[Música] Olá pessoal eu sou elissa professora de literatura E hoje nós vamos falar um pouco sobre o romance Menino de Engenho do escritor brasileiro José Lins do Rego mas primeiro inscreva-se em nosso canal e Ative o Sininho para receber as [Música] novidades Menino de Engenho foi um livro publicado pelo Escritor José Lins do Rego no ano de 1932 foi custeado pelo próprio autor e é um dos livros mais aclamados pela crítica brasileira um dos livros mais importantes da segunda geração do Modernismo brasileiro dentre vários aspectos que esse romance traz um dos mais importantes é essa
representação é o retratar a decadência do Nordeste canavieiro ele se passa num momento de transição dos Engenhos para as usinas de cana de açúcar se passa sobretudo no nordeste Mais especificamente na região da Paraíba e do Pernambuco é uma das obras mais importantes do do do da década de 30 como eu tinha falado do escritor é o primeiro romance publicado do ciclo da cana de açúcar da obra de José Lins do Rego que ela é dividida em fases e há alguns romances em que ele vai tratar mesmo da questão do Engenho da questão das usinas
da questão da cana de açúcar dos resquícios que esses engenhos deixam paraa economia brasileira e Menino de Engenho é o primeiro romance dessa fase desse momento do autor a obra é um romance memorialista porque ele tem um narrador em primeira pessoa que vai narrar suas memórias do passado suas Memórias da Infância e ele pertence à segunda geração Modernista o romance de 30 ou também chamado a prosa de 30 ou como alguns Alguns críticos alguns estudiosos gostam de dizer que é a prosa regionalista porque ele traz elementos da cor local eh ele situa muito bem os
acontecimentos o enredo no nordeste brasileiro a linguagem também vai trazer vai imprimir esses elementos da cor local então é é é um tipo de narrativa é um tipo de prosa produzida na primeira metade do século XX que carrega marcas muito muito nacionalistas marcas muito brasileiras muito típicas da das regiões específicas em que os enredos das narrativas se passavam como eu já tinha falado trata-se de um romance memorialista justamente porque o narrador é personagem e é o narrador e personagem ao mesmo tempo que é o Carlos eh o romance Quando começa eh ele narra a idade
de 4 anos de idade desse desse menino aos 4 anos de idade o pai mata a mãe a mãe é assassinada pelo pai e o pai acaba sendo internado é afastado completamente dele e ele tem que se mudar ele é retirado da sua casa é levado pro Engenho do avô materno pelos pelo tio Juca que é um personagem muito importante também na narrativa todos esses personagens adultos vão aparecer aí para contribuir ou para trazer algum tipo de fratura algum tipo de trauma pra formação desse menino né que o romance com 40 capítulos vai compreender um
tempo curto da vida desse narrador personagem o que a gente tem impressão é de que o narrador ele já é adulto e ele retoma Memórias da sua primeira infância e da sua segunda infância até chegar na adolescência em que ele vai dar conta de certos incidentes marcantes e dignos de serem rememorados que contribuíram pra formação dele como pessoa como um personagem E também como escritor daquela narrativa confessional que ele tá trazendo o romance acaba compreendendo um um espaço relativamente curto de tempo enquanto ele começa aos 4 anos de idade de Carlos Ele termina aos 12
anos então a gente tem 8 anos que não são narrados cronologicamente de uma maneira muito tradicional e muito rígida a narrativa acaba parecendo que tem algumas algumas rupturas os capítulos Não não são interdependentes É como se você tiv cada capítulo que você lê É como se você estivesse lendo um conto porque cada capítulo tem uma autonomia em relação ao que veio antes e ao que veio depois entretanto quando você lê na sequência você consegue também perceber a linearidade da obra como um romance porque ele vai trazer o início o meio e o fim desse momento
importante em que Carlos Deixa de ser o órfão de 4 anos de idade para se tornar um Menino de Engenho um menino que cresce no engenho e que recorda memórias agradáveis memórias traumáticas desse momento da vida dele entre adultos e crianças O livro é repleto de personal Mas eu posso enumerar alguns que são mais marcantes primeiro a gente tem a tia cazinha cazinha que é uma personagem ah assustadora ela é cunhada do avô dele e ela é muito muito má ele a considera malvada tem momentos até da narrativa que ele deseja a morte dela que
ele Imagina ela sendo puxada por cavalos e sofrendo e sendo esquartejada pelos cavalos porque ela é malvada mesmo ela bate nele e Há momentos em que as escravas com entam com ele que ela só bate nele porque ele não tem mãe o que o deixa mais triste o que agrava o luto nesse personagem já a tia Maria é a irmã Caçula da mãe dele ela é muito boazinha ela é muito acolhedora ela é muito amável há aí num determinado momento do romance inclusive eh que aponta Sutilmente a gente percebe pelo afeto que o narrador deposita
nas lembranças dele parece que tem parece que há uma quase relação e de amor com a tia como de modo semelhante à relação amorosa que ele tinha com a mãe claro que ela não vem a substituir a mãe mas ela remete muito a ternura Maternal essa coisa de ser acolhedora tanto é que quando ela se casa é um trauma muito grande para ele porque ele meio que perde essa referência e fica sozinho na casa na casa grande com a tia sinhazinha que é a malvada outro personagem importante que eu já havia mencionado lá atrás é
o tio Juca que é ele quem leva o o Carlos da sua casa original pra casa para pro Engenho né pra casa do avô materno e esse tio Juca também é responsável por um determinado momento importante da obra A acidentalmente apresentar o mundo erótico o mundo do amor e o mundo do desejo sexual de forma muito clandestina pro nosso protagonista outro personagem importante também é o avô que é o Coronel José Paulino é muito respeitado por todos tem toda uma postura muito patriarcal e muito paternalista ao mesmo tempo só que a figura paternalista desse avô
fica muito ambígua em determinados momentos do romance porque a gente tem a leitura de um menino O menino analisando o seu próprio avô então em determinados momentos parece que ele é muito bondoso muito justo é muito acolhedor mas em outros momentos ele remete mesmo a um senhor feudal com uma autoridade que jamais deveria ser questionada Então tudo isso a partir do ponto de vista da criança que é muito fantasiado muito cheio de imaginação para nós leitores que já estamos acostumados a olhar para uma obra literária de uma maneira crítica a gente fica meio desconfiado do
paternalismo desse avô outra personagem caríssima é uma das personagens mais importantes da obra é uma personagem muito metalinguística porque dentro da obra ela vai trazer uma reflexão sobre a Literatura que é a personagem totonha é uma contadora de histórias e ela tem um conhecimento uma memória muito boa ela remete mesmo aos antigos aos grandes poetas antigos aos rapsodos a Homero por exemplo porque ela tem as histórias guardadas na memória principalmente histórias da mitologia contos de fada mas toda vez que ela vai contar pros meninos do Engenho pros meninos que moram ali naquela região e Canavieira
Ela traz a cor local o que que é isso Ela traz a geografia o clima Ela traz todo o cenário do Nordeste ela ambienta contos como de Cinderela de Rapunzel mitos da mitologia grega ela vai ambientando todos eles no nordeste brasileiro para que faça mais sentido pras crianças e principalmente pro nosso narrador personagem mais uma personagem importante dentre esses que eu elenquei a última personagem importante que eu menciono aqui não significa que sejam os únicos né porque há outros personagens significativos na obra mas com aparições menores é a Maria Clara Ela vai aparecer mais quase
pro final da obra é a prima dele que vem da cidade e ela se torna o primeiro amor dele o primeiro amor mais tangível mais palpável porque quando ele era menorzinho ele teve um amor platônico por uma moça que o ensinava a ler e escrever que era Judite e ela era casada ela sofria violência doméstica e ela era muito afetuosa colocava ele no colo para ensinar Aler as coisas aí ele teve um amor platônico mas ali a impossibilidade né Como o próprio amor platônico já diz há uma impossibilidade de realização amorosa agora com a Maria
Clara parece que A Experiência Amorosa se torna mais próxima mais possível mas infelizmente ela acaba passando por alguns obstáculos aí que o narrador traz pra gente e a gente fica assim nossa é é é muito triste há muita melancolia Há muitas memórias bonitas em toda essa narrativa dele mas há muita melancolia e o amor o primeiro amor de fato também é carregado de muita melancolia por suas por suas impossibilidades dentro das possibilidades Por que que Menino de Engenho é considerado uma obra tão importante para literatura brasileira traz alguns elementos que são eh são importantes de
se refletir sobre ele sobre eles primeiro eu eu penso alguns temas né vários temas são discutidos nessa obra Mas a questão do da morte do amor e da Solidão tudo isso começa a acontecer na vida de um menino de 4 anos dos 4 aos 12 anos ele enfrenta todos esses sentimentos tão complexos que ele acaba sendo forçado a passar por um um processo de amadurecimento que é meio que precoce né perder a mãe tão cedo de uma maneira tão brutal tão violenta conhecer o amor de diversas maneiras passar por uma iniciação sexual tão precocemente também
