Unknown

0 views6838 WordsCopy TextShare
Unknown
Video Transcript:
Bom, eh, boa noite a todas e a todos. Eh, com prazer que nós, eh, damos início a a esse curso eh sobre a história do Brasil, né, efetivamente, denominado Revisitando a história do Brasil. eh e trabalhando os eh eh a as polêmicas que existem torno em torno de determinadas questões.
Eh, efetivamente, eu sou Jorge Bitá, diretor da área de formação da da Fundação PC Abramo. a gente tem todo um trabalho de preparação de aulas, né, que possam de alguma maneira contribuir para a formação dos nossos militantes, enfim, de ou de todos aqueles brasileiros e e brasileiras que se interessem em aprofundar o conhecimento, seu conhecimento sobre temas da nossa realidade, seja da história do Brasil, né, temas históricos, porque na medida em que a gente eh domina melhor aspectos e momentos importantes da história eh do nosso país, nós nos preparamos melhor para enfrentar o presente e o futuro eh de nosso país, mas também oferecemos cursos como cursos na área de comunicação social, né, como trabalhar as redes sociais, enfim, a crítica sobre o tema eh da necessidade de regulação das das redes sociais, a questão da da indústria da da desinformação, o papel da extrema direita. Nesse contexto, eh temos eh cursos que discutem a trajetória eh da extrema direita do ponto de vista histórico e do ponto de vista eh da realidade atual eh brasileira, de tal maneira que todos possam ter clareza sobre o significado da presença eh da extrema direireita no contexto político nacional.
o que significou eh eh o governo passado, né, o governo dessa extrema de direito, o que significou a a a perspectiva e a tentativa de golpe eh eh ocorrida no final de 2000 e 22 e em 8 de janeiro de 2023 e enfim uma série de outros temas eh de grande relevância que podem aos quais eh qualquer um de vocês pode ter acesso aí, não é necessário estar, embora a Fundação Pu Abramo se seja uma fundação vinculada ao PT, Partido dos Trabalhadores, os nossos cursos são absolutamente abertos e qualquer pessoa pode se inscrever nesses cursos e desfrutar desses eh desses conhecimentos. Eh, efetivamente estou aqui eh ao lado da professora Dulce Pandolf, uma figura extraordinária eh da da das da nossa eh equipe de historiadores eh brasileiros que procuraram eh nessas nessas últimas décadas revisitar eh eh com um novo olhar sobre momentos importantes da história eh de nosso país. E nós aqui da fundação nos interessamos por esse tema e por isso mesmo convidamos eh a professora Dulce Pandolf para que ela fosse a coordenadora, a curadora desse curso.
Dulce, além da sua formação eh acadêmica, foi integrante do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, que marcou e ainda marca uma presença importante no acervo eh eh histórico brasileiro, né, eh historiográfico brasileiro também, né, efetivamente. Então, sem mais delongas, eu passo a palavra à professora Dulce para que ela possa apresentar o nosso curso. Bem, boa noite a todos, a todas.
Para mim é uma enorme satisfação estar aqui. Eu começo agradecendo a Fundação PC Bramo, inclusive no nome do Jorge Bitar, né, pelo convite para eu organizar esse curso de história do Brasil. Quero agradecer muitíssimo a todas a equipe da fundação, todos os meninos e meninas que me ajudaram muitíssimo na montagem também para que tudo essa empreitada, né, conseguisse dar certo.
Agradeço todos os meus colegas, vão ser 14 aulas desse curso, né, que aceitaram de bom grado participar, né, desse curso. São todos especialistas, cada um no seu tema. Daí gostaria até de repente de citar o nome dessas pessoas que são pessoas muito especiais.
né? A gente começa hoje com a Lília Schaues, mas depois a gente tem a aula da professora Ina Lopes da Silva, depois a Vânia Lousada com a questão indígena, B Matos que discrute também escravidão, né? Depois a gente vai pra parte da da República com a Cláudia Viscard, passando pela Ângela Castro Gomes, todas as referências fundamentais da nossa historiografia, Mário Grinspa, depois tem uma aula minha, né?
Finalmente, no último módulo, a gente vai ter João Roberto Martins, vamos ter Paulo Fontes, Ângela Moreira da Silva, teremos também Daniel Arão Reis e a última aula que vai ser a aula final com Renato Leça, né? A ideia é um panorama, né, sobre esses 500 anos de história do Brasil. É claro que não dará conta de todas as questões, mas exatamente como Bitar já apontou, a ideia da gente é questionar exatamente as interpretações seculares, né, que tentam mostrar o Brasil como um país pacífico, cordial, onde poucas revoltas ocorreram, onde vários mitos tentarem tentaremos derrubar nesse curso, né?
Um deles que foi um mito altamente prejudicial paraa nossa formação, que é o mito da democracia racial, por exemplo, né? Quem estudou nos livros escolares tradicionais de história, sempre viram falar que aqui o Brasil era uma confluência de três raças harmônicas, né? O branco, negro e o indígena.
E a gente sabe os inúmeros conflitos e até hoje esse Brasil é marcado, né, pela escravidão. Então, a proposta desse curso é exatamente questionar e mostrar os embates e os debates que ocorreram ao longo desse período, né? Eu dividi o curso em três módulos.
Quer dizer, hoje nós teremos a aula inaugural que chama Brasil, uma radiografia desse período, né? Uma bibliografia. É um livro clássico da Lília Schwarzman junto com Eloía Starlin, né?
