[Música] Olá a todos Olá a todas Bom dia é um prazer est aqui de novo eu tô vendo aí Alguns rostinhos conhecidos mas a maioria de vocês é desconhecida para mim então é um prazer tá aqui falando para vocês é um prazer complementar a formação de vocês vocês vê aqui também como estudantes do ensino médio ou egressos do ensino médio que já tiveram muita aula de literatura já ouviram falar sobre obras literárias então eu venho aqui complementar um pouquinho o conhecimento de vocês eu sou cria Unicamp também terminei o mestrado aqui na Unicamp embora a
minha graduação tenha sido na USP Então eu fico meio assim sabe aquela filha indecisa mas o meu mestrado foi feito aqui na Unicamp Então tem um vínculo um carinho imenso pela Unicamp e eu acredito também em todos os valores que os alunos falaram aí no vídeo que a gente assistiu acredito apoio e o que eu posso fazer pela Unicamp faço por isso tô aqui também então queridos hoje eu vou falar sobre um livro muito especial porque na verdade ele tá começando ele é o novinho da lista ele tá começando na lista de 2025 que é
o livro de José Paulo pais prosas seguidas de odes mínimas Já comecei com um título aqui da minha palestra como quem eu esse título não fui eu que dei ele tá inclusive entre entre aspas porque na verdade é um título dado pelo próprio José Paulo pais a uma obra autobiográfica em que ele falou um pouquinho sobre a vida dele sobre como é a experiência de se um escritor e sobre também a vida e detalhes da vida dele que são muito eh peculiares e que também vão aparecer nessa obra aqui mas mais do que fazer uma
menção à outra obra dele em que ele falou sobre ele mesmo essa perguntinha ela parece eu não sei se vocês entendem essa pergunta como uma espécie de surpresa alguém pergunta ah você pode vir aqui na frente aí você fala quem eu parece uma coisa assim eu tô sendo escolhido de todo mundo eu e isso tem um certo fundinho de humildade tem um certo fundinho de reconhecer que diante de grandes nomes talvez não se não se imaginaria que essa pessoa no caso ele José Paulo pais não imaginaria que ele poderia ganhar a representatividade e também a
Simbol E também o impacto na literatura brasileira como ele de fato ganhou ele era uma pessoa muito humilde acho que esse é o ponto importante pra gente começar a entender a obra dele ele sendo humilde escolhe falar em prosas seguidas de odes mínimas ele escolhe falar sobre o que é prosaico ou seja o que que é o prosaico o comum o cotidiano o banal ele não ele não produz uma literatura de temas elevados ele produz uma literatura de temas banais cotidianos então se você tá aqui dentro desse espaço maravilhoso que o cri Unicamp proporcionou pra
gente o que que é o nosso cotidiano o que que é o nosso hoje você está sentado num lugar que tá climatizado você tá sentado diante de um grande telão você tá sentado numa cadeira estofada você tá sentado em meio a uma multidão esses detalhezinhos que eu acabei de destacar são detalhes que a gente vê e que compõe a nossa cena do momento e é com base nesses nesse olhar sensível para o momento que esse autor vai construir todo um livro de poesia então é a poesia do cotidiano do prosaico é a poesia de um
olhar humilde e sensível pro mundo que é vivido por esse poeta Então a partir dessa apresentação vamos começar a entender um pouquinho Quem é esse poeta e eu acho que um pouquinho dessa apresentação que eu fiz já se explica pela primeira capa da primeira edição desse mesmo livro de poesias que vocês têm hoje como parte da lista da Unicamp a gente hoje talvez encontre mais facilmente as edições que tem essa essas capas aqui a minha inclusive é essa é que eu acho super bonitinho achei muito estilosa adorei adoro andar com esse livro perto embaixo do
braço mas a primeira edição É essa a gente tem traços finos é um desenho com traços finos que representa Na verdade uma situação uma cena diante de uma mesa com uma garrafa de vinho servindo Meia taça de vinho sugerindo inclusive que esse vinho está sendo consumido que é uma situação de o quê de relaxamento de descontração é o momento em que a gente também se não não necessariamente associado ao consumo do álcool mas também associado ao consumo do álcool é um momento em que a gente fala sobre si fala sobre Como foi a vida confraterniza
então esse minimalismo dos traços essa situação comum e cotidiana que foi representada na primeira capa Ela é uma grande síntese do que a gente vai ver aqui no livro E aí também o próprio título do livro desse Senhorzinho muito simpático é que viveu eh foi nascido em Taquari em São Paulo e morreu em 1998 né então a gente vai considerá-lo um escritor contemporâneo esse Senhorzinho escolheu um título que para muitas pessoas Pode parecer enigmático pera aí um um livro de poesia que não fala sobre os temas que não tem um grande título metafórico que não
