Vou falar de novo com jovens e com gente nova aqui no Instituto, para quem não compreendeu bem as vírgulas do último vídeo que eu fiz, falando com jovens e com novos inscritos, seguidores aqui do Instituto Hugo de São Vítor. Hoje, sobre o modo de estudar, sobre técnicas de estudo, sobre como fazer mesmo a coisa, independentemente da matéria, da disciplina, do conteúdo ou da província do conhecimento que for estudada, vamos falar tudo no modo geral. É claro que cada coisa que nós formos estudar, cada objeto sobre o qual nós vamos nos debruçar nos estudos, vai exigir e vai possuir, intrinsecamente, diferentes métodos, diferentes técnicas.
Mas eu quero trabalhar agora aqui com o geral mesmo. Não é como estudar de forma geral, qual é o melhor método de todos, o grande "pulo do gato" que faz com que realmente todo mundo aprenda aquilo que deve ser apreendido e aprenda de uma vez por todas aquilo que parece necessário. Quando nós falamos em estudar, normalmente vamos associar a algo que nós fizemos durante a nossa vida escolar para uma prova.
Afinal, somos brasileiros! Como dizia o professor Pierluigi Piti, nós, brasileiros, que somos muito precavidos, muito prudentes, estudamos na véspera da prova, porque o normal mesmo é que o sujeito estude no dia da prova, para que ele não esqueça de nada, não é? Então ele estuda umas horas antes e aí ele vai se dar bem.
Eu não vou falar para ninguém que vai estudar para uma prova, isso são coisas diferentes. Estudar para uma prova ou preparar-se para um concurso está cheio aí de canais no Brasil. Eu tenho absolutamente a certeza de que é o país onde há mais material na internet para o sujeito tornar-se um funcionário público, ser aprovado em um concurso público ou mesmo em um concurso de vestibular ou na prova do Enem, ou alguma coisa assim.
Tenho certeza de que de material assim, o YouTube e a internet não necessitam mais. Eu quero falar com aqueles que querem estudar porque acham que saber é melhor do que não saber, só isso. Não preciso de mais nenhuma finalidade.
Quem quiser saber porque acha que saber é melhor do que não saber, e está no lugar certo aqui neste vídeo. Quem acha que não precisa saber para poder passar uma prova, para que eu seja aprovado em uma certificação específica lá dentro da minha empresa, às vezes exigido que eu estude e tal e tal coisa, bom, eu não tenho nada o que dizer sobre isso, até porque eu não faço a mínima ideia de como fazer isso. Eu posso falar sobre aprender alguma coisa, porque saber é melhor do que não saber.
Se nós já temos isso em mente, vai ficar muito fácil! Na verdade, a gente já entendeu tudo. Se eu acho que é melhor saber quando o Brasil foi descoberto, por quem, e quais as discussões todas que estão envolvidas nesse tema, né.
Não, na verdade, não foi um descobrimento. Não, na verdade, não foi bem assim. Não, na verdade, os fenícios e os vikings já haviam estado aqui, então nós não podemos chamar de descobrimento.
Todas essas coisas, quem acha que isso é melhor ser sabido do que não sabido, está no lugar certo. Quem achar que é melhor saber fazer uma equação, resolver uma equação do segundo grau do que não saber, não é? Então, eu prefiro saber isso do que não saber, né.
Se eu pudesse, eu saberia. E está no lugar certo quem achar que é melhor saber falar um idioma, seja lá qual for: suaíle, grego moderno, cantonês, vietnamita. É melhor saber isso ou não?
Se tu disseres "sim", não é melhor saber isso do que não saber? Tu estás no lugar certo. Por quê?
Porque o modo certo de estudar, quando nós falamos de educação clássica, quando nós falamos de artes liberais, são disciplinas, são perspectivas sobre a educação e sobre a formação que dizem respeito a essa sabedoria. É uma educação que leva à sabedoria e não à aplicação imediata das coisas, ou muito consciente, ou muito precisa, ou qualquer coisa assim. E tudo isso que eu disse, esses exemplos e todos os outros mais, inclusive aquilo que pode ser estudado para o vestibular, para um concurso público e todas essas coisas, tudo isso também entra no grande monte do conhecimento humano.
Porém, os fins são diferentes. Então, quando nós queremos estudar para sermos sábios, ou seja, para sabermos, o método também vai ser diferente. O que acontece?
Primeira coisa, primeira regra, eu nem sei quantas regras eu vou dar aqui neste vídeo, mas a primeira eu tenho certeza dela, porque eu tirei de Hugo Vitor. Hugo Guttmann Vitor diz ali: "Não tenhas nada como víu". E essa é a primeira coisa.
A segunda é muito parecida com ela, que é: "Não tenhas vergonha de aprender de qualquer um, independente de quem for". Mas eu não gosto dele porque ele torce para o outro time, porque ele é do espectro político oposto ao meu, porque esse autor é isso e aquele é assado, e eu ouvi falar que esse autor era pior que o outro, então eu não vou lê-lo enquanto eu não ler o outro. E todas essas coisas, tudo isso deve ser abolido do nosso horizonte.
Quando vamos estudar, a primeira coisa é: "Não tenhas nada como víu. Podes aprender de tudo. Tudo contribuirá para tua sabedoria.
" É óbvio que existem coisas que são mais importantes que as outras, mas às vezes nós não estamos em condições de aprendê-las, e temos de nos contentar com aquilo que está ao nosso alcance. Eu, por exemplo, não sei se eu precisasse aprender, como eu disse, talvez eu achasse algum vídeo no YouTube, alguma coisa. Assim ou se eu quisesse mesmo aprender, mas digamos que não é a coisa que está mais aí, porque existe uma riqueza de métodos, livros e tudo isso, e professores também que possam me ajudar com isso.
Não é uma coisa tão acessível assim. Agora, há muita coisa extremamente acessível aqui na internet: há vídeos no nosso canal no YouTube, que é cheio de conteúdos, né? E são muitas publicações aí nos últimos 10 anos, e estão aí para serem aprendidas.
Então, não tenhas nada como viu. Segundo, não tenhas vergonha de aprender de qualquer um. Tens de aprender de todos.
Ah, mas não vou muito com a cara dele e tal. Bom, às vezes pode acontecer, e daí ele é a pessoa mais acessível para que tu possas aprender alguma coisa. Vai atrás dele e sim, aprende dele.
Não, mas ele é um sujeito que é meio ignorante em matéria de política, em matéria de religião e todas essas coisas. Não interessa. Não interessa.
Tu tens que ver se ele pode te ensinar alguma coisa. Não tenhas vergonha de aprender dele. Então, esse é o primeiro ponto: não tenhas nada como viu e não tenhas vergonha de aprender de qualquer um.
O segundo ponto: eu acho que eu vou deixar só esses dois aqui, porque senão vai ficar demais. Só para que se resolva esse primeiro ponto, é uma luta, às vezes, que para muita gente demora tantos anos assim, porque o sujeito acha que o Guimarães Rosa não é tão bom porque o fulano e o beltrano falaram mal dele. Eu tenho oito livros aqui, mas eu não vou ler porque primeiro eu tenho de ler o Graciliano Ramos, que é melhor.
Essas mesmas pessoas que disseram que o Guimarães Rosa não é tão grande assim e essas coisas. . .
Bom, é preciso se desfazer desse preconceito ridículo, né? É preciso se desfazer dos preconceitos dados justamente pela crítica literária ou mesmo pelos conceitos da crítica literária, falando de literatura, mas de muitas outras coisas, né? Seja de ciências, de filosofia, não interessa, né?
Qualquer coisa. Bom, o segundo meio mesmo de se estudar com seriedade é que se estude aquilo que nós podemos chamar. .
. eu vou chamar de “horas cadeira”, certo? Quantas horas eu realmente vou acumulando na minha experiência como estudante, sentado numa cadeira e estudando?
Ah, eu quero começar tal coisa, então eu preciso comprar o curso, eu preciso comprar o livro e essas coisas assim. E nisso, o sujeito passa, às vezes, meses sem ter juntado no seu currículo de estudante nem uma hora cadeira, não é? Sentado ali, estudando.
E veja, agora tu estás assistindo a esse vídeo, tu não estás estudando; tu estás assistindo a um vídeo. Muitas vezes tu estás assistindo a um curso inteiro e tu não estás estudando. Estudar é sentar, recapitular aquilo que se aprendeu, fazer esquemas, ler de novo, repetir, assistir à mesma aula, ao mesmo vídeo, voltar, fazer de novo quantas horas isso for necessário.
Mas, para isso, é preciso que tenha um início. Eu vou sentar e vou começar a estudar. Quanto tempo demora para que eu consiga aprender latim?
Não faz essa pergunta. Nunca mais faz essa pergunta. Quantos anos, quantos meses será que eu consigo aprender em tanto tempo?
Porque agora eu vou tirar férias e eu vou ter 30 dias. Será que consigo avançar? Eu digo, provavelmente nada, porque férias.
. . Que férias?
Não, como é que o cara vai estudar nas férias, né? Se ele não estuda quando não tem tempo, agora que vai sobrar tempo, ele vai se encher de outras coisas. Ele tem que visitar a tia avó dele, ele tem aniversário do sobrinho, ele tem não sei o quê dos amigos que.
. . Não, mas ó, eu tenho essas coisas todas, mas ainda vai sobrar bastante tempo.
Não vai, certo? Tu vais beber, tu vais comer demais. Ninguém estuda de barriga empanturrada.
E todas essas coisas que são óbvias, não é? Então, surgir. .
. "Ah, domingo de tarde eu estou livre". Não estás.
Tu estarás fazendo a digestão, provavelmente, não é? "Eu tenho ainda um tempinho de noite". Não, de noite tu tens de dormir.
Não tens tempo de noite. Coisas bem materiais assim que vão fazendo toda a diferença. O que eu preciso fazer?
Bom, eu preciso sentar e estudar. E aí eu vou pegar um texto, eu vou pegar um livro, ou eu vou pegar um audiolivro. Preconceito ridículo com audiolivro e não tem explicação nenhuma.
Não é por que o sujeito acha que o audiolivro é menos que o livro, certo? Ele é basicamente a mesma coisa. A questão é que muita gente não consegue aprender nada com audiolivro porque foi treinado a não prestar atenção em nada daquilo que é dito.
E na escola diziam: "não, tem que ler ali o livro, né? Tem que pegar o livro, não se vai ler". É a mesma coisa.
Se possível, fazer as duas coisas juntas, né? Eu vejo quantas pessoas leem mal justamente porque nunca ouviram alguém ler bem. E normalmente um audiolivro estará bem lido, não com um robô lendo, né?
Que realmente ele não sabe. Se o próprio leitor, ali, o locutor, às vezes, tem dificuldade; imagina um robô, não é? Não consegue respeitar entonação, respiração, velocidade mesmo das frases e todas essas coisas, né?
Mas sim, um audiolivro pode ser, pode ser um vídeo, pode ser um curso em vídeo, pode ser o próprio livro, não é? E aí tu pega papel e caneta e faz as tuas anotações, senão tu não tens como saber se tu estás aprendendo alguma coisa. E eu vou dizer, normalmente, tu.
. . Não estás achando o livro muito bom, muito marcante?
Vai ser um livro importantíssimo para a tua vida. Tu vais recomendar aquele livro. Tu vais dizer que gostou muito, que tu adoras aquele autor, e etc.
Porém, tu não aprendeste nada, porque a gente só aprende quando faz alguma coisa, quando age junto, e isso eu preciso pegar um papel e uma caneta, sentar e estudar, tentar recapitular. E tudo isso não é senão, eu vou precisar voltar. Eu vou fazer ali um esquema, um diagrama, sei lá, vou fazendo coisas, fazendo coisas, fazer uma lista dos personagens que eu li, uma lista de termos que não sei o que.
Ah, tem uma palavra que eu não sei o que significa, mas eu vou anotá-la várias vezes. Ah! E aí eu olho e não sei, pode ser, mas não é necessário.
E normalmente, tu vais aprender o significado dessa palavra sem olhar no dicionário. Se tu dependesses de olhar no dicionário para aprender o significado de uma palavra, tu estarías ferrado, não é? E não ter pressa, certo?
Poderia ser a terceira coisa aqui. A primeira, então, é não ter nada como viu e nem vergonha de aprender as coisas dos outros. A segunda: cadeiras.
Eu preciso sentar e estudar. Eu não posso ficar conversando com meus amigos e tal, discutindo essas coisas, ficar na internet vendo qual é o melhor livro, qual é a melhor edição, qual é a melhor tradução, qual curso é melhor e todas essas coisas. Eu preciso realmente sentar e estudar.
E a terceira coisa, então, é não ter pressa. Se eu tenho pressa, eu não vou a lugar nenhum, o que não quer dizer que eu possa esperar para começar e esperar para ter as minhas horas de cadeira. Não, o contrário disso!
Agora, se estudar um idioma, ciências, filosofia e tudo isso, eu não vou a lugar nenhum. Se eu tenho um tempo específico para estudar, e é por isso que, para uma vida de estudos, um curso com início, meio e fim, ele não faz muito sentido. Se o sujeito acha que ele vai realmente aprender física em 5 anos, nos 5 anos propostos pela Universidade, ele tá maluco, não é?
Porque estudar não tem. . .
ele pode ser que ele aprenda em 3 anos e meio, e por que são cinco? Não se sete ou oito. Quem é que disse que é possível medir temporalmente o tempo que leva para uma pessoa realmente aprender alguma coisa?
É um troço totalmente absurdo, não é? Assim como são. .
. o tempo não! Um ano, o aluno tem que estudar isso aqui no primeiro ano do primário, né?
Ele tem que ser alfabetizado, capaz de ler essas operações matemáticas, ter esse conhecimento geral aqui que é adaptado para a idade dele, não sei o quê. Depois, no outro ano, ele tem mais uma coisa. Quem é que diz que demora um ano?
Tem uns que demoram 8 meses, e tem uns que talvez precisem de 1 ano e 3 meses, não é? Agora, na tua vida mesmo de estudos para sabedoria, tu não tens esse problema. Tu vais pegar e vais estudar o tempo que for teu.
A tua régua não vai ser o tempo. Não vou pôr uma meta de leitura, ridículo. Tu tens de ler para aprender e não para cumprir uma meta.
Não existe meta! Tu tens de pegar, sentar à cadeira, não ter vergonha de aprender com ninguém, nem tomar nada como visto, e não ter pressa. Pronto, é só isso.
Não precisa perguntar qual é a melhor tradução, não precisa conhecer tudo o que existe sobre aquele assunto, não precisa ter uma ordem muito específica de leitura. O que é melhor, fazer isso ou aquilo, estudar isso ou aquilo? É claro que matemática a gente não começa estudando logaritmos, né?
A gente começa pela adição, subtração, multiplicação, divisão. Dentro de cada disciplina, existe uma ordem bastante específica. Agora, a maioria das coisas não é assim.
O que eu preciso estudar em filosofia? Eu posso estudar cosmologia depois da metafísica, ou antes, ou moral. Quando é que eu estudo, né?
Essas coisas aí são bastante relativas e vão depender de uma série de fatores. Agora, tu não vais dar bola para isso. Tu vais pegar o livro que tu tens em casa, tu vais pegar o PDF que tu tens ali disponível no teu computador, vai sentar e começar a contar as tuas horas de cadeira.
Então, precisam ser contadas especificamente. Não é só importante que elas estejam sendo cumpridas. Cumpre as tuas horas de cadeira, não tenhas nada como visto e também não tenhas pressa.