Eles têm esse livro chamado Brasil, uma biografia que acompanha os 500 anos da história do Brasil. A Lília tem se especializado numa análise muito apurada das imagens, discutir a construção, as narrativas históricas através das imagens. Então, hoje teremos uma bela aula, né, com esse panorama e a partir daí serão aulas mais pontuais e temáticas, né, em cima desses temas cruciais e fundamentais pra gente entender o Brasil de hoje, né?
Porque a história é isso, a história não é o passado, a história presente é futuro, né? Então eu espero que todos vocês, quer dizer, esses três módulos, explicando rapidamente, né? Um módulo vai discutir da coroa portuguesa a coroa brasileira, quer dizer, pega esse início, né, da nossa colonização, essa aspas descoberta do Brasil.
Quer dizer, o Brasil não foi descoberto, aqui a gente já tinha os povos indígenas aqui, né? Esse é outro outro assim tema, digamos assim, importantíssimo e que foi sempre invisib invisibilizado pela história, né, a questão do dos indígenas, né? É no Brasil colônia que se forma, se se digamos eh as principais estruturas da nossa sociedade, né?
A gente tem nesse momento a questão da escravidão, a questão do latifúndio e a questão do patrimonialismo. Quer dizer, uma sociedade que passou esses 500 anos vivendo, convivendo, não é? com esses três cânceres da nossa sociedade, né?
As marcas da escravidão estão presentes até hoje. O latifúndio, a gente nunca conseguiu fazer uma reforma agrária nesse país, também presente até hoje. E a questão do patrimonialismo, uma questão também muito séria, que é essa ambiguidade, essa relação promisco entre o público e o privado, né?
Depois a gente tem a questão da república, né? É o é o segundo módulo do cugurso que pega exatamente da proclamação da república até a ditadura, né? mostrando também as dificuldades que essa República teve de de se consolidar no Brasil, né?
Até por conta desse um dos problemas são os chamados coronéis, né? A república oligárca, quer dizer, uma república que não era república porque R pública, coisa pública. Então a gente teve várias deformações.
Depois a gente tem um período muito rico que é o experimento democrático, né? Final da Segunda Guerra até 1900 de 1945, 46 até 64. é um período excelente da nossa história, os movimentos sociais muito ricos e vem o golpe de 64 com aquela ditadura que deitou raiz até hoje.
E não é à toa que a gente tem as tentativas de golpe, né, que ocorreram no dia 8 de janeiro, né, de 2023, esse grande debate na sociedade sobre energistia. E a gente vai inclusive entender como a nossa justiça de transição, né, ela foi precária e a gente tá pagando um preço alto por isso, né? Então, e a nossa última aula é a aula que vai discutir exatamente esse grande embate da sociedade, do embate entre o lulismo e o bolsonarismo, né?
Bolsonaro está doente, mas o bolsonarismo está vivo, né? Então eu desejo assim uma um bom curso para todo mundo. Espero que vocês teniram um bom proveito, né?
O objetivo da gente é exatamente passar uma visão crítica, né? Eu acho que o papel da ciência é esse, tem uma visão crítica dos dos acontecimentos, né? E passo a palavra agora com muito prazer paraa professora Lila Schaua, que vai dar essa aula, que eu acho que será uma aula brilhante a a partir desse uso, né, esse trabalho que ela faz com a eografia, com as pinturas, etc e, tal, uma análise bem interessante da sociedade brasileira.
Então, muito obrigada. Agradeço a todos e nossas aulas serão sempre nas quintas-feiras às 19 horas. Muito obrigado a todos e bom proveito.
[Música] [Música] Olá a todas, a todos, a todes. Meu nome é Alília Scharks. Eu sou professora da Universidade de São Paulo e da Universidade de Pringon.
Sou historiadora, antropóloga, curadora de arte também. E é com grande orgulho que eu faço essa aula inaugural do curso Revisitando a História do Brasil. Ah, aqui fazendo um agradecimento à Fundação Perceu Abrama e à professora Dulce Pandovsk.
e citando a ela, eu pretendo então a agradecer a todas as pessoas envolvidas na gravação e execução desse curso. Bom, essa aula inaugural eu chamei de revisitando a história do Brasil ou algumas imagens que fizeram o Brasil. Eu tenho trabalhado muito com imagens.
H, imagem vem da ideia de magia. E cada vez mais nessa sociedade da imagem e da magia, da contra magia em que nós vivemos, ah, as ilustrações, os registros individuais são fundamentais pra gente entender a nossa imaginação, pra gente entender inclusive como nós fomos eh escrevendo essa história do Brasil. Então eu vou recortar algumas imagens que vem nos vem logo à mente quando falamos de história do Brasil, mas poucas vezes nós os nós as questionamos ou as lemos, não é?
Porque é preciso ler imagens. Antes disso, eu vou comentar, começar com duas frases. A primeira delas é: "O Brasil tem um enorme passado pela frente", né?
Ou seja, nós aqui estamos sempre voltando ao passado, voltando a certas contradições do passado para entender o presente e projetar o nosso futuro. Também cito mais uma essa primeira frase é do Melon Fernandes, mas eu cito mais uma segunda frase, uma frase do Carlos Drmon de Andrade, que certa vez diz que toda a história é remorço, pois nós vamos falar aqui de remorços e remorços em relação às nossas populações indígenas, remorços em relação ao que fizemos com as várias Áfricas que desembarcaram no Brasil e também um remorço em relação ao tipo de história, já que essa ser é uma história inaugural dada por uma mulher. o tipo de história que nós fazemos, ainda tão eurocêntrica, muito masculina e muito sudestina, né?