tem um grande o que que ele tá fazendo com esse título Esse é um título técnico o título prosas seguidas de odes mínimas é técnico é quase como se fosse experimental quase como se a gente pesse abrir um livro que poderia ser o livro de estudos dele mesmo sobre escrever poesia ele escrevendo poesia e registrando como fazer a primeira parte que inclusive é a primeira parte do livro são poemas são poesias Mas com esse viés da prosa Como assim como prosa quando a gente pensa em prosa normalmente a gente opõe prosa à poesia então a
gente entende ó prosa quer dizer a Unidade dos textos em prosa é o parágrafo enquanto que na poesia a Unidade dos textos poéticos é o verso ou a estr então normalmente a gente faz essa diferenciação né esse cara já vai falar ó pera aí que tipo de prosa você tá esperando a minha prosa pode ser feita em poesia então o que que significa o que que vem da prosa da prosa vem o o descompromisso com a forma com a estrutura da prosa vem o tipo de tema que eu falei no comecinho prosaico esse prosear prosaico
né então o que vem nessa primeira parte desse livro vem 20 poemas eles são poemas nem todos estão organizados em parágrafos eu escolhi pra aula de hoje Mostrar um que está organizado em parágrafos só para ilustrar que ele vai ter sim a prosa no sentido das nossas expectativas ele vai ter textinhos que mais se parecem com eh textos em prosa e logo com parágrafos Mas ele também vai ter poesia nessa primeira parte do livro são 20 poemas que estão nessa primeira parte nessa primeira parte o que a gente vai ter como principal estratégia ou recurso
é a despreocupação com a forma que significa isso são Versos Livres eu não preciso ter rimas eu não preciso ter estrofes que sigam a o mesmo padrão eu não preciso necessariamente trabalhar o ritmo na construção desse poema então a gente vai ter essa liberdade formal né que faz parte dessa primeira parte do livro no entanto Existem muitos traços poéticos que a gente vai precisar entender melhor a segunda parte do livro inclusive tá dividido assim também tem a parte das prosas e depois a parte das odes mínimas as odes mínimas Então são a segunda parte do
livro Nessa parte ele vai trazer 13 poemas e sinceramente é a parte que eu mais gosto eu mais gosto dessa parte por já começa sendo uma baita tiração de sarro com o que de fato seriam odes para quem não conhece Ode é um tipo de construção textual É um tipo também de construção poética que vem lá da antiguidade clássica e que normalmente é produzida para louvar engrandecer para elogiar grandes personalidades Deuses né pessoas muito importantes ou ainda alguns temas que são muito importantes temáticas universais né a od a vida a od a beleza do mundo
né então são temas enaltecedores que por sua vez enaltecem pessoas Então sempre que se faz uma Ode se faz uma Ode a alguém é um elogio a alguém porém E aí que vem o tans do nosso queridinho José Paulo paaz a quem serão feitas as odes se eu tô falando que ele é o poeta do cotidiano do banal do Comum ele não vai fazer a grandes pessoas ele vai fazer a Bengala que ele usava aos óculos que ele usa ele vai fazer a objetos situações que são na verdade o oposto do enaltecedor e do enobrecedor
e são odes a objetos e situações comuns Daí vem já um traço disruptivo dessa obra dele é um traço de quebra de expectativas você não vai ver aqui a grande literatura clássica você vai ver um poeta que vai brincar com esse recurso por isso a gente vai dizer que a leitura desse texto permite que o humor desse poeta também transpareça nas suas nos seus poemas são poemas então bem humorados mesmo quando ele vai falar de coisas que são tristes trágicas tem um detalhezinho que eu já vou chamar a atenção da biografia dele que vai aparecer
no livro também que é bastante trágico mesmo quando ele vai falar sobre isso ele fala de um jeito leve e engraçado então é como se ele tivesse tirando um grande sarro da vida ah Ode o qu Ode a minha bengala tô aqui com ela E aí ele escreve um poema sobre isso ã atenção diquinha pra prova toda a partezinha de odes mínimas toda essa partezinha ela vai conter títulos em que haverá crase para identificar o comecinho do título do poema ou se não for se não for seguida por palavras femininas a gente não vai ter
