Alô, galera! Eu tô aqui para fazer um react a alguns trechos da participação do Pastor Augusto Nicodemos no programa do Vilela, Inteligência Limitada, que aconteceu alguns dias atrás. Eu assisti ao podcast inteiro e percebi uma série de imprecisões na argumentação do Pastor Nicodemos.
Eu gostaria de responder a elas. Então, aqui pelo minuto 36, vamos ver o que fala o Pastor Nicodemos: "Eles vão sair firmes, vão sair fortes dessa provação, confiantes, tem sempre um propósito, sempre tem. " Em relação à igreja, ao Papa e à questão das indulgências, o que mudou?
A gente lembra das indulgências na Idade Média, né? Isso comprava um pedaço do céu, não era isso? Mais ou menos isso, mas gerou tanto problema, isso, né?
Gerou! Mas não mudou absolutamente nada. Bom, o Vilela disse que a polêmica das indulgências no século X era uma polêmica na qual a igreja vendia pedaços do céu.
O Pastor Nicodemos disse: "É mais ou menos isso. " Pelo amor de Deus, vamos ouvir mais um pouco para ver se a coisa melhora, né? Absolutamente nada.
As indulgências foram. . .
Primeiro, vou explicar, né? O que era indulgência? É um perdão divino concedido pelo Papa das consequências temporais dos pecados cometidos e que já foram perdoados no confessionário.
O católico teria cometido uma falta grave, foi ao confessionário e ele se confessou. O sacerdote lá perdoou os pecados, agindo em Persona Christi, né? Em nome de Cristo.
Mas ainda restam as consequências do pecado no mundo ou na eternidade. No mundo e na eternidade, então, o Papa, do tesouro de méritos da igreja, que é composto dos méritos dos santos, dos mártires e tudo mais, ele tira perdão. Então, vamos lá.
Acho que a primeira coisa que tá muito imprecisa na colocação do Nicodemos é a questão do que é o pecado. Ele diz que, depois de confessado, o pecado deixa uma consequência. Não é bem uma consequência, não é simplesmente uma pena.
Todos nós sabemos o seguinte: você vai se confessar, por exemplo, de que cometeu um pecado de sexualidade. Você se arrepende, porém o desejo, a inclinação ruim permanece em você. Ou seja, não é uma questão meramente jurídica, não é uma questão meramente legal.
Aqui nós estamos falando de realidade. Ou seja, o pecado deixa em mim uma consequência ruim. Essa consequência precisa ser purificada nesta vida ou, senão, no purgatório.
Esse apego, essa relíquia, né? O protestantismo, em geral, não trabalha com o pecado desde uma perspectiva real, mas apenas desde a perspectiva judicial forânea, que é um dos problemas da reforma protestante: justamente apresenta o pecado apenas como se fosse um crime que não te é mais imputado, não somente isso, mas não é isso que a graça realiza. A obra da graça realiza o perdão, ou seja, a destruição da culpa, e pela ação de Deus, através da igreja, através dos sacramentos e de diversos outros modos, é também das consequências do pecado, ou seja, dos apegos, da desordem que o pecado produziu em nós, que ele administra ao católico que cumpre determinadas condições.
Então, veja, ele diz que o Papa retira esse perdão dos méritos dos santos, dos mártires, mas sobretudo dos méritos de Cristo, dos méritos da Santíssima Virgem. Em que sentido? No sentido de que isso a reforma protestante não entendeu.
Nós, todos, a partir do momento em que estamos em graça de Deus, podemos realizar ações com valor sobrenatural. Essas ações, com valor sobrenatural, sobretudo em Cristo, na sua humanidade santíssima, em Nossa Senhora, etc. , elas não foram necessárias para eles, mas são necessárias para nós.
Então, a igreja, que Cristo entregou a chave do Reino dos Céus, administra essa remissão. Não é tanto um perdão em sentido técnico; o perdão mesmo se dá quando nós nos confessamos ou quando temos um ato de contrição perfeita. Então, a graça paga o pecado, mas essas relíquias, esses apegos que o pecado produziu em nós, eles são laboriosamente tirados de nós.
Tipo assim, essas indulgências podem aliviar você dos sofrimentos aqui neste mundo por causa dos seus pecados e encurtar o tempo no purgatório para que você possa ir do purgatório direto para o céu. Então, era isso que estava sendo feito na Idade Média. As primeiras indulgências foram do século X ao século XI e eram oferecidas aos que iam lutar nas Cruzadas.
Veja bem, aqui também existe uma confusão: a doutrina das indulgências é muito mais antiga do que as cruzadas, do que a doutrina das indulgências tal como era aplicada na época das cruzadas, que remete ao tempo dos mártires. Então, o que acontecia na igreja antiga? As penitências que os pecadores faziam para receber a absolvição eram um pouco diferentes de hoje, né?
Hoje, o sacerdote dá absolvição e acrescenta uma pequena penitência. Naqueles tempos, a pessoa tinha que cumprir a penitência para depois o sacerdote dar a absolvição. Eram penitências muito duras, especialmente pros cristãos que caíam na apostasia, no adultério e em outros pecados também graves, não assassinato, por exemplo.
E as penas eram rigorosas: às vezes, eram 10 anos de pena, 10 anos sem poder comungar, 10 anos, por exemplo, tendo que se sentar numa posição de penitência na igreja e assim por diante. O que aconteceu? Os cristãos que estavam nessa situação, chamados "lapses", eles iam pedir aos mártires que.
. . eles essem o sofrimento da sua confissão de fé, do seu martírio por eles, já que eles iriam dar testemunho de Cristo pela morte.
Daí a pouco tempo, os mártires escreviam cartas de paz e entregavam aos penitentes. Os penitentes entregavam ao bispo, e nessas cartas de paz, os mártires solicitavam. .
. Ao bispo que eles cumprissem a pena equivalente para aquele penitente, justamente pelo seu sofrimento pela sua morte. Foi aí que nasceu a doutrina das indulgências.
Ela é muito antiga, ou seja, o que é indulgência nesse sentido? É a aplicação dos méritos de Cristo, dos Santos, etc. , para a remissão de uma pena temporal, de uma consequência do nosso pecado contra os muçulmanos islâmicos, recuperar a Terra Santa.
Depois, virou uma prática comum que o Papa administrava e dava, e mediante peregrinação, ofertas financeiras, caridade. A coisa ficou. .
. o caldo engrossou. Quando o Papa Leão X, querendo recursos para reformular a Catedral de São Pedro, dar uma repaginada na catedral, ele liberou indulgências por todo o Império Romano.
O tesoureiro dele, o famoso alemão Tetzel, tinha um dito, né? Então aqui já tem uma série de confusões. Em primeiro lugar, o Papa Leão X não quis dar uma reformulada na Catedral de São Pedro; na verdade, ele construiu a Basílica de São Pedro.
A Basílica de São Pedro foi construída no Renascimento. O Papa Leão X era um papa um pouco complicado, um pouco superficial, na verdade, muito ligado à arte e a coisas desse tipo. E de fato ele precisava que chegassem recursos para a construção da Basílica de São Pedro.
E por causa disso, ele estabeleceu que existissem, em determinados lugares. . .
Ele fala aqui do Império Romano; na verdade, não havia mais Império Romano no Ocidente. Você vê um monte de imprecisões. O que aconteceu é que o que havia eram os reinos.
Os reinos na Idade Média, havia o Sacro Império Romano-Germânico, que não é a mesma coisa do Império Romano. O Imperador do Sacro Império Romano-Germânico estava geralmente pela Alemanha, Áustria, e justamente por toda a Igreja. Ele fez um pedido de coleta e concedeu indulgências ligadas a essas ofertas.
Ou seja, quem fizer uma oferta para a construção da Basílica de São Pedro ganha uma indulgência, mas não se trata de compra. Entende? Essa história da venda das indulgências é caluniosa.
Porque veja, compra é o seguinte: você tem uma mercadoria tributada em tal preço. Aqui não se trata de compra; é oferta. Quer dizer, se a pessoa tem muito pouco, ela recebe a indulgência; se ela tem uma moeda, ela recebe indulgência; se ela tem uma grande soma de dinheiro, ela recebe indulgência do mesmo modo, porque a indulgência não está ligada à quantidade.
A indulgência liga-se ao ato de ofertar, que é um ato, nesse caso, de valor sobrenatural, porque a pessoa, ofertando aquilo à Igreja. . .
Agora veja que coisa, ele chama Tetzel de tesoureiro do Papa. Outra mentira, né? Porque ele não era tesoureiro do Papa; era tão somente um frade dominicano.
Aquela região em que ele estava, como era um grande pregador, etc. , ele começou a pregar as indulgências, mas se excedeu no modo de pregar as indulgências. Então essa frase que ele vai mencionar agora, vamos ouvir: "Entrava tilintando no cofre, a alma saía voando do purgatório.
" Então o Tetzel realmente dizia isso: "Quando a moeda cai no fundo do cofre, a alma é liberta do purgatório. " Ou seja, é um absurdo! O que ele disse é absurdo, inclusive porque a doutrina católica sobre as indulgências é tudo menos automática.
Ou seja, não é uma questão de você fazer a obra indulgenciada e, de fato, receber a indulgência. Para receber uma indulgência, você tem que, além de estar em graça de Deus, ter recebido a comunhão, ter confessado, ter cumprido a obra, ter rezado pelas intenções do Papa. Você tem que ter um tal desapego do pecado que, se você morresse agora, iria direto pro céu.
Ou seja, é uma contrição muito perfeita, é um desapego perfeito do pecado. Uma das coisas mais difíceis é ganhar uma indulgência. Então, nesse sentido, aquilo que o Tetzel ensinava era herético e, de fato, não foi respaldado pela Igreja.
A própria Igreja depois corrigiu esse ensino excessivamente. . .
de uma pedagogia excessiva, né? Isso revoltou um monge agostiniano chamado Martinho Lutero. Poxa!
E foi aí que ele escreveu 95 questionamentos, pregou na porta do Castelo de Wittenberg, que era o Instagram daquela época, né? Convidando os doutores para um debate sobre o que é realmente penitência e se pode haver perdão de pecados dessa forma, né? E aí deflagrou a Reforma Protestante.
Poucos anos depois, uma coisa interessante: se você ler, por exemplo, a obra do padre Willo Slada sobre Lutero, você já vai perceber as imprecisões gigantescas que o pastor aqui. . .
Em primeiro lugar, hoje já se sabe que não são propriamente 95 teses. Também ele não pregou propriamente as 95 teses na porta do mosteiro de Wittenberg; ele era o monge do mosteiro de Wittenberg. Das 95 teses, mais ou menos 40 foram aprovadas pela Igreja e outras a Igreja pediu para que ele corrigisse, porque tinham imprecisões doutrinais, né?
Algumas até heréticas, propriamente heréticas. Nesse momento, o Lutero ainda era católico; ele demorou para se desligar da Igreja. Eu diria que o que se diz, o que se toma por ato fundacional da Reforma Protestante, 31 de outubro de 1517, é uma grande bobagem.
Porque ele só vai abandonar a Igreja mesmo depois por outras razões. A questão das indulgências foi resolvida, mas a revolta continuou. Vamos ouvir mais um pouco aqui do Pastor Nicodemus, pois a Igreja Católica se reuniu no chamado Concílio de Trento, Concílio da Contrarreforma, e reafirmou a questão das indulgências.
Reafirmou, não mudou nada. A Igreja Católica não cedeu absolutamente nada. O Papa, nesses anos recentes, tem emitido indulgências para o Dia do Idoso, indulgência para peregrinação eucarística.
Ah, recentemente, o Vaticano. . .
Uma nota: um decreto meio que ajustando a questão da Penitência para os dias de hoje. Então, até hoje existe a questão da Penitência. O católico pode adquirir perdão; a questão das indulgências: o católico pode adquirir indulgências mediante determinadas condições estipuladas pelo Papa, né?
Que vão desde peregrinação. Então, veja, ele aqui comete também uma falácia, é um truquezinho retórico, né? Porque ele diz o seguinte: primeiro, ele salta da reforma protestante para o Concílio de Trento e diz que o Concílio de Trento reafirma a doutrina das indulgências, dando a impressão de que o que o Concílio de Trento está fazendo é reafirmar as teses do Tetzel.
Não tem nada a ver! As teses do Tetzel foram todas elas, naqueles pontos nevrálgicos, condenadas, no sentido de que os doutores da época, nos debates, nas questões disputadas, foram desmontando as argumentações do Tetzel. E o Tetzel morreu totalmente desacreditado, porque aquela nunca foi a doutrina da Igreja.
Inclusive, o próprio Lutero escreveu uma carta ao Tetzel, quando ele estava doente, para morrer, um pouco encorajando, né? Dizer: "Não, não, não fique triste, você pode herdar o Reino dos Céus. Você vai herdar o Reino dos Céus", assim, dando para ele uma palavra de consolo.
Então, vejam que desonestidade! É claro que a Igreja reafirmou a sua doutrina sobre as indulgências, não a doutrina do Tetzel. A Igreja reafirmou sua doutrina.
Qual é a sua doutrina? Essa que eu expus, ou seja, que para receber uma indulgência, você tem que ter um desapego total dos pecados. Não é só fazer uma obra, como fazer simplesmente de uma maneira automática; aquilo lhe será outorgado.
Ele não sabe do que está falando. Ele mete aqui o “b dele” aonde não é chamado e fala sobre a doutrina católica como se fosse um grande conhecedor, e de fato não é. Vamos ouvir mais um pouquinho para ver se tem mais alguma coisa.
Até boas obras, caridade. . .
creio que, hoje, a questão da compra, com dinheiro, já não tem tanta ênfase, exatamente por conta das repercussões. Mas não deixa de ser uma compra, uma troca de você querer um benefício de Deus através de esforço humano, né? Foi contra isso que os reformadores se levantaram, exatamente contra isso.
Bom, então ele termina aqui esse assunto dizendo que os reformadores se levantaram justamente contra isso. Uma outra mentira, porque a Reforma Protestante foi, sobretudo, um ato político. Lutero não teria feito sucesso algum se, por detrás dele, os príncipes alemães não quisessem independentizar a Igreja, a Igreja cismática e depois herética que ele estava fundando.
Foram eles que deram apoio; e a maior prova disso é que os reformadores foram levar a cisão luterana para o patriarca ortodoxo no mundo oriental. Isso não teve nenhum tipo de repercussão. Não existe reforma protestante dentro da Igreja oriental.
Por quê? Porque isso é um fato político. E, lamentavelmente, aqui, o Pastor Nicodemos faz a falácia do Espantalho, né?
Cria um Espantalho como se fosse a Igreja e comemora a sua refutação como se tivesse refutado a Igreja. Mas, na verdade, a doutrina católica a esse respeito permanece totalmente inalterada.