrigado Professor [Música] Silvio obrigado pelos aplausos aí do pessoal da Unicamp que ajuda a humanizar a transmissão mas não querendo explorar o professor Silvio Então vou pedir vou
dar 5 minutos aí pro pessoal da Unicamp e ao banheiro tomar uma água tomar um café e eu vou fazer apresentação aqui de algumas questões que foram colocadas porque obviamente né o professor Silvio tá desde das n fazendo a sua exposição e a gente não pode também explorá-lo né senão fica com tudo que já já foi falado até o momento Obrigado Professor Silvio daqui a alguns minutos a gente retoma vou ficar prestando atenção aqui na tela da Unicamp bom a primeira questão que é importante é anunciar aí os nossos novos integrantes inscritos no canal Tiago
Moreira Obrigado Tiago por se inscrever no canal evir cuai evir Muito obrigado Teresa Cavalcante nova nossa nova inscrita no canal Jennifer bagatim nossa nova inscrita no canal martiana Ferreira nossa nova inscrita no canal e Rodrigo da Silva que também aí acabaram de se inscrever no canal Muito obrigado lembrando as pessoas que entraram um pouquinho depois não esqueçam de curtir o vídeo no no YouTube por favor é muito importante para nós que vocês possam curtir o vídeo porque ele vai aumentar a nossa possibilidade de chegar a mais pessoas não só os inscritos no curso mas aqueles
professores que muitas vezes não souberam dar oportunidade da inscrição no curso seja nas disciplinas de pós-graduação ou mesmo no curso de extensão que essas pessoas possam aproveitar esse conteúdo essa discussão que tá sendo feita aqui para obviamente né discutir educação no seu local de trabalho na sua casa mas também utilizar dentro na escola na universidade e assim por diante quero também agradecer aí o professor Evaldo Professor Evaldo Pioli que foi nosso professor na última na aula anterior ele eh nos mandou aí um cumprimento né para que a gente possa eh também cumprimentar aí o professor
Silvio pela excelente aula então as aulas do professor Evaldo e do professor Silvio estão eh sendo coerentes aí estão em sintonia lembrando também que eh o professor Evaldo já havia anunciado estão abertas as inscrições para o quinto encontro de São Paulo da rede AST tarefas associativas sindicais no combate ao neoliberalismo Educacional e solidariedade Ativa ao povo palestino pelo fim imediato ao extermínio humano na faixa de gaza e Sis Jordânia de 11 12 e 13 de dezembro e o professor sempre deixa bem claro Professor Evaldo que as inscrições São gratuitas e o evento é online ou
seja vamos lá nos inscrever vamos participar vamos apresentar os nossos trabalhos que também são muito importantes para que a gente possa est discutindo com os nossos colegas a educação para a classe trabalhadora né uma educação que pense a emancipação da classe trabalhadora e obviamente o parte da aula aqui do professor Silvio de hoje nos mostra uma interessante das pedagogias contra-hegemônicas segunda importante o segundo importante recado é o nosso perfil lá no Blue Sky né aumentar a nossa capacidade de divulgação das iniciativas de pedagogia e de educação contra hegemônica através do grupo sted BR coordenado aí
pelo nosso professor Demerval e pelo Professor José Claudinei lombarde na coordenação nacional e com dezenas de grupos em todo o Brasil tô contabilizando aqui Professor Tô vendo que o professor já tá por aí desde a sua desde a sua o início da sua fala até o presente momento nós já tivemos mais de 200 comentários do chat O que é muito importante porque também queremos prover esse debate com todos então muito importante agradecemos a todos que estão interagindo no no chat Lembrando que a interação no chat também potencializa o canal e aí acabou de se inscrever
no canal a Jéssica Maria Policarpo Obrigado Jéssica por se inscrever no canal aqueles que puderem se associar ao canal como o professor zeso sempre fala o custo é 1,99 menos que um cafezinho Professor zes até colocou no chat aí que ele pagou mais que o dobro por um cafezinho aí na UNICAMP então nós precisamos pret proletarizar o cafezinho nas universidades ele precisa ser mais barato e acessível a toda a classe trabalhadora de imediato tendo anunciado a nossa nova integrante eu já vou passar chamar o professor Silvio para estar aqui conosco vou mudar o layout da
nossa apresentação para fazer a leitura das perguntas só acho que precisamos esperar mais uns minutinhos que o pessoal saiu um pouquinho e tá voltando se pudemos esperar um minutinho mais aí a gente sem problema já chamo o professor então para aqueles que estão nos acompanhando aí nos comentários eh Muito obrigado eh até inclusive um dos comentários aqui Professor Silvio foi eh com inveja de da sua condição de aposentado né porque basicamente Hoje os professores que estão ingressando aí como eu na universidade a perspectiva de aposentadoria é quase nula mas obviamente como a vida é contraditória
nós precisamos organizar a classe trabalhadora e superar essa condição e não nos acomodarmos a essa condição e não aceitar de forma passiva essa condição Então vamos fortalecer os sindicatos vamos fortalecer os movimentos sociais associações sociedades que estão discutindo os interesses da classe trabalhadora mas principalmente não só contemplando a realidade mas sim intervindo nela para transformar a sociedade e obviamente construir uma educação para a classe trabalhadora eh bom temos diversos comentários aqui obrigado a mclin que tá dizendo que o like de suma relevância para divulgação do conhecimento É isso mesmo nós temos que aprender com as
plataformas e aprender também que existe uma lógica dentro delas e que a gente precisa promover aí o pensamento crítico e o pensamento que vai defender os interesses da classe trabalhadora E é isso que nós estamos nos propondo aqui com esse curso no sted BR outra questão que é importante Professor zeso até comentou eh que a gente possa fazer nas próximas aulas uma interligação com os grupos que estão reunidos Professor Silvio em todo o Brasil então muitas vezes tem uma visualização aqui na live que a gente pensa que é uma pessoa mas às vezes é uma
turma inteira de um programa de pós--graduação como aí na UNICAMP que estão reunidos e discutindo com os professores sobre exatamente o assunto que nós estamos debatendo aqui neste exato momento outra questão importante para a organização do curso é valorizar quem está na retaguarda para que esse curso aconteça né eu tô apresentando aqui o professor Silvio é o nosso professor mas estamos aqui com a Jane Dalva querida janed Dalva que daqui a duas aulas vai ser apresentadora vai tá aqui no meu lugar vai estar apresentando o curso para vocês e o Marcelo Tavares lá da Unirio
Marcelo também tá nos dando o suporte agradecer aí a todo o grupo da Unirio que sempre tem colaborado em todos os nossos cursos dando suporte discutindo e assim por diante importante dizer que nós não estamos fazendo nenhuma atividade de forma solitária mas sim uma atividade de forma solidária paules aula excelente o professor Silvio expôs o tema de forma aprender a atenção e possibilitar a construção do conhecimento sobre a temática Exatamente isso obrigado Paulete pelo seu comentário Lembrando que o professor saviani sempre fala que nós a classe trabalhadora precisa dominar aquilo que os dominantes já domina
então a gente precisa entender que nesse tipo de exposição nós também estamos apresentando a realidade concreta mas como o professor Silvio deixou bem claro na exposição dele né também estamos fazendo uma denúncia de muitas vezes do apagamento da invisibilização da realidade concreta para defender certos interesses interesses pontuais da de alguns principalmente da classe dominante né Obrigado a todos vou retomar aqui com o Professor Silvio e obviamente agradecer a todos vocês nesse momento faço uma inversão aqui o professor Silvio vai para o centro da nossa tela e nós vamos ler as perguntas que foram enviadas para
