Esse é Putin com o ex presidente Brasileiro Fernando Henrique Cardoso Esse é Putin com o Lula Com Dilma, com Temer e com Bolsonaro Era 31 de dezembro de 1999 quando Boris Yeltsin, o primeiro presidente da Rússia após o fim da União Soviética, renunciava diante de problemas de saúde e índices baixíssimos de popularidade. Vladimir Putin, que na época ocupava o cargo de primeiro-ministro, assumia oficialmente a presidência do país pela primeira vez — mas essa definitivamente não seria a última. Desde então, Putin transformou a Rússia numa espécie de autocracia, invadiu 2 de seus países vizinhos e ex-membros da extinta União Soviética, e estreitou laços com países como Síria e Irã, se posicionando contra o avanço da influência norte-americana.
Ex-agente da KGB, o temido serviço de inteligência soviético que existiu entre os anos 1954 e 1991, Putin é advogado por formação, mas trabalhou como espião da agência de inteligência por mais de 15 anos. Com um estilo de governo que mais se assemelha a uma mistura entre o absolutismo das antigas famílias imperiais russas e a implacável máquina de propaganda soviética, Putin tem sido descrito por muitos como o czar do século 21, governando um país que de democrático não tem nada. Controlando com mãos de ferro a população de um país cuja imprensa está praticamente toda nas mãos de um grupo de oligarcas que mantém laços estreitos com ele, Putin reprime e passa por cima de qualquer um que critique seu governo ou que ameace sua permanência nele, inclusive os próprios oligarcas.
Mais de 20 anos se passaram desde a fatídica renúncia de Yeltsin em 1999 — mas Putin continua no poder. De lá pra cá, os Estados Unidos foram governados por 4 presidentes diferentes, enquanto a Rússia segue sob as ordens de Putin. Uma vez no poder, ele se valeu de sucessivas manobras pra se manter nele pelo máximo de tempo possível, o que vem acontecendo até hoje.
Através de uma política que envolve manipulação, repressão, e um grupo poderoso de aliados, Putin pode passar mais tempo no poder do que o próprio Stalin. A ascensão de Putin coincide com a queda da figura de Boris Yeltsin, mas pra entender como Putin realmente chegou ao poder e como ele pode se manter lá até 2036, a gente precisa voltar um pouco a fita e entender sua história, além dos motivos que levaram ao caos que sucedeu o fim da União Soviética e os eventos que culminaram na renúncia de Yeltsin. Putin nasceu em outubro de 1952, na ex-cidade soviética de Leningrado, hoje conhecida como São Petersburgo, 7 anos após o fim da 2ª Guerra Mundial.
Tanto seu pai quanto sua mãe, um casal de operários, sobreviveram aos horrores da 2ª Guerra, em especial ao terror dos nazistas. A 2ª Guerra deixou a União Soviética devastada. Após invadir países como a Áustria e a Polônia, Hitler autorizou a invasão da União Soviética, que até então era neutra no conflito.
Isso fez com que o bloco fosse praticamente obrigado a entrar na guerra travada pelos alemães, o que levou a uma série de batalhas sangrentas entre alemães e soviéticos. Ao lado da França, Inglaterra e Estados Unidos, a União Soviética fez parte dos Aliados, o grupo de países que juntos lutaram e venceram o Eixo, grupo formado por Alemanha, Itália e Japão. Seu pai, Vladimir Spiridonovitch Putin, inclusive, foi um veterano de guerra que sobreviveu à 2ª Guerra Mundial.
Ele foi um dos poucos de sua unidade a voltar vivo pra casa, apesar de ter convivido o resto de sua vida com sequelas deixadas por ferimentos feitos por estilhaços. Putin conta, em um de seus livros, que seu pai teve as pernas explodidas por um ataque suicida durante uma missão na 2ª Guerra. Já sua mãe sobreviveu ao terrível cerco de Leningrado, parte da chamada Operação Barbarossa, que tinha como objetivo a invasão da União Soviética por parte da Alemanha Nazista, muito embora os dois países tenham assinado um pacto de não-agressão alguns anos antes.
