Conversas na Biblioteca com José Cardoso Bernardes

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Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Mais um episódio desta rubrica da newsletter da FLUC, o Magazine Vive as Letras!
Video Transcript:
Boa tarde muito obrigado pela pela disponibilidade por esta breve conversa na num espaço bem bem interessante que onde estamos h eu tenho ideia de ter lido um artigo um artigo seu eh relativamente recente de qu C anos mais coisa menos coisa o título era o Ofício do humanista eh e chamou-me particularmente a atenção porque o seor a certa altura e diz algo que me parece pessoalmente bastante bastante interessante e enfim e de uma de uma aidade enorme eh porque escreve a certa altura que não é possível identificar uma época em que o humanista tenha florescido
sem desconfiança eu achei particularmente interessante essa essa afirmação eh e eu pedia-lhe Justamente que eh desenvolvesse um pouco esse esse pensamento tendo em conta os grandes Desafios que hoje são colocados às humanidades e quem trabalha na área das humanidades os humanistas etc que há de facto uma parece que neste mundo super ou hiper tecnológico há uma desconfiança acrescida não é então boa tarde é um um gosto estar aqui consigo e uma palavra de louvor também para esta para estas funções que exerce de forma tão ficada e com um compromisso tão constante eu sou sempre a
favor de tudo aquilo que que nos dê a conhecer e nós precisamos de nos conhecer mais uns aos outros Claro e esta iniciativa e que é uma iniciativa da direção mas que conta com a a sua o seu empenho e é uma iniciativa que me é cara e portanto queria dizer isto logo no princípio E e esse essa frase que destaca vem ao encontro realmente de uma preocupação minha e é uma frase e de consolo quer dizer porque eu eu vejo e conheço e com cerza o meu amigo conhece também muitas pessoas que se dedicam
às nossas áreas e o humanista é uma pessoa que se dedica às letras humanas não é e e e na altura em que a palavra foi cunhada foi cunhada e já está esquecido para se demarcar aqueles que se dedicavam às letras sagradas sagradas eh Isto foi uma revolução enorme quer dizer acreditar que as letras humanas tinham e uma dignidade eh suficiente para que alguém se lhe dedicasse de forma profissional foi uma revolução enorme eu diria eu não conheço outra que se lhe equipare até aos nossos dias eu dizia aí que o o o humanista nunca
floresceu sem desconfiança porquê porque o o o humanista é eh por definição a pessoa que inquieta a pessoa que perturba e pensa contra a maré com uma coragem Idêntica àquele àquela que tiveram os humanistas do século XV Claro não é que que eram pessoas de uma coragem enorme que se respaldavam muito na cultura que tinham mas mesmo assim er uma coragem cívica enorme e por isso os humanistas foram sempre olhados com desconfiança e E isso não é novo hoje em dia temos circunstâncias diferentes e os humanistas e eu tenho a pretensão De me incluir nesse
rol mas incluo também a si portanto já somos dois a suscitar desconfiança nas pessoas os humanistas perturbam justamente porque por vezes contestam eh aquilo que é dado como aceite e é dado como irrevogável o os humanistas antigamente olhavam para textos e e desconfiavam dos textos para onde olhavam corrigiam noos corrigiam noos encontravam significados que não estavam à vista os humanistas eram comentaristas por exemplo comentavam os textos ampliavam o sentido dos textos tudo isso gera inquietação tudo isso gera incómodo olhemos para trás para o século XV olhem para o sécul século XVI e fiquemos no Século
XX e os humanistas foram sempre pessoas que eh perturbaram aquilo que é tido como cómodo e definitivo e foi esse o sentido que eu quis dar a essa frase e é esse um sentido que manté até fico contente por ter escrito isso que já não me lembrava um dos um um dos temas segundo julgo saber enfim que que eu tenho apaixonado a ao longo dos anos é a obra de obra de Gil Vicente alguém que também se incomodava e que se inquietava muito relativamente ao seu tempo e por isso escrevia enfim aquelas farsas que ainda
hoje ainda hoje mantêm Enfim uma uma uma certa atualidade E de resto são são abundantemente ensenadas era alguém também escrevia que olhava criticamente para o seu tempo é verdade eh embora numa perspectiva diferente eh dos humanistas Gil Vicente não era um um humanista no sentido de escola como sado Miranda seu contemporâneo era não mas que não o apreciava muito curiosamente sado Miranda não não apreciava muito nem sa apreciava Gil Vicente e de certeza Gil Vicente retribuir-lhe da mesma forma isso é eu tenho isso como certo mas eu tenho realmente em relação a Gil Vicente uma