eh esta aula Lembrando que tem um formulário de perguntas permanentes para todas as aulas para possibilitar aqueles que puderam acessar a bibliografia sugerida né a bibliografia obrigatória e sugerida e puderam ler e obviamente organizar as perguntas e outra questão só para o professor svio eh ter ciência eu vou fazer a leitura das perguntas porque muitos dos nossos alunos que estão hoje nos assistindo ou vão nos assistir nos próximos dias porque nós temos uma parcela dos cursistas que estão nesse momento online mas um grande número de cursistas vão ver à noite vão ver no final de
semana este vídeo uma parte grande segundo o professor ramar controla aí os nossos dados das redes sociais 90% deles assistem pelo celular então às vezes no celular a letra fica pequenininha então para dar acesso a essas pessoas eu vou fazer a leitura primeira pergunta de que forma as teorias pedagógicas anarquistas podem me ou ou nos auxiliar em sala de aula profor Silvio eh Bom vamos lá tentar responder as perguntas de uma forma um pouco menos extensa do que eu fiz da exposição Inicial né essa pergunta é muito interessante né porque eh de forma anarquista eu
deveria responder o seguinte né as teorias pedagógicas anarquistas não estão aí para auxiliar ninguém na sala de aula por quê Porque as teorias pedagógicas anarquistas são teorias revolucionárias né a as teorias pedagógicas anarquistas não querem melhorar o processo pedagógico instituído elas querem com vocês quando falava das das experimentações anarquistas em educação eh eu eh disse um pouco de como algumas das práticas delas foram cooptadas por determinadas pedagogias né E como passados agora eh cento e tantos anos né lá por exemplo da experimentação de Paul roban eh no orfanato de sanui já temos aí o que
150 anos mais ou menos 140 50 anos eh depois disso eh algumas das práticas que eram absolutamente revolucionárias naquela época hoje são práticas instituídas né naquela época colocar meninos e meninas estudando juntos era um uma coisa absolutamente impensável na França eh e nos outros países né Eh hoje a gente sabe que as nossas escolas são todas mistas né todas quase todas né ainda que haja uma ou outra eh escola específica mas as escolas são das mistas então Eh isso que era uma prática revolucionária eh pelo Paul roban naquele momento 150 anos depois é algo absolutamente
corriqueiro né então muitas dessas práticas foram sendo eh eh cooptadas digamos assim pela Escola tal como a escola se apresenta né mas o o princípio das pedagogias anarquistas não é de auxiliar o trabalho de sala de aula é de produzir uma outra sala de aula um outro trabalho de sala de aula né ainda assim ainda assim para as pessoas que tiverem interesse de aprender com as pedagogias anarquistas e quiserem trazer alguns elementos das pedagogias anarquistas para suas salas de aulas eu acho que isso é possível por exemplo toda essa discussão que eu procurei fazer discussão
não né essa esse eh também não foi um diálogo né Foi um monólogo que eu fiz com vocês na primeira parte em torno da de dimensão do aprender da teoria do aprender eu acho que se a gente eh aprende com essa teoria do aprender que eu coloquei para vocês Isso vai trazer eh mudanças significativas na nossa sala de aula no nosso processo da sala de aula né porque se eu passo a olhar aquilo que eu pratico na sala de aula como algo que eu não tenho controle né Isso muda radicalmente a minha maneira de ensinar
tem que mudar radicalmente minha maneira de ensinar né então eu acho que são formas que a gente pode ter de se apropriar dessas questões né Eu particularmente defendo também eh que hoje hoje em dia não faz muito sentido a gente pensar uma escola anarquista isolada eh como essas que foram pensadas no século XIX no começo do século XX escola anarquista para anarquistas né ou escolas escolas anarquistas para filhos de Operários anarquistas eu acho que hoje não faz muito sentido hoje do meu ponto de vista aqui no Brasil faz muito mais sentido a gente pensar o
desenvolvimento de uma pedagogia anarquista na escola pública brasileira por exemplo né do que eh numa escola anarquista eu poderia juntar meia dúzia de professores anarquistas e construirmos uma escola diferente para pessoas que querem eh aprender de forma diferente mas eu acho que o impacto social disso é muito menor do que a gente construir coletivos de professores anarquistas em escolas públicas que podem tentar ensinar Diferentemente dentro do contexto da própria escola pública brasileira claro que isso não é nada simples não não tenho a ilusão de que isso é é simples mas ao mesmo tempo eu sei
que existem coletivos agindo dessa forma hum B acho que podemos passar paraa próxima pergunta porque senão ficamos aqui só nessa Obrigado Professor como fica a educação superior na Perspectiva anarquista ehom essa outra pergunta bem interessante né eu não falei absolutamente nada disso né porque em princípio a a educação anarquista é uma educação voltada paraa infância as propostas de educação anarquista são propostas de educação voltadas pra infância Ainda que os anarquistas não negligenciem a necessidade de Educar a classe trabalhadora só que para eles a educação da classe trabalhadora não seria feita nas escolas mas nas associações
de classe trabalhadora nos sindicatos eh nas associações de trabalhadores e assim por diante né E eles desenvolveram uma série de elementos também nesse contexto do que a gente poderia chamar de Educação de adultos né Eh eh a produção de teatro a produção eh de jornais a produção de revistas de livros e etc para serem disseminados entre os trabalhadores como forma de educação né e o próprio bakunin que eu comentei aqui diz que é radicalmente diferente eh o fato de um adulto educar crianças do fato de adultos se entre educarem entre si né Eh um adulto
quando educa uma criança tem uma assimetria importante aí para um processo pedagógico mas quando eu estou entre adultos eh essa simetria assimetria Deixa de existir então portanto a relação educativa precisa ser diferente n é eh e eu acho que isso é um princípio que a gente deveria pensar em termos de educação superior os anarquistas já lá no século XIX no começo do século XX eh pensaram ou praticaram também produziram aquilo que eles chamaram de universidades populares n eh universidades nas quais a a população eh adulta seria instruída e um um anarco Sindicalista francês Fernan Peltier
criou o que ele chamou de bolsas de trabalho que eram instituições ligadas aos sindicatos nas quais os trabalhadores adultos seriam eh instruídos seriam eh trabalhados por exemplo eh alfabetizados para aqueles que não tivessem tido acesso a alfabetização ou eh eh oferecimento de cursos que pudesse aprimorar os conhecimentos dessas pessoas né então Eh tudo isso a gente poderia ver no aspecto do que a gente poderia chamar de uma educação superior de uma educação de adultos mas por por outro lado eu acho que também podemos pensar na nossa prática nas universidades tal como instituídas né E aí
eu digo para vocês com muita tranquilidade que eu tentei fazer isso ao longo dos meus praticamente 40 anos eh de carreira como professor universitário né numa instituição eh eh privada que eu trabalhei no início da minha carreira e depois aqui na na Unicamp ao longo de quase 30 anos a minha prática como professor universitário foi uma prática que eu quero crer anarquista de educação o que não significa que eu ensinei anarquismo pros alunos né claro que quando tive a chance de fazer isso eu o fiz criei aqui na na no curso de pedagogia da Unicamp
uma disciplina eletiva sobre eh educação anarquista que foi oferecida algumas vezes sempre que eu tive condição que por conta da situação do departamento eu não era obrigado a trabalhar com muitas disciplinas obrigatórias eu oferecia eh também essa disciplina eletiva que era uma forma de eh eh difundir entre os estudantes de pedagogia da Unicamp o pensamento anarquista eh em educação mas para Além disso mesmo quando não falei de anarquismo ou não falei sobre anarquismo eu procurei ter em sal sala de aula na relação com os estudantes uma prática anarquista uma prática libertária que significa todo um