O Cerco de Leningrado ficou conhecido como um dos episódios mais cruéis e sangrentos da História. Ignorando totalmente o acordo firmado entre Alemanha e União Soviética 2 anos antes, Hitler autorizou a invasão da União Soviética em 1941. Dentre as razões que os nazistas utilizaram pra justificar a invasão, estava a expansão do espaço vital, um conceito diabólico elaborado pelos nazistas e utilizado diversas vezes como justificativa pra invadir outros países ao longo do curso da 2ª Guerra Mundial.
Na prática, a Alemanha não tinha condições de sustentar por muito mais tempo a guerra que ela mesma havia iniciado, e por isso precisava de muitos dos recursos presentes na União Soviética, como petróleo e minérios. Com isso, um dos alvos da Operação Barbarossa foi a cidade de Leningrado, onde os pais de Putin viviam na época. Após um tempo de luta armada, a estratégia dos alemães mudou e as ordens passaram a ser pra cercar a cidade e impedir que qualquer coisa, ou pessoa, entrasse ou saísse de lá.
O objetivo era matar os soviéticos de fome. Por quase 900 dias, Leningrado ficou sem acesso à comida ou água tratada. Uma terrível fome generalizada se instalou.
Os adultos não conseguiam comer mais do que 250g de pão por dia. A porção pra crianças e idosos era menor ainda. Somado a isso, o rigoroso inverno russo contribuiu pra que os que não morreram de fome ou sede, morressem de frio.
Durante o cerco de Leningrado, do qual a mãe de Putin sobreviveu, quase 1 milhão de pessoas morreram como consequência direta ou indireta das ações dos nazistas. O desespero foi tanto que, nessa época, foram registrados cerca de 2 mil casos de canibalismo. Em um dos livros que escreveu, Putin conta que sua mãe chegou a desmaiar de fome.
As pessoas acharam que ela havia morrido e colocaram seu corpo junto aos outros corpos quando, enfim, ela acordou e, de acordo com Putin, por algum milagre: sobreviveu. Putin foi o mais novo de 3 irmãos, 2 dos quais morreram ainda na infância, antes de Putin nascer — e como a maioria dos cidadãos soviéticos da época, ele também nasceu em família pobre e teve uma infância bastante modesta, sem luxos. Putin vivia com seus pais em um pequeno cômodo de um apartamento compartilhado, eles não tinham sequer água quente ou um banheiro minimamente decente: usavam um banheiro que ficava perto de uma escada estragada e coberta de buracos.
Como passatempo, ele e seus colegas perturbavam os ratos que viviam nas escadas de seu apartamento. Nessa época, Putin conta ter recebido uma lição sobre o que pode acontecer se você pressionar demais seus inimigos. Ele conta que uma vez viu um rato enorme e o perseguiu pelo corredor, até finalmente deixar o rato sem saída.
Sem ter pra onde ir, o rato pulou de volta nele. Ele conta que ficou surpreso e assustado, porque agora era o rato que perseguia ele. Sua mãe varria as ruas, limpava equipamentos de laboratório e fazia outros tipos de trabalho simples, em troca de quantias baixíssimas de dinheiro.
Durante a infância, Putin foi uma criança extremamente temperamental. Ele costumava ignorar as atividades escolares, jogava apagadores em seus colegas e brigava com seu professor de educação física constantemente. Apesar de não ser um bom aluno nessa época, ele tinha um desempenho excepcional em História e Alemão.
Na 6ª, seu desempenho melhorou significativamente, o que fez com que durante o ensino médio, Putin se tornasse um aluno exemplar — tanto que ele foi aceito numa escola prestigiada e logo se tornou um aluno além da média. Daí em diante, sua vida seria marcada por um alto desempenho em praticamente tudo o que se predispôs a fazer. Com o fim da guerra, em 1945, nascia uma nova ordem mundial, com duas superpotências que dominariam o cenário global pelas próximas 4 décadas: de um lado, os Estados Unidos — do outro, a União Soviética.
