Sala de Visita - Entrevista com Clóvis de Barros

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Livraria Cultura
Clóvis de Barros estreia a segunda temporada de nossa Sala de Visita. O professor conversa com Pedro...
Video Transcript:
[Música] quando de barros notícia obrigado pela visita prazer enorme conversar com você terá oportunidade de conversar com você você que enxerga a indústria editorial um pouco a sua percepção da indústria editorial brasileira hoje você dela indo bem crescendo não que você faria de melhor que sugeria para a indústria editorial brasileiro bom antes de mais nada obrigado pelo convite ela ganha é toda minha é muito difícil é falar de um assunto como esse sem ficar refém da própria trajetória e das múltiplas experiências que a gente mesmo tempo é eu me interesso pelo tema desde que tentei
publicar meu primeiro livro la em 1994 é um livro propriamente acadêmico voltado a estudantes de graduação em comunicação eu me lembro que eu voltei de uma pós graduação na espanha com o livro debaixo do braço tentando a sua publicação e eu pude conhecer um lado dessa indústria que é o lado é do relacionamento com alguém completamente desconhecido que não atrair a hipótese alguma pelo nome com que é justamente não tinha nenhum e propondo uma uma edição [Música] acadêmica de um livro muito escolar então obviamente eu em uma seqüência interminável de insucessos eu aprendi demais sobre
como sofremos nas próximas vezes também publicado pela editora moderna do ricardo feltre ali na professor de libras professor de química que me abriu esse espaço e depois numa editoria de universitário que nunca vingou ea partir daí o livro foi absorvido pela editora summus conhecida no campo da comunicação ou de investir nessa área a partir daí foram várias é iniciativa sempre acadêmicas visando publicar livros escolares até que com a minha ida para a casa do saber e o contato com o público até então desconhecido para mim eu acabei começando a escrever pra sim para um público
mais genérico de 11 anos especializado ea então ao relacionamento com o mundo editorial foi outro mudou completamente a minha visibilidade também aumentou o interesse pelo meu trabalho aumentou até chegar na situação de hoje onde eu realmente convivo com as editoras numa posição mais cômoda mais confortável recebo suas propostas analiso e se identificar o que há de mais adequado para cada um dos livros que eu pretenda obrigava sendo um consumidor de livros muito razoável eu não sou nenhum exagerado devorador de livros mais eu leio bastante e acabou comprando muitos livros a nítida sensação que eu tenho
é que esse mercado é um mercado e claro evoluiu mas que poderia ser infinitamente mais um diante do que do que efetivamente há naturalmente algumas hipóteses sobre as causas disso são conhecidas eu acho que eu costumo dizer que as aulas que o um dia pude dar na graduação da da usp há 15 anos agora em 2015 no final da minha vida universitária eu já não podia mais dá porque eram um é abstrata demais eram um avião recursos que hoje já não são mais viáveis de maneira que o meu trabalho sofreu um empobrecimento o grito progressivo
e eu sentia isso o ano eu me refiro alunos da da época da escola de comunicações e artes que são submetidos a uma triagem no estimular muito rigorosa tanto acredito está falando ali para uma elite do público estudantil de graduação isso me faz pensar que a formação escolar que é a nossa é uma formação é empobrecida e eu diria que isso em particular no que tange ao hábito de leitura eu acho que a apostila ização do mundo que traz para o aluno uma simplificação vista por muitos como muito auspiciosa acabou por a pequena demais o
universo de leituras possíveis eu acho que a dificuldade ou a carência ou a quase quase inexistência de consultas à biblioteca impediu aquela velha a possibilidade de você está procurando uma coisa e se deparar com outra e acabar é por conta desse encontro não esperado se interessando por uma outra leitura mais ou menos o que aconteceu aqui na sua livraria eu vim aqui pra pra dar uma entrevista e já tô com dois livros ali nayed para comprar porque é por acaso no encontro inesperado me saltou ao espírito essa essa curiosidade então esse esse mundo mágico do
encontro com o livro aonde você certo busca o que você queria mas sobretudo encontra o que você não esperava isso eu acho que é uma experiência que cada vez mais em comum a desenhar e implementar a gente pode ajudar muito a nossa você tem alguma ideia se você tivesse uma editora que você faria nesta direção o editor de livros olha eu tenho a nítida sensação e que com a habilidade que eu tenho pra gestão seja lá o que for eu levaria uma editora a falência num curtíssimo espaço de tempo e se porventura eu fosse seguir