No sentido que durante largo tempo a história foi contada a partir sobretudo de Rio de Janeiro e São Paulo e não tomando em conta as várias realidades existentes no Brasil. Bom, vamos começar com os mitos fundadores, não é? Ah, o Brasil é formado a partir de dois grandes mistos.
A ideia de um país pacífico, quando hoje sabemos que não foi nada pacífico. Como é que se pode falar de um país pacífico se nós recebemos o maior número de população escravizada africana que entrou num país? E também costumamos fazer esse elogio amestiçagem, sem pensar que amestiçagem é um conceito que mistura, mas também diferencia e hierarquia, hierarquiza, perdão.
Então, vamos começar com uma primeira sequência de imagens. É uma sequência que eu chamei aqui de descoberta com muitos pontos de interrogação. Nós sabemos, e quem fala muito disso é, há um poema que eu cito aqui do do Osvaldo de Andrade, eh, que que diz mais ou menos o seguinte: "Quando os portugueses descobriram o Brasil, os brasileiros já haviam descoberto a felicidade".
Bom, sem dúvida, oval de Andrade se referia aos vários povos indígenas que já estavam no assim chamado Brasil, quando os portugueses resolveram invadir, eu acho que é um termo melhor, as Américas. H, estudos como de Manuela Carneiro da Cunha tem mostrado como no contexto da assim do assim chamado encontro ou desencontro, a população indígena correspondia à população da Península Ibérica, ou seja, o território era densamente povoado. Mesmo assim, nas imagens que nós vamos aqui vendo, a primeira delas se chama América.
H, podemos perceber como se imaginava um país, um continente absolutamente vazio. Vocês vejam que na imagem temos de um lado Europa totalmente vestida com todos os símbolos da civilização. Do outro lado, a América, uma América mulher, uma América desnuda, uma América deitada numa rede, como se ela esperasse a chegada da Europa.
território vazio, apenas com alguns animais estranhos. E ao fundo, se vocês apurarem o os olhos, vocês verão cenas de canibalismo. Nada disso é verdade.
Tudo isso é imaginário e imaginação, né? Ou seja, primeiros a América não esperava por Europa, oferecendo a sua mão como se tivesse se oferecendo. E tampouco esses eram povos canibais.
O que existia era antropofagia, né? Ou seja, uma prática ritual entre grupos guerreiros que reconheciam a força a partir da dessas práticas que eram práticas antropofágicas e não práticas canibais. Muito ao contrário das imagens, como vocês estão vendo, do Teodor Debri, que mostram essas populações americanas, digamos assim, com projeções que eram europeias, né?
parecem um pouco as figuras das bruxas do do Goia, por exemplo. E vocês estão vendo aqui o que é o imaginário europeu, ou seja, uma série de americanos comendo partes de corpos eh de europeus e as mulheres, inclusive, se vocês olharem mais à esquerda, se deliciando com parte de corpos. Essa também é a perspectiva de um Albert, do Albert Ealt.
Vocês podem ver aqui uma imagem ah de no Albert Ele de uma indígena que pretensamente está passeando com uma cesta na ruma cesta levando uma cesta. Mas se vocês olharem melhor, vocês notarão que ela traz na sua mão uma mão, não uma mão, uma planta, mas uma mão e num cestto um pé, como se esses fossem grupos de fato eh carnibais. O que eu repito não é esse tipo de imaginário acerca da América, às vezes mais detraído com essas imagens que nós vimos, às vezes mais paradisíaco, vai ganhar a curiosidade europeia, como vocês podem eh notar nessa nessa tela do Stephan Kesler, em que vocês veem uma espécie de núcleo familiar indígena e de novo com os portugueses, os europeus chegando como se não fosse uma invasão.
o que na verdade foi. Essas imagens constituem a nossa percepção de Brasil, como uma outra imagem, essa já produzida no contexto brasileiro por Vittor Meirelles e mais propriamente durante o segundo reinado, chamada primeira missa no Brasil. Essa imagem é construída como se fosse uma como se a floresta fosse uma catedral.
E é trata-se claramente de uma reintrodução da hierarquia ao centro a igreja, né? A igreja com a imagem da cruz ladeada pelo exército europeu, que vem, entre muitas aspas, conquistar. E mais ladeados ainda estão os indígenas que apenas observam a conversa, como se os indígen os indígenas aí estivessem, não para lutar, não para ter protagonismo, mas apenas para acompanhar a colonização.
Isso quando não pensarmos, por exemplo, no indigenismo de fundo romântico também do Segundo Reinado, que levou à produção de uma série de obras escritas e a uma série de obras visuais como essa, o último Tamoro, Tamo do Rodolfo Amoedo, eh, que repisa a o romance de Gonçalves Magalhães, Confederação dos Tamoios, onde a imagem dos indígenas é essa. a ideia da vitimização, ou seja, os indígenas vão morrer para que a civilização branca sobreviva. Vejam a força dessa imagem ou a força da imagem de Moema, uma linda mulher indígena.
A tela é belíssima, sempre ela forma uma quase uma imagem circular, mas que é uma é a mulher que morre para que a civilização europeia vingue. Ou então a imagem de Iracema, né? Vocês devem conhecer o romance de José de Alencária, virgem dos lábios de mel, que dá a luz a Moacir, que quer dizer filho do sofrimento.
Um e que ele vai viver para que a sua mãe doe para paraa civilização o seu próprio corpo. Vocês vem essa imagem do do Parreiras um pouco mais tardia já do século XX, mostrando uma Iracema alquebrada caída, ou mesmo essa imagem ainda de do final do século XIX do José Maria Medeiros. Todos fazem parte desse movimento palaciano ainda, eh, do indígenismo romântico, essa ideia da virgem dos lábios de mel que expõe seu corpo para que a civilização atravesse o seu corpo.