atravessamento em relação às relações de poder que se estabelecem na sala de aula né então procurei não ser um professor autoritário né Eh procurei eh desmistificar e desconstruir as práticas avaliativas a Unicamp é uma universidade extremamente eh meritocrática no qual as nas quais as notas dos Estudantes implicam nas oportunidades que os estudantes T então sabendo disso tentei quebrar com essa prática no tipo de avaliação que eu fazia com os meus estudantes na atribuição de notas que eu fazia com os meus estudantes né claro que isso não mudou a Unicamp nem nunca tive a ilusão de
que a minha prática mudaria a Unicamp mas foi uma prática que procurou ser uma prática anarquista dentro de uma instituição que não tem nada de anarquista mas que eu acho que é perfeitamente possível que cada um de nós né Na medida do possível pense e Produza eh essas práticas dentro de uma instituição Universitária como a Unicamp como as Universidades públicas brasileiras próxima por favor Márcio Obrigado professora Antes de ler a pergunta vou fazer dois agradecimentos até pro professor dar uma beber água com tranquilidade para não ser uma coisa Industrial aqui porque aqui a gente não
quer trabalhar com exploração de ninguém a agradecer a Mara Mara do jeps da uns da Unesp Marília liderada grupo liderado pelas professoras Ana Augusta e Maria Cândida E ela diz que o pessoal tá em peso lá em Marília assistindo a aula Obrigado Mara e um agradecimento especial a Ana Paula André que tá né nos ajudando aí respondendo as perguntas no chat também de de maneira voluntária que mostra que o nosso curso aí tá desenvolvendo a capacidade da gente também construir soluções conjuntas às vezes até mesmo sem eh alertar as pessoas né Elas fazem respondem e
ajudam a equipe aí de mídias também a fazer este curso próxima pergunta é Qual é a concepção de liberdade do anarquismo Márcio essa questão Eu já respondi durante a exposição se se puder passar paraa próxima claro uma parte do indivíduo não deve ser massificada já que temos necessidades em comum não é ilusão incentivar realizar todas as potencialidades sendo que dependemos de condições de subsistência eh Essa é também uma outra questão que eu comentei que De algum modo eu tentei tangenciar eu não sei se eu respondi tão diretamente quanto anterior mas em em vários momentos eu
fiz alusão a essa relação entre o indivíduo e o coletivo o o que é massificado o que não é massificado eu considero que podemos passar paraa seguinte próxima pergunta se não há controle no processo de ensino barra aprendizagem como as relações de exploração a percepção de pertencimento barra nacionalidade e a moral Cristã por exemplo perduram eh eu acho E aí eu fico no ponto do achismo eu acho que elas perduram porque nós permitimos que elas perdurem primeiro primeiro aspecto e segundo aspecto elas perduram porque muita gente quer que elas perdurem esse era um aspecto que
eu abordaria na terceira parte a qual eu não cheguei né Eh porque eh quando eu eu eu ia trabalhar né com vocês a ideia de que do meu ponto de vista o o fundamentalismo é o grande problema do nosso tempo que precisa ser enfrentado eh e o fundamentalismo é de diversas ordens de diferentes ordens e uma das ordens do fundamentalismo é o fundamentalismo religioso que no Brasil se apresenta como um fundamentalismo Cristão principalmente de natureza evangélica isso não significa que todos os cristãos evangélicos brasileiros são fundamentalistas mas nós temos um corpo importante de cristãos evangélicos
brasileiros fundamentalistas que se eh caracterizam justamente por afirmar aquilo que eles pensam como verdade como verdade absoluta e como verdade para todos né Eh não é eu eu particularmente sou ateu graças a Deus né Eh mas eu não quero impor o meu ateísmo para ninguém eu não escrevi como Sebastian for um livro intitulado 12 provas da inexistência de Deus para mim Deus não existe isso me basta eu não quero convencer ninguém de que Deus não existe não me interessa interessa para mim na minha relação com a religiosidade não sou religioso Ponto final Me resolvo assim
respeito às pessoas que são religiosas né acho que é um direito de cada um agir da forma como quer agir né mas eu também não quero que as pessoas religiosas imponham para mim a concepção religiosa delas eu não quero ser salvo né prefiro arder no fogo do inferno eu brinco com as pessoas sobre isso né Eh tô aqui já eh mais próximo da morte do que muitos de vocês né a gente nunca sabe né a proximidade que cada um tem da Morte mas obviamente com mais idade a gente tem mais chance eh e não me
preocupa absolutamente nada eh o que vai acontecer comigo depois de morrer Até porque eu acho que não vai acontecer nada eu sou profundamente materialista morri morri acabou ponto final e eu não quero ser salvo eu não quero a salvação de ninguém mas os fundamentalistas querem me salvar né e eu acho um profundo egoísmo da parte deles né eles dizem isso Dizem afirmam a salvação do outro por solidariedade mas eu acho que é um profundo egoísmo né eu defendo o meu direito de não ser salvo né eu defendo o meu direito de morrer em paz né
e acabar com a minha existência ou se for o caso se existir alguma coisaa eh depois da vida eh de ser punido por isso já que eu vivi como se nada existisse não tenho problema nenhum se eu for enfrentar essa punição a enfrentarei de bom grado prefiro enfrentá-la do que ser salvo por aqueles que querem me salvar Eh agora eh bom desculpem né tô acabando de fazer por fazer um discurso aqui que não não vem muito ao caso né mas eh eu acho que Justamente esse tipo de coisa perdura porque há uma pressão social muito
forte para que isso perdure porque isso está profundamente relacionado com as relações de exploração relações de exploração econômica de exploração política e de exploração religiosa essas coisas não estão separadas né então é justamente por isso que me parece que nós precisamos ter uma educação que eu chamaria na última parte da exposição de anárquica para enfrentar eh esse contexto né um processo educativo que nos ajude a lutar contra esse processo instituído eh que eh perdura e que vai continuar perdurando a gente não pode ter a ilusão de que a gente vai conseguir vencer isso com facilidade
acho que isso vai continuar perdurando né E isso eh eh perdura justamente porque não existe controle no processo de ensino aprendizagem né não é porque tem alguém no controle que isso tá acontecendo né Eh isso tá acontecendo porque esses discursos são muito atrativos para um grande número de pessoas Acho que podemos passar pra próxima por favor muito obrigado Professor Vamos à próxima pergunta agradecendo a todos que estão comentando no chat o pessoal gostou muito do so atu graças a Deus teve diversos comentários mas as questões da parte do chat a nossa próxima pergunta é se
nosso contexto de autoritarismos exploração e e opressão podemos pensar a liberdade solidariedade eem novas pedagogias em um contexto contrário seria possível recair em autoritarismo barra exploração eh essa é uma outra questão muito interessante né as questões todas são bastante eh interessantes né E provocativas e essa eh em especial né porque eu concordo plenamente com aquilo que é afirmado como pergunta eu colocaria como afirmação né Eh num contexto de autoritarismo a gente defende uma perspectiva não autoritária Isso significa que se a gente construir uma sociedade antiautoritária uma sociedade anarquista é muito provável que nessa sociedade anarquista
talvez exista aqueles que defendam o autoritarismo e a exploração né Eh um exemplo né que eu já de algum modo comentei aqui durante a minha exposição eu eh cresci e fui educado durante a ditadura aqui no Brasil e eu não tenho dúvida de que a o meu interesse pela Liberdade tem a ver com o fato de eu ter sido eh objeto de uma educação autoritária então por exemplo desculpem né um outro exemplo particular pessoal mas eh quando eu era eh estudante do Ensino Fundamental numa escola pública aqui de campinas da Periferia de Campinas nós tínhamos