critérios de apreço meu a falência então estaria absolutamente assegurada mas eu acredito que os recursos do marketing tão bom jantes para alavancar coisas medilcres certamente teria que um desafio incrível de de mostrar aquilo que tem muitas vezes valor e inequívoco pra quem não sabe que existe então eu eu eu eu penso que há nesse trabalho de divulgação do hábito de leitura um trabalho que passa por uma vida própria mente escolar aonde seria preciso que os professores acreditassem mais uma riqueza que a leitura pode trazer o que eu acredito que não acontece penso mesmo que o
próprio professor muitas vezes eu não digo sempre mas muitas vezes acaba sendo é quase que um desincentivador é das práticas de leitura exatamente por é consolidar um hábito que é o hábito da simplificação lá de tudo da redução no espectro de possibilidades e portanto um hábito que cada vez mais afasta o aluno é do encontro inesperado com o livro que ele não sabia que existe e isso acontece de uma forma aparentemente crescente no brasil ou seja o brasil vai muito mal na escola tira péssimas notas eu acho que nós temos em casa para reverter esse
processo de alguma forma conseguiu o primeiro passo para poder reverter esse quadro tão bonito né ea real eu concordo com o que você diz e como que a gente pode reverter isso que sugestão você daria àqueles editores que nos ouvem ou professores que nos ouve bem enfim o que podemos fazer é me incluo me deu eu acho que é feliz ou infelizmente as ocorrências aparentemente setoriais elas são indicativas um pouco da sociedade como um todo como ela é de tal maneira que eu penso que a pobreza dos dos nossos resultados escolares toda vez que o
brasil é convidado a participar de algum tipo de avaliação e sempre se poderá colecionar as avaliações mas não é possível que toda sistematicamente sejam absurdas todas as vezes que somos convidados a participar de avaliação ocupamos sempre a xepa da da tabela as últimas colocações o que é indicativo de uma pobreza na formação escolar essa pobreza nas formações colar ela vem acompanhada de perto de uma vida familiar também é distante dos livros distante de um de um encantamento pela leitura distante de um santigo pela leitura dentro de casa e isso claro é coroado com todos os
outros atrativos que concorrem com o livro cada vez mais incisivos e plurais fazem com que o nosso jovem de fato é lei a pouco é eu diria que a obesa da leitura causa e conseqüência de uma formação escolar é aquém do que nós poderíamos esperar e e eu acredito que o problema não é fácil de ser resolvido não há propriamente dica dada por que obteríamos que tem uma outra sociedade para podermos ter uma outra prática de leitura em uma outra indústria editorial e seria preciso que tudo fosse diferente é muito difícil pensar por onde começar
porque é a pergunta que deve fazer se fôssemos começar hoje qual seria a primeira atitude a ser tomada amanhã eu eu eu teria tendência a responder de um jeito porque sou vítima da minha trajetória o teria tendência dizem que precisaríamos ter um outro professor e quando eu digo um ou outro professor eu quero dizer talvez até mesmo as mesmas pessoas mas diferentemente motivadas diferentemente encantadas com o seu trabalho diferentemente remuneradas diferentemente legitimados pela sociedade diferentemente aplaude das diferentemente reconhecidas e assim por diante aí nós teríamos um outro professor esse outro professor com certeza teria pelo
seu trabalho um zelo é de detalhes mesmo é infinitamente maior do que tem e se contentaria - com essa estandardização do ensino é superar isso e eu diria que o incentivo à prática de leitura entraria exatamente aí uma nova escola com um novo professor e portanto com o aluno completamente diferente porque convivendo com um professor motivado e insensível à a experiências que manifestamente hoje ele não consegue ser a verdade é que os dados mostram os professores hoje são agredidos na sala de aula existe portanto um uma sensação de anacronismo entre a escola e aquilo que
o aluno espera encontrar na escola existe uma sensação de que talvez a escola não esteja educando para o mundo em que estamos com a sensação de derrotar da mento de atraso das práticas escolares frente às necessidades do mundo e isso evidentemente é chancelada por toda a sociedade leva o aluno a se considerar autorizado a pintar fisicamente o professor o que significa peitá-lo simbolicamente muito antes e portanto há há há há tornar o ambiente escolar um ambiente muito pouco propício a todo o espírito de iniciativa que a busca de uma leitura inesperada existe um papel importante
