Psicologia Tomista ‐ O tédio

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Sidney Silveira
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Video Transcript:
E aí! Olá, caros frequentadores do meu canal do YouTube. Nós começamos agora a quinta live da série "Emoções".
É uma série, como vocês que vêm acompanhando podem concluir, que trata de questões universais. E hoje, a emoção escolhida foi o tédio. Vou começar, como tenho feito nas lives anteriores, indicando o étimo da palavra.
A etimologia, eu fui ao dicionário latino-português, fica aqui: olha, frequentaram os termos latinos. É sempre bom, fica a indicação bibliográfica do Saraiva, né? Francisco dos Santos Saraiva.
E fica sem indicação porque é o conhecimento da língua latina que se perdeu entre nós. Antigamente, o latim era estudado no primário; ele é importante. No vocábulo "tédio", diz o Saraiva, ele recorre sempre a citações de clássicos, como Salústio e Cícero, os grandes clássicos da língua romana, da língua latina, melhor dizendo.
O tédio é desgosto, aborrecimento, enfado, de sabor, repugnância, aversão, nojo, incômodo; tudo que molesta uma pessoa, etc. Portanto, daí nós podemos passar já para a primeira. Então, que eu vou dizer aqui, a partir da etimologia da palavra, o tédio seria um estado de insatisfação introspectiva que retira a alegria de uma pessoa.
Vou repetir a definição: anotem! O tédio seria o estado de insatisfação introspectiva que retira a alegria de uma pessoa. Por favor, vão lá na primeira live sobre a alegria; foi dito muita coisa interessante, e se trata de um sentimento de vazio.
É como se a vida não tivesse sentido. E quando isto acontece, as pesquisas mais contemporâneas, às quais nós temos feito alusão, indicam certos traços que eu vou enumerar aqui. O primeiro: a pessoa busca aliviar esse vazio existencial, muitas vezes, na realização dos apetites sensitivos.
Então, a pessoa entediada, não raro, tem compulsão alimentar; não raro, tem desregramento sexual; e não raro, recorre a drogas. Temos o primeiro vetor aqui: esses três vícios são contrários aos três movimentos que a temperança, enquanto virtude cardinal, busca moderar, ou seja, os apetites relativos, hoje, à comida, ao sexo e, segundo os medievais, à bebida. E hoje, ele gerou todo o universo de alucinógenos, de drogas, que a pessoa, no seu estado de consciência, coloca em uma espécie de sonho, uma realidade meio onírica, meio fabulosa.
A ebriedade é ruim para a alma. Então, a primeira coisa apontada nessas pesquisas mais contemporâneas tem tudo a ver com a tradição filosófica longa: a pessoa busca, estando entediada, aliviar-se, em primeiro lugar, apelando para aqueles apetites sensitivos mais básicos, sobretudo ao comer e ao beber. O DSM-5, tá ali na minha estante, eu não peguei aqui, ele classifica alguns fatores que podem anteceder a episódios de compulsão.
Entre eles, está justamente o afeto negativo, que conforma, digamos assim, o tédio enquanto vazio existencial. Porque, de alguma maneira, a pessoa entediada tem muita dificuldade de atribuir valor à sua própria vida e a ser, e aos movimentos que acontecem tanto no seu corpo quanto na sua mente quanto no seu coração, como símbolo aqui da vontade. Agora, acontece o seguinte: o tédio não apenas pode levar uma pessoa a buscar compensações sensitivas, ele também pode fazer com que ela busque, para aliviar o tédio, fazer coisas que são grandemente destrutivas.
Então, automutilação é algo muito recorrente, encontrado em pessoas que estão nesse estado de tédio vital. Histrionismo, ou seja, a pessoa assume uma personagem. Ela, como a vida é um tédio, neuroticamente assume um personagem; a lei histriônica é uma das maneiras de esconder o tédio.
Muitas vezes, falar muito ou dizer coisas fora do padrão para surpreender as pessoas. E sistemistas podem até levar a pessoa entediada a tornar-se manipuladora. Então, como compensação ao tédio, ela vai brincar de manipular terceiros.
Isso, a desgraça. Suicídio é algo muito comum entre pessoas que estão acometidas de estado de tédio. Nós vamos aprofundar isso mais à frente.
Desespero, ou seja, a pessoa perde a esperança, já que não consegue valorizar muito bem a realidade; ela tem dificuldade nisso. Então, muitas vezes, é induzida ao desespero. E outro traço importante e surpreendente para muitos: o tédio citam a curiosidade mórbida, aquela divagação mental.
A pessoa está entediada, vai para o Facebook, né? Vai ver o perfil do fulano, para saber o que ele diz, o que fala. Ela começa a tentar compensar essa sensação de vazio olhando para os outros, ou seja, uma espécie de voyeur.
O entediado muitas vezes cai no voyeurismo, ou seja, ele fica observando as demais pessoas com a curiosidade mórbida. E a curiosidade, como bem diz o ditado, matou o gato. Aliás, a linguagem popular muitas vezes é certeira, né?
No Brasil, nós temos uma palavra que traduz o tédio, que seria uma palavra do português: "juro". Uma palavra engraçada. Ela define a pessoa entediada, ela está "juro", né?
Ela está, digamos assim, para baixo; está desenvolvendo uma melancolia. Não encontra o temperamento. É igual a um desenho animado que havia, na minha infância, que tinha entre seus personagens uma hiena que, em vez de rir, ela vivia repetindo o seguinte bordão: "Céus!
Ó vida! Ó, é de graça! " Ou seja, isso é típico dos entediados.
Eu vou dar um pequeno salto para fazer alusão ao estudo recente que foi publicado numa revista, "Motivation and Emotion". Branco e classifica tipos de tédio; são estudos psicológicos. Então, ao tipo do entediado indiferente, são aquelas pessoas aparentemente tranquilas que se isolam do mundo e tendem a se entediar mais e mais.
Elas se isolam das pessoas, tornam-se quase misantropas pela certa aversão social, e cada vez mais se fecham em copas, ficando como uma espécie de ouriço-do-mar. E isso não resolve o seu. .
. Problema só piora. Esse é um tipo de entediado, o indiferente ao entediado, classificado neste estudo como equilibrado.
Né? É um estado de humor mais ou menos desconfortável. É quando os pensamentos vagueiam de maneira anárquica, a pessoa não sabe o que fazer e não consegue nem sequer buscar uma solução.
Nós vamos ver daqui a pouco que aquilo que Santos Tomás de Aquino chama de "devagas" – a divagação da mente – é exatamente isto que está descrito no estudo contemporâneo. Por aí se vê a atualidade da psicologia humanista. Ela diz coisas para nós, hoje, efetivas.
Então, psicólogo, não apenas um psicólogo, para qualquer pessoa que queira conhecer a natureza humana, mas, sobretudo para um psicólogo. Elas têm efetividade, muita efetividade, para os dias de hoje e, evidentemente, têm um viés posterior que é o terapêutico, né? Quem conhece a forma, o conhecimento das formas, é mais importante do que o conhecimento da matéria; não adianta conhecer o fenômeno se não se conhecem as suas causas, aquilo que alguns filósofos chamam de "o número".
Então, essa psicologia tem forte base antropológica. Ao tipo buscador, né? Que é aquele entediado que tem aquela sensação de desconforto negativa, uma espécie de mal-estar, que leva a uma busca desordenada por atividades e passatempos.
Ou seja, do mesmo modo como lá no início eu disse que uma das maneiras de o entediado mascarar para sua própria consciência o seu estado de tédio é buscar prazer, incentivos, também é buscar em atividade, superatividades. O aceso hiperativo é um superentediado e, em geral, o hiperativo, e vamos tirar as exceções, não ordena muito bem a mente. Ele costuma ser confuso.
Outro tipo classificado neste estudo, identificado neste estudo, é o reativo. São pessoas acometidas de. .
. Protege, também é sinônimo de monotonia, acometidas de monotonia, e reagem afastando-se do convívio social e evitando situações de envolvimento, que sejam afetivas ou profissionais. Então, aqui, esse aspecto, esse tipo de entediado, ele seria o que alguns filósofos, inclusive em Estoico, chamariam de tímido.
A pessoa tímida é o tédio; muitas vezes, descamba em timidez. E, por fim, o quinto tipo é o apático. Já foi dito em alguma das lives anteriores que.
. . Ah.
. . é sofrer a.
. . sofrimento.
Os latinos são termos gregos-latinos. Traduziram por "fácil", né? Paciente é uma palavra latina que é o particípio presente desse verbo "practere", estar no exercício do sofrimento.
E nós vamos ver lá na frente como saber sofrer regula as emoções. Não saber sofrer, vejo, ordena muito as emoções. Então, esse apático, ou seja, está no estado de não sofrimento, é a pessoa que experimenta uma falta de sentimentos.
E ela pode até descambar em discopatia. Estes sentimentos, negativos ou positivos, não importa. E esse tipo passa a sentir uma espécie de impotência que pode chegar à depressão, pode se transformar em depressão.
Então, por aí se vê, eu estou sempre pontuando com algo. No sábado, aliás, aqui, eu cito Aristóteles, que diz na ética: "nem como", porque as paixões, ou seja, as emoções, elas não são para serem nem em si mesmas nem elogiadas nem criticadas. Elas são uma realidade da natureza humana.
Elas podem ser criticadas se desordenam, mas elas em si mesmas não são nem meritórias nem de meritórios. É próprio do ser humano pelas emoções que a emoção é um movimento psicossomático da alma e do corpo concomitantemente. Às vezes, a emoção tem fonte no corpo e vamos ver a semântica, reflexo na alma.
E, às vezes, ela começa a alma e, à sua matizada, vai para o corpo. Então, é uma falta de sentido existencial, né? Ah, nem na rocha, que coordena esses cursos de psicologia que eu ministro, ela me subministrou muitos.
Eu trouxe aqui um do Victor Frankl, que é o pai, entre aspas, da logoterapia, e ele associa esse vazio, esse tédio, né? Ele identifica-se até de pessoas que se sujeitam a se submeter ao que os outros mandam ou fazem. Olha que interessante: o entediado tende a deixar para o outro a decisão.
É uma espécie de escravo psíquico. Aliás, eu até anotei aqui. É um estado análogo ao que Aristóteles chama de escravidão psíquica.
Há pessoas que parecem não ter muita capacidade deliberativa. Então, nós entregamos as suas vidas nas mãos de outros. É mais fácil, é mais cômodo.
O entediado muitas vezes descamba no acomodismo, quando não no vitimismo. Então, mais uma vez, Victor Frankl, um homem que sofreu, né? Esteve em Auschwitz, sofrimento.
Ele purga muitas vezes a alma e eu disse: “A menos que. . .
”. O que? Quem não sabe sofrer, tu és doente da alma.
É doente da alma, em algum grau. E nós vamos ver como isso pode ir muito, muito longe. Só que a minha cola temática, eu vou fazer referência a dez anos atrás, um pouco mais, quando eu estava lendo já algo do professor.
. . A Tia, Barueri, aqui, é o maior expoente da psicologia do mista na contemporaneidade.
Eu achei no livro, num sebo, um livro chamado "Filosofia do Tédio". Vocês podem encontrá-lo na estante virtual e até ele pode ser vendido em e-book. Ele é de um autor e gays chamado "Lá e Vência".
Ele diz coisas maravilhosas sobre o tédio. Eu vou só anotá-las e sumariamente comentá-las para que cumpramos esta live no tempo, mais ou menos. O primeiro ele diz uma coisa que pode surpreender a muitos: o tédio é um fenômeno que cresceu na pós-modernidade.
Naquele, não houvesse há séculos, mas a modernidade e a pós-modernidade caracterizam-se por, digamos assim, grandes períodos de tédio. As pessoas se sentem entediadas. Ele diz outra coisa: o tédio faz o homem sentir o tempo arrastar-se vagarosamente.
Quem não está entediado tem a sensação de que o tempo passa rápido. Tem tanta coisa para fazer, para aprender. O entediado, ele vê o.
. . Tempo passar um devagar tão pesado.
Então, Cronos, que é o tempo para ele, é um pesar, né? Ele vê o tempo passar, pesarosamente, no sofrimento e na alegria. As coisas, o que é bom, né?
Dizem que dura pouco, o ditado popular. Mas serve como se fala de duração aqui, para o estado interior, com uma percepção do tempo. A pessoa, entendendo Ozzy entediado, tende a ter uma percepção do tempo dentro ocupada.
Outra coisa que diz é que os lares vivem sem o excesso de estímulos do mundo pós-moderno, que levam ao tédio, porque a pessoa fica faminta por novidade. Onde nada é novidade, tudo é novidade, né? Você não há parâmetros; ela está no vazio, caiu no buraco.
Isso serve, por exemplo, à sexualidade. Hoje, nós vivemos uma. .
. alguns dizem, né? Uma hipersexualização, mas essa hipersexualização implica uma hipossexualidade.
Cada vez mais, hoje, jovens, homens que tomam Viagra com 20 anos, tá? Eles precisam de complementos, imaginação a mais para cumprir algo que é uma potência natural. Então, o excesso de estímulos conduz ao tédio.
Outra coisa é a incapacidade típica da modernidade de significar e ressignificar as coisas. É algo característico do tédio. Segundo este filósofo norueguês, ele também é produto do seu tempo.
Outra coisa muito interessante e surpreendente para muitas pessoas que não têm base metafísica ou espiritual: o tédio moderno e pós-moderno é produto da perda do sentido transcendental que a religião oferecia. Ou seja, é fruto do ateísmo. O ateu tende ao tédio como seu fim mais ou menos próximo.
Ainda que ele não saiba, ele está afogado na imanência, ele não tem o transcendente, portanto não tem modelos que o animem. Então, ele descamba no tédio. Olha que coisa interessante, muito acertada.
Quando a pessoa tem um modelo de aperfeiçoamento, por exemplo, aquele que me é muito caro em São João da Cruz, ele nos mostra, nas suas obras que chegaram a nós (sabemos que algumas obras de São João da Cruz se perderam), como devemos silenciar as nossas potências para buscar a sanidade e até mesmo a santidade. Ou seja, é um vetor transcendental que dá sentido ao sofrimento. Para o ateu, qualquer sofrimento é um peso, até mais ou menos terminal, tá?
Todo mundo hoje com medo de uma doença. . .
mas é um medo, pânico, um medo já um pouco irracional. O medo da morte é natural; o medo de uma morte percentualmente insignificante não é. Agora, quem não tem o transcendente, repito, se afoga na imanência e tende ao tédio.
É o desespero. Outra coisa que esse registro traz é a indução de comportamentos abusivos. O homem entediado, e aqui não me refiro ao homem como alguém do gênero masculino, mas sim como pertencente à espécie humana, ele, entediado, muitas vezes descamba no abuso.
Ou foi dito lá no início que, para compensar o tédio, as pessoas muitas vezes desregulam sexualmente, buscam prazer de qualquer maneira. Esse prazer, muitas vezes, é abusivo e também leva a distúrbios alimentares, pelos aqueles três aspectos: o comer, o beber e as drogas. Só que aqui estou falando de algo que é um abuso.
Outra coisa é a tendência ao fatalismo, né? Como o sentido da vida se formou? Aí era para ter sido assim.
A pessoa, quando entrega o remo do seu barco na mão do destino, tende a um fatalismo ou então à superstição. O tedioso tende a ser supersticioso, já que o transcendente está vedado. Mas ele tende a acreditar na cartomante.
Leiam vocês que gostam de literatura: é o conto de Machado de Assis intitulado "A Cartomante", uma obra-prima da literatura universal. Ditas estas coisas, vamos para não perdermos tempo ao que Santo Tomás de Aquino nos diz sobre o tédio. E ele o faz na Suma Teológica, na questão sobre a ascídia, que é na segunda parte da segunda parte, chamada de segunda seção.
Ele fala da ascídia, que é este ódio de uma pessoa à sua própria excelência. Essa indolência, essa preguiça de realizar os seus próprios bens, os bens que lhe são inerentes. E Santo Tomás diz o seguinte: ascídia é uma certa tristeza, desculpa, uma tristeza pesarosa, uma tristeza estrambótica, né?
Que produz no homem tal depressão. O termo latino "deprimix". É óbvio que ele não está fazendo referência ao conceito atual de depressão, mas está falando da depressão como algo que atinge e fere o corpo e a alma.
Então, essa deprê é atingida de tal maneira que a pessoa não tem vontade de fazer nada. O homem que está no pecado ou no vício da ascídia é um entediado. E, no mesmo parágrafo, Santo Tomás usa outra expressão: é um torpor da mente, que leva o homem entediado à negligência em geral.
Ele está entediado e é negligente no cumprimento dos seus próprios deveres familiares, profissionais, etc. A mente dele está confusa. E, por fim, o outro termo latino.
. . me peço desculpa por expor e citar o texto latino, mas é porque, neste caso, eu acho que é a propósito.
Nas outras aulas, eu não fiz nas outras lives. Ele usa exatamente a palavra "tédio". Tédio, um operandi, desgosto no operar.
Ou seja, o tédio é, para Santo Tomás, um desgosto de tal natureza que deixa a pessoa sem vontade de fazer nada, ou as suas vontades estão desgovernadas. Ela perde o rumo da sua própria alma, um conjunto de potências. Ela implica um conjunto de potências que vão desde o apetite dos apetites sensitivos até as potências superiores.
A pessoa entediada é mentalmente e volitivamente desordenada. À vontade anárquica, Tomás diz: "Esse tédio é um vício contrário à alegria. " E aqui vale dizer o seguinte: a ira é uma emoção.
A emoção é todo o estado anímico com reflexo no corpo, ou todo estado corporal com reflexo na alma; é algo psicossomático. Fora que, se o tédio atingir o corpo a ponto de a pessoa não querer fazer nada, não se sentir bem, é óbvio que ele é uma emoção. Ele não é apenas um vício; ele é uma emoção e as fontes de que bebe.
Tomar, já que não, quando a gente fala que ele é um grande pensador, né? Ele é o maior pensador medieval. Muitos dizem, a meu ver com razão, que ele é o maior filósofo que já pisou o pó deste mundo.
Deixe de lado a Vale de Lágrimas, não se está dizendo pouca coisa. Ele conseguiu dar a sua digital pegando tudo que encontrou de acerto em outros filósofos e transformando-o, modo de decantação; são as peças de decantação. Então, há um autor, João Cassiano, que é um autor que foi padre, né?
É oriental, que foi educado na sua mais; ele também leu essa tradição dos Padres do Deserto, etc. E ele diz o seguinte: "O Cassiano assim diz: é uma ansiedade, o tédio do coração. " Seja em latim: "Pede um cortes, um prédio do coração.
" Então, para falar em estrelas, uma fonte de que vale estar só mais uma delas é Cassiano. A outra é outro filósofo anterior, Alcuíno, que pega o conceito de "Tedum Cortes" e vai enumerando um monte de estados de alma que esta situação existencial dramática acarreta, a ponto de fazer uma pessoa se auto-destruir psicologicamente e muitas vezes fisicamente. Outra fonte de que Santo também bebeu é Hugo de São Vitor.
Ele diz, Hugo de São Vitor, que a tristeza é o tédio da alma. Vejam que definição genial: a tristeza é o tédio da alma, acompanhado da aflição da mente. Olha que maravilha: a tristeza, um prédio da alma, acompanhado da aflição da mente.
Ele diz isso no texto que é um comentário ao "Pai Nosso". Os sete pedidos do "Pai Nosso," o centenário nº 7, podem servir aos psicólogos, pois ele, em boa metafísica, em boa teologia, etc. , indica perfeição, né?
Então são as sete bem-aventuranças em São Mateus, são os sete pedidos do Pai Nosso, são as sete palavras ditas por Cristo na Cruz. No Oriente, nós vamos achar também várias alucinações: 17, como o número de perfeição. Então, nós vamos ver que esta psicologia tem algo de geométrico, que ela busca o equilíbrio, e o equilíbrio também é um centro geométrico.
Então, é um desgosto no obrar. E aqui anotei: lembre-se de comentar que toda paixão é uma transmutação corporal. São palavras de Santo Tomás.
Toda emoção traz consigo uma transmutação corporal. A pessoa está triste; muitas vezes, ela chora. Ela está irritada; muitas vezes, franze a testa e cerra os olhos.
Ela está assustada; arregala os olhos. Há várias transmutações; eu poderia enumerar aqui de maneira infinita. Mas é próprio dos animais ter afetividade; os animais irracionais também têm afeto.
Que eles não têm a presença do intelecto sobre os afetos é outra coisa. Mas quem duvida de que um cão não tem um afeto especial pelo seu dono, etc. ?
Quem tem bicho sabe. Tem um bicho de estimação, sabe disso. Então, os animais se emocionam também.
E no caso humano, essa emoção passa pelo crivo da razão, porque nós podemos não ser dominados pelas emoções. E as emoções podem definir o vetor da personalidade, tanto para o bem quanto para o mal. No caso do tédio, como ele não é o estado natural, nós não fomos feitos para sentir tédio.
Nós fomos feitos para sentir a alegria e realizações. A vida humana, eu costumo repetir, é projetiva. O homem entediado é uma intensa dificuldade.
E como o tédio é uma espécie de ascídia, nas palavras do próprio Tomás, e ascídia é uma negação da excelência dos bens do espírito e também do corpo, ele não é filha desse vício, né? Que podemos dizer que são filhas do tédio também. Chique tédio.
E a ascídia aqui está. Olha, na própria definição, portanto, há mais coladinhos. Filhos da ascídia, algumas nós vamos ver que já foram citadas lá nas pesquisas contemporâneas, desde espero: torpor, pusilanimidade, rancor, malícia e o que eu disse ainda pouco, devagar.
O entediado não precisa fumar nenhuma maconha para ficar com a mente divagando; o próprio estado de tédio já o leva ao. . .
O que Santo Tomás de Aquino diz em uma obra magnífica, que é "As Questões Disputadas Sobre o Mal", não diz na Suma Teológica que não adianta dizer quais são as filhas da ascídia/tédio, mas em que sentido? Então, no caso do desespero, é a fuga do fim natural da vida humana. A pessoa desesperada, o fim natural da vida humana, e a felicidade.
Eram, diz Aristóteles, a sua filosofia da eudaimonia. Todos os homens querem ser felizes. Muitas vezes não sabem como vão buscar a felicidade em bens que não tragam.
Mas no desespero, é essa fuga. Eu já tiro da minha cabeça essa possibilidade mental de ser feliz e começo a negar esse fim natural. Eu fujo desse fim natural e vou buscar compensações patológicas.
A pusilanimidade é também uma fuga dos bens que conduzem ao fim que é a felicidade, porque após eliminar a pusilanimidade, diz respeito aos meios e não ao fim. Uso o "silo ânimo", ânimo pequeno é um ânimo de quem não consegue projetar coisas grandiosas. O torpor é a fuga dos bens arrendados que requerem deliberação.
Ou seja, a pessoa precisa de deliberar para tomar uma decisão, mas ela está entorpecida. É como se tivesse. .
. Tomado uma droga, o rancor é a luta contra os bens do Espírito. O que entristece a alma, o entediado tende ao rancor.
Essa pessoa é indolente espiritualmente, mentalmente, psicologicamente e até fisicamente, no caso da preguiça. Ela realmente tem uma tendência metafísica ao rancor, malícia como negação efetiva dos bens espirituais que conformam a vida humana. E aqui, espirituais não são apenas religiosos, são do pensamento do Espírito, os bens que se conquista com a inteligência no estudo da realidade.
Ninguém nega isso sem o grau de malícia. Eu não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. É atitude.
E, por fim, essa divagação da mente é quando o homem abandona os bens do espírito e se volta para os prazeres exteriores. Olha o que foi dito lá no início: o entediado busca, entre outras coisas, compensação, os prazeres exteriores em detrimento dos interiores. Daí o tédio ser associado, por exemplo, ao que eu disse aqui no início, que é o transtorno alimentar.
Há vários tipos de transtorno alimentar. Está aí o DSM que não nos deixa mentir, né? O sujeito pode perder o apetite, pode querer comer terra, pode querer ser cropófago, comer merda, etc.
Não são transtornos. O tédio leva, né? A pessoa a ingerir, né?
Ou comer, comer, comer. Quantas pessoas, para compensar o tédio, enchem a pança? E assim, comem.
Comem tanto que soltaram flatos tanto por baixo, compulsiva. Fatos vocálicos. E o tédio?
Quem come muito, segundo Santo Tomás, é o guloso. E a gula predispõe à luxúria e predispõe à confusão mental. Muitas vezes, a pessoa, quando come muito, vai fechando seus canais energéticos.
Daí que faz parte do equilíbrio emocional uma boa alimentação, alimentação saudável. Não pensemos que isso aí é coisa de esotérico. Comer bem faz bem.
Deixar de comer, às vezes fazer o jejum, faz bem para o corpo também. Então, alguns remédios em linha tomista, tá? Primeiro, em linha descendente, são aqueles que vão do corpo para a alma e que podem ajudar uma pessoa a combater o tédio.
O primeiro deles é bastante evidente: quem tem condições de fazer e que está entediado, faça até castigar o corpo. Exercícios físicos, antes alongamento: castigo é o corpo, no sentido de forçá-lo a cansar-se. Porque ninguém encontra, está fazendo exercício, pode depois voltar a ter tédio, mas enquanto está no exercício, não dá para o tédio.
Tá? Sobretudo, são exercícios com diretriz: "horas, tem que fazer desta maneira, daquela, com regras. " Eles regar o corpo, é regradamente também.
Então, vamos dar regula, o latim: regras, né? Medidas para o corpo. Outro: musicoterapia.
Ouvir boa música, música harmônica. Alguém poderá pensar: "aí, caramba, esse cara tá falando de uma coisa subjetiva, de boa música. " Pode ser.
E o Nego do Borel e a Ludmila, tá? Mas nesta perspectiva, boa música é aquela que expressa a harmonia do universo. É a música erudita, sequer sacra, quer não sacra.
Um só compasso de Bach é mais complexo do que músicas do cancioneiro inteiro popular de muitos países. Então, a boa música tranquiliza a alma, traz paz para a alma. É aromaterapia.
Sentir bons cheiros. Por exemplo, eu moro numa rua que tem algumas árvores que são chamadas de "Dama da Noite". A pessoa caminha, ela cheira muito a noite e ela tem uma florzinha branca.
Dá uma sensação de bem-estar estar entre coisas cheirosas. Do mesmo jeito que, em sentido contrário, é repugnante sentir mau cheiro. Ninguém vai lá para a estação de tratamento de esgoto do Caju, né?
Para contemplar a Deus, já tô feliz ali, perdi o tédio agora, né? Sentindo o cheiro do chorume, que é aquele líquido que sai do esgoto, processado, merda humana ou não humana, né? Então, é aromaterapia.
É sim coisa boa, não estamos falando de nada esotérico. Jejum intermitente, ó. E aqui no caso, eu digo, acompanhado de meditação, né?
Não é o jejum só para emagrecer. É o jejum para dar um sentido superior à vida, buscando meditar, por exemplo, a pessoa pode propor-se um jejum pensando em outras pessoas que sofrem muito mais do que ela, né? Pensar no sofrimento alheio é uma maneira de espantar o tédio, né?
É abrir os olhos à vida humana neste mundo. É a condição miserável. Bastante aqui, disse que Deus tem misericórdia, tem a nossa miséria no seu coração.
E ter misericórdia, humanamente falando, é isso. Mas temos que reconhecer que é uma miséria. Nós ficamos doentes, morremos, como doente, mental da cabeça, doente do corpo.
Cansar o corpo durante o dia para dormir bem. Dormir bem é importantíssimo. Há vários distúrbios de sono que são indutores de estados, e os vários, como o próprio desespero.
Se a pessoa dorme pouco ou mal, no estado de vigília, ela não vai estar saudável. Então, ter medidas. Se a pessoa cansa o corpo, ocupando também a mente, alcançando o corpo, ela tende a diminuir o estado de tédio.
Agora, em linha descendente, ou seja, do alto para o baixo, da mente, do Espírito para o corpo. Por exemplo, um dos remédios pode ser o seguinte: meditar a respeito do caráter inexorável da Morte. Todos nós vamos morrer.
A vida, já disse um poeta, é a flor de um dia. Importa muito saber: uma pessoa deve fazer a seguinte pergunta: o que eu quero ao morrer? Eu quero deixar algo para frente, para os outros, para os filhos?
Como é? Hum. Será que eu vou deixar como herança só o meu desespero, meu tédio e o meu nada?
Então, meditar sobre o caráter inexorável da morte. Por exemplo, alguns homens espirituais, fazendo no Carmelo católico, têm um momento lá em que eles contemplam um crânio de um ex-monge, de um ex-abade. É o destino pulo, fizeste, é tempo verem, reverteres sua esposa e em pó.
Você tem de converter nossa vida. É um trânsito de pó, pó do foco do pop. Fomos ao porquê.
Havemos de ser. Meditemos sobre a morte. Conceber projetos pessoais e profissionais de médio e longo prazo.
Maravilha! Maravilha! O que a pessoa assim, ela se obriga a pensar.
Não precisa fazer então a escolha de uma profissão. O sujeito vai ser fisioterapeuta, tem um projeto de médio e longo prazo: eu quero ter uma clínica, eu quero ter uma parceria, eu quero estudar mais. Então, desenvolver projetos, rezar.
Disse aqui ainda pouco que, isso na voz de um filósofo norueguês contemporâneo, uma das causas do tédio moderno é a perda, o declínio da espiritualidade. Então, rezar é conectar-se com o absoluto. Então, rezar diminui o tédio.
Fazer uma oração, automaticamente, só repetindo roboticamente esta ou aquela, é rezar como um diálogo com Deus. Meditar sobre o sofrimento das demais pessoas, isso já tinha dito aqui, são alguns dos remédios. Meu propósito aqui é obsessão: a live.
O nosso propósito é oferecer um conteúdo. Isso aqui é conteúdo gratuito. Eu presumo que seja um bom conteúdo porque as fontes são muito boas.
É oferecer para as pessoas horizontes de sanidade. Aqui são só alguns apontamentos e eu encerro essa live, né, dizendo o seguinte: nós vamos ter uma última live, vai ser a sexta dessa série emoções. Ela, diferentemente desta e das anteriores, para que vocês a vejam, vão ter que se inscrever no link que vai estar aqui na descrição deste vídeo.
É bom ter que fazer uma inscrição, por quê? Porque agora meu interesse é estar ao lado de pessoas que querem construir vínculos positivos com esse tipo de pensamento. Eu quero estar perto de pessoas que se sintam como pertencentes a uma cidade, ou seja, a um grupo de estudos elevado.
E, por fim, né, farei dizer que isso aqui não é encarecer o próprio trabalho. É só olhar para muito do que se vê por aí. Isso aqui é tesouro!
E o verdadeiro tesouro existe para ser partilhado. Quem em tesoura, ou seja, coloca o ouro só para si mesmo, num cofre fechado, é igual àquele cara da parábola dos talentos que enterrou o seu talento. Então, o tesouro da sabedoria, que é o principal dos tesouros, existe para ser difundido.
Já diz o ditado latino: o bem é difusivo por ser. Então, e esse tesouro é escasso. O ouro tem valor, entre outras coisas, porque é um metal nobre.
Mas também ele não se encontra em qualquer lugar, ele é escasso. O que nós estamos partilhando aqui é algo cuja escassez e cuja nobreza falam por si mesmas. Então, meus caros, escrevamos.
Aliás, quem não se inscreveu no canal, eu agora estou movimentando o canal. Vocês estão vendo, inscrevam-se no canal e toquem o sininho para receberem a notificação dos novos vídeos. Isso é muito importante não só para mim, mas para todos que se interessam por esse tipo de conteúdo.
E para a próxima live, façam a inscrição nesse link que está na descrição do vídeo, tá? E até semana que vem! Vai ser um pouco mais reservado, talvez, e pode ser que o número de inscritos seja até maior.
Eu também recomendo. Sou proprietário do amanhã. Eu também presumo que pode ser que algumas pessoas estejam incomodadas com o que tem sido dito.
Outro dia eu recebi um depoimento, alguém ficou feliz ao ver a live. É que maravilha! Pode ser que haja muita gente, mas só vai assistir quem se inscrever.
Então, meus caros, muitíssimo obrigado! Até a próxima live! Eu não vou dizer qual é o tema, mas será mais interessante, porque todos os cinco anteriores, só para vocês acessarem, só para testar um pouquinho a vossa curiosidade.
Aquele abraço, viu!
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