Muito diferente dessas imagens de vitimização, de desaparecimento que deram lugar ao nosso imaginário. Se seguimos os dados do IBGE hoje em dia, ah, esses dados são de 2022, existem 274 línguas indígenas, indígenas, dois grandes tromcos linguísticos, os tupios, macro e gos falantes de línguas isoladas. Portanto, ao invés dessas imagens, eu sugiro trocar por outras, como essas do Denilson Banila, que mostram releituras das nossas pinturas coloniais.
Vocês veem à direita acima a uma aquarela do debrelo logo abaixo uma aquarela de roguendas totalmente relidas por esse artista indígena Denils Banila, ou então a a as imagens da Carmésia Emiliano, né, que vocês podem ver também nesse PowerPoint em que nessas imagens que eu vou projetando, em que ela traz aqui uma outra representação do morro de Macunaíma e uma outra representação macunaica também. Ela está aí autorretratada na sua civilização, no seu grupo, na sua inteira. Então, diferente da magia das nossas imagens coloniais que mostraram indígenas só em processo de desaparecimento ou indígenas bárbaros e canibais, nós temos uma grande produção, ah, uma produção historiográfica também que vai ah incluindo essas populações numa narrativa que durante muito tempo foi exclusivamente europeia.
Falando nisso, eu passo agora a uma segunda sequência. Já mostrei a imagem do Meireles da primeira missa e talvez nessas disputas pelas memórias, que são também disputas visuais, uma das imagens mais conhecidas seja essa que eu vou projetar agora, a imagem de Pedro Américo chamada Independência ou Morte, que faz parte do acervo do Museu Paulista. Essa imagem, em geral surge nos livros didáticos como se fosse a abertura do período do império.
No entanto, eu penso que essa imagem deveria entrar no segundo reinado, uma vez que ela foi produzida, encomendada pelo imperador Pedro I como uma forma de homenagear o seu pai Pedro I. Acho que vocês sabem, historiadores e historiadoras que são, como Pedro I, o nosso primeiro imperador, eh, teve uma política muito autoritária, absolutista até, e ele é, eh, de alguma forma ele é forçado a abdicar em 1831 por uma condição de ingovernabilidade absoluta, né, para com os partidos brasileiros e os brasileiros e brasileiras de uma forma geral. Pois bem, no final do segundo reinado, Pedro II encomenda uma tela a Pedro Américo, que vai fazer essa tela em Florença, ã, em que a encomenda era bastante essa, ele daria todo o protagonismo a Pedro I.
Pois bem, vocês sabem que essa história da independência é também uma história muito europeia, muito palaciana e muito masculina, porque são muitas independências do Brasil. Essa imagem, eu vou tentar provar aqui, é totalmente imaginária e a coincidência entre os termos não é um mero acaso imagem e imaginário. Na vida de um império, a primeira imagem deve ser a coroação do imperador.
E nós temos poucas imagens, mas temos imagens de Pedro I chegando do 7 de setembro, chegando no Rio de Janeiro, que era então capital do Brasil, como vocês podem notar nessa tela do Jean Batista Debrê ou imagens também de de Br sobre a sagração e a coroação de Pedro I. Interessante pensar nessa seleção visual, porque o próprio 7 de setembro de 1822 só ganhou alguma proeminência primeiro em 1823 num documento de Pedro I sobre o que havia ocorrido às margens do Ipiranga e só mais tardiamente no império, né? Ou seja, essa imagem de Pedro Américo fez a proeza, eu vou tentar provar, de se transformar numa espécie de testemunho do do 7 de setembro que não aconteceu.
Não aconteceu, ao menos dessa maneira. Vejamos bem, antes do 7 de setembro ou independência ou morte do Pedro Américo, há essa tela do François Ren Morrô, um artista francês que pintou a proclamação da independência em 1844. Essa é uma imagem que ficou durante muito tempo apagada, escondida, porque afinal essa é uma imagem eh que mostra os brasileiros como se fossem verdadeiros europeus.
Basta vocês olharem à direita e à esquerda e verão como os brasileiros se assemelham com napolitanos, que eram os tipos europeus que Morrô conhecia porque ele havia acabado de chegar no Brasil. A tela também não tem muito muita qualidade com Pedro I mal montado no seu cavalo. Nada combina muito.
Pois bem, depois dessa tela, ah, vai aparecer o bronze do Luis Rochet. O R que era um escultor muito famoso já na Europa desse contexto, em que ele mostra uma cena de Pedro I no seu cavalo ladeado por alegorias da América. Mas a tela de Pedro I foi a tela que se colou mesmo ao nosso imaginário.
Essa tela tem uma série de elementos que é que eu vou destacar aqui para vocês. Em primeiro lugar, essa tela é uma versão, uma cópia de uma outra tela do Erner Messonier chamada Friedland e que comemora o governo de Napoleão. Até aí tudo bem, gente, porque a gente não precisa falar de cópia, porque nessa época muitas vezes se usavam outras imagens como uma forma de versão e de valorização até.
Mas é preciso que falemos de outras outros elementos aqui da tela de Pedro América. Em primeiro lugar, nós sabemos que eh Dom Pedro não estava em viagem oficial, então não estaria ladiado de tantas pessoas. Em segundo lugar, chama atenção como o povo está apenas retratado nas laterais ou muito diminuto na obra.