talvez o exemplo do que já é sinceramente se cabe aqui pensar numa espécie de revolução é preciso dá por perdida ao a geração dos pais e dos avós é porque senão não saímos do lugar a área os pais não lêem então é filmar e e dos filhos não é e isso parece não tem saída é preciso dentro de uma perspectiva revolucionária acreditar que os filhos façam coisas que os pais não fazem e isso é perfeitamente viável porque na relação com as novas tecnologias é isso que acontece há uma inversão de papéis muitas vezes os filhos
se convertem em exemplo e em mestres dos pais para o uso técnico de certos artefatos ora sendo assim por que não pensar nessa mesma inversão para a leitura em outras palavras o filho trazendo para o pai uma literatura ser lida e jan você não leu tal coisa e fazendo o fla o clássico constrangimento de toda a civilização de colocar a pessoa contra aparelho em uma situação desconfortável de ter sido aquela que aberrantemente não conhece tal literatura portanto se vendo na obrigação de pra conversar com o filho é dominar aquele conteúdo e aí quem sabe por
amor a fé é assistiríamos a uma revolução da família de práticas familiares que teria como ponto de partida a nova geração a geração que se encontra dentro da escola porque no sentido contrário aparentemente parece muito mais difícil é interessante aqui na livraria o que a gente observa é que pais q lêm comprar um livro para os filhos esse exemplo que você citou muito interessante eu não vejo um filho comprar um livro o pai que não lê até porque o poder de consumo do filho fica chancelado pela exatamente tem de laverne de guaymas mas pra isso
mas eu penso que se alguma revolução a esperar ela chegando em casa dizendo o nome ali é você viu que um autor na frança publicou um livro como se estivesse escrevendo em 2022 ele relata a vitória de um partido islâmico na frança e ele mostra toda mudança dos hábitos num país a partir da vitória de um partido islâmico e certa e ele relata isso com a ótica de um professor universitário que não se sente mais confortável em trabalhar numa universidade islâmica e nós aí você vai assistir a um pai colocado contra a parede e já
falou de um tal de michel houellebecq que escreveu um negócio de submissão e minha rua e se livre para ler eu te conto é como conversar com eles porque não tem tanta coisa esquisita acontecem porque essa também não faltando iniciativa importante não é a água ea terra criança para criança chegar em casa com esse todos com esse vício seria preciso que ela fosse levada da iso numa instância de socialização não familiar eu só posso encher da escola como esse espaço autores em outras palavras quem está dizendo assim o que toda criança gostaria que seus pais
soubessem é o que eu estou dizendo é em toda criança claro gostaria demais de interagir com os pais e que os pais tivessem uma abertura para relacionar com o seu repertório com seu universo com os seus símbolos com as suas com seus afetos e assim por diante essa criança pudesse trazer para casa é aquilo que ela considera mais palpitante mais excitante para que os pais possam dar algum tipo de continuidade algum tipo de de olhar paralelo algum tipo de crítica algum tipo de nossa vida felizmente eu tenho uma filha natália de 14 anos está no
primeiro ano do ensino médio e não é raro ela chegar em casa com alguma coisa de que eu nunca tinha ouvido falar ou tal e aí eu me vejo na obrigação de atrás ver do que se trata uma pala voz e e e me alegro imensamente que isso aconteça vez na minha filha interessada por assuntos que eu na idade dela jamais jamais despertarem limite de interesses é total e bom e resulta que eu acabei escrevendo duas outras bobagens na vida e aí os professores da minha filha sabedores de que sou eu o pai dela dizem
pra ela olha é faço questão de saber o que o seu pai acha disso nossa mesma sociedade ainda vai a quinta essência levaria o professor disse pra eu perguntar pra você o que você acha do livro talmo que colocou na condição de eleitor obrigatório deste livro exceto então eu penso que podemos sim acreditar na família como uma instância revitalizadora dos hábitos de leitura sem somente essa revolução parte dos filhos que coisa bacana que falou agora crops obrigados a nossa conversa pelo recado que você deixou para todo pra mim e eu concordo em gênero número e
grau com sede se por favor daqueles que nos vêm os amigos ouvirem o que clóvis de barros filho nos disse aqui nesta conversa muito obrigado por esse delicioso papo e por essa aula que você nos deu nós valeu muito brigado imensamente o convite e é uma imensa alegria está numa livraria nessa livraria e com você pela primeira vez conversando sobre um assunto em que você é uma esfera e um aprendiz obrigado [Música]
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