Era o início de um novo capítulo da História recente ao qual Putin assistiria em primeira mão. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética alçaram ao posto das duas maiores superpotências da época e travaram um conflito ideológico que ficou conhecido como Guerra Fria. Devido ao fato de os dois países serem, também, as duas maiores potências nucleares da época, um conflito por ar, terra ou mar se tornou impossível, com base no princípio da aniquilação mútua, onde numa guerra como essa não permitiria a existência de um vencedor.
Por ter se envolvido em muitas brigas durante a adolescência, Putin acabou se dedicando aos esportes. Ele passou a lutar sambo, um esporte de combate desenvolvido pelo exército vermelho ainda nos anos 20, além de ter se tornado faixa preta em judô. Sua paixão pelo judô é tão grande que ele chegou até mesmo a escrever um livro inteiro sobre o assunto, com a ajuda de mais dois escritores.
Ao terminar a escola, Putin ingressou no curso de Direito, onde se formou pela atual Universidade Estatal de São Petersburgo. Lá, ele conheceu uma figura que mudaria completamente a forma como ele se relacionaria com a política — e que definiria o futuro da Rússia na virada do século. Anatoly Sobchak era professor de Direito Empresarial na mesma faculdade em que Putin estudava.
Os dois se conheceram e desenvolveram uma amizade que alavancaria a carreira política de Putin alguns anos depois. Foi logo depois da faculdade que Putin entrou pra KGB, o serviço de inteligência soviético, que também atuava como polícia secreta. Seus anos de juventude coincidiram com o apogeu da União Soviética e o auge da Guerra Fria, marcada por disputas no campo da ciência e tecnologia, além da corrida armamentista e da corrida espacial.
Durante esse período, agências de inteligência como a CIA e a KGB tinham um prestígio muito grande, por isso não é surpresa que o sonho de Putin, assim como o de muitos jovens soviéticos da época, fosse entrar pra KGB. O “Comitê de Segurança do Estado”, conhecido pela sigla KGB, foi o impiedoso serviço de inteligência soviético. Sua função era assegurar os interesses do Estado, fossem quais fossem.
Isso incluía perseguir dissidentes e vigiar a população, esmagar opositores e manter a imagem do governo a qualquer custo, muitas vezes se valendo de métodos violentos e de operações disfarçadas. A KGB foi um exemplo prático da crença de que “os fins justificam os meios” — tudo feito por ela era orquestrado com o objetivo de manter uma imagem impecável do governo soviético. O acidente nuclear na usina de Chernobyl foi um exemplo claro disso.
As causas do acidente estavam diretamente ligadas a falhas no projeto dos reatores, mas isso não foi levado em consideração. Além disso, o governo soviéticos tentou encobrir a situação, com a participação ativa da KGB, mesmo o acidente podendo ter tido implicações sérias pra outros países europeus, como a contaminação das águas que abasteciam boa parte da Europa. O acidente só foi levado a público quando altos níveis de radiação foram detectados na Suécia.
Durante os anos em que esteve em atividade, entre 1954 e 1991, a KGB foi reponsável por espionagem, tanto nacional quanto internacional, prisões, sequestros, atentados, assassinatos, e muita desinformação. No auge, ela era considerada uma organização poderosíssima, considerada a maior polícia secreta e agência de espionagem do mundo. A KGB chegou a ter mais de 450 mil agentes e a União Soviética pode ter usado milhões de pessoas como informantes ao longo dos anos.
Putin foi agente da KGB entre os anos de 1975 a 1991, onde trabalhou como espião pro governo soviético. Ele passou anos na então Alemanha Oriental, o lado leste da Alemanha controlado pela União Soviética com o fim da 2ª Guerra Mundial. Mas suas atividades nesse período são pouco documentadas e não se sabe exatamente o que ele fez nessa época, mas é provável que ele tenha trabalhado em conjunto com organizações criminosas, fornecendo armas e outros equipamentos solicitados.
Putin trabalhava na Alemanha Oriental quando viu, em primeira mão, o Muro de Berlim cair, em 1989. Era o fim do Império Soviético e o início de um novo capítulo do qual Putin não sabia, mas seria um dos personagens principais. Nos anos 80, a situação econômica da União Soviética já não ia nada bem.
