QUAL A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA? | Thaís Mitiko Toshimitsu

acho que é uma pergunta que se faz o tempo inteiro principalmente no espaço escolar qual a importância da literatura ou dizendo de um jeito mais cru e seco para que estudar literatura pra que ler literatura qual é a importância da existência da literatura é no tempo histórico em que as questões técnicas pragmática celas foram ganhando cada vez mais relevo essa pergunta passou a ser uma pergunta cada vez mais constante né eu costumo dizer para os meus alunos quando eles me perguntam isso que enquanto a resposta do pará que a literatura pra que ele terá tura

foram pra nada a gente a gente está a salvo né dizer não existe a idéia de que a gente precisa definir a literatura uma utilidade um pragmatismo uma funcionalidade né se a gente for pensar desse jeito sobre o que a literatura é a gente vai abandonar justamente aquilo que define a gente como humano né há na literatura um caráter humanizador e que é intrínseco é ela o ensino de literatura portanto ele é o ensino não de textos nem de autores nem de técnicas nem de estéticas nem de nada disso que ao longo do tempo principalmente

num país subdesenvolvido ganhou caráter que é o caráter de um verniz cultural de uma quantidade de coisas que se saiba em que isso de fato tenha um sentido e tem um lastro de subjetividade para quem acumula esses saberes né como é que a gente foi transformando a cultura em um valor que é quase um valor material e não o sentido do que é a construção de uma civilização pensar portanto a literatura no seu caráter de formação em seu caráter de educação é pensar na formação de humanos e portanto é pensar na formação de uma civilização

para usar a expressão de antonio candido uma civilização capaz de sonhar e uma civilização capaz de sonhar é uma civilização saudável e uma civilização propícia é capaz de criar uma democracia acho que ainda hoje o texto mais importante para a gente pensar sobre literatura é o texto de antônio cândido que foi publicado pela primeira vez em 1988 e que se chama o direito à literatura eu gosto muito do título desse texto porque a gente pensa em literatura em leitura como de ver né e quando antônio cândido pensa em 88 na literatura como um direito a

gente tem me parece um ganho estrondoso pra gente pensar não só literatura mas para a gente pensar a arte de modo geral e para a gente pensar a cultura né saiu há pouco tempo o resultado do pisa é que é que é a pesquisa ea investigação que mede qual é a capacidade de leitura dos alunos em muitos países e o resultado disso foi que no brasil quase 50% da população brasileira dos estudantes brasileiros não têm capacidade de ler um texto é um dado alarmante porque é e aí com isso eu queria juntar duas coisas aqui

pra gente pensar né como é que literatura e leitura são duas coisas que estão intimamente conectados parece ouviu não é porque afinal de contas você precisa saber ler para poder chegar a literatura é mas a gente está falando de duas construções de dois valores que embora estejam interligados eles são diferentes e eles são fundamentais para a construção de uma sociedade democrática e de fato quando a gente precisa pensar sobre a civilização bom o que significa que essa quantidade enorme de de meninos e meninas não tenham a capacidade de ler significa uma impossibilidade de leitura do

mundo né não é a leitura de palavras não é a leitura de textos e também não é conhecer esse ou aquele escritor né então portanto pensar que a literatura não como esse verniz de que eu falava antes mas é o que é que a literatura ela abre como possibilidade de conhecimento do mundo de reconhecimento de si mesmo né quando se está diante de um texto literário se está diante de uma possibilidade de conhecer coisas de estar em lugares de pensar como pessoas é que você talvez jamais conhecesse de lugares que você talvez jamais visitasse a

literatura é a possibilidade de imaginação não só para que você possa vivenciar coisas mas a possibilidade de imaginar para que se possa criar mundos diferentes né então quando antonio candido fala no direito à literatura ele não fala da literatura específica dos textos do cânone do paradigma é dos 100 livros mais importantes e dos grandes clássicos da literatura mas o cândido vai falar que a literatura é a possibilidade de fábula uma sociedade que não têm possibilidade de imaginar uma sociedade que não têm possibilidade de pensar um mundo diferente daquele em que ele está vivendo é uma

sociedade que não consegue se criar politicamente para absolutamente nada né é acho que a gente está vivendo um tempo que é um tempo de ausência de imaginação né como é que é que as utopias elas são fundamentais porque elas são o horizonte para o qual a gente se dirige o tempo todo quando a gente imagina que um projeto político morreu que o projeto político que a gente esteja vivendo não é suficiente mas a gente não consegue imaginar um outro projeto político a gente não consegue sair do lugar a literatura é possível idade de alimentar isso

o tempo inteiro né é o cândido dar um exemplo super bonito nesse texto em que ele diz assim a literatura é a possibilidade de alguém encostado com a cabeça na janela do ônibus é imaginar que ele possa ser milionário e ter ganhado na loteria né eu fazer literatura é contar piada fazer literatura é poder relatar um sonho então a literatura ela é o lugar em que a gente se forma enquanto ser humano ao mesmo tempo a literatura é esse arcabouço de conhecimento das sociedades todas né e quando a gente pensa na sociedade brasileira é um

lugar em que a gente vai conhecer a nossa história literatura brasileira é diferente da literatura de outros países porque a literatura brasileira ela nasce conectada e entrelaçada com o que é a interpretação do país então quem quer conhecer o país precisa conhecer o que a literatura desse país né eu não vou saber nunca o que é o século 19 sem ter lido josé de alencar ii sem ter lido machado de assis né e então a literatura ela essa porta de acesso para o conhecimento não pensando em uma funcionalidade em uma utilidade imediata mas pensando no

sentido de que existe uma utilidade que é uma utilidade típica do conhecimento né e como é que é que quando você se depara com um texto literário e poético ou em prosa se depara com um encontro de palavras que talvez você jamais pudesse se encontrar né e como é que isso abre novas dimensões então eu acho que pensar a literatura como um projeto de educação pensar a literatura com uma ampliação da quantidade de eleitores no brasil é absolutamente fundamental e é um projecto político sem dúvida nenhuma né quando a gente pensa que a gente vem

tentando formar leitores é democraticamente de uma forma universal desde a década de 30 do século 20 porque antes disso a literatura era um lugar de aristocracia e ponto né mas desde a década de 30 a idéia de que a educação ea literatura ela precisa ser pra todo mundo é desde esse momento a gente não tem sido bem sucedido nisso né década de 50 é a década de entrada da televisão eo massacre da indústria cultural que vai abandonando e vai tirando o espaço ea possibilidade de a gente lê se a gente pensar que o nosso tempo

um tempo da velocidade do celular é das micro séries de três minutos dos podcasts como é que é que isso também foi afastando a possibilidade de a gente para o corpo de a gente se concentrar numa palavra escrita a palavra escrita num texto numa página de livro ela não boia né no na tela do computador na tela do celular ela está sempre né numa abstração que é uma abstração que não permite que você tenha densidade do texto né então a literatura ela precisa ser defendida com unhas e dentes por todos os dons gostou do vídeo

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