admiração eh que me levou a trabalhar sobre ele como sabe mas uma admiração distante eu não gostava de tomar café com ele e Não é isso não não não não é isso é que Vicente era um satirista exato eh e os satirista são sempre pessoas que como é que eu i dizer com quem o convive é difícil com quem o convive é é difícil eh Gil Vicente não é um autor cómico Claro é um é é um autor satírico e nós temos um um especial gosto em privar com com com pessoas que TM um sentido
cómico apurado e já não temos um gosto muito grande com em em em conviver com pessoas de de de de propensão satírica porquê Porque o o satirista é aquele que caricatura real Claro é aquele que olha para esta mesa e vê nela um defeito que nós não conseguimos identificar a missão de Gil Vicente era olhar para o seu tempo identificar os perigos identificar aquilo que estava mal e e dar-lhe um relevo por ventura exagerado mas às vezes é preciso exagerar para prevenir os erros e e é por isso que eu tenho por ele esta simpatia
como conversei há pouco mas uma simpatia por exemplo que não Cria em mim um um desejo grande de de de e tomar café com ele à Baixa porque todos nós conhecemos pessoas que TM esse sentido satírico conhecemos pessoas umdo satírico elevado em quem nós reconhecemos uma utilidade cívica muito grande mas com quem não não gostaríamos de ter assim um um um um convívio prolongado e acido porque se Estamos bem dispostos a receita para deixarmos de estar é encontrarmos um satirista porque esse satirista vai de certeza diz-nos que algo não está a correr bem e a
nossa boa disposição extingue-se ex e portanto o Zil Vicente é um autor Fantástico pela coragem H que demonstra pelo géo sim eh e olhe e até pela capacidade de trabalho não sei se as pessoas têm essa noção e Gil Vicente deixou-nos uma obra de mais de 40.000 versos 40.000 versos em em em escritos em 35 anos a obra de Gil Vicente tem um caráter oficinal sim sim Fortíssimo forss isso para quem hoje não tem hábitos de trabalho muito sistemáticos é digno de uma grande admiração e estava aí sobretudo a digamos a a sublinhar a dimensão
satírica não é que é que é que é indesmentível do na obra Vicentina e ess ocorre-me fazer aqui uma enfim e uma uma uma passagem ou uma ponte muito grande para para a contemporâne idade precisamente também para e a dimensão Se quisermos satírica ou se ou outra forma também para o papel do humor enquanto fator crítico da sociedade da sociedade atual e que muitas vezes coloca questões que à época do Gil Vicente enfim colocavam-se a a um outro nível mas também não não deixavam de se colocar que tem que ver com a dimensão da Liberdade
da liberdade de de de expressão não é até até até onde é que se ir não é como é que olha para estas questões da a sátira humor deve haver eh fronteiras para para a sua para a sua expressão como é que como é que olha para estas para este problema fronteiras eu não diria porque isso limite pressupõe que e sátira se oporia a humor o humor é um patamar diferente do espírito satírico e o humor como a sátira pressupõem um um Digamos um um uma escala de inteligência já muito elevada para nós sermos satirist
ou para exercermos Espírito de humor sobre a a realidade é preciso conhecê-la muito bem claro preciso estudar a realidade muito bem só a partir daí é que podemos H fazer humor e com a realidade sem a conhecermos não conseguimos e e o humor é também uma manifestação de inteligência de e por isso eu eu eu prezo muito as pessoas que têm espírito de humor desde logo consigo próprios que não se levam demasiado a sério e e isso vem de antes do meu Convívio com com Gil Vicente h e fala na Liberdade e eh que é
um tema atualíssimo foi sempre não é quer dizer eh recuemos até aos Gregos e e e e este tema vem de lá e continua h a liberdade sim porque eh voltemos a Gil Vicente sabe como é que termina a obra de Gil Vicente termina com uma peça eh centrada nesse tema eh Floresta de enganos é a última peça dele em 1536 e e no no início surgem duas figuras enigmáticas um filósofo de um parvo eh o filósofo foi amarrado a um parvo e queixando-se eh de que a sua missão de filósofo eh não foi reconhecida
e foi punida ele diz que esteve em em em cárcere em prisão muito tenebrosa tenebrosa justamente porque quer ser Quis ser filósofo ora a missão do filósofo é a de proclamar a verdade e é de não ter receio de fazer para que serve um filósofo não servir para isso E e essa figura que toda a gente identifica com o próprio Gil Vicente S e no fundo encobre o preço que Gil Vicente teve de pagar por esse apego à liberdade de denunciar aquilo que lhe parecia mal Gil Vicente é anterior à inquisição mas os sistemas repressivos