aula de música olha que coisa interessante né 1970 e qualquer coisa tínhamos aula de música na no ensino fundamental eh em Campinas mas a minha professora de música nos ensinava a cantar o hino nacional brasileiro hino a bandeira e aqueles outros hinos todos e ela tinha uma régua de madeira desse tamanho bom eu era muito Pequenino menor do que sou hoje né muito pequenininho ah a sala de aula tinha um tablado e eu me lembro que ela chamava cada um de nós para ficar em pé no tablado ao lado dela olhando pra turma e cantar
o hino nacional se a gente errasse a letra ou desafinar tomava reguada né Isso era a nossa aula de música aprender a cantar o hino nacional e apanhar se cantasse errado né seja musicalmente desafinando seja errando a letra por isso eu jamais canto o hino nacional brasileiro primeiro porque enquanto anarquista eu sou um internacionalista eu não me compreendo como eh Brasileiro né aquela canção dos Titãs cantada pelo Arnaldo Antunes né Não sou de Brasília não sou do Brasil nenhuma Pátria Me Pariu né não sou brasileiro não me considero brasileiro me considero alguém do mundo o
fato de eu ter nascido no Brasil foi um mero acaso né não defendo a grandiosidade desse país não acho que o Brasil está acima de tudo assim como não acho que Deus esteja acima de todos eh e portanto eh não exalto o Hino Nacional Brasileiro não Torço pela Seleção Brasileira de futebol não uso camisa amarela da CBF né e coisas que o Valha né mas por exemplo na condição de professor na condição de eh coordenador diretor acadêmico de instituições no Brasil eu participei de inúmeros atos de formatura por exemplo de estudantes Nos quais invariavelmente se
toca o hino nacional se canta o hino nacional e nesses atos públicos Nos quais eu participei eu sempre exerci o meu direito de não cantar a do hino nacional com o perdão da expressão né para mim o hino nacional brasileiro não diz absolutamente nada por quê Porque ele foi incutido em mim ou se tentou incutir em mim de uma forma autoritária e com a minha personalidade antiautoritária eu reajo a isso de um determinado modo então desculpem o o o exemplo mas eu poderia passar por inúmeros outros para falar disso né justamente para dizer que a
gente reage à situações que a gente vivencia né E se a gente pensa lá no anarquismo do século XIX eh os caras estavam absolutamente convencidos de que a criação de uma sociedade anarquista seria tão boa para todos os seres humanos que ninguém reclamaria de viver numa sociedade anarquista eu particular ente acho que essa é uma ingenuidade grande né a sociedade é algo que se compõe dos indivíduos dos das singularidades portanto a gente vai ter as diferenças convivendo e a a o equilíbrio social vai ser sempre um equilíbrio de forças eh com algumas forças se impondo
sobre outras forças Então acho que aqueles que defendem a liberdade e a igualdade e a solidariedade vão estar sempre tentando impor eh essa dinâmica de liberdade igualdade solidariedade contra aqueles que defendem a não liberdade a desigualdade a não solidariedade o que a gente espera é que numa sociedade eh que não seja atravessada pelo autoritarismo e pela exploração essas pessoas estejam Em menor número né E que elas tenham o direito de tá ali Ten o direito de se expressar mas que a gente consiga mantê-las eh distanciadas do contexto de se tornarem hegemônicas na socied mas eu
não tenho a a ingenuidade de achar que a gente não teria esse tipo de perspectiva né então eu concordaria com aquilo que tá enunciado na pergunta né se a gente conseguir em algum dia em algum momento eh eh instituir uma sociedade libertária que eu também não sei se é esse o caso eu acho que o o anarquismo Hoje ele se preocupa menos com uma sociedade libertária Futura do que com aquilo que a gente pode viver libertari aqui e agora num contexto que não é libertário né Eu acho que é as transformações que a gente pode
provocar na nossa vida e na nossa relação com os outros aqui nesse Brasil autoritário no qual a gente vive isso é mais importante do que a gente projetar uma sociedade futura eh mas eh eu quero crer que eh se vivêssemos uma sociedade futura eh absolutamente antiautoritária não podemos ter ilusão de que não houvesse opositores a essa autoridade né Aliás o hoje a gente vê que nessa sociedade na qual a gente vive o conservadorismo é muito maior do que a gente gostaria que fosse né e acho que é é isso que a gente tem vivenciado ultimamente
né a o crescimento dos movimentos conservadores próxima por favor obrigado Professor Silvio muito debate no chat isso é importante visões perspectivas diferentes para que a gente possa obviamente construir aí uma educação para a emancipação da classe trabalhadora e mandar um abraço para munana que tá nos assistindo lá de Moçambique da Universidade lá de Moçambique deixou um recado aqui então um abraço a todos os moçambicanos que estão nos assistindo pedindo já para o pessoal aí da Unicamp se preparar l a última pergunta que foi enviada pelo formulário e depois passar para o nosso comitê central que
está aí na UNICAMP para eles fazerem as perguntas última pergunta do formulário permanente é quais são os as principais diferenças que podemos apontar para a distinção do anarquismo da pedagogia libertária e da pedagogia histórico-crítica e enquanto responde quando for passar a palavra apertar para ligar o microfone para eles estarem colocando foco de quem vai est falando tá bem bom essa é a pergunta mais fácil de responder porque a minha resposta é não sei né Eh acho que vocês estudam a pedagogia histórico-crítica e teriam muito mais condições do que eu para responder né a partir de
conhecer um pouco a a pedagogia libertária estabelecer comparações com a pedagogia histórico-crítica Eu não me sinto em condições de de fazê-lo eh obviamente eu conheço alguma coisa da pedagogia histórico-crítica não sou um desconhecedor absoluto do do do da proposta da da pedagogia histórico-crítica mas eh eu não teria condições de fazer uma análise eh séria né de aproximações e diferenciações entre a pedagogia libertária e a pedagogia histórico-crítica eu diria para vocês apenas o seguinte eu acho que elas partem eh de duas dimensões teóricas distintas né que tem eh projetos comuns mas que são distintas não é
a pedagogia anarquista parte Então dessa visão anarquista de que é fundamental destruir o estado e a pedagogia histórico-crítica parte de um referencial marxista gramano que pensa a a relação com o estado de outra maneira que também tem no horizonte a destruição do Estado né mas eh isso tá no horizonte não tá no na destruição imediata do Estado então tem toda uma outra construção né de como eh produzir primeiro a a a conquista do estado pela classe trabalhadora para que a gente possa depois eh fazer a paulatina eh de eh dis solução do Estado né Eh
então com esses princípios políticos totalmente diferent enquanto tática porque enquanto objetivo é o mesmo né a gente almeja a mesma sociedade comunista né a mesma sociedade onde todos são iguais onde não exista a propriedade privada onde não existe exploração eh mas como as táticas de luta políticas são distintas a as perspectivas pedagógicas também se desenham como perspectivas pedagógicas distintas né mas eu acho que há aproximações se a gente pensar eh na eh naquela que questão que já foi citada aqui em uma das falas do do Márcio eh na Perspectiva do professor demal saviani eh alicerçado
em gramich quando afirma que é fundamental que a classe trabalhadora domine eh os mesmos conhecimentos que a a classe dominante domina para que isso para que seja possível eh esse embate entre o o a classe trabalhadora e a classe dominante eh eu diria que os anarquistas também concordam com essa perspectiva Então nesse aspecto de difusão cultural né a aquilo que eh em termos da pedagogia libertária o Paul roban eh chamou de educação intelectual e que foi eh eh na qual ele foi acompanhado pelos pelos demais que eu citei aqui Ah também no campo da educação