Na época, Mikhail Gorbachov assumiu, mas suas políticas mais famosas, intituladas de Perestroika e Glasnost, não vingaram. Em 1989, era derrubado o Muro de Berlim, um dos símbolos máximos da Guerra Fria — e a Alemanha, dividida entre americanos e soviéticos com o fim da 2ª Guerra, era finalmente unificada sob um único governo. Com a União Soviética em ruínas, Gorbachov sofreu uma tentativa de golpe de Estado.
Nessa época, Putin renunciou ao cargo que tinha na KGB e voltou pra sua cidade natal, agora chamada São Petersburgo. Logo depois, Sobchak se tornou prefeito de São Petersburgo e fez de Putin seu vice. Esse movimento por parte de Sobchak, um amigo de longa data, fez com que Putin desse o primeiro passo em direção à política.
Gorbachov foi o último líder da União Soviética, oficialmente dissolvida em dezembro de 1991 e desmembrada em 15 repúblicas independentes, sendo uma delas a Federação Russa, da qual Boris Yeltsin seria eleito o primeiro presidente. Yeltsin foi um político muito carismático que conquistou o apoio do público e assumiu a presidência da Federação Russa quando a União Soviética acabou. Mas ele liderou uma política de aproximação com o ocidente, especialmente com os Estados Unidos, o que não agradou muita gente.
Desde o fim da 2ª Guerra, os Estados Unidos se tornaram a nêmesis dos soviéticos e não seria do dia pra noite que essa relação mudaria. Por décadas, os soviéticos desconfiaram dos americanos, assim como os americanos desconfiaram dos soviéticos. De início, os índices apontavam pra um alto nível de aprovação do governo de Yeltsin.
Mas o verdadeiro caos tomou conta da Rússia com o fim da União Soviética e sua economia, praticamente implodida durante os anos de Gorbachov, somada à aprovação do governo de Yeltsin, que despencou pra apenas 6% no fim de seu mandato, não acabou nada bem. O governo de Yeltsin vendeu milhares de estatais, empresas que até então tinham sido controladas pelo Estado, numa tentativa de reestruturar a economia russa. O programa de privatização lançado na metade dos anos 90 foi a maior onda de privatização da história, com cerca de 800 empresas vendidas por mês.
A maioria dessas empresas foram parar nas mãos de um pequeno grupo de pessoas conhecidas como os oligarcas russos. Numa tentativa desesperada de alavancar novamente sua popularidade, que não ia nada bem, Yeltsin vendeu diversas estatais a preço de banana. E foi exatamente nessa época que Putin se tornou vice-prefeito de São Petersburgo, conhecida como a capital do crime da Rússia.
Como vice, ele usou sua posição pra favorecer grupos de interesse, ganhando o respeito e a simpatia dessas pessoas. Logo, Putin se tornou um dos favoritos entre os oligarcas e ascendeu rapidamente a cargos cada vez mais altos, sendo finalmente nomeado primeiro-ministro do governo de Yeltsin. Na virada de 1999 pra 2000, Yeltsin renunciou, fazendo de Putin o novo presidente da Rússia.
A virada do milênio trouxe consigo uma série de mudanças, e essa foi uma delas: a chegada de Putin à presidência alteraria por completo o mapa geopolítico do leste europeu nas décadas seguintes, embora ninguém soubesse disso naquela época, nem mesmo o próprio Putin. No ano em que Putin assumiu, terroristas chechenos começaram a forçar em direção às fronteiras com o território russo e em agosto de 1999, uma série de ataques terroristas a prédios civis russos matou mais de 300 pessoas. Putin, como primeiro-ministro, culpou os radicais chechenos pelos ataques e iniciou uma guerra contra a Chechênia, que acabou sendo anexada ao território russo.
Tempos depois, descobriu-se que os ataques foram orquestrados por membros da FSB, a agência de inteligência que substituiu a KGB após o fim da União Soviética, e que os ataques foram descritos como um “treinamento”. No entanto, esses ataques aumentaram drasticamente a popularidade de Putin entre os eleitores, que até então não passava de um rosto novo na política russa. Os índices de aprovação de Putin escalaram de 2% antes dos ataques pra 45% depois dos ataques e essa disparada foi diretamente responsável pela vitória de Putin nas eleições de 2000.