Vocês podem ver à esquerda, a figura do boiadeiro que apenas observa a cena, mas ao centro centro, a figura do tropeiro, que também não interfere na cena, só observa. E mais ao alto, eu majorei para vocês poderem ver, está a figura do povo, né? Povo que eh anda no lado contrário ao lado da independência.
Nós sabemos que vários elementos, porque o próprio Pedro Américo diz isso, são imaginários, dentre ele o cavalo, porque Dom Pedro estava montado no burro. E é interessante pensar que justamente o povo aparece conduzindo um burro. Por outro lado, nós também sabemos que Pedro Américo modificou a geografia do local.
O local era plano e o Ipiranga estava um pouco afastado. Vocês estão vendo aqui duas imagens de época do mesmo contexto onde teria existido, teria ocorrido a proclamação da independência. Vejam que é totalmente plano e o Ipiranga não aparece, mas era preciso colocar o Ipiranga na cena, o que Pedro Américo faz, e criar uma coluna para destacar Pedro I.
Não à toa, Pedroamérico, nas suas notas diz: "Em nome da geografia, eu sacrifico, ou melhor, vou corrigir, em nome da nação, eu sacrifico a geografia". pelo Américo sacrificou mais. Sabemos hoje, vocês podem ver aqui, que um dos esboços possivelmente recusados pelo pelo pela comissão do Ipiranga, Pedro Américo, teria introduzido o povo e um povo não branco, um povo, portanto, negro, mulato, mestiço, lutando pela independência e com instrumentos que mostram o seu papel na proclamação da independência.
Essa imagem, que na verdade é o esboço do desenho, foi repetida pelo Manuel Madruga, eh, como uma outra versão do Independência ou Morte. Isso já em 1940 e pode ser vista no Clube Militar do Rio de Janeiro. Vocês podem notar como essa imagem foi censurada.
E por que foi censurada? justamente por conta do papel ativo do povo. Já a imagem que foi aprovada, que é imagem que nós conhecemos, circulou de toda maneira num álbum da cidade de 1822.
Ela foi revista numa cartilha de apresentação do símbolo oficial do Sesc Centenário da Independência do Brasil em épocas de ditadura militar. Eh, num contexto militar, Dom Pedro ia virando cada vez mais um militar. Foi também apropriada a mesma imagem de do Pedro América, que é o filme Independência ou Morte de 1972.
Vocês estão vendo uma imagem aqui, só que o que aconteceu é que fez um dia muito quente e o riacho criado para a cena, a cena especial secou. E vocês podem ver como o Ipiranga está mais improvisado ainda nessa cena do filme. Dom Pedro, tal qual Pedro Américo, vai aparecer em espetáculo de som em Luz, vai aparecer em no papel moeda, tanto Dom Pedro como a cena pintada por Pedro Américo.
E mais recentemente, como estamos falando de imagem e imaginação, a tela foi revista de forma crítica por uma série de artistas, né, como é o caso dessa tela que eu mostro para vocês aqui, que faz parte do Instagram do mundano, do artista mundano, em que ele mostra a cena ah da de Pedro Américo, mas a vincula brumadinho, então a água tá toda tomada pela poluição. Ou então essa caricatura genial do Laert, né, em que ele retoma a figura do tropeiro e a figura do da do boiadeiro, do que leva o carro de bois e coloca uma série de indígenas perguntando: "Essa fila não anda? " Ao que o boiadeiro responde: "Não, não anda".
Ou seja, mostrando como, para voltar ao começo da minha apresentação, como essa era uma visão muito eurocêntrica, conservadora e sudestina e masculina da independência do Brasil. Eu termino aqui eh essa segunda sequência, né? eh mostrando essa essa imagem da independência no bicentenário da da imagem do bicentenário da independência lançado pelo canal da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência em 2022.
E vocês vejam como eles devolvem a ideia a conservadora de Pedro Américo e destacam a empunhadura eh de Dom Pedro I como el se fosse como se ele fosse um militar. Hoje nós sabemos e há uma historiografia muito punjante como eh sobre a respeito, montando como primeiro a independência foi um processo, um processo que se inaugura antes do 1822 e segue para muito depois e tomado por mulheres, como é o caso da Maria Quitéria, que se vestiu de de soldada para poder participar das lutas de independência na Bahia. O caso também eh de Maria Filipa, uma ex-escravizada que com um grupo de mulheres eh aplicou mesmo planta de cansação na na no exército português e isso dá uma coceira danada e fez com que eles fugissem.
Ou a figura de da Sor Joana Angélica, que expulsou os portugueses que estavam invadindo uma série de conventos em Salvador e acabou morta. Independência é assim, gente, é processo e as imagens tentaram congelar o 7 de setembro, mas nós podemos recuar as imagens de Antônio Barreiras sobre a prisão de Tiradentes. Podemos também recuar a revolução pernambucana de 1817, um anúncio de projetos de independência mais republicanos, projetos de independências mais inclusivos.
também lembrar da independência na Bahia, o famoso 2 de julho, não é mesmo? Até hoje a na Bahia se comemora o 2 de julho e não o 7 de setembro e uma série de outros processos de independência. Posso citar aqui a Batalha do Pirajá, citaria também a Confederação de 1820, do Equador de 1824 mesmo, a proclamação da República Piratini, não é?
Eh, ou seja, eh, uma série de movimentos, eh, que mostram como independência não é um processo único, não foi só um processo palaciano da maneira como a imagem ah guarda. No caso dessas imagens, é muito impressionante o papel, né, da imagem no sentido de ah de naturalizar um tipo apenas de interpretação. Mas vamos agora pra nossa terceira e última sequência.