intelectual Se tinha essa ideia de que os trabalhadores deveriam dominar a a cultura produzida pela humanidade o conhecimento produzido pela humanidade porque o conhecimento produzido pela humanidade não pertence a uma classe o conhecimento produzido pela humanidade pertence a todos né E se a gente defende uma sociedade justa nessa relação de justiça social esse conhecimento deve pertencer a todos deve ser distribuído a todos então a escola deve ser o local de acesso eh a esse conhecimento para todos não apenas para uma classe né Isso tá presente por exemplo na crítica que prudon fez da da educação
francesa lá na década de 1840 1850 né quando ele dizia há na França duas escolas eh Há uma escola paraos filhos dos burgueses que faz essa transmissão da cultura Universal mas há uma escola pros filhos dos Operários que forma os filhos dos Operários apenas pro burguês não passar vergonha quando se encontra com um filho de um operário eh e perceba que ele mal consegue falar que ele mal consegue se pronunciar que ele não consegue escrever então pros filhos dos Operários a nossa escola ensina apenas os R entos de uma educação para que eles pareçam humanos
assim como os burgueses são humanos né Isso é mais ou menos tô aqui Citando de cabeça né É mais ou menos a direção da crítica que o prudon faz no que a gente pode então eh eh concluir que também pro prudon ess esse domínio da cultura Universal produzida pela humanidade é fundamental paraa classe trabalhadora então é fundamental na pedagogia libertária Então eu acho que a gente poderia aí estabelecer eh aproximações interessantes eh mas também distanciamentos táticos importantes entre a pedagogia libertária e a pedagogia histórico-crítica que demandaria um tempo de estudo para fazê-lo que eu infelizmente
não tenho como eh dizer eh a fundo para vocês Comandante zeso por favor nós não estamos ouvindo se eu se Márcio agora vamos vamos passar a palavra aqui para os colegas que que pediram né eu desligo o meu o meu microfone você liga o seu vamos lá enquanto a câmera tá se movimentando Essa é a turma da disciplina de do programa de pós-graduação da faculdade de educação da Unicamp vendo o Professor Régis lá já mandando um abraço vamos à pergunta eh Bom dia professor meu nome é alanes eh como eu disse a minha pergunta ela
é relativa um pouco ao que o professor acabou de comentar eh e justamente me chamou muita atenção essa importância que o pro Dom atribui a transmissão cultural a transmissão dos dos conhecimentos né eh e aí pensando também um pouco na questão eh do outro texto né que o delus ele fala sobre uma educação para além da arqué né Para Além desses princípios que nós temos na na escola hoje né Eh eu queria perguntar a partir da perspectiva libertária de educação e atribuindo essa importância à transmissão eh dada que existe essa importância mesmo na educação libertária
de passar esses conhecimentos como é que eles seriam organizados né porque a gente sabe nas experiências do século XIX existia toda uma integração ali eh da da educação moral educação intelectual educação para o trabalho e eu queria saber em relação à atualidade né aí partindo da perspectiva mais do do século XX como é que se organizariam esses conhecimentos dentro de uma educação libertária Obrigado alanes isso obrigado mas você me quebra as pernas totalmente porque para responder decentemente sua pergunta eu teria que falar umas 3 horas né mas eu vou tentar aqui em 2 3 minutos
eh pelo menos dar algumas linhas né pra gente pensar isso eh eu acho que primeiro você oferece um um dos aspectos importantes que é a gente olhar para pras experimentações lá do Paul roban e dos demais né porque uma das coisas que eles fizeram Foi mudar radicalmente a noção de currículo n eh e aí o que que a gente aprende com eles de interessante em relação a essa dimensão do currículo e que o currículo eh não deve ser o mesmo currículo para todos os conhecimentos devem todos acessíveis para todos mas cada estudante deve ter a
possibilidade de traçar o seu próprio percurso o seu próprio currículo tá então vejam há uma diferença entre dizer que todo mundo deve saber tudo e a diferença e e e dizer que tudo deve estar disponível para ser conhecido e cada um vai escolher o seu percurso nesse nesse aprendizado né então acho que primeiro a as experimentações lá do século X começo do X enfatizaram isso né é diferente da escola tal como a gente conhece porque a escola tal como a gente conhece oferece um currículo fechado né determina um currículo fechado e um currículo massificado né
para usar a expressão que foi colocada numa outra pergunta lá atrás né um currículo massificado que é o mesmo para todos por quê Porque ele parte do princípio que foi enunciado pelo comênio lá no século X de que é possível ensinar qualquer coisa a qualquer um né É possível ensinar tudo a todos né o Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos da didática Magna do comênio né a educação eh eh moderna se baseia nesse princípio né todo mundo pode aprender qualquer coisa né então todo mundo pode aprender qualquer coisa e todo mundo aprende
no mesmo tempo e todo mundo aprende igual e e a gente parte desse princípio E aí a escola falha por quê Porque isso não é verdade né Nem todo mundo aprende ao mesmo tempo e nem todo mundo aprende as mesmas coisas né alguém é bom em matemática mas não é bom em português mas na escola não importa ele ser bom em matemática ele tem que ser bom em matemática e bom em português né tô tomando aqui dois exemplos aleatórios tá eh então a gente impõe que todo mundo aprenda as mesmas coisas ao mesmo tempo e
na pedagogia libertária não na pedagogia libertária Ah o que eles defendiam é que a escola deveria oferecer e possibilitar o acesso a todo o conhecimento para todos mas Cada um ia traçar a sua abordagem a esse conhecimento e se Valeria na abordagem a esse conhecimento justamente dos processos de solidariedade porque eles aprenderiam não apenas com o professor mas também com os colegas né Isso é uma uma eh influência forte que a gente vê no pensamento e na prática do Paul roban de um socialista eh francês do início do século X que foi o Charles fourrier
Charles furrier tem reflexões interessantíssimas sobre educação no qual há um processo absolutamente autônomo de aprendizado por cada criança por cada jovem né e o roban de algum modo leva isso para para sampi para sua e para sua teoria pedagógica né e eu acho que isso é uma das coisas para as quais a gente deve olhar hoje né Eh E se a gente junta isso com o pensamento do Deus eh e aí por isso que eu disse que eu precisaria de mais umas TRS horas para falar disso porque o o traz uma uma reflexão muito interessante
não em termos de educação porque ele não pensou isso em termos de educação eh que é a o conceito de rizoma e eu há muito tempo atrás já escrevi alguns textos propondo que a gente pensasse o currículo como rizoma né O que que significa bom tentando falar muito rapidamente né o o rizoma é uma forma de interação não hierárquica e não autoritária entre a diferentes pontos eh o delus vai dizer que normalmente a gente pensa segundo a imagem de uma árvore A A A árvore é um tem uma perspectiva hierárquica né você tem a raiz
Você tem o tronco Você tem os galhos E você tem uma circulação pela árvore mas a gente vai pensar que por exemplo a filosofia é a raiz do conhecimento A ciência é o tronco do conhecimento né a os diferentes Galhos são as diferentes ramificações científicas né essas imagens São eh comuns né tô aqui traduzindo eh rapidamente né Eh só que se a gente pensa na forma de uma árvore há uma hierarquia né você então tem e partir da filosofia partir passar pela ciência para chegar nas especializações né Você tem uma hierarquia E você tem uma
