Todos nós vivemos momentos em que nossos pensamentos estão agitados, existem sentimentos de tristeza, nossos corpos estão com dor, ou o mundo ao nosso redor está perturbado. Mas, por baixo de tudo isso, nas profundezas do nosso ser, existe um profundo silêncio — uma grande quietude. Ao afundarmo-nos nesta quietude que está sempre disponível por trás das atividades de pensar, experimentar, sentir e perceber, descobrimos um grande reservatório de paz.
Uma paz que é o nosso próprio ser inato. Descobrir esse lugar de paz profunda e alegria tranquila é a maior descoberta que podemos fazer em nossas vidas. Portanto, volte-se para si mesmo – e descubra seu reservatório de paz.
Descubra a paz do silêncio. Existem dois tipos de silêncio: a ausência de som e pensamento, e o silêncio por trás dessa ausência, ou o silêncio por trás do silêncio. Descanse assim.
Descanse no silêncio por trás do silêncio. Feche os olhos e descanse. Descanse no Silêncio.
Rupert Spira. Uma mente acostumada a descansar frequentemente em sua essência torna-se cada vez mais saturada de paz. Quando tal mente retorna à experiência, ela não deixa aquela paz para trás.
Ela a leva consigo, e suas atividades de pensar, sentir, perceber, agir e se relacionar tornam-se uma expressão, uma comunicação e uma celebração dessa paz. Volte-se para essa paz. Pergunte a si mesmo: “Qual é a condição natural da mente antes do surgimento da experiência?
” Vá lá experimentalmente, não intelectualmente. Volte-se para si mesmo. Pare de se perder na experiência.
Volte-se para si mesmo. Permita que o silêncio chame sua atenção. Embora o silêncio seja vazio, veja que ele está aparecendo na Consciência.
Sinta que o silêncio está impregnado e saturado de Consciência. O silêncio é apenas Consciência. Não há silêncio além da Consciência.
Essa Consciência é o silêncio, vazio, transparente. Sinta a vastidão, sinta o silêncio da mente, antes do surgimento da experiência, sinta o vazio da Consciência. Sentir a vastidão é como deixar de se interessar pelos objetos ou pessoas de uma sala e, como resultado, perceber de repente a consciência do espaço, a abertura, o vazio, a transparência.
Sinta profundamente este vazio. Agora, permita que a respiração chame a sua atenção. Sinta que a respiração é como uma ondulação deste silêncio.
Aumente e aprofunde a respiração. Seja como uma criança respirando em um sono profundo. Respire profundamente.
Sinta que a respiração é como uma ondulação no oceano de silêncio. Abandone a crença e a sensação de que a respiração ocorre dentro de um corpo sólido, denso e localizado. Não existe tal experiência de um corpo.
Existe um vasto oceano de silêncio sem fronteiras permeado pelo conhecimento, e a respiração preenche completamente esse espaço vazio, silencioso e consciente. A sensação que o pensamento costumava rotular de “meu corpo” é uma onda trêmula no meio deste oceano de respiração. A respiração se expande neste vazio silencioso, completamente permeado por ela.
A sensação chamada “meu corpo” é uma onda trêmula que vibra no centro deste espaço vazio e sem fronteiras. Sinta que a respiração não está acontecendo dentro de um recipiente. A respiração é como uma névoa, preenchendo completamente o espaço.
A respiração não aparece em um espaço físico; ela aparece em um silêncio vazio e consciente. Apenas esteja presente, aberto e consciente, permanecendo naquele lugar sem lugar, entre a experiência externa e a interna. Não buscando e nem resistindo a qualquer experiência.
Permaneça como este espaço. Permaneça como a Consciência pura. Sinta-se como este vazio consciente no qual toda a sua experiência está acontecendo – nada buscando, nada querendo, nada resistindo, nada sabendo, nada entendendo.
Apenas presente.