ou o iades da Liberdade da expressão são muito anteriores a todas as inquisições e são muito posteriores à extinção de todas as inquisições condicionar a liberdade da expressão há de ser sempre um propósito de todos os poderes totalitários no tempo de Sil Vicente no nosso tempo e e no futuro mas no futuro daqui a 50 anos cá estaremos depois para fazer para fazer o balanço convidar eh H há pouco referi o nome da de sad Miranda não é que ao contrário diz Vicente enfim teve uma vida bastante mais mais prolongada h o o o sado
Miranda eu creio que de certo enfim claro que é um um escritor completamente completamente diferente mas não deixa também eh em certo sentido eh segundo julgo crer também ser um alg um crítico do do seu tempo não é quer dizer quando ele quando ele num dos seus nos seus poemas diz algo do género de eh e ao sabor da canela se vai o país despovoado não é enfim os termos completamente exatos não são estes mas ao cheiro Ao Cheiro Ao Cheiro da canela exatamente Ao Cheiro da canela Ao Cheiro da canela se vai o país
povoando cana eh enfim que de Castela não vem o não não vem o perigo não é exatamente não não não há o perigo da guerra mas e depois refere o centralismo de Lisboa já à época não é que é uma coisa que que nós hoje tanto discutimos e no fundo já há 500 anos eh enfim ele ele ele ele discorria H há aqui também uma certa uma certa contemporaneidade nisto não é quer dizer portanto ou seja um olhar crítico numa outra numa outra lógica no no outro sentido mas não deixa de ser também muito muito
muito curioso este muito curioso este olhar sem dúvida Gil Vicente e sado Miranda não não não tomavam café juntos portanto certeza absoluta mas convergiam nos mesmos focos de crítica portanto todos eles H viam com maus olhos e as mudanças e que Test testemunhavam e que resultavam eh da expansão designadamente da expansão asiática da expansão asiática que eles eh tinham como descaracterizadora da da missão do reino e sad Miranda só diferia de Gil Vicente na estratégia e no tom mas os focos a que se dirigia eram exatamente os mesmos como como muito bem refere S Gil
Vicente na corte e e sad Miranda fugindo dela exatamente sad Miranda indo para cerca de 60 Léguas aquilo que nós hoje chamaríamos o interior que na altura eh começava a sofrer justamente desse desse flagelo ele também viveu vi em Itália não é desculpa Ah sim sim sim sim portanto andou por Itália eh pelo menos e 5 anos esse período em que S Miranda andou por Itália proporcionou-lhe o cosmopolitismo que era raro e na época não é e e e e deu-lhe realmente a cultura a cultura que lhe permitiu depois escrever uma obra fantástica eh é
curioso que sado Miranda esteja tão desprezado no nosso Canon escolar o nosso Canon escolar não é estudado quer dizer é perfeitamente possível que um jovem uma jovem termine o 12º ano sem nunca se quer ter ouvido o nome dele exato ou se quer ter ouvido o nome de Fernão mentes pino por exemplo que é outro escândalo não é quer dizer talvez o nosso primeiro grande repórter escândalo quer dizer que ouvir o nome di a peregrinação tem tem dezenas e dezenas de Capítulos nenhum deles com com extensão superior a quatro páginas que custava selecionar dois ou
três capítulos e há capítulos tão impressos tão fortes e e e que dizem tanto daquilo que nós somos como como comunidade até o próprio Fernão Lopes As Crónicas do Fernão Lopes São notáveis não é As Crónicas de Fernão Lopes algumas mais do que outras mas so o ponto de vista estilístico e so ponto de vista da língua são insubstituíveis não é mas estávamos a falar eu diria que bastante jornalística sim jornalístico também Ah sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim isso tem eh razão completa ainda hoje os jornalistas têm muito a aprender
com a maneira como sobretudo na crónica de Dom João primeiro na primeira parte se descrevem atos de massas atos de massas como é que a psicologia individual fica anulada comportamento das massas é absolutamente Fantástico há poucos repórteres hoje que consigam fazer aquilo e sobretudo na época que que ele não ficou apena ter só com o olhar com o olhar do Passo Real não é portanto quer dizer essa essa essa essa essa preocupação que ele teve de dar o salto não é E e ter ter o se olhar exatamente que é absolutamente Pioneiro não é completamente