a crase mas a gente vai ter o artigo o e a preposição a juntinho ali Por quê a gente tá falando de Ode a alguém então os títulos dessa segunda parte normalmente começam E aí eu vou avançar um pouquinho só para ilustrar essa explicação começam assim ó Ode a AB Bengala Ode aos óculos e essa é uma característica recorrente em toda a parte a segunda parte do livro Por que que essa é uma diquinha Porque caso apareça na prova do vestibular alguma questão que mobilize um texto que começa com a alguma coisa a alguma coisa
com certeza é a parte é a segunda parte Com certeza é a parte das odes a primeira parte vai conter no título substantivos algumas expressões nominais Então vai falar sobre os loucos vai falar sobre a escolha do túmulo enquanto que a segunda parte é sempre craseado ou nessa conjunção Zinha aí entre artigo e preposição então é uma dica de leitura chegou com a alguma coisa ou a ou alguma coisa Ah é a segunda parte Então significa que tem a ver com essas características aqui fechou beleza por que que são odes mínimas tanto pela estrutura quanto
pelo conteúdo mínimas porque na estrutura são pequenas mas ó não se enganem se ele é um poeta tirador de sarro se ele é um sarrista Na verdade ele também vai produzir poemas que não necessariamente são pequenos e estão nessa segunda parte é o caso de um dos poemas que eu escolhi pra gente ler Hoje ele é longo então não necessariamente todos os poemas são curtos mas em geral mínimas tem a ver com isso conciso E aí essa concisão somada a tiração de sarro gera um tipo de eh produção literária que costuma se chamar de epigrama
aí atenção para pra conversa meio baixo nível Eh esses epigramas eram feitos também na antiguidade clássica em túmulos em lápides de pessoas eram grandes frases de efeito que de de alguma forma bem humorada também ou às vezes até com uma grande crítica até né eram deixadas sobre sobre as lápides e sobre esses túmulos das dessas pessoas Então os epigramas eles eles de alguma forma eles resumem o que que se pode dizer sobre aquela pessoa sobre aquela situação e eles tentam trazer nesse resumo um grande Insight um grande uma grande de reflexão sobre a pessoa a
situação ou os casos em que ela se envolveu por isso a gente pode dizer que esse essa segunda parte é caracterizada por esse Tom ou por essa estratégia epigramático e esses grandes insights essas Sacadas a respeito dos temas das questões que ele vê no seu cotidiano por isso também são mínimas porque os temas são minimalistas ele vai tratar aqui de Memórias da infância ele vai tratar de memórias de acontecimentos da sua vida adulta eh ele vai trazer o que a gente pode resumir como a sua própria mitologia a mitologia pessoal do José Paulo pais atenção
gente isso já traz pra gente a ideia de que no título já temos a ironia né então são prosas Ok seguidas de odes mínimas mas se odes são louvor ou engrandecimento de pessoas como que podem ser mínimas não poderiam Esse é um traço irônico Então já no título dele então resumindo aí o que dizer em geral em linhas gerais sobre essa obra José Paulo pais é um grande de um sarrista né ele vai produzir um livro de poemas que contém ironia e humor para abordar temas prosaicos cotidianos por meio da estrutura formal de poesia tudo
bem Vamos seguir então vamos tentar pensar algumas questões que você vai ter que recuperar E aí são conhecimento de base para você entender o que a gente vai fazer na leitura de quatro poemas que eu escolhi pra aula de hoje para ler poemas você precisa se desapegar do sentido literal do tipo nossa eu não tô entendendo nada que ele tá falando Pera aí será que você precisa entender mesmo ou numa primeira leitura você só precisa sentir e imaginar eu acho que a primeira leitura de qualquer poema é sobre sentir e imaginar o que que você
como você lê Qual é a direção de leitura que você tá usando para ler esse texto O que você imagina quando você depara com a com essa palavra a sua a sua cabeça fez uma relação com o qu quando você viu essa palavrinha aqui então a gente vai precisar de alguns recursos de leitura não literais recursos de leitura da Leitura conotativa E aí por as palavras usadas por ele não estão no seu sentido literal são figurativas que que significa isso a gente vai ter metáforas alegorias por exemplo então Só lembrando metáforas eu vou sempre trazer
alguma comparação que não é explícita uma comparação explícita quer dizer eu tenho uma coisa que é Tal Qual outra né tal qual explicite na metáfora a coisa é a outra né eu assumo que elas já estão nessa conjunção por exemplo superei As Curvas da vida curvas tá tentando representar aqui as dificuldades né as situações difíceis Esse é um exemplo de uma metáfora as alegorias ele também vai usar a gente não vai explorar tanto as alegorias na aula de hoje mas ele também tem eu vou tentar apresentar uma grande ideia super abstrata a partir de algumas