forma de produzir a comunicação entre os diferentes Ramos da ciência e essa forma é qual é passar pelo tronco necessariamente tá o rizoma é uma outra imagem que o delus vai utilizar porque ele vai dizer que as coisas se conectam das de infinitas maneiras Então os diferentes conhecimentos né se interconectam e a as conexões entre os conhecimentos produzem nós produzem eh pontos de intersecção se a gente pensa o currículo como rizoma a gente vai pensar um currículo não hierárquico né então eu posso entrar no rizoma por qualquer ponto eu não preciso entrar pela raiz ou
entrar pelo galho eu posso entrar por qualquer ponto e qualquer ponto do rizoma pelo qual eu entre me permite conexão com qualquer outro ponto do rizoma né então é uma forma distinta da gente conceber o currículo e que permitiria que cada estudante cada criança cada jovem cada adulto Seja lá que que nível de educação a estiver pensando fizesse o seu próprio percurso curricular por uma um universo curricular que é o mesmo para todos tá disponível para todos mas cada um vai fazer o seu próprio percurso e a depender do percurso que você faz os resultados
que você produz são diferentes né eu comentei com vocês atrás que antes de estudar filosofia eu estudei química eu era químico eu não tenho dúvida nenhuma né que a o fato de eu ser químico quando eu fui estudar filosofia me fez perceber a filosofia de uma maneira distinta que colegas meus percebiam a filosofia porque a minha entrada paraa filosofia era diferente da entrada dos outros né Eu estudei na PUC muitos dos meus colegas ou eram seminaristas eh ou eram pessoas ligadas à igreja e eu não né já naquela época era desgarrado totalmente né eh e
aí a concepção de filosofia era distinta o percurso pela filosofia era distinto o que eu produzi em filosofia é diferente do que meus colegas produziram em filosofia né e eu acho que isso vale pro currículo escolar como um todo né Eh Então veja é é um assunto que a gente poderia desenvolver aqui muitíssimo mas eu acho que esse é um é um caminho né pensar nessa imagem do rizoma que o delus eh produz né não em termos de educação Mas se a gente atrás pro campo da educação eh e olha paraas experimentações anarquistas do século
XIX a gente tem um caminho interessante aí para pensar esse ensino que é esse aprendizado desculpe que é singular que é de cada um mas que tá relacionado com o todo com esse essa multiplicidade que é o todo não sei se ajuda muito mas é o que dava para dizer agora obrigado bom Bom dia eh eu gostaria de agradecer Professor pela brilhante exposição e eh eu tenho na verdade algumas perguntas não sei como é que a gente fica em termos de tempo né mas eu vou fazer e o professor fica à vontade para escolher o
que que responde eh primeiro eh logo no no início do texto o senhor fala sobre a o fato de que as propostas pedagógicas lá do século XIX e do século XX estavam marcadas por uma por um projeto humanista moderno né fiquei gostaria que sen pudesse falar um pouquinho mais sobre esse esse projeto que que seria esse projeto humanista moderno ã depois eh eu fiquei pensando numa questão que o senhor coloca quando em uma nota de rodapé quando tá falando acho que do delz sobre eh uma concepção eh pedagógica sem sujeito uma concepção pedagógica sem sujeito
acho que é uma coisa que senhor fala ali na numa nota de rodapé eu fiquei pensando nisso não é É uma pergunta na verdade que se termina a nota fazendo essa pergunta como pensar em uma concepção pedagógica sem sujeito que também fiquei curioso pela pergunta adiciono essa pergunta uma outra né Por que é preciso pensar uma concepção pedagógica sem sujeito não é nesse contexto E aí finalizando como que a gente pensa eh em uma autonomia em uma formação social capitalista considerando que a escola é um aparelho ideológico de estado né Assim como que a gente
lida com isso n é seu nome desculpa eu sou Adelson Adelson Adelson desculpa eu tenho um problema de audição É sério isso agora não é piada não não não ouço tão bem então adelton Obrigado eh bom São perguntas complexas também interessantíssimas que me dão vontade de falar mais umas 3 horas eh eu gosto muito de sala de aula e até comentei com Régis isso quando nos encontramos aqui de manhã a coisa que eu mais sinto falta nesses meses que eu estou aposentado é a sala de aula porque sala de aula é um lugar que eu
sempre gostei muito e gosto muito de estar em sala de aula e como eu tô longe da sala de aula voltei aqui hoje para para dar essa aula vocês já perceberam que eu quero fazer um semestre inteiro Numa manhã só né então desculpem alugar os ouvidos de vocês com com isso né mas vamos vamos lá vou tentar eh naquilo que é possível porque são questões complexas que você tá trazendo do campo da filosofia eh e que eu tento me aproximar delas e puxá-las pro campo da filosofia da educação né E aí vamos ver se eu
consigo deixar um pouquinho mais claro pelo menos né Eh primeiro por projeto humanista moderno eh eu tô aqui eh dizendo um pouco eh daquilo que é o que a gente chama de modernidade filosófica que é um projeto que eh se inicia no Renascimento eh com filosofias extremamente importantes e interessantes e super desafiadoras que partem tem do projeto humanista né O que que os humanistas renascentistas fizeram em contraposição a cultura medieval eh Cristã eh o que que eles propuseram contra a a os a centralidade teológica o que que eles propuseram colocar o ser humano no centro
colocar o aquilo que na época eh sem nenhuma perspectiva de gênero se dizia o homem né Eh claro que por o homem entendendo Claro não né a gente talvez entendendo o homem e a mulher mas muitos deles entendendo o homem mesmo sem deixando a mulher de lado mas eh colocar o homem o ser humano no centro eh das preocupações e no centro do universo né então em tirando Deus do centro colocar o homem no centro o que não significa que esses autores eram anti teológicos né eles só não queriam que Deus fosse o centro né
eh e aí você vai com construir toda uma filosofia outra em contraposição a filosofia medieval que era uma filosofia eh teologicamente centrada né a gente vai ter uma filosofia humanistic centrada né E a gente vai ter figuras como a do eh Erasmo de Rotterdam por exemplo a gente vai ter figuras como eh a do Michel de montain na França o Erasmo na na nos países baixos na Holanda né o montain na França eh O Thomas Morus na Inglaterra por exemplo eh construindo essa dimensão do humanismo moderno que vai atravessar toda a filosofia né Isso aus
tá falando de século X quando a gente chega no século X com o descart que vai ser aquele que introduz a a filosofia moderna o descart é o sujeito é o sujeito que introduz a noção moderna de sujeito eh quando eh já disse isso aqui quando afirma né Eh eu penso portanto eu sou né ou da forma como a gente tá acostumado a a a traduzir né penso logo existo né o cogito ergosum como o decart escreve em latim né eu penso portanto eu sou né O que dá a substância da minha existência é o
pensamento é o fato de que eu sou um ser pensante né Eh que dá a substância do meu pensamento e é essa noção moderna de sujeito aliada com a perspectiva humanista que vai atravessar de forma hegemônica o pensamento moderno né tô tentando aqui em poucos nós né resumir e esse projeto filosófico moderno esses autores do final do século XX que eu citei aqui eh o que eles tentam fazer eles tentam justamente sair desse contexto né então quando eles fazem a crítica do humanismo é a crítica para dizer precisamos tirar o ser humano do centro do
do do do do processo por quê porque eh o ser humano é uma construção histórica aquilo que a gente chamava de humano no século X é diferente do que o descart chamou de humano no século X é diferente do que Kant chamou de humano no século XVI é diferente do que os anarquistas chamaram de humano no século XIX do que Marx chamou de humano no século XIX e é diferente do que nós chamamos de humano Hoje começo do século XX um por quê Porque isso vai passando por transformações importantes né o ser humano é um
