Roda de Conversa - Tema: Os Desafios da Educação de Jovens e Adultos - 1/3

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Programa exibido em 31/03/2014 pelo Canal Minas Saúde. Roda de Conversa é um espaço de discussões e ...
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[Música] Olá o tema do programa de hoje é educação de jovens e adultos regulamentada pela lei de diretrizes e bases do Ministério da Educação esta modalidade conhecida como EJA atende pessoas com mais de 15 anos que por algum motivo não conseguiram completar o ensino fal ou ensino médio na idade regulamentar de acordo com o Censo da educação senso escolar da Educação Básica há quase 4 milhões de estudantes matriculados na educação de jovens e adultos maior número cerca de 1,6 milhão cursa os anos finais do Ensino Fundamental e por que esses alunos estão matriculados nesta modalidade
de ensino porque eles não conseguiram concluir os estudos na idade regular e porque o número de matr na EJA vem caindo no programa de hoje vamos mergulhar no universo da educação de jovens e adultos para tentar compreender os principais desafios desta modalidade de [Música] ensino roda de conversa é um programa que debate temas do cotidiano escolar sobre a perspectiva pedagógica é uma iniciativa da secretária de Estado de Educação de Minas Gerais idealizada pela magistra a Escola de Formação e desenvolvimento profissional de educadores de Minas Gerais em parceria com a assessoria de comunicação social e para
discutir o assunto de hoje Educação de Jovens e Adultos eu recebo aqui nos estúdios Leôncio Soares pós-doutor em educação de jovens e adultos Ele é professor da faculdade de educação da Universidade Federal de Minas Gerais com pesquisas e publicações na área de educação de jovens e adultos receba também Maria Clara de Piero professora da Universidade de São Paulo e especialista em políticas públicas de educação de jovens e adultos e recebo Jane Paiva professora da faculdade de educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro pesquisadora na área de educação de jovens e adultos todos vocês
três professores muito bem-vindos ao nosso roda de conversa obrigado então por que vamos começar com essa pergunta que a gente iniciou o programa o que que acontece com esses nossos jovens e adultos né que por algum motivo não não conseguem concluir eh o curso Ensino Fundamental ensino médio na idade regular Por que que acontece isso e tentando pensar um pouco Daí a gente encontrar Inclusive a importância das Jovens e Adultos vamos começar o nosso roda Professora Maria Clara professora J Professor lecio fiquem à vontade bom posso começar eu acho que a gente tem pelo menos
dois grupos né ah é uma diversidade enorme de é difícil Inclusive a gente pensar num caus num Brasil tão grande como é não tem um público único mas nós temos dois grupos que foram precocemente excluídos dos seus direitos educativos você tem um grupo de pessoas em geral pessoas mais idosas como idade mais avançada que viveram numa época em que o acesso à educação era mais difícil principalmente nas zonas rurais Então nesse grupo nós vamos ter os analfabetos as pessoas com muito baixa escolaridade e há um segundo Grupo Ah muito numeroso e bastante heterogêneo de pessoas
que abandonaram precocemente o seus estudos por fatores extraescolares sociais que t a ver com pobreza necessidade de ingresso precoce no mercado de trabalho mas também por fatores escolares em função do fracasso né de não terem terem tido uma trajetória escolar ah interrompida malsucedida com sucessivas reprovações que acabam desestimulando e levando ao abandono escolar precoce Eu acho que eu podia complementar um aspecto Marcílio que me parece relevante né na história da educação brasileira o direito à educação para todos ele é muito recente né da Constituição de 8 88 Então esse conjunto populacional com mais idade também
vem de uma interdição ao direito à escola a educação né que a sociedade Manteve durante muito tempo quer dizer nós temos na Constituição 34 esse direito assegurado depois nós vamos garantir o direito do voto do analfabeto pela Emenda Constitucional de 69 só em 88 esse direito volta né então do ponto de vista histórico a gente tem uma boa explicação para entender esse conjunto tão forte porque é um direito social tardiamente conquistado pela cidadania brasileira mas do ponto de vista também contemporâneo Esse aspecto que a Maria Clara destaca do intraescolar tem sido muito importante para nós
entendermos a presença de tantos jovens voltar nesse intraescolar Professor le sim eu vou acrescentar ainda mais um dado na medida que esse universo é bastante heterogêna faz parte também desse universo a questão enfrentada pelo machismo com relação às mulheres né quando na educação de jovens adultos a gente pergunta para esses sujeitos Por que pararam de estudar então além desses elementos citados aqui a questão do trabalho ele é muito forte mas eh no caso das mulheres em especial aquela marca de que quando eu era mais nova meu pai me impedia porque falava eu vou lá aprender
escrever carta isso é ainda é atual quando se casa às vezes pensando que se livrou Às vezes tem um marido que também impede que essa iniciativa aconteça então aumentando as explicações um pouco do Porquê esse grupo não chegou a estudar quanto mais novo e agora volta a est e um dado importante em relação a essa questão é que nós só vamos encontrar nas faixas mais de maior idade é que nós vamos encontrar as mulheres com as como as menos escolarizadas hoje né o gênero feminino no Brasil conquistou né uma criação de acesso em todos os
níveis de ensino só perdemos para as idades mais avançadas que ainda vamos encontrar as mulheres como as mais as menos escolarizadas e menos alfabetizadas né Vocês tocaram né Falando inclusive porque nós temos né esse dado de 4 milhões arredondado obviamente mas é o dado do senso de 2012 né Uhum uhum mas o número de analfabetos e de semianalfabetos é absolutamente superior quer dizer nós estamos muito se a educação de jovens e adultos é também uma alternativa nós estamos muito longe o que que tá acontecendo e nós estamos caindo né a gente vem eu tava observando
os gráficos a gente vem com uma trajetória de queda matrícula decl de que exatamente o que que tá acontecendo onde que nós não não vou dizer que estamos falhando mas o que que como é que a gente olha a as pesquisas a gente tá fazendo pesquisa agora para tentar compreender é um fenômeno relativamente sente a queda das matrículas eh generalizada em todas as redes em todas as etapas ela é posterior a 2006 mas ah primeiro eh a educação de jovens e adultos escolar ela nunca atendeu todo o universo possível nós temos hoje cerca de 67
milhões de brasileiros com baixa escolaridade com uma escolaridade inferior àquela preconizada na lei como o mínimo que todo cidadão teria direito então a gente ainda tem que construir como a jan colocou a cultura do direito à educação tá na lei Mas ainda não tá na cultura mas nós temos a cobertura escolar ainda é muito pequena e a oferta a minha hipótese é de que há múltiplas razões Ah mas a razão principal é de que nós estamos oferecendo ainda uma educação de adultos ah com um modelo muito rígido muito pouco ainda apropriado tanto ponto de vista
da forma como é organizado quanto dos conteúdos escolares Ah para atender as necessidades educativas dessa diversidade do público de uma maneira assim e muito simplificada tá muito descolado sobretudo para esse público que provavelmente já ingressou no mercado de trabalho ou que já teve algum outras responsabilidades essa mulher que então quer dizer ele não conversa com a realidade dele Exatamente exatamente eh se uma das perguntas que a gente procura fazer para aqueles que procuram A escola é porque Pararam a pergunta que vem em seguida é porque está voltando e nesse por está voltando há um leque
aí de expectativas e a essas expectativas caberia a nós professores educadores repensar uma escola para esses sujeitos que são diferentes do sujeito que nós formamos nas universidades os professores para trabalhar a cultura de na educação formar para trabalhar com criança Ela é muito forte ainda esse sujeito ele é visibilizado na nas universidades então ele demanda também uma escola que é diferenciada uma das marcas dessa escola é a questão da flexibilidade E aí nesse sentido quando Maria Clara fala o modelo escolar existente ele se distancia desse público que também é diferente então para esse público que
é diferente necessitamos também de professores diferentes e de escolas diferentes e e eu acho que a gente pode acrescentar um aspecto também Marcílio que tem vindo é muito agregado a forma como as redes estruturam o sistema escolar né a tradição que nós temos é de que as redes trabalham com a a a ideia de que você só consegue estabelecer a rede de escolas e um sistema de ensino se você trabalhar com a a a uniformidade de propostas né então Eh nós abandonamos a possibilidade de trabalhar com a unidade de princípios e de objetivos de entendimento
para trabalhar com a universidade então a com a uniformidade e essa uniformidade acaba matando toda a riqueza que a educação de jovens e adultos tem como modalidade porque é um modo de fazer diferente porque você precisa do controle que as secretarias exercem sobre a rede e isso faz com que você a pequen a a os voos que se pode dar com as propostas pedagógicas com o currículo dilema difícil que passa inclusive pela discussão da Autonomia das unidades acadêmicas né seja qualquer Mas é uma uma esse não De forma alguma é um problema menor porque você
tem redes sistêmicas muito grandes isso mesmo necessidade de operar Ah o problema é que nós ainda estamos digamos quando você fala em educação de jovens e adultos o que vem ainda apesar de já termos transitado pelo menos duas décadas né ainda vem aqu mod do ensino supletivo você fala qual é a característica da Educação de Jovens e Adultos As pessoas só conseguem pensar na aceleração e não penso e e no aligo e no aligeiramento então a educação de jovens e adultos é pensada meramente como uma reposição de uma escolaridade não realizada e isso leva a
uma pergunta errada porque quando você pensa a educação de adultos como reposição a pergunta você olha o sujeito e você pergunta ah o que é que ele não aprendeu por não ter ido na escola então o campo simbólico é o da perda você vê o sujeito um sujeito diminuído você vê pela negação e a pergunta correta seria perguntar o que que esse indivíduo sabe quais são os projetos que ele tem paraa sua vida presente e futura e quais são Então as a as necessidades de aprendizagem que ele tem o que é que eu nós podemos
como é que nós podemos organizar um currículo uma metodologia uma forma de organização escolar que responda a essas necessidades Ah aqui vale a pena então a gente citar né na medida que Jane Maria Clara eu tivemos nosso início na educação pela própria Educação de adultos naquele momento e com o tempo essa área eh acolhendo a juventude mas o autor Paulo Freire que muito tem ajudado né No que escreveu no que viveu por exemplo do entendimento desse público desse sujeito não é o o sujeito da falta é o sujeito de um potencial de um potencial que
ao trazer sua expectativa traz sua bagagem traz seu conhecimento então o trabalho na escola o trabalho do noss educador é dialogar com esse conhecimento então é diferente de repor aquele conteúdo que quando ele tava lá na terceira série quando ele tava na quarta série interrompeu e como se a vida tivesse congelado de lá para 30 anos depois como se ele não tivesse na vivência dele tido várias aprendizagens e que essas aprendizagens hoje dialogaram com ampli em ampliar o conhecimento na escola fazer uma caixa de ressonância na verdade se ampliando né agora é muito interessante isso
que vocês colocam porque se em algum momento e se eu entendi aqui no início que a gente tava começou a nossa conversa se a própria escola hoje ela também nas características intrínsecas dela ela pode também não motivar né a gente discutiu aqui no roda de conversa mesmo a questão das dificuldades do ensino médio Então ela por si só no ensino regular no no tempo ela já tem eh grandes questões para responder quando você volta né já numa fase adulta e de novo com esse sentimento de perda realmente fica difícil é e eu acho que a
gente tem que também porque nós estamos falando do sujeito adulto né E aí pegar o sujeito jovem e entender quem quem está sendo esse público jovem que frequentando a educação de jovens e adultos né hoje o que a gente vê é que ele é produto da escola né ée um tempo se durante um tempo ele era um interditado né hoje basicamente ele é produto da escola isso tem muitas implicações né A primeira implicação e Maria Clara vai ter dados aí contundentes do ponto de vista do dos gastos com a educação dos investimentos na educação porque
você gasta duas vezes com o mesmo sujeito e muitas vezes essa segunda vez essa escola da segunda chance ainda não consegue fazer com que ele conclua com êxito muitas vezes ele torna a sair aquilo que a gente conhece como evasão que para nós do campo a gente Prefere falar em uma expulsão que a escola promove é são os movimentos da própria Educação de adultos porque ele tem necessidade do cotidiano esse percentual El ele é alto gente na educação de jovens e adultos jovens sido crescente recente e Principalmente nesse segmento que você citou né a maior
parte da matrícula ex noo sego do Ensino Fundamental né ah e e nessa faixa E você tem um grupo muito jovem também no ensino médio você tem um grupo muito jovem porque a lei permite que com mais de 18 anos ele frequente o ensino médio na modalidade da educação de jovens e adultos e a gente sabe que a maior parte dos jovens brasileiros frequentam o ensino médio já com uma defasagem sidade substantiva então nós temos um grupo juvenil muito importante que exatamente eh teve essa trajetória escolar né que já teve uma trajetória no ensino regular
eh muito acidentada né ah são aquelas crianças que tiveram dificuldades de aprendizagem que ficaram numa condição de analfabetismo tiveram sucessivas reprovações e que portanto abandonaram a escola e depois quando se confrontam com o mercado de trabalho com a vida familiar etc elas eh se sentem obrigadas a retornar à escola agora é diferente o direito exercer o direito à educação na infância e na adolescência quando ele tá obrigado pela família pela sociedade não é e nós já construímos uma cultura do direito à educação na infância e do que na idade adulta essa escola tem que ser
uma escola muito mais empática quer dizer deveria ser para criança também perdão mas a a essa escola se ela não for empática se ela não atender SS necessidades de aprendizagem se a relação professor aluno e do grupo classe não for algo eh acolhedor essa pessoa se afasta agora eh quando a Jane cita né o eh esse grupo ele é muito numeroso né aí também reside uma tensão grande na educação de jovens e adultos né porque é exatamente a tentativa de convivência entre um grupo que vai dos 15 anos sem limite de idade podemos citar aqui
90 é que nós vamos ter então conflitos que aí tem sido cada vez mais difíceis professores E a escola como um todo responder a uma escola que possa servir para tamanho leque né Eh infelizmente a gente tem escutado em relatos nos estágios que a gente tem dos nossos alunos que vão às escolas né infelizmente a gente tem ouvido relatos em que professoras durante o diurno guardam os dias do aniversário Que dia Que tal o aluno que tá dando trabalho vai fazer 15 anos porque naquele dia o presente que ele ganha é ir para um noturno
ir para a educação de jovens adultos O que é também um equívoco que não necessariamente a educação de jovens adultos precisa ser somente à noite né então é uma tensão vivida fortemente no campo na medida que essa idade houve uma redução com a última LDB né Essas idades eram 21 anos para o ensino médio 18 anos para o ensino fundamental elas tendo sido reduzida foi com que a educação que já era de Jovens e Adultos passei a ser também de adolescentes jovens e adultos é pois é nós temos que dar uma paradinha né televisão a
gente dá uma paradinha vai para um rápido intervalo mas a gente volta volta com essas questões e outras aqui também a gente volta daqui a pouquinho não saia [Música] daí n
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