referências concretas para quem conhece eu achei que seria fácil lembrar da alegoria da caverna do Platão que é uma historinha famosa né sobre como a gente não percebe a realidade das coisas porque a gente tá preso Às nossas as sombras dessa realidade né então isso aqui é um exemplinho de alegoria também vai acontecer né na leitura de de textos poemáticas um Pera aí presta atenção na forma nesse livro aqui o pera aí presta atenção na forma é muito importante porque ele vai se arriscar a usar a forma inclusive de uma forma imprevisível Em alguns momentos
para produzir também mais sentidos do que as próprias palavras estão conseguindo trazer pra gente a gente vai ter poemas que vão trazer muito movimento movimento e ele vai tentar representar esse movimento a gente vai ter poemas daí nesse sentido do movimento né em que a repetição repetição de sons ou de palavras ou mesmo as pausas as quebras as ausências tinha uma palavra aqui agora não tem mais né tinha aqui não tem mais esse recurso é um recurso importante e vai ter total sentido também com os temas que ele vai abordar e os epigramas né que
eu já expliquei agora a pouquinho então textos mais Breves textos curtos e ó sem adornos sem preciosismo vocabular por isso o poeta do da simplicidade né da humildade e do cotidiano bom eh para começar a ler mesmo as obras dele a gente vai precisar ter alguns algumas informações sobre a biografia dele porque ele se ele vai falar se é uma obra memorialista e ele vai falar sobre a sua experiência de vida é relevante a gente saber o que que aconteceu né pelo menos alguns acontecimentos relevantes E aí eu trouxe aqui uma crítica literária que vai
dizer ó ele foi próximo dos concretistas porém mais no aspecto da produção poética do que teórica na análise crítica José Paulo sempre foi livre livre quer dizer livre para criar não tinha apego nenhum a uma escola literária a uma estética específica escrevia escrevia porque sentia e achava que fazia sentido escrever daquele jeito o que significa no entanto dizer que ele foi próximo dos concretistas a forma verbal o visual do poema importava para ele ele achava que a apresentação Inclusive a construção de palavras poderia ser uma estratégia legal para escrever poemas e a gente vai ver
isso em alguns poemas e isso vai ter muita relação com esse fato biográfico importante peço a máxima atenção de vocês para isso José Paulo paz viveu uma doença muito grave que no seu agravamento fez com que ele tivesse que ter a a perna esquerda amputada e esse fato biográfico vai aparecer também no seu livro de formas inclusive bem humoradas várias vezes vezes lembra que ele é um sarrista né então ele tá lá vivendo esse sofrimento mas para ele vamos tirar sarro então da bengalinha que eu tô tendo que usar aqui diante desse problema crônico e
tudo mais Então é isso que vai tocar bastante o leitor também né a capacidade de trazer com leveza temas penosos né temas difíceis bom também precisamos localizar esse carinha na no tempo né quem é ele na linha da literatura brasileira ele vai vir pós geração de 45 influenciado também pela profunda crítica social e política que a geração Modernista de 45 promoveu mas ele não tem o mesmo compromisso com essa crítica social e política muito embora ele seja uma pessoa muito crítica sociopolitico vai transparecer também nos poemas dele mas se ele não vai falar diretamente sobre
essa crítica porque são poemas mais intimistas memorialistas então o que que a gente vai ver nesse pós-modernismo aí nessa superação da geração de 45 a gente vai ver mais temáticas filosóficas ele falando sobre o existencialismo Inclusive a existência dele próprio a autocrítica pessoas muito Humildes também fazem mais facilmente sua autocrítica né ele como pessoa no mundo ele como escritor no mundo ele como um escritor que tenta que está no meio da produção literária e dialoga com grandes outros nomes quem é ele nesse meio ele com observações cotidianas isso é então bastante característico dessa poesia pós-modernista
também dado que ele vem depois de uma forte tradição de produção literária ele vai dialogar com muita gente nos textos dele então talvez o vestibular também queira o seu olhar mais sensível paraas intertextualidades que ele vai promover e são várias ele menciona diretamente alguns autores ele usa trechos de obras de outros autores para construir os seus próprios poemas Então são vários eu coloquei aqui alguns e a lista não se esgota dentre outros ele vai dialogar com Gonçalves Dias porque ele vai fazer uma releitura da canção do exílio ele vai falar sobre Guimarães Rosa ele fala