conceito né e os conceitos se transformam historicamente então tirar a centralidade do ser humano é tirar a universalidade do ser humano é não compreender o ser humano como Universal mas compreender o ser humano como materialidade concreta e não como universalidade primeiro e segundo também tirar a universalidade do sujeito porque o sujeito moderno é esse sujeito cartesiano capaz de dizer eu eu penso portanto eu sou mas do mesmo jeito que eu digo isso cada um de vocês também diz né então o projeto moderno de sujeito é essa coisa que ao mesmo tempo é individual e Universal
né o sujeito é aquele que diz eu mas esse dizer eu é para todos todos nós podemos dizer eu sou eu penso eu sou né então eu sou um indivíduo mas esse indivíduo que eu sou é a realização de uma universalidade do que é ser humano e do que é ser sujeito que está presente em todos nós tá não sei se isso fica razoavelmente Claro para vocês e esses filósofos do final do século XX querem quebrar com essa noção de sujeito o Del tem um texto interessantíssimo que é um texto de três páginas curtinho inho
que tá numa das coletâneas de textos dele que é uma na verdade é uma carta que ele escreveu Alguém escreveu para ele perguntando como é que você entende a a questão do sujeito e aí ele escreve uma carta respondendo então o texto foi publicado com o título resposta a uma questão sobre o sujeito e tá no livro Deixa eu ver se eu me lembro acho que é a gente tem dois livros que são reuniões de textos do delus eh um deles se chama a ilha deserta e outros textos e outros se chama dois regimes de
loucos e outros textos eu acho que esse tá no segundo volume que é dois regimes de loucos Tá mas posso estar enganado pode estar no outro então Eh mas é é esse texto vocês procur encontram inclusive na internet né se buscarem eh resposta a uma questão sobre sujeito que o delz diz o o conceito moderno de sujeito respondeu super bem ao problema filosófico da modernidade que era o problema de articular individualidade e universalidade porque o sujeito do conhecimento é esse sujeito eu conheço o que todo mundo pode conhecer individual Universal e o sujeito político eu
sou sujeito Eu voto ser sujeito significa Eu voto eu posso ser votado porque essa é a condição que tá posta para todos nós nas democracias modernas n ser cidadão é ser capaz dear tá e de ser votado né Qualquer um de nós pode ser candidato a qualquer coisa se cumprir as leis do do país evidentemente né Eh Se não cumprir também né porque tem vários que não cumprem mas eh eh é essa tô tentando dar esse exemplo pra gente entender essa articulação entre particular individual e Universal e o Del diz bom conceito moderno de sujeito
atendeu bem a isso só que o nosso problema hoje na contemporaneidade não é mais o problema de articular o eh individual e Universal é o problema que tem relação com a singularidade e a multiplicidade Portanto o conceito de sujeito já não resolve E aí o delus diz o seguinte é essa é a posição dele tá ele diz o seguinte quando um conceito já não responde àquilo que a gente precisa a gente deve jogar esse conceito fora e buscar outro conceito que eh nos permita trabalhar as questões que a gente precisa trabalhar e aí o que
que o Del nos diz hoje o conceito de sujeito não nos ajuda a pensar o conceito de sujeito que é o conceito moderno de sujeito nos atrapalha ele não nos ajuda ele nos atrapalha então é preciso pensar outra coisa no lugar do sujeito a outra coisa que o delus vai pensar no lugar do sujeito é a singularidade que eu palavra que eu usei aqui algumas vezes tá E essa singularidade que é atravessada pela noção de individuação do Simon tá eh e aí quando eu falo então né A tiado no The a pensar uma pedagogia sem
sujeito é pensar uma pedagogia que não lide com a concepção moderna de sujeito esse sujeito Universal capaz de dizer eu mas pensar essa singularidade por compreender por concordar com o theus né que a articulação entre individual e Universal não é o problema filosófico do nosso tempo né eh e aí quando você pergunta por que né pensar uma pedagogia e sem sujeito por isso né Por compreender que o movimento filosófico hoje é de outra natureza ele nos pede outras articulações que não essa articulação agora os pensadores e militantes anarquistas e pedagogos anarquistas lá do século XIX
ainda estavam nessa dimensão de pensar o sujeito da articulação do individual com Universal né a pedagogia anarquista do século XIX é uma pedagogia humanista de afirmar as potencialidades do homem só que se isso hoje já não diz mais respeito ao nosso mundo aos nossos problemas e as nossas questões e a a dimensão Então seria desse trabalho necessário de pensar de outras formas para pensar outras maneiras de como educar hoje e de como produzir uma educação hoje que possa significar a emancipação Não essa emancipação como mas uma emancipação como produção política do do dia a dia
uma revolução né que ess essa é uma outra perspectiva colocada pelo del uma revolução que já não é a revolução com R maiúscula que vai destruir o estado e instituir uma sociedade anarquista no dia seguinte brincando de novo com essa coisa né que obviamente não é assim mas o que ele junto com Félix gatar que escreveram muito juntos de revoluções moleculares de revoluções com R minúsculo revoluções moleculares pequenas revoluções que vão sendo feitas no dia a dia né E que vão produzindo transformações e que vão estabelecendo outros ritmos de transformação e que podem nos levar
para outros caminhos que pode até ser lá no no no no futuro de uma revolução Com r maiúsculo né mas não é esperar a revolução Com r maiúsculo que tá lá na frente é produzir a revolução cotidiana produzir a revolução no dia a dia é por exemplo combater o fascismo aí me permitam falar disso porque tem a ver com a questão do fundamentalismo né porque eu não disse isso mas digo agora fundamentalismo é o outro nome do fascismo e vice-versa né os fundamentalistas são fascistas e os fascistas são fundamentalistas eh eh combateu o fascismo não
é combater o fascismo que tá lá fora combater o fascismo antes de tudo é combater o fascismo que tá dentro de cada um de nós é combater o fascista que existe dentro de cada um de nós o Del gatari também escreveram muito sobre isso nos anos 70 e 80 né Eh o sujeito é um líder sindical por exemplo que vai lá pras assembleias do sindicato eh e faz o maior discurso emancipatório revolucionário e etc e chega em casa dá porrada na mulher né o cara é profundamente fascista nas suas micro relações bate nos filhos eh
é super autoritário com os filhos né Ele é fascista nas suas relações eh Domésticas em casa mas ele é o grande revolucionário eh na Assembleia do sindicato né el bom a gente tem que começar combatendo esse fascista que tá dentro de cada um de nós porque gostemos ou não tem um fascistinha dentro de cada um de nós que a gente tem que segurar muito bem Domado lá dentro porque ele tá o tempo todo querendo pular para fora e querendo eh se transformar no no no fascist que tá aí fora né então isso faz parte disso
que eles chamaram de revolução molecular né fazer esses combates eh eh eh cotidianos desculpem no dia a dia eh contra si mesmo muitas vezes para permitir que a gente vá produzindo diferenças e produzindo mudanças e produzindo transformações que nos levem a uma possibilidade emancipatória que nos permitem ser de outros modos eh diferentes daqueles modos que nós somos e que são impostos para nós para que nós sejamos assim vou aproveitar a sua pergunta não sei se eu já respondi tudo ou se ou pelo menos coloquei alguns caminhos mas vou aproveitar porque tem aqui um minutinho ainda