A partir daí, Putin começou a moldar a Rússia à sua maneira e a corrupção se tornou uma marca registrada do seu governo também. Mas ao contrário de Yeltsin, Putin subjugou os oligarcas, recompensando aqueles que ficassem ao seu lado e punindo os que resolvessem criticá-lo. Como as antigas estatais foram negociadas a preço de banana aos oligarcas russos, esse grupo passou a ter muito mais poder e influência do que deveria, inclusive na política, especialmente porque eles passaram a controlar um aspecto chave da sociedade: a mídia.
No poder, Putin invadiu a Geórgia, a península da Crimeia e a Ucrânia. Mas não bastava assumir o poder, era preciso se manter nele. De acordo com a constituição russa, o presidente só pode assumir por 2 turnos consecutivos.
Mas ainda de acordo com a constituição russa, não há um limite em relação ao número total de turnos que um presidente pode assumir. Putin assumiu de 2000 a 2004 e de 2004 a 2008. Depois disso, ele apontou Dmitri Medvedev como seu sucessor.
Medvedev ganhou as eleições e apontou Putin como seu vice, numa clara troca de favores. Logo em seguida, Putin se candidatou novamente, ganhando com uma margem impressionante. Depois disso, ele conseguiu passar uma lei que pode manter ele no poder até 2036, que pode ser mais tempo do que Stalin passou no comando da União Soviética.
Mas além de ter mexido vários pauzinhos pra se manter elegível por mais tempo do que deveria, Putin utiliza 2 táticas específicas pra se manter no poder e fazer parecer que o povo realmente prefere ele: A Rússia é considerada um dos países mais perigosos do mundo pra se trabalhar como jornalista. Alexander Litvinenko, ex-oficial russo e ex-membro da FSB, acusou o governo de Putin de ser extremamente corrupto. Ele também acusou o governo russo de ter orquestrado o assassinato do oligarca russo Boris Berezovsky e apontou que os próprios russos teriam planejado os atentatos à bomba contra os apartamentos civis, dentre outros atos terroristas, todos tendo sido esforços pra alçar Putin ao poder durante as eleições.
Ele também acusou Putin de ordenar o assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya. Litvinenko teria cunhado a expressão “estado mafioso” pra se referir a Rússia de Putin. Litvinenko sofreu envenenamento por polônio em 2006 e morreu semanas depois.
Mikhail Khodorkovsky, ex-proprietário da petrolífera Yukos, uma das maiores do mundo e a maior da Rússia, uma vez considerado o homem mais rico da Rússia, foi preso e sentenciado a 14 anos de prisão, sob a acusação de corrupção, fraude, sonegação e evasão de divisas. O governo de Putin também reprime qualquer ato contra o governo praticado pelos civis, mesmo que dificilmente eles aconteçam com frequência, por causa das alianças que Putin mantém. Putin fez e manteve algumas alianças ao longo de sua trajetória política que o ajudaram a não somente chegar, mas a se manter no poder — e isso é especialmente verdade quando se trata dos oligarcas russos.
Os oligarcas se beneficiaram muito com a onda de privatizações promovida por Yeltsin na década de 90. Isso fez com que eles se tornassem ainda mais poderosos, controlando inclusive os meios de comunicação, o que nos leva a segunda tática: alimentar a máquina de propaganda russa. Além de ser uma máquina militar, a Rússia também é uma máquina de propaganda, exatamente como era a União Soviética.
Praticamente todos os jornais trabalham a favor do governo, o que significa que é o governo de Putin que decide o que vai ao ar sobre o governo de Putin e, nesse caso, Putin prefere esconder tudo o que pode não ser bom pra sua imagem. Assim, ele usa a mídia pra manipular a opinião pública e conseguir se manter no poder sem necessariamente ser considerado um ditador. Não é como se ele obrigasse as pessoas a votar nele, ao invés disso ele induz elas às conclusões erradas que, eventualmente, levam elas a votarem nele.