não diretamente mas tem Guimarães Rosa nos seus versos Manuel Bandeira Mário Quintana Osvaldo de Andrade aí vai inclusive amigos pessoais o livro tem uma dedicatória a um amigo dele o Fernando Gois E além disso né outros amigos pessoais que também são nomes conhecidos que ele vai mencionando então a intertextualidade É também um fato muito presente na obra dele o a obra dele então dialoga com outros textos aludindo direta ou indiretamente a esses outros textos é uma característica bastante forte nas duas partes tanto na parte das odes Quanto na parte das ã da da das prosas
com relação ao concretismo eu acho que isso talvez Gere questões muito legais no vestibular mas como ele é um livro novinho a gente não tem como dizer se sim ou não né mas a gente tem como apostar se ele vai ter essa veia concretista que que significa isso é legal para quem não sabe saber explicar né O que significa isso ênfase na visualidade E aí eu tomei a liberdade de eu na minha licença poética que não existe tentar colocar aqui na explicação do que é o concretismo o próprio concretismo na prática se existe ênfase na
visualidade o que que ele vai fazer ele vai dar uma foto na no poema dele não não tem foto ele vai desconstruir a palavra as palavras os versos as estrofes tomei a liberdade de fazer isso aqui é um mini poema concretista da prof que não tem liberdade poética nenhuma para fazer isso desconstrução da palavra seja porque sintaticamente coloquei em versos diferentes a mesma frasezinha seja porque coloquei espaços aqui entre as letras para formar a palavra palavra e ao fazer isso eu tô brincando com algo que a norma ah a convenção da escrita da Norma culta
não deixa a gente fazer não deixa a gente dar espaço entre palavras para formar perdão entre letras para formar uma palavra não deixa né a gente tem que escrever juntinho então brincar com isso talvez ocorra por quê Bom eu não quero falar que existe a desconstrução então eu desconstruo a norma da convenção da escrita eu desconstruo a norma culta na convenção da escrita essa é a brincadeira dos concretistas beleza e bom claro vamos lembrar vamos reforçar aqui que a ironia é uma questão bastante forte né no no texto dele eu vou destacar aqui uma um
dos poemas que a gente também vai trabalhar Ode a perna esquerda né Justamente a perna que ele perdeu né bom se é óo a perna esquerda e é a perna que gerou muito dor e sofrimento e que ele vai precisar amputar não é louvor de forma alguma é uma sátira né então Óia a grande perna esquerda tão grande que agora foi embora teve que ser amputada daí o traço da ironia e da sagacidade marcando aí a sua a sua construção textual a ironia e a acidez e a sagacidade bom agora a gente vai passar pro
momento da Leitura esse momento da Leitura é importante porque se a gente destacou todas essas características é legal ver isso no texto né então em qual texto a gente vai ver de que jeito como é que eu vou conseguir provar ou mesmo avaliar numa questão né que isso aí tá tudo Presente mesmo e aí eu selecionei quatro textos são vários né Vocês podem ter visto pela apresentação são vários dois representativos da parte de prosas dois representativos da parte de odes mínimas né pra gente ter uma ideia mesmo de como que isso se desenvolve eh da
primeira parte o primeiro texto que eu selecionei pra gente é é o escolha de túmulo por que que eu selecionei esse texto porque ele tem uma estratégia peculiar e que vale explicar Ele começa fazendo a alusão aí trazendo uma citação eh que é uma citação de um também um escritor francês o Pierre de ronat que vai dizer traduzindo pro português ã usual né ele vai dizer que mas eh eu quero uma árvore que me faça sombra em vez de um mármore Como assim árvore que faça sombra em vez de um mármore ele tá aludindo não
ao momento de descanso mas ele tá aludindo à própria memória individual no pós no pós-morte como que eu quero ser lembrado como que eu gostaria de ser lembrado quem eu lembra do da humildade do quem eu eu como é que eu quero ser lembrado não me interessa isso não me importa eu quero mais ser enterrado aí embaixo de uma árvore para descansar do que ter um grande mármore que construa ali a minha lápide né que construa ali o meu túmulo então na escolha de túmulo ele Talvez esteja escolhendo até O Anonimato não me importam os
mármores né essa esse recurso esse material super sofisticado requintado né então isso aí é uma referência à simplicidade né o autor como sendo um autor da simplicidade como que ele vai construir Então essa escolha de túmulo o que que ele vai falar a respeito disso vamos lá onde os cavalos do sono batem cascos matinais onde o mundo se entreabre em casa Pomar e galo onde ao espelho duplicam-se as anêmonas do pranto onde um lúcