Ana Suy: medo de perder, dependência emocional, relacionamento saudável | Bom dia, Obvious #252

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Obvious
Marcela Ceribelli recebe Ana Suy pela no programa Bom Dia, Obvious para falar sobre amor, medo de pe...
Video Transcript:
[Música] Bom dia obvious eu sou Marcela cibelli CEO diretora criativa da obvious e hoje com a psicanalista Ana sui vamos mergulhar fundo em seu bestseller a gente mira no amor e acerta na solidão nosso papo que começou no episódio 250 continua agora você pode ouvir os episódios na sequência ou separados como você preferir bora falar sobre amor em relação a quando essa falta de limites de cobrança ou até do me suporte porque se você me ama você vai me suportar que é uma ideia do amor romântico porque eu entendo que pra gente amar a gente
vai ter que entender o outro com as suas falhas com as suas nuances mas também uma linha tên entre pera aí Isso aqui é um inferno seu eu não vou deixar queo chegue até mim ah aham limites limites limites né se separar isso é teu sinto muito né tá bom é isso porque a ideia do do Romantismo enquanto tal né do amor romântico Essa é a ideia de fusão de que eu me encontro em você e então tudo se perdoa e então tudo n o que que é isso é uma ideia que não contempla a
noção de limite não tem limite e aí se eu faço tudo pelo outro eu eu caio num campo muito perigoso das relações amorosas que é o fato de que ah o ódio tá sempre presente no campo do amor porque o ódio é o lugar em nós que se mantém advertido de uma separação não por acaso quando a gente termina um relacionamento a gente odeia o outro em alguma medida com raras exceções né que o amor se transforma mais rapidamente alguma coisa assim mas em geral o que acontece é que o ódio aparece e aí dá
a impressão assim Freud escreve 1915 já da impressão de que o amor se transformou em ódio mas na verdade o ódio sempre esteve lá só que no amor nós somos cegos para o ódio e tirando a capa do amor a gente fica de cara com a radicalidade da diferença do outro e isso é insuportável então quando a gente fala eu odeio quando você faz isso a gente realmente odeia a gente realmente odeia E aí a questão é o que fazer com este ódio né porque este ódio não vai embora já que o ódio faz parte
do amor então a gente precisa cuidar para que isso não perca as estribeiras né E aí isso pode desandar para violências para coisas terríveis Não é disso que eu tô falando né falando do fal aqui de do campo relações saudáveis examente né do do do ódio articulado ou simbólico Claro quero voltar um pouquinho pra questão do jogo da sedução porque eu entendo então que nós também aplicamos uma certa performance o outro também está um pouco performando mas não no sentido de estamos mentindo mas no sentido de que eu quero te entregar o melhor que eu
tenho e até inventar algum melhor porque eu acho que você vai gostar e você tá fazendo o mesmo comigo mas se ambas são performances Você acredita que o ideal é cair a cortina do teatro ou lidar com o fato de que é um teatro e não se assustar quando as decepções chegarem mais pra frente existiria sedução Se tudo fosse colocado à mesa de primeira ahi eu eu acho que eu eu não não excluiria nada do que você falou assim Acho que tudo tudo tudo faz parte em diferentes em diferentes medidas mas assim como eu falei
que acho que a gente tem a gente precisa aprender a fracassar a gente precisa talvez instituir de valor o brincar porque geralmente quando se fala dos jogos isso cai muito rápidamente num campo mais pejorativo da manipulação Ai quem é que manda mensagem quem é que liga quem é que dá bom dia quem é que dá boa tarde quem é que faz não sei o que lá das quantas que é meio que uma disputa quem é que tá mais interessado do que o outro alguém ganha alguém perde no jogo de poder e isso é muito ruim
muito chato muito cansativo muito bã agora alguma performance como você tá colocando ela é não só necessária como ela é bem-vinda então isso me faz muito pensar assim na questão da brincadeira da infância né a criança brincando ela tá ali entregue aquela brincadeira mas ela não tá delirando não Ela sabe que aquilo é uma brincadeira mas é uma brincadeira séria o Freud fala que a brincadeira é coisa séria pra criança e acho que esses jogos né Essas brincadeiras no campo do amor e no campo da vida porque eu acho que né isso que eu falo
em última instância is se expande pra relação com a vida o brincar na vida é alguma coisa que também a gente precisa de de uma de uma importância por brincar no relacionamento brincar com o humor brincar eh no trabalho quando você tem essa possibilidade como a gente tá fazendo aqui né e a gente tá conversando a gente tá conversando uma coisa muito séria uma coisa que diz respeito à aquilo que é mais valioso para mim e aquilo que é mais valioso para você no entanto estamos num cenário tem câ é uma brincadeira muito séria tem
tem né então tem um tem uma é uma brincadeira séria tem uma certa performance mas essa performance ela não faz com que isso não seja real com que isso seja fake Claro Cara eu acho que pra gente chegar nesse nível de sofisticação precisa de muito trabalho e isso é sobretudo na vida só que a gente quer tudo ou nada é uma coisa ou outra essa essa essa imbecilidade do binarismo de que é isso ou aquilo e se não é isso não aquilo então não é coisa nenhuma sim e o amor é justamente esse campo mais
refinado pra gente poder inventar coisas dependendo também de uma certa sorte de encontrar parceria porque não é uma brincadeira que se faça sozinho mas talvez os nossos primeiros amores quando ainda tem um resquício de maisis infantilidade da gente ali na adolescência a gente fica satisfeito com a brincadeira a paquerinha os as primeiras coisas eh a a Fernanda psicanalista que que sentou deix o sofá falando sobre a criança anterior ela falou sobre isso que a gente tem uma ideia de que não agora eu sou adulto Ah eu escutei o episódio Ah noss Que honra meu Deus
todos farana adorei que ela falou né não é como se tivesse uma criança pequenininha ali dentro de você né É você na vida né acho que não vai ter jeito ano que vem me forma psicanálise Mas ela fala sobre essa rigidez do ser adulto então agora os relacionamentos tem que ser sérios E você só pode me mandar uma mensagem Se você souber o que você quer como se todos nós soubéssemos exatamente o que a gente quer com cada pessoa e é um pouco de um jogo porque quando a gente é rejeitado se a gente tá
levando muito a sério aquilo vai nos bater só que a gente vai ter muito mais rejeição nessa vida do que reciprocidade aceitem inclusive em relação a tudo sim porque eu acho que o desafio é Como não levar uma rejeição pro pessoal Se alguém quiser me ensinar porque não é fácil mas eu eu exercito Isso o outro me rejeitou não por quem eu sou ele rejeitou pelo que ele idealizou sobre mim sobre o que ele percebeu sobre mim mas não sou eu eu mesmo ele não chegou a conhecer nem sabe quem sou eu até porque eu
tava o quê Ana performando como a gente falou e de novo não é a tua performar é diferente de atuar nesse sentido é sim sim eu não sei qual é o conceito especialmente Tá então não tô sendo tão precisa assim mas mas o que eu tô apontando aqui é uma diferença do quanto se acredita nisso que se faz né que algum nível de brincadeira ele Restitui porque Qual que é o problema da gente ser rejeitado o problema o problema da gente ser rejeitado gente é zero na verdade a gente não tem nenhum problema de ser
rejeitado pelo outro O problema é que a gente se rejeita através do outro aí é que o bicho pega porque o outro não me quis eu falo Ah então é porque eu não sou querida mesmo o outro não me desejou Ah porque eu não sou desejável o outro não me amou ah é porque eu não sou amável então nunca mais ninguém vai me querer porque eu sou ruim né Eu não sou desejável eu não eu tenho alguma coisa errada eu eu respiro errado eu ando errado eu nasci errado né Então essa essa rejeição que a
gente faz da gente mesmo é isso que é muito desastroso então quando o outro me rejeita acho que que não tem como também a gente se curar narcisico falar ai de boa tranquilo não tô nem aí se eu tô né acho que isso não é nem saudável é mas tem uma frase que passou a ecoar na minha cabeça de uns tempos para cá eu acho que teria curado muitos infernos meus mais nova que é você não gostar de mim é um problema seu não meu aham Mas sabe por que que eu não acho que eu
teria ter ajudado essa frase antes porque você não ia conseguir levar ela a sério pode ser Quantas coisas a gente escuta que as pessoas nos dizem que a gente leva 20 30 40 anos para ah quando eu internalizei isso aí eu tô falando muito sal ah em relação a opiniões e não pessoas que eu de fato tive algum atrito Ah é um problema todo seu porque o não gostar na verdade vai ser uma sensação e uma ação sua dentro do seu corpo eu isso não me pertence isso é seu soubre sou eu provavelmente narcísico E
como que a minha imagem ou o que eu transparecido um alívio Ana se eu tivesse acreditado nisso mais cedo Sim sim e eu acho que a gente a gente sempre é uma imagem pro outro por isso que quando é alguém perto da Gente alguém que se se aproxima e e faz intimidade onde a gente se reconhece pelo onde a gente se reconhece sendo reconhecido pelo outro quando toca alguma coisa daí isso isso não tem como não não nos tocar não nos desmontar até em alguma medida e acho que é importante que a gente possa entender