A máquina de propaganda russa funciona com o intuito de manter Putin no poder pelo máximo de tempo possível, alterando a percepção das pessoas sobre quem ele realmente é e o que ele realmente faz, tanto dentro quanto fora da Rússia, algo muito similar ao que Stalin fez nos anos em que governou a União Soviética. A máquina de propaganda soviética foi uma das maiores e mais eficientes do mundo, tanto que conseguiu levar a um culto de personalidade envolvendo Stalin, algo muito parecido ao que acontece hoje com Putin, ainda que em proporções diferentes. Assim, Putin vai se tornando um líder cada vez mais autoritário, populista, e perigoso.
Putin diz que não ganha mais do que 140 mil dólares por ano, o equivalente a menos de 12 mil dólares por mês — e que tem um apartamento de pouco mais de 70 metros quadrados. Sua verdadeira fortuna, entretanto, ainda é um mistério não desvendado. Mas existem algumas teorias.
O “Palácio de Putin”, por exemplo, é uma mansão às margens do Mar Negro que teria sido construída pelos oligarcas russos pra uso pessoal do presidente. Além disso, algumas coisas estão ligadas a amigos e familiares de Putin, embora nunca diretamente a ele, como um super-iate de cerca de 100 milhões de dólares. Mas Putin não deixa rastros, por isso é praticamente impossível saber com clareza de onde vem todas as coisas que ele tem.
Mas fato é que uma das razões pela qual Putin tem interesse em se manter no poder, é porque isso significa conseguir manter o seu estilo de vida que, aparentemente, conta com uma coleção de relógios de luxo, uma mansão de quase 1 milhão e meio de dólares, além de aviões, helicópteros, carros e iates. Até o início dos anos 90, o nome “Vladimir Putin” era um nome quase que totalmente desconhecido. Hoje, Putin é considerado um dos políticos mais influentes do mundo, e lidera um país que avança impiedosamente sobre seus vizinhos, na tentativa de recuperar uma suposta glória perdida dos anos do grande Império Soviético.
Putin não é muito diferente dos tiranos que governaram a Rússia imperial pré-revolução, muito menos dos revolucionários que tomaram o poder logo depois. Sua popularidade dentro do território russo pode ser facilmente atribuída à máquina de propaganda que se tornou a mídia russa nas últimas décadas. Sua vida, assim como sua paixão pelo xadrez, parece ser marcada por movimentos sempre muito calculados e precisos, com o intuito de chegar a um objetivo específico.
Suas raízes na KGB certamente ajudaram a moldar a forma como ele enxerga as potências europeias, e principalmente os Estados Unidos, que aparentemente nunca deixaram de ser seu inimigo número 1. Como quem ainda está à serviço, Putin leva uma vida de devoção ao Estado, muito embora em alguns momentos não se saiba se Putin vive pro Estado ou se o Estado vive pra Putin. Ele usa sua posição pra alcançar os mais mirabolantes e diabólicos planos que passam pela sua cabeça, não hesitando em passar por cima de tudo e todos pra conseguir o que quer.
Resta saber se tudo isso tem sido feito pra realmente reconquistar a glória política, que não se sabe ao certo se um dia a União Soviética realmente teve e até que ponto foi farsa, ou uma glória pessoal que Putin parece desesperado pra conseguir desde os anos de juventude. O que você acha do Putin e das intenções dele? E ainda, o que você achou desse documentário?
Comenta aqui embaixo que eu quero saber. Pra você que gosta dos meus vídeos e já pensou como deve ser produzir conteúdo como esses e como funciona um negócio no youtube, confere uma aula grátis minha no primeiro link da descrição. Agora se você quiser descobrir o que aconteceu com Cuba, que foi o grande parceiro da União Soviética durante a Guerra Fria, e que hoje vive em uma pobreza absoluta, confere esse vídeo aqui na tela Então aperta nele ai que eu te vejo lá em alguns segundos.
Por esse vídeo é isso, um grande abraço e até mais.