completamente portanto sado Miranda e Gil Vicente não tomava B um café juntos era aquilo que eu queria que eu queria dizer mas eu diria se tivesse havido um intermediário H paciente teoia reconciliado tzia reconciliado e teria convencido um e outro que estiveram muito mais vezes do mesmo lado do que em lados opostos do que em lado eles estavam eh eles opunham-se sobretudo do ponto de vista estético do ponto de vista estético sado Miranda um homem do renascimento um homem de fontes fontes Greco latinas e fontes bíblicas e e Gil Vicente um homem muito mais solto
muito mais ligado por exemplo à tradição do teatro europeu medieval mas um homem muito culto do ponto de vista teológico também muito culto a cultura teológica de Gil Vicente é impressionante ninguém consegue escrever as barcas ou o Alto da Alma as três barcas e o Alto da alma sem conhecer muita teologia onde é que ela foi buscar não sabemos sabemos que S Miranda andou por não sabemos por onde que G viente Andou até chegar à corto em 1502 eh eu tinha pedido ao soutor para trazer enfim à sua e ao seu livre arbítrio e dois
três livros que e por razões enfim que vai que que vai partilhar connosco eh lhe agradam particularmente não sei se a escolha tem a ver com áre com área da do seu trabalho da sua investigação se tem a ver com áreas completamente completamente diferentes eu pedia-lhe que estou olhar para eles e para os livros que trouxe não não consigo ver os títulos aqui mas eu pedia-lhe que e por ordem de preferência ou não que falasse enfim sinteticamente sobre cada um deles e porque a escolha muito bem então o primeiro livro que eu trouxe chama-se crises
das humanidades e é um livro que saiu e esta é aqui é a surpresa em 1973 73 pto se o livro saísse hoje nós e não nos admirávamos muito mas em 1973 eh este autor Norte norte-americano eh pediu a um conjunto de colegas americanos de várias áreas humanísticas história de arte filosofia H vários tipos de Ciências Sociais línguas línguas clássicas que fizesse um diagnóstico eh sobre o que estava a passar em cada uma dessas áreas e o livro impressiona porque eh Há um denominador comum ou dois denominadores comuns e E essas diferentes subáreas e e
quais são esses denominadores comuns um deles é a fragmentação todos eles diziam que as humanidades estavam em crise porque estavam a consentir na ultra especialização que afetava as ciências na altura tidas por exato e e todos eles denunciam isso e no seu campo de estudo como isso é atual até onde é que foi a fragmentação e e é muito curioso ver que em 1973 todos identificaram e fragmentação como um perigo potencial para as humanidades porque eles entendiam que a partir do momento em que as humanidades consentem ou vão atrás dessa pulão fragmentadora se podem o
termo é deles suicidar-se é é é curioso como em 1973 a fragmentação era apontada como um perigo para as humanidades o outro denor denominador comum é que todos eles dizem todos ou quase todos há um que não diz que eh está a acentuar o divórcio entre aquilo que o humanista e pesquisa e aquilo que consegue ensinar eh aquilo que o humanista pesquisa e escreve Deixa de interessar aos seus alunos isto em 1973 quer dizer até aí o o aquilo que o humanista produzia o livro que fazia era o livro que servia de base ao estudo
dos alunos e agora o o os os humanistas destas diferentes áreas começam a dizer que os alunos que têm à frente já não têm capacidade interesse curiosidade de ler aquilo que eles próprios escrevem e portanto fui buscar este livro eh prito que é um um livro que já tem ora deixa ver quase 50 anos anos e 50 anos 7 773 já tem 51 51 anos que diz que as humanidades corriam estes dois riscos estes dois riscos e que esses riscos eram riscos suicidários depois trago Com muito gosto um livro que é recente eh Horácio poesia
completa eh tradução e comentário de um colega nosso chamado Frederico Lourenço nada mais nada menos do que a primeira edição das obras completas de Horácio há uma edição completa e otida por completa de e do século XVI mas o próprio Federico Lourenço prova que essa edição é é é essa essa tradução é uma tradução muito seletiva por exemplo ignorava a deliberadamente aspetos Titos por escandalosos da poesia deste grande poeta ocidental é mas é mesmo um grande poeta ao lado do Virgílio não temos melhor e na poesia Latina e não sou eu que o digo é
é um um uma edição primorosa porque é uma edição bilíngue para quem quiser eh eh exercitar eh o seu latim eh pode perfeitamente ver isto é um um um um uma maneira também de voltar a estudar eh um bocadinho de Latim ver o português e ver o latim ao lado mas é uma edição que para além de uma introdução primorosa primorosa porque é explicativa e porque é breve e porque é breve é uma edição é uma uma introdução com poucas páginas Mas onde o o o leitor fica a saber o que deve para começar a