que entender não né mas suportar que é assim mesmo né Nós somos feitos de outro somos muito dependentes do outro eu acho que é suportar essa frase não elimina dor é mas me faz suportar algo que já pareceu insuportável anteriormente na minha vida Uhum agora quando isso isso cai nessas nesses desconhecidos né que quando a gente vai ficando mais conhecido né Marcela são tantos são tantas camadas é tanta gente que que de repente a nossa imagem o nosso nome e o nosso trabalho é reduzido a uma imagem muito pequenininha para esse outro para essa outra
E aí de repente o que ela tá falando é assim fica muito escancarado o quanto nós somos uma imagem pro outro sim é engraçado porque dá até para separar Quero falar um pouco sobre o medo de perder o outro e vou aqui citar que você disse que nada é mais humano do que esse medo de perder o outro mas o medo de perder o outro também pode ser um estímulo para comportamentos não tão saudáveis dentro de uma relação esse medo de perder o outro pelo menos eu me sinto muito desprotegida quando eu sinto esse medo
e eu sei que ele pode me atravessar em vários momentos existe uma maneira da gente conviver com ele já que ele é natural ele pode se tornar algo saudável e não autodestrutivo eu acho que que depende do nível né do medo o que que esse medo faz porque amar ter medo não tem como a gente amar sem ter medo porque no amor a gente encontra de alguma forma algo nosso no outro e Quem tem tem medo né não é assim que falam Quem tem tem medo assim como quem não tem nada perder quem pode fazer
as maiores loucuras né as maiores coisas podem ser feitas porque não tem Nada a Perder então quando a gente ama a gente tem medo de perder o outro e e que seja um medo que não paralise que não inviabilize que não me faça recuar do encontro com o outro na fantasia de que assim então eu possa não depender do outro o que acontece com muita frequência né então não sendo um um medo que iniba é isso porque nós somos seres de desamparo então você não acredita que existe amar sem ter medo de perder a outra
pessoa não nossa constatação difícil realmente só Só nos resta lidar e talvez silenciar o medo se silencia o medo eu acho que é baixo volume baixo volume tá bom dá para colocar no modo avião porque assim não tem como você se você fica muito atenta a esse medo a vida vira um caos é paralisante eh se isola não tem como viver sabendo disso é que nem eh a gente vai perder o outro em alguma Em algum momento a gente vai perder a gente em algum momento a gente vai morrer né você veja no limite da
coisa isso diz respeito à morte do amor da pessoa da vida né ao fim da coisa uhum se a gente não consegue silenciar isso reduzir o volume se a gente não se a gente se isso fica muito evidente que a gente vai morrer isso chama como crise de pânico sim porque é esse horror de que vai acabar mas o horror é que vai acabar e não acaba vai acabar e não acaba vai acabar não acaba vai acabar não acaba você não consegue prestar atenção ah em outra coisa que não seja esse fim que tá muito
escancarado então isso é incompatível com a alegria de viver é preciso incluir isso eh de tal maneira que a gente não fique tão obsecado por isso e consiga desfrutar das coisas da vida sabendo que vai morrer que vai terminar enfim mas em algum momento de alguma maneira sabe mas não sabe né porque ou isso fica incapacitante pra vida ou se eu não sei nada vou me colocar em situações perigosas eu vou não vou levantar da minha cama porque tenho tenho todo o tempo do mundo então eu preciso dosar isso se você me permite fazer uma
Claquete hiper pessoal eu tive essa reflexão com uma amiga minha que cada o bom da gente ir amadurecendo se relacionando com muitas pessoas é que a gente vai amadurecendo a nossa maneira de se relacionar a parte ruim é que a gente vem com un com uns traumazul morava em apartamento nunca tinha morado numa casa e aí eu falei para psicanalista olha mas tá tudo certo tem o cachorro grande tem alarme tem não sei o quê tem não sei o que lá a ela falou Marcela talvez você tenha que lidar que você pode fazer tudo Mas
ainda tem chance de alguém entrar na sua casa você vai ter que lidar com o seu medo disso e eu acho que quando eu passo para relacionamentos eu acho que como eu tinha um grande medo de abandono muitas vezes eu passava por cima do meu mais verdadeiro Eu para ser muito perfeita porque dessa maneira a pessoa nunca vai terminar comigo porque eu tive um término muito dramático e não vai terminar comigo não vai terminar comigo e assim como na casa você tem que lidar com o fato de que você po fazer tudo e ainda pode
dar errado no relacionamento você pode fazer tudo e o outro ainda pode terminar com você e Então faz sentido para mim a ideia de apenas conviver com a ideia e ambos tem tudo a ver com o fim e o nosso Ultimato fim nosso fim Ultimato é a morte então para mim fecha o ciclo do que você tá falando é isso porque é um furo no nosso narcisismo descobrir que ou Descobri com isso que é óbvio né só que só é óbvio depois que já ficou óbvio que é o fato de que nem nem nem tudo
depende de nós aliás poucas coisas dependem de nós é que essas poucas coisas são a vida toda praticamente a gente precisa muito apostar Nisso porque é só isso que a gente tem agora a maior parte das coisas nem depende de nós é exatamente especialmente o outro nos amar não é não exige esforço a volta lá no começo né me apaixonei pelo que eu inventei de você né quando alguém te ama não é por você na verdade é por alguma coisa dele dela não e e não vai adiantar entendeu você se esforçar para ser amada porqueo
isso vai entrar num numa outra performance que não vai durar porque eventualmente a gente quebra aham né que é quando começa a nossa realidade sim e é muito legal isso que que você tá falando porque em geral a gente costuma pensar assim ai se quando alguém não gostou de mim não é comigo é por causa dele mas quando alguém gostou de mim aí eu acho que é comigo né Nossa é verdade como nós somos narcísicos somos somos Nossa isso é muito verdadeiro é e muitas vezes é essa fuga e que que é esse querer porque
tanto desejo em estar apaixon nada na verdade a a ideia do apaixonamento como algo extremamente prazeroso vem de uma de fato ilusão de que ele vai nos completar só que quando você se apaixona você perde o controle de muitas coisas na verdade quando a gente fala que a gente quer se apaixonar a gente quer que o outro nos ame né a gente não quer est apaixonada sim é inferno né a gente quer que é verdade nossa a gente é muito narcísico e e não é nem só que o outro nos ame né quantas de nós
não tem a fantasia de que Todos deveriam nos amar todas as pessoas aí uma pessoa que é a pessoa que eu nem me importo na verdade descubro que ela não gosta de mim e fico obsecada com essa pessoa tô nem aí para essa pessoa na verdade mas é o fato de que ela desgosta de mim que me faz então assim é narcísico isso né a gente poder se liberar disso entendendo essa essas esses muros de separações que existe entre nós e o outro é é muito Libertador narcisico vamos falar um pouco sobre a solidão vamos
já que falamos tanto sobre amor não falamos um pouco sobre solidão porque ess essa essa separação né quando o outro se apaixona por alguma coisa de mim eu reconheço que não é tanto sobre mim Embora tenha a ver comigo é isso a solidão mas quando você fala que amar é um ato solitário é porque a gente tá amando aquilo que tá só dentro da gente e não pelo pelo outro sujeito e não não eu acho que o amor tem uma relação com a realidade que ela é muito digna tá que não é assim a realidade
Mas é uma relação com a realidade Então acho que tem uma meio que sabe aquelas Araras de de roupa que a gente deixa casa e vai jogando casaco bolsa né a poltrona né enfim mas mas eu digo horária porque tem aqueles cabos assim né Ah sim sim sim Claro mais bagunceira as coisas as coisas do do amor eu acho que elas TM a ver com aquilo você joga um negócio engancha se tem alguma coisa que é do outro também sim isso não quer dizer que os dois viraram uma coisa só e que a blusa que
eu joguei é o negócio que enganchou tem uma coisa que é minha tem alguma coisa que é do outro e tem alguma coisa que engancha então a solidão é isso S eu joguei a blusa a solidão do outro é isso é uma parte do sujeito aquilo que tá ali e o amor é esse movimento que não tá garantido que agora enganchou de repente pode não enganchar mais de repente joga a blusa e no lugar que sempre jogou no movimento que sempre jogou mas aquele pedaço da arara não tá mais ali mas o que o nosso
aí no plano consciente tá querendo nos dizer quando o sintoma é que estamos nos sentindo sozinhos mesmo acan ados do outro porque a solidão também é sentida ela dói aham assim Às vezes sim calma Solitude sim mas a solidão eu eu entendo como sentimento de dor não eu não acho que é sempre não não visito sempre desse lugar acho que eu acho que assim amor assim como solidão são coisas que a gente chama pelo mesmo nome e podem ter muitas significações diferentes para pessoas então quando a gente fala de amor a gente não sabe muito
bem do que a gente tá falando e quando a gente tá falando de Solidão a gente também não sabe muito bem o que tá falando porque a gente tá falando também de uma sensação também de um sentimento como é que cada um sente a partir dali agora o que eu acho que a gente geralmente chama por solidão quando tá falando da dor é o desamparo que é no sentido de não tem quem me ajude aqui sim não tem o que o outro faça ou Eu já pedi ajuda e não tem como ninguém consegue me ajudar
nisso é Então essa essa sensação de desamparo ela ela é constitutiva Nossa porque nós somos seres mesmo de desamparo a gente chega na vida com essa marca e vai até até sempre com essa inscrição no nosso corpo mas todos nó Acho que todos é muita coisa né mas assim mas tem a ver com a nossa relação quando bebês NC fal É eu tô dizendo desse sentido do desamparo mesmo da do quanto a gente chega com uma fragilidade tamanha que ou a gente é adotado por um outro um outro que nos ama e que nos cuida
mesmo sem amar que seja mas que faça alguma coisa E aí eu acho que sempre tem uma dose de amor mas enfim eh ou a gente morre Uhum Então assim nós somos de seres de desamparo literalmente assim a gente depende radicalmente do outro e a longo prazo porque os os bichos mamíferos os outros mamíferos eles vão precisar ali serem amamentados por um tempo e depois acabou alimentação Acabou mãe acabou Leite acabou família vai fazer outra coisa né agora na vida humana a gente prolonga essa relação com os nossos primeiros cuidadores demasiadamente de tal maneira que
isso vai ganhando o lugar de um molde para pra gente e a partir desse lugar de molde que a gente vai se relacionar com as outras pessoas então amor e solidão tem a ver com isso amor com o quanto a gente consegue não ter que se a ver com a solidão e solidão com o quanto a gente consegue manter preservado de separação em relação ao amor sim por isso que eu acho que a solidão nem sempre dói entendo perfeitamente na verdade agora que você explicou É porque a minha ideia da Solitude seria paz com essa
solidão Mas de fato desamparo é Nossa diz tão mais sobre o que eu tava querendo dizer talvez tem até mais a ver com o uma sensação de abandono que dá que pode ser sozinho Claro mas o o desamparo resolve que tem a ver também com a sensação do luto do fim e você fala muito bem sobre isso no livro que é quando o outro termina com a gente a gente também tem que fazer uma separação de quem éramos para ele não é pesado isso quando o outro termina com a gente ai né meu Deus terminou
com Cadê eu né é pesado é é pesado mas os termos são todos Nossa e porque parece de fato um um desastre né É E e É nesse sentido que a gente coloca o inconsciente Não é esse negócio que tá tá escondido nas camadas do interior tá na ponta da língua a gente fala e não escuta olha que coisa pesada que é terminar um relacionamento o outro terminou comigo é claro que vai dar trabalho sair daí né se não sabe nem onde você tá aham então e aí nesse sentido que eu acho que tem a
a importância do do Capítulo que eu escrevo ali dedicando pra amizade né os os amigos são geralmente as pessoas a quem a gente vai recorrer porque são as pessoas que de alguma maneira preservam partes nossas das quais a gente nem consegue se lembrar por vezes ou já não consegue se reconhecer mais e que vão dando Pedacinho por pedacinho para que se possa recompor recompor esse corpo recompor essa existência identidade perde-se uma identidade a gente é quem a gente é para o outro ah não mas eu sou sem outro e você está iludido porque não tem
como a composição que a gente tem de quem nós somos depende do Olhar do outro é claro que isso também não é assim literalmente né então a gente precisa eh de alguma aposta de alguma ilusão de que a gente é alguma coisa sem o outro Mas a gente não pode menosprezar a importância do Olhar desse outro quando a gente perde o olhar desses outros que são mais importantes para nós que são mais primordiais para nós a gente perde a maneira como a gente se olha porque a gente olha pra gente através da Identificação do Olhar
do outro pra gente então quando eu perco alguém eu perco quem eu era para esse alguém eu perco uma parte preciosa de mim mesmo Sim mais do que perder o outro porque o outro Ninguém tem a ninguém Ninguém tem a ninguém é duro ser gente né a gente é muito desamparado muito dependente uns dos outros só que assim a gente tem muitos elementos que nos distraem disso nos empoderam fala ah arrasa você consegue e em alguma medida sim o bebê nasce desamparado desse jeito mas a gente vai ganhando recursos a gente vai avançando né vai
sofisticando isso vai tendo maneiras da gente enfrentar o desamparo e da gente fazer alguma coisa e ganhar autonomia tudo isso existe a questão é que isso eu acho muito bonito na psicanálise que o que o Freud aponta é que não há evolução nesse sentido de um desenvolvimento onde quando eu vou pra frente eu me livro daquilo que ficou para trás o que vai acontecendo é que a gente vai indo e isso aqui vai acompanhando a gente aham então isso aqui não deixou de existir então nós somos seres de desamparo até o fim da vida e
tanto é que se a gente vai acompanhar como são as mortes em geral elas são muito parecidas né com o nascimento o começo e o fim das coisas eh seja da vida seja do amor é muito parecido sim o nascer e o pôr do sol muito parecido depende do movimento depende da perspectiva para onde é que tá indo isso faz toda a diferença Então você sentir que você perdeu parte de si pós um término não é como alguns diriam que prova uma dependência emocional não existe isso eu não eu acho que não em certa medida
não eu entendi do jeito que você tá falando que tudo tudo cai nesse Campo da psicopatología e daí destitui ó Então você estava fazendo isso errado isso isso né se você tá sentindo assim é porque você viveu o relacionamento errado você viva certo agora né Não acho que é disso que se trata Mas eu acho que não tem como amar sem ser dependente em alguma medida porque se amar é ter medo você depende da existência desse outro se você ama esse se você ama alguém você depende desse alguém estar bem na vida está feliz na
vida só que a gente cai nessa nesse nessa reclusão narcísica de que tudo tudo diz respeito a nós então eu tenho que ser bem estar bem independente dane se o outro como assim Dane você é uma pessoa cara Sim é claro que existe alguma dependência E isso tem a ver Aí sim com jogo não brincadeira que é tentar fingir que não isso se isso aqui acabar agora tudo bem não tô nem aí eu n aí não o amor ele ele inclui um desejo de presença do outro sim sim e aí tem essa diferença né entre
a presença e a posse Ainda bem que eu usei o termo certo porque a posse sim é essa coisa essa questão de tomar o ter o outro como como objeto que é controlar que é achar que já que amar é ter medo então vou resolver esse medo tendo você comigo o tempo todo vou te guardar num potinho né E aí você é reduzida a um lugar de Mero objeto pra minha existência no amor eu preciso do outro existindo por ele mesmo eu preciso do outro vivendo a vida conforme ele quer eu preciso que o outro
tenha vida eu preciso que o outro seja vivo só que há uma tendência no amor que vem pela via do ódio de querer mortificar o objeto Amado uhum o amor é uma tendência de querer fazer dois virarem um só então a gente precisa de alguma coisa que neutralize essa força que se faz essa coisa que se neutraliza eu chamo de solidão muito bom mas então quando a gente fala por exemplo sobre um amor narcisista como os narcis as amam aliás existe isso Eh cara o narcisismo é um conceito muito caro dentro da psicanálise que vai
dizer respeito a como a gente ama a gente mesmo não como quem a gente é mas como uma imagem de quem nós somos então aquilo que eu tava dizendo da metáfora da foto de perfil Essa é a relação que a gente tem com o nosso narcisismo então todos somos narcísicos agora o que se tem proliferado nesses discursos tiktok zados né do namorado narcisista mãe narcisista pessoa narcisista todo mundo é narcisista menos eu eu tô meio triste com as mães mas depois a gente fala sobre isso vem por uma perspectiva que ela é filhinha do transtorno
de personalidade narcísico que tá dentro do dcm5 que é o manual de psicopatologia e aquilo é um transtorno de personalidade Então esse transtorno de personalidade ele tem um traço que é de uma de uma separação absoluta em relação ao outro de tal maneira que o outro não se importa com você né então é uma uma certa psic ização uma psicopatia né claro tem uma chuva de Diagnósticos Mas o que eu entendi sobre o que seria um amor em que o narcisismo extrapola mas não necessariamente se torna um transtorno é você amar mais como o outro
o que o outro agrega de valor a sua imagem do que amar o outro em si só que E aí a cabecinha que Não para quieta começo a pensar mas dentro do apaixonamento a gente precisa precisa não acho que a gente tem uma tendência a imaginar E é igual quando você vai ao shopping você entra numa loja e prova uma roupa você não tá vendo quão bem aquela roupa está ficando em você dentro daquele provador você imagina uma festa você imagina uma situação em que você vai usar Então quando você tá se apaixonando Você vai
precisar imaginar você Em algumas situações com aquela pessoa então a como que vai ser quando a gente viajar como que vai ser quando E aí não é só as emocionadas como que seria se a gente sei lá casasse tivesse filho acho que faz parte essa tentativa de prever o futuro mas isso diz muito mais sobre você do que sobre o outro só diz sobre você né então acho que a gente tá falando sobre amor narcísico de uma maneira muito Rasa aham essa er min a conclusão mas a gente vai ter que a gente vai ter
que sonhar um pouco e a ideia de que quem fica imaginando os cenários futuros não passa de uma emocionada ou alguém que não está sabendo eu também não suporto porque vai ter que ter imaginação e o fim de uma relação tem também a ver a dor do fim de uma relação tem também a ver com tirarem da Gente esse direito de sonhar Então quer dizer que não vai ter aquela viagem que eu imaginei Então vai quer dizer que a gente não vai eh conhecer tal Lugar juntos não vamos ter filhos não vamos sei lá o
cenário futuro que você quiser conhecer o restaurante tal e então acho que também isso que dói no fim da relação da relação é o fim do sonho é e eu acho que além disso ainda tem uma destituição daquilo que aconteceu também porque a idealização que a gente tem do amor é de que o amor é para sempre se acabou É porque não era amor então aquela viagem que eu fiz nem foi tudo aquilo então aquela conquista que a gente teve nem foi tudo aquilo então a gente perde pra frente mas a gente perde para trás
também ah é verdade é verdade por que que a gente faz isso é muito triste eu escuto com tanta frequência Nossa como é que eu quanto tempo eu perdi exato não sei se é perdido Olha quem olha quem você é olha o que o que tá acontecendo agora e assim gente o que é a vida se não perder tempo de alguma maneira a gente tá perdendo tempo então é que a gente destitui a ideia de perda de tempo como se perder no serviço para nada então a gente fracassa mal a gente perde mal a gente
se frustra mal como se a vida pudesse ser muito mais do que isso sim perder bem fracassar bem com limite mas sem isso não tem nada né É E essa questão ainda com com relação ao narcisismo que você coloca Marcela eu acho que isso diz respeito a um a um sintoma no no contemporâneo que é de que tudo tem que agregar tudo tem que somar tudo tem que engrandecer tudo tem que brilhar tudo Tem que completar é tudo um a mais né E as coisas precisam faltar e o o amor então da maneira como eu
leio A Experiência Amorosa ela tem a ver com isso com isso que descompleto com isso que faz falta só que não faz falta como Aquela falta do desamparo que demonstra a impossibilidade de você seguir mas faz falta como motivo para alguma coisa como entusiasmo para como causa de desejo uhum sem isso não tem nada sim e dentre as várias verdades difíceis que a gente citou que acho que é a maneira inclusive assim é para mim é muito revolucionário te ler Ana porque eu eu vejo como uma nova maneira de fazer as pazes com amor e
aí de uma perspectiva muito pessoal porque já fui muito romântica depois fiquei muito descrente e agora eu consigo encontrar o meu lugar e é muito no seu trabalho com com tanto do que você diz mas a pergunta chave que eu acho que muitas pessoas gostariam de te fazer e talvez caiba a mim Então como que se constroi um amor Saudável em meio a tant solidão ai ai como como que se constrói o amor eu acho que assim é com Parceria a gente não faz nada sozinho nessa vida só que a gente tende a ficar muito
fechado nas nossas cabeças nos nossos algoritmos né nas nossas hip exigências nas nossas comparações desmedidas desleais e irreais e o outro ele cada vez mais na nossa vida é herdeiro dessa hip exigência impossível de acontecer então tudo que vai acontecer na realidade vira numa decepção tremenda Uhum eu eu acho que o amor só pode ser construído não é o amor Amores possibilidades de amar só podem ser construídas na medida em que a gente tiver também uma certa sorte de encontrar a gente que também suporte um tanto de frustração de perda de falta para que se
possa inventar algum tipo de ganho uau então o amor é para os corajosos e para os sortudos amor para os corajosos sortudos antes mas eu acho sempre importante destacar essa porção de sorte tem alguma coisa que é da ordem de um mistério que é intangível que é escapa quando a gente tenta pegar quando você ama alguém você não sabe muito bem explicar Porquê o outro não sabe muito bem explicar porqu e e para além dessa imagem de completude do apaixonamento de quando ai tem um elemento no outro que me fazer isso se inscrever no tempo
fazer isso se movimentar dar uma continuidade para isso depende de um monte de renúncias e essas renúncias elas são sobretudo por renúncias Ao que se idealizava do que era a vida porque o amor não é aquilo que a gente idealiza o amor é aquilo que a gente consegue fazer com aquilo que a gente tem fique meio emocionada Bonito não é eu acho isso tão importante assim porque a gente fica tão fixado nisso que tá pronto e isso que tá pronto só existe na nossa cabeça uhum para Alé da nossa cabeça é impossível nada nunca vai
atingir a ideia que tá pronta na nossa cabeça simplesmente porque a nossa cabeça ela é muito máquina de fazer milhões de coisas ao mesmo tempo então mesmo que eu consiga atingir um ideal que eu tenho na minha cabeça eu não tenho um ideal na minha cabeça eu tenho 200 milhões de ideais na minha cabeça então a realidade ela sempre vai decepcionar são muitos cenários a realidade sempre vai decepcionar mas dá para se apaixonar também pela realidade pós decepção eu acredito eu acho que acontece a decepção mas eu acho que a maturidade do amor é depois
que você entende que parte daquilo você idealizou outra parte era você performando Eu ainda acredito no nesse amor pós quebra porque senão o amor não dura eu só acredito nesse amor pós quebra Ai que bom é é só depois que quebra que a gente pode encontrar alguma coisa não precisa quebrar desastrosamente que nem né que a gente tende a pensar que quebrou já era né ou nessa sociedade que tudo é descartável quebrou troca por um novo não é isso mas mas você precisa encontrar com uma singularidade com uma nuance e interpretar isso como qualquer coisa
que não seja um defeito uhum Ainda Que incomode tá não tô falando que a gente tem que amar as os perrengue do outro mas suportar de uma tal maneira que isso não fique eliminável complementando o que você tá dizendo e de novo estamos falando sobre relações saudáveis eu acho que quando o outro apresenta seus defeitos e temos né temos defeitos temos nossas faltas temos talvez ao invés de definir aquela pessoa por isso é entender que nós somos um pacote e se você ama tanto essas qualidades você precisa entender que talvez no pacote venha aqueles defeitos
entender o que que você suporta para onde que cai essa balança aham mas ninguém vai ser só Ninguém Vai Ser Só durante anos a pessoa dos sete primeiros dates gente esquece esquece para não tem como você também não é e a gente não suportaria essa pessoa tanto tempo sabe por qu a gente ama o defeito do outro tô falando que a gente localizar alguma coisa não como seja não como se um defeito no sentido destitui mas o que a gente ama no outro é o defeito dele o que a gente ama na realidade Inclusive é
o seu déficit em relação a nossa expectativa porque aquilo que frustra alivia quando a gente descobre um defeito no outro a gente fala ah Ufa Nossa sério que você faz isso Marcela você né era maravilhosa para mim agora é mais ainda porque eu descobri que você tem um defeito muito bom porque o que a gente gosta a gente gosta de gente a gente ama pessoas deveria mais ou menos né E aí vem o desintoxicar inclusive dos algoritmos aham sim porque também essa relação superficial que faz achar que existe algum nível de Perfeição no no num
mundo que não existe nenhuma perfeição tá todo mundo com muita falha uhum inclusive nós mesmos Ana meu Deus meu Deus preciso finalizar com você chorar posso agora deitar aí você me consola priso de colo você sentiu falta de falar alguma coisa de todos os tópicos porque eu deixa eu pensar se eu senti falta eu acho que eu espero que eu tenha sentido daqui a pouco porque eu gosto de falta né eu acho que Justamente a falta é aquilo que vai falar nossa porque eu vou lembrar eu tenho certeza que vou sair daqui falei cara não
falei de tal coisa né A tinha tal coisa que tava lá no no roteiro e que a gente não falou mas longe de falar poxa vida na sua Olhe só a Marcela perguntou e você nem lembrou né ou então ai nem a Marcela nem para seguir o roteiro né que que é a coisa que a gente costuma fazer destituir é poder Deixar aquilo que caiu e falar bom motivo para voltar Vamos marcar de novo né Vamos quem sabe outra vez essa nossa brincadeira muito séria tá sempre aberta para você muito obrigada Amo estar aqui volte
sempre obrigada obrigada lindo e aí vamos continuar esse papo nos comentários segue a gente aqui para receber os novos episódios assim que chegarem E já aproveita para avaliar o podcast também estamos no Instagram Então vem seguir a gente no @vi.cristina e no @ chapadinhas endorfina para se apaixonar pelas coisas incríveis que o seu corpo é capaz de fazer enquanto nosso próximo episódio não chega escute também o corre delas com Luanda Vieira nosso podcast sobre carreira na real até a semana que vem
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