eh eh tem um minutinho porque eu tô me atribuindo esse minutinho né Vocês já poderiam ter me deixado falando sozinho há muito tempo eh mas para trazer um outro conceito que eu acabei não falando que tá no Foucault eu falei muito pouco do Foucault e mas que também me parece importante e pra gente reler os anarquistas do século XIX que é o conceito de práticas de liberdade eh eh o Foucault faz a crítica de quando a gente pensa a liberdade como uma substância como uma essência né ser livre é ter uma essência da liberdade e
ele diz que isso não existe quando numa entrevista Perguntaram para ele o que que ele acha das práticas de libertação aí a gente poderia pensar em Freire por exemplo em Paulo Freire né Eh a educação como libertação eh e Foucault diz não existe libertação porque quando a gente fala em libertação é como a gente estivesse numa condição que a gente não é livre e a gente saísse dessa condição de que não é livre e passasse a uma condição onde a gente é livre né então não Éramos livres agora somos livres E isso não existe porque
a liberdade não é absoluta nós nunca somos totalmente Livres porque nós Vivendo em sociedade nós experimentamos relações as mais diversas e nós nunca somos totalmente Livres Então o que nós podemos fazer é construir práticas de liberdade e Podemos construir práticas de liberdade nos mais diferentes nas mais diferentes instâncias então eu diria por exemplo Podemos construir práticas de liberdade na escola não significa a gente partir do princípio de que nós professores Somos livres os estudantes são livres como o rousse por exemplo enunciava né mas dizer que não sendo Livres com essa universalidade da Liberdade nós podemos
coletivamente em conjunto construir práticas de liberdade e o processo de emancipação é esse processo de construção de práticas de liberdade não é um processo de libertação no sentido de sair de uma condição de Total opressão para uma condição de Total Liberdade é lutar contra a condição de opressão para que na luta contra a condição de opressão a gente construa práticas de liberdade possíveis e isso nos nossos locais de trabalho nas nossas escolas na nossa família no nosso meio social seja onde a gente pensar na na possibilidade dessa atuação obrigado obrigado não sou candidato a nada
parece [Risadas] né Márcio Olá professor então passar a palavra agora para o professor zeso que vai fazer aí obviamente os agradecimentos necessários para o nosso palestrante já agradecendo todos aqueles que tiveram aqui conosco eh dando suporte para esse momento professora Jalva o Marcelo Tavares da Unirio passando a palavra para o professor zeso professor zeso por favor Márcio obrigado e obrigado a toda a equipe de mídia que estão aí viabilizando a esta aula né e colocá-la no no YouTube já podem disponibilizar aí a a lista de presença e o código para aqueles que estão eh reiteradamente
pedindo pelo pelo chat né mas também e principalmente agradecer ao professor sgio galo né meu colega meu amigo aqui da da faculdade do departamento né Eh pela sua brilhante aula né Clara aí e é exatamente essa proposta deste nosso curso né Eh que como nos cursos de graduação e licenciaturas principalmente aqueles que estão sendo realizados na atualidade em que mais né 2 ter dos colegas professores são formados por instituições privadas através de iad né portanto cursos que e não possibilitam o mínimo conhecimento das pedagogias né nem hegemônicas e nem contra hegemônicas mas as pedagogias hegemônicas
por osmose elas vão sendo impostas né o nosso objetivo é colocar relevo nas pedagogias contra-hegemônicas aquelas que têm a perspectiva eh emancipatória E é isto que e que articula as diferentes Exposições Desse nosso curso né a ênfase nas possibilidades emancipatórias do indivíduo e do coletivo obviamente né Eh nós sabemos Quais são as nossas diferenças todos que vão est estar ministrando aulas no no curso sabem muito bem as diferenças entre as diversas posturas que vão estar eh eh aqui colocando são diferenças de ordem filosófica portanto nos fundamentos de suas concepções né a nível do método a
nível da teoria né e obviamente enfatizado já pelo professor Silvio de ordem política né É lógico que entre comunistas e anarquistas t diferenças agudíssimo né mas se nós sabemos as diferença nós temos também que saber aquilo que nos dá unidade né Nós hum apesar das Diferenças filosóficas de todos aqueles que vão estar aqui trabalhando sabemos que também há pontos em comum e é este o objetivo deste curso estar colocando olha Eh as diferenças a gente tem que conhecer mas nós temos que buscar neste momento em que as propostas pedagógicas são colocadas de lado e praticamente
há uma única proposta que que é enfatizada nós temos que colocar a emancipação humana e a educação emancipatória como a perspectiva que que nos Uni é esse é essa proposta do do curso né inclusive vocês devem ter observado que há diferenciação hum entre o professor Silvio e o professor Evaldo Pioli né na medida em que eles estão defendendo perspectivas eh anarquistas também diferenciadas Então E é isso que é importante eh o curso possibilitar né aquilo que nas nossas formações nos nossos cursos de graduação não é viabilizado né Eh tanto através das Exposições dando a voz
né para os colegas professores que defendem essas perspectivas quanto a leitura de uma bibliografia que não é trabalhada usualmente nos nossos cursos é e obviamente a maturidade de cada um dos colegas professores país a fora mundo a fora né Elas vão saber qual é o caminho que vão estar optando fazer né Silvio Muito obrigado e a Palavra Final obviamente é sua essa aula é sua e não minha bom obrigado então zeso e obrigado a todos vocês foi uma uma alegria para mim tá aqui nessa manhã vocês viram isso né Acho que tava estampado no meu
corpo a a felicidade de voltar para esse lugar de sala de aula então foi muito bom poder eh não exatamente dialogar com vocês mas ter os ouvidos de vocês alugados paraa minha pra minha fala pro meu discurso eh Muito obrigado e eh comentar com zeso né que acho que é exatamente essa questão né hoje a gente tá num momento que é importantíssimo que a gente sabe saiba aquilo que é comum a nós e que a gente tá junto e sempre esteve junto e deve continuar junto para não se permitir essa divisão que a a a
direita tenta impor sobre a gente né precisamos manter essa essa unidade naquilo que nos é comum para que a luta seja possível porque se a gente se fragmentar e se esfarelar estamos todos engolidos por esse pensamento único da direita que se impõe eh sobre nós né então estamos aí muito obrigado pela oportunidade de estar aqui com vocês e e espero que o curso continue super bem como já vem acontecendo e felicidades para todos vocês Na continuidade obrigado obv obrigado Professor Silvio Obrigado os colegas aí da Unicamp pelas pelas Palmas ajudam a humanizar e obviamente agradecer
excelente aula eh o curso continua semana que vem nós estaremos juntos vou já imediatamente colocar o QR Code e o código para a leitura de todo mundo também me despedindo a partir da semana que vem teremos a como apresentadora a professora Solange zote do Instituto Federal Catarinense apresentando e na próxima na outra semana né daqui a duas aulas nós teremos a professora janed Dalva que vai nos ajudar aí a fazer a apresentação agradecendo a presença de todos Lembrando que lá no site do sted BR estão todas as aulas a próxima aula é a aula 7ete
que vai tratar sobre Paulo Freire e a educação popular e obviamente vamos deixar aí o link na o link para todos no chat para que todos possam acessar o código para que todos possam acessar também agradecendo a presença de todos principalmente aqueles que nos deram retaguarda aí na equipe de mídias para que a gente pudesse realizar essa excelente aula próxima aula Paulo Freire e a educação popular vejam por favor lá no site do sted BR a bibliografia que é indicada né professor Miguel Arroio leituras obrigatórias e leituras complementares já estão disponíveis no site do sted
BR Muito obrigado até a próxima semana uma boa semana final de semana para vocês e um bom início de semana até a próxima quinta-feira [Música] k a [Música] [Música] C [Música] [Música] C [Música] [Música]