o que é narrado eh São episódios na narrados de uma maneira muito poética muito lírica né Há toda uma elaboração da linguagem de modo que deixa toda essa situação que poderia ser muito brutal ou talvez muito obscena ou talvez muito chocante eh muito Sutil fica muito Sutil muito delicado muito poético e muito bonito justamente pelo apego e pelo afeto né pelo apego emocional e pelo afeto que o narrador tem por essas memórias e dessa forma né nesse processo de amadurecimento desse personagem a gente tem a princípio uma liberdade infantil que resvala para uma que acaba
se transformando numa libertinagem juvenil porque quando ele vai pra casa do avô ele acaba desfrutando de certas liberdades mesmo tem um momento que ele ganha um carneiro lindo chamado Jasmim e ele passeia com esse animal por vários lugares n ele tem uma liberdade mesmo de explorar a mata de explorar os os espaços rurais a natureza e as as redondezas né as vizinhanças de onde ele vive a obra também traz um um aspecto social muito importante claro isso não poderia ficar de fora justamente por se tratar de uma obra da geração de 30 dessa segunda geração
Modernista que foi muito social e de uma linguagem também muito voltada pro coloquial pro Popular que traz muita coisa da da a questão da cor local Então ela obviamente vai trazer eh certos vícios de linguagem certas marcas regionais né vai vai imprimir em si na própria linguagem essas marcas eh e ela não deixa não poderia deixar de ser uma obra de caráter muito social e e e dos Tópicos sociais que são discutidos aí a gente tem a questão Econômica como eu tinha já mencionado no início eh ao ao falar dessa transição né dos Engenhos para
as usinas de cana de açúcar e de como isso modificou a a economia de como muitos senhores de Engenho acabaram vindo a falência de como ficou a situação dos trabalhadores que eram dos Engenhos E aí como eles faziam para ir pra Usina toda essa mudança Econômica toda essa nova configuração gerou mudanças econômicas e também gerou mudanças sociais e outra coisa interessante né a obra foi publicada em 1932 ela se passa nesse tempo aí a escravidão no Brasil já tinha sido abolida mas ela tem ainda suas heranças né a escravidão deixou suas heranças deixou seus resquícios
porque boa parte dos trabalhadores do Engenho boa parte desses submissos desses servos do Senhor de Engenho eram pessoas negras eram pessoas que tinham sido escravizadas eram ex-escravos libertos e a relação que eles tinham com o senhor dingen era uma relação de gratidão era uma relação de devoção em determinados momentos eh o o Carlos uma criança né ele já é adulto narrando mas pelas Memórias de de Infância pelas Memórias de criança eh ele se refere aos ex-escravos a esses negros como animais domésticos que eles estão em submissão em rendição diante do senhor como um cão em
relação ao seu dono Há momentos em que ele vai citar cenas de tortura de violência de castigos E aí ele fala que isso é tão cotidiano para ele que ele tá tão costumada a ver essas pessoas serem tratadas assim S serem castigadas por por motiv n motivos porque el dão motivos dentro dessa lógica em que ele vive que ele não se sente afetado abalado por isso ele não se sente chocado já faz parte do cotidiano dele já é naturalizado por ele e toda essa discussão sobre a escravidão e é ela é dialogada com a discussão
proposta pelo Gilberto Freire pelo sociólogo Gilberto Freire no livro Casagrande senzala tanto é que em várias partes do romance ao se referir à casa onde ele vivia a casa do avô ele usa a expressão casa grande e o local onde os negros viviam mesmo não sendo mais escravos mesmo já sendo Livres eh eles viviam no lugar que remete mesmo a Cala o que vai colocar essa hierarquia essa relação de poder de autoritarismo e De Um Falso paternalismo ou talvez um um paternalismo mais perverso mais irônico nessas relações entre a família que vivia na casa grande
mas que ia até aens é tratar esses ex-escravos esses servos como se fossem da família mas eles não pertencem à família é Como de fato um animal de estimação inclusive no nosso canal Nós temos duas aulas com o professor de sociologia João Gabriel uma sobre o escritor Gilberto Freire o sociólogo Gilberto Freire e outra sobre a sua obra mais famosa Casagrande senzala bem pessoal essa foi nossa aula sobre Menino de Engenho do escritor José do Rego eu espero que vocês tenham gostado se gostaram curtam Compartilhe o vídeo com outras pessoas se quiserem saber um pouco
mais do assunto acessem os links na descrição e não deixe de nos seguir nas redes sociais eu vou ficando por aqui até a próxima [Música] tchau