ler a obra tem cerca de 200 páginas de notas de notas explicativas eh de comentários eh em alguns casos em muitos casos eh comentários que abrem pistas absolutamente novas é que Horácio está na base é um dos principais fundamentos da poesia europeia e nós não tínhamos em português um um uma tradução hh da poesia completa de Horácio E agora temos e por isso eu fico muito contente por ter aqui este livro à frente e por último um livro imprevisto um livro muito pouco conhecido que chama Os Lusíadas que um rapaz Estamos nos 500 anos um
rapaz de feitio boso de feitio complicado deu à estampa em 1572 portanto há 450 anos é um livro que é dado a estudar a todos os portugueses quando têm 14 e 15 anos e que em muitos deles e numa percentagem muito elevada eh lhes não provoca um um Uma emoção muito positiva e e eu sou capaz de entender porquê eh não é hoje o dia para para esclarecer esses motivos mas eh deixa neles um um um não digo um trauma seria uma palavra exagerada mas quando se tem 14 ou 15 anos estudar Os Lusíadas e
está criada uma situação de risco e está criada uma situação de risco eu tenho muitas dúvidas acerca da maneira como Os Lusíadas são hoje estudados na escola porque o objetivo deveria ser deixar nos adolescentes o desejo de conhecer mais alguma coisa e não o efeito de saturação exato muitas vezes resulta do contacto com textos do século X em adolescentes não digo crianças mas adolescentes 14 15 anos que podem não ter a preparação e no entanto estamos espante um grande livro Um enorme livro Um enorme livro e Camões escreveu Os Lusíadas durante não sabemos mas pelo
menos mais de uma década são 8816 versos cá está outro livro com uma versão com com uma dimensão oficinal muito forte muito grande eu costumo dizer e aos estudantes não admiram suficientemente Camões ponham-se a escrever uma história em verso com uma pena de ganso a molhar de cada vez que chegam ao fim de uma linha e em papel rugoso nada tem a ver com o papel que hoje se vende o o o papel macio que hoje se vende na ven não tem nada a ver com isso um papel rog é um trabalho árduo até do
do ponto de vista do da musculação e no entanto Camões escreveu neste livro muitas coisas e muitas coisas que são atuais a ideia por exemplo que os portugueses têm a vocação e a necessidade de partir partir partir de não se acomodarem de não se acomodarem a coragem que cões demonstra neste livro criticando tanta coisa como se enganam aqueles que reduzem Os Lusíadas a uma a um manifesto patriótico e nacionalista osadas não são nada disso osas são muito muito muito muito muito não só mais mas são Algo de diferente o Os Lusíadas são um Manifesto de
inqui ação de perturbação também de esperança mas de esperança utópica a esperança utópica é aquela que tem mais capacidade criadora por isso nós não podemos passar sem este livro este livro foi editado pela primeira vez em 1572 e só em 2023 o ano passado surgiram que me lembre três ou quatro edições Novas Novas e acredito que em 2024 e 25 surjam mais porque Vão ser anos camuni anos e por isso eu trouxe eu eu trouxe este livro que comecei a a ler há muitos anos e ainda não consegui deixar de ler ora assim vale a
pena quer dizer um livro que não nos deixa e que nós não conseguimos deixar é um livro que merece ser trazido para uma entrevista como esta e aqui estão o o o os três livros que me permito destacar e eu e acho que é forma a forma excelente também para para depois do dos Lusíadas depois dos Camões não podemos dizer mais nada não é portanto eu acho que é é é forma ótima de de determinarmos Aliás lembro-me sempre daqueles inquéritos que que antigamente se fazia dos jornais e uma vez perguntaram e o o jornal expresso
perguntou ao Professor Orlando de Carvalho e só Professor catedrático de direito e a pergunta era qual era para ele o o maior escritor português vivo e a resposta dele foi Luís de Camões ao pé dele todos os outros estão mortos portanto e eu acho que não conhecia essa essa resposta Mas concordo inteiramente com ela é só preciso lembrar que o Professor Orlando de Carvalho para além de ser um iminente jurista era também um poeta sim e só os poetas conseguem compreender a grandeza dos outros poetas e quando se percor muita poesia depois se chega a
cá mes nota-se que há aqui uma temperatura diferente completamente uma temperatura diferente Muito obrigado obrigado eu um gosto grande boa tarde
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