Nessa sequência eu vou falar um pouco da ideia de que mestiçagem mistura com separação e não com igualdade. É isso que vocês sabem, como o Brasil foi o país que mais recebeu mão de obra escravizada. Atualmente, segundo dados do site coletivo chamado Slay Voyagers, eh 12 milhões e meio de pessoas, apenas 10 milhões de africanos teriam chegado nas Américas com vida.
E desses 10 milhões, 4. 8 tiveram como destino o Brasil. Como vocês podem ver nesse mapa que eu estou mostrando.
Diferente também do que se diz, foram muitas Áfricas, vocês podem ver com nessas imagens que desembarcaram no Brasil. Eh, os escravizados vieram de muitas áreas que em geral nós dividimos entre a área ocidental dominada pelos pela costa assim chamada costa dos escravos, né, ou Sudão ocidental, uma área central da onde partiram povos de língua assim chamada banto, quimbundo e umbundo e a e áreas orientais ou setentronais, já onde vinham os eixos culturais do Qu K Quilemanes, Inhambanes, Mombas, quiloas, molgãos, ou seja, muita produção tem sido feita para combater essa ideia de uma África que desembarcou no Brasil. Também muita produção tem sido feita para mostrar como a entrada de escravizados e escravizadas foi uma constante eh durante todo o período colonial e imperial.
Pois bem, o que também essa historiografia, uma historiografia muita muito feita por historiadores e historiadoras negras t mostrado é como escravizados e escravizadas não só sobreviveram, mas reagiram fortemente, reagiram com as suas linguagens, como vocês podem ver aqui, ah, essa imagem do debrê com panos da costa, que eram referências as várias origens das dessas africanas que aqui no Brasil guardaram a identidade de africanas minas, como vocês podem ver, né, esse pequeno talismã que foi encontrado no contexto da revolta dos maleis de 1835 durante as regências, uma revolta que tomou o Salvador, como vocês podem ver nessas imagens dos santos de Pauoco, né, ou seja, santos que pareciam ser santos católicos, mas que na verdade eram muitas vezes orixásis cultuados pelas populações ou então quilombos que se espalharam por todo o Brasil. Aonde existiu escravidão, existiram quilombos, como pode ser mostrado por essa historiografia tão pungente. Eu cito o nome do historiador Flávio Gomes ou como poderia citar de vários outros historiadores, historiadores, ou como nessas imagens que vocês podem ver de plantas de quilombos que foram encontrados, mostrando como os quilombos eram menos do que experiências passageiras, eram experiências duradoras e muitas vezes absolutamente assentadas, solidárias com as comunidades aonde eles se localizavam.
Mas diferente da imagem da rebelião, as imagens oficiais guardaram esse tipo de representação, como vocês estão vendo aqui numa propaganda de uma fábrica de tecidos que traz dois homens, um homem branco e um homem negro dando as mãos no contexto da abolição da escravidão. A imagem procura passar essa ideia da concórdia, mas a gente já vê nos detalhes as diferenças. O fazendeiro tá super bem vestido com bota, com com o seu palitó, enquanto que o escraviz exescravizado, liberto continua descalso.
Essas imagens também podem ser retomadas no mito do isabelismo, porque hoje sabemos também que a ideia de colocar a princesa Isabel à frente da abolição tinha justamente a ver com a ideia de produzir um terceiro reinado que não deu certo. Mas nas imagens, como nessa escultura perversa, permanece a ideia da submissão, a ideia de que a abolição foi uma dádiva, como se nós pudéssemos dar a liberdade a alguém. Mas vejam essa escultura terrível, né?
eh, em que Isabel está acima, inclusive acima em alguns degraus e um exescravizado está abaixo dela, ajoel ajoelhado. mesma imagem aparece nessa obra que ainda está uma obra encaminhada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em que vocês vêm Isabel dando com muitaspas a liberdade as a duas escravizadas que se ajoelham perante ela. Qual o problema desse tipo de imagem?
Esse tipo de imagem pretende perpetuar a subordinação. E essa é a chave da famoso mito da democracia racial. Nós misturamos com tanto que a hierarquia seja mantida.
Ah, muitas imagens existem sobre a proclamação da República. Nós sabemos que a abolição foi o último império, o último, desculpa, ato eh do império. E logo depois vem a república e vocês podem ver, vou mostrar algumas imagens que como a República foi um ato bastante isolado.
Primeiro eu mostro aqui essa alegoria da República por um artista popular e vejam à direita, logo à direita, uma pessoa negra que coxa com outra sobre será que vai embora, será que o imperador vai embora? Ou essa imagem famosa do Benedito Claro da proclamação da República totalmente esvaziada. Ou então vou me concentrar aqui para entrar no nosso último tema, que é tema que é necessária.
Essa tela de novo do nosso Pedro Américo chamada Paz Concórdia e datada de 1895. Vocês vejam que nessa PX republicana a figura central é uma figura branca, alegórica, quase grega, europeia, né? E a figura que está morrendo é a figura da escravidão, logo abaixo no centro.
que é caracterizada como se fosse o diabo, um diabo negro, quando nós sabemos que foram as populações brancas criaram esse regime de trabalhos forçados chamado escravidão. Pois bem, uma série de imagens sobre mestiçagem começou a ser produzida nesse contexto. A primeira dessas imagens a é a imagem feita por um um pintor chamado Palieri, que retrata o filho do artista Ganjan de Montir, né, tomando banho na na varanda da residência da família.
Vejam alguns detalhes que vão voltar. A mãe branca, muito branca, segura um filho branco que parece uma alusão a Jesus Cristo, que por sua vez segura o decote do vestido da mãe, como se ela tivesse que ser muito púdica. Ao lado vocês veem as os escravizados que vão banhar os pés dessa criança numa mais uma alusão bíblica.
E veja um detalhe que sempre aparece. A as pessoas brancas têm o rosto totalmente delineado, enquanto que as pessoas negras não o têm nesse processo de mistura e de desumanização. Vejamos mais uma imagem de Almeida Júnior.
Nessa já de 1891 com o texto da República, vocês estão vendo a família de Adolfo Augusto Pinto, um engenheiro que se faz retratar como tal. Ele está ao centro lendo uma revista de, desculpem, de engenharia. É cercado por um ambiente totalmente burguês.
E vocês vejam uma divisão de gênero muito clara aqui. Enquanto o homem é o que trabalha, está sempre trabalhando, seu filho ao centro é o que vê um álbum de fotografias. Já as mulheres costuram nesse espaço da domesticidade.
Mas eu gostaria que vocês olhassem pra figura ao centro. Eu não tenho tempo, mas eu poderia dar todos os nomes das pessoas que aparecem nessa tela, mas o que vocês estão vendo ao centro é um filho do engenheiro Adolfo Augusto Pinto, um filho negro. E vejam que ele olha pro pai mostrando como se dá essas relações, como se dão essas relações de bastardia no seio da família brasileira e como se dão essas relações de inclusão e exclusão no seio da família brasileira.
Passando rápido, eu vou aqui para essa figura do Xico Alkm, esse retrato da família eh de família, né? Chico que tinha um atelê fotográfico em Diamantina. E vocês podem ver o que nasceu para aparecer e o que nasceu para não aparecer.
Ao centro, a família burguesa, o pai sentado com a menina ao colo, a mãe de pé. Do lado direito está Mikita, a esposa do fotógrafo, que muitas vezes não aparece nas não aparece imagem nem nas imagens, nem tem registro eh no atelier nessa relação de gênero muito complexa. E agora vamos interseccionar gênero e raça.
Se vocês olharem para a esquerda, vocês verão uma menina negra, provavel moleca, como se chamava, então, que continua trabalhando e continua descalça. Essas são imagens que referendam, que voltam, que aparecem de novo, como essa imagem tão conhecida hoje que foi produzida pelo pintor Modesto Brocos em 1895 e que trata da redenção de C, ou seja, de como Ciao, não é? Can, que foi na na liturgia bíblica foi teve a maldição de ter que circular.
Nesse caso não, ele seria redimido pelo destino. Tanto que na esquerda, a vó muito negra e descalça olha pros céus. À direita, o pai observa a criança e confirma a sua paternidade.
Ao centro, a mãe com os traços mais menos marcados aponta pelo pro futuro e ela é seguida pela criança que também aponta pro mesmo futuro. Só que essa criança é branca de olhos azuis. Destaco que a mãe, avó pisa num chão que não é pavimentado, o pai num chão pavimentado e a mãe não está bem no meio do caminho.
Eu poderia mostrar muitas imagens, como a imagem de Pedro Bruno, pátria, que desenha um Brasil totalmente branco, né? Como se a o Brasil fosse europeu, até a paisagem de fundo parece europeia. Ou então a maquete do Engenho Noruega que aparecia na na frente do Casagre sem zala do famoso livro de Gilberto Freire em que vocês podem ver a divisão muito clara entre o universo de sociabilidade branco e de mando da sociabilidade branca e o universo negro.
Também poderia falar de Oliveira Viana, que que escreveu um livro terrível chamado Raça Assimilação, 1932, prevendo, como João Batista Lacerda de que em três gerações o Brasil seria branco. Seram muitas as referências que eu teria, por exemplo, José Zé Carioca, que foi criado então por Wal Disney e que era um papagaio que representava essa um pouco essa mistura de cores, mas que era que era que era bom de samba, que era bom de futebol, que era o malandro brasileiro, mas como dizia o historiador Nicola Sevestian, que o malandro brasileiro continua negro. Ou então Getúlio Vargas, né?
Pretúlio Vargas, que criou alguns feriados nacionais, o seu aniversário, o o e o dia da raça, né? sempre com essa tentativa de mostrar a ideia construída por Gilberto Freire, mas divulgada por uma série de de pensadores, de que o Brasil era uma democracia racial, fato que em absoluto se referenda a própria ditadura militar, como vocês podem notar aqui na num disco lançado nesse contexto, divulgou demais essa ideia da mistiçagem e da mistura bem fazeja exist que existe no Brasil. Mas o fato é que discursos de branqueamento e degenia continuam a existir.
Discursos como do João Batista, que João Batista Lacedra fez lá atrás, né, no contexto em que eu mostrei a tela Redenção de C e num congresso em que eh o então diretor da biblioteca do, desculpem, do Arquivo Nacional do, desculpem de novo, o então diretor do Museu Nacional, João Batista Lacerda fez, participou em 1911. Esses são projetos que diziam que em um século o Brasil seria branco. Projetos esses que aparecem em propagandas do antigo governo, né?
em que, como por exemplo essa propaganda que eu mostro chamada pátria amada Brasil, em que todas as crianças são brancas e loiras, como se o Brasil fosse branco e louro. Ao contrário, sabemos que, segundo as últimas pesquisas do IBGE, eh, 54. 6 55.
6% da população brasileira é negra. Se nós juntarmos o critério preto e pardo, né, como critérios para determinar a população nele. Nós vivemos, portanto, esse tipo de processo bastante h disfa que mistura a ideia de mistura racial com branqueamento futuro, como se essa fosse uma ideia possível, uma ideia assim sendo estimada.
Mas eu quero terminar com uma imagem que fala do contrário, uma imagem produzida pelo artista Flávio Cerqueira, o escultor Flávio Cerqueira, que produziu essa bela imagem chamada amnésia. Qual é a ideia dessa imagem? O título parece dizer que esse menino está esquecendo, mas ao contrário, aqui vocês vem uma imagem de um menino negro que despeja despeja 30 tinta branca no seu corpo, mas a tinta não fica porque a memória dele, a amnésia dele é do da população branca e não amnésia da população africana.
Ao contrário, a cor que fica é a cor do bronze, é a cor negra. Pois bem, gente, nessa aula eu tentei falar de três sequências, né? Três sequências muito significativas para entendermos e para revisitarmos a história do Brasil.
Então, eu desejo a todos, todas e todos vocês um grande curso, um curso crítico, porque a história é assim, é um convite à revisita, à crítica. a ler de novo, a descobrir de novo, a olhar de outra maneira. E eu convido vocês também a lerem imagens, porque as imagens não têm nada de ilustração no sentido de dar um lustro.
Elas nos convocam e nos pedem que a gente tenha uma percepção crítica, cidadã, inclusiva e sempre vigilantes sobre a história e sobre o nosso imaginário. Muito obrigada.
Related Videos
CHICO PINHEIRO ENTREVISTA - 12/05/25 -  JOÃO CEZAR DE CASTRO ROCHA
1:18:14
CHICO PINHEIRO ENTREVISTA - 12/05/25 - JO...
Instituto Conhecimento Liberta
39,320 views
História e historiografia do Brasil: a formação da nação
2:29:24
História e historiografia do Brasil: a for...
História USP - Canal Oficial
17,044 views
#88 | Princesa Isabel foi mesmo uma heroína?
11:12
#88 | Princesa Isabel foi mesmo uma heroína?
Lili Schwarcz
3,270 views
OESTE SEM FILTRO - 15/05/2025
OESTE SEM FILTRO - 15/05/2025
Revista Oeste
CHICO PINHEIRO ENTREVISTA - 12/05/25 -  JOÃO CEZAR DE CASTRO ROCHA
1:18:14
CHICO PINHEIRO ENTREVISTA - 12/05/25 - JO...
Eduardo Moreira
29,914 views
Habiter la Terre à l’Anthropocène - Ailton Krenak (2025) (VO)
1:47:25
Habiter la Terre à l’Anthropocène - Ailton...
Sciences sociales - Collège de France
12,070 views
Janela Internacional #109 | Lula na Rússia, China e Vietnã
2:38:49
Janela Internacional #109 | Lula na Rússia...
Fundação Perseu Abramo
235 views
A história da democracia no Brasil - PODCAST Não Ficção
1:31:56
A história da democracia no Brasil - PODCA...
Atila Iamarino
105,785 views
CONDENADA, ZAMBELLI REPETE BOLSONARO E DIZ QUE NÃO SOBREVIVERÁ NA CADEIA - ICL NOTÍCIAS 2 AO VIVO
CONDENADA, ZAMBELLI REPETE BOLSONARO E DIZ...
Instituto Conhecimento Liberta
#85 | 525 anos da invasão do Brasil
12:43
#85 | 525 anos da invasão do Brasil
Lili Schwarcz
7,619 views
Santo Agostinho | Andrei Venturini
31:21
Santo Agostinho | Andrei Venturini
Democracia na Teia
330,764 views
Os mouros e a Reconquista da Península Ibérica
35:06
Os mouros e a Reconquista da Península Ibé...
Paulo Rezzutti
342,594 views
Adeus, Solar dos Presuntos - Extremamente Desagradável
19:04
Adeus, Solar dos Presuntos - Extremamente ...
Renascença
66,769 views
Reginaldo Prandi, um sociólogo das religiões, com Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde. Reconversa 92
1:51:10
Reginaldo Prandi, um sociólogo das religiõ...
Reinaldo Azevedo
30,455 views
JOANA D'ARC: A SANTA PADROEIRA DA FRANÇA I Professor HOC
14:18
JOANA D'ARC: A SANTA PADROEIRA DA FRANÇA I...
Professor HOC
25,957 views
O "DESCOBRIMENTO" DO BRASIL - HISTÓRIA DO BRASIL PELO BRASIL (Episódio 1) - Débora Aladim
36:28
O "DESCOBRIMENTO" DO BRASIL - HISTÓRIA DO ...
Débora Aladim
1,832,799 views
Pepe Mujica defendeu democracia e América Latina unida, mas projeto não avançou | Jamil Chade
26:55
Pepe Mujica defendeu democracia e América ...
UOL
8,361 views
REGÊNCIA DE DOM PEDRO E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
20:23
REGÊNCIA DE DOM PEDRO E A INDEPENDÊNCIA DO...
Parabólica
66,679 views
Pondé analyzes Bauman: what is ambivalence in modern life?
12:24
Pondé analyzes Bauman: what is ambivalence...
Jornalismo TV Cultura
19,634 views
Aula de Encerramento - História e Política III: A Extrema-direita Hoje - Ódio e Guerra pelo Poder
36:57
Aula de Encerramento - História e Política...
Fundação Perseu Abramo
557 views
Copyright © 2025. Made with ♥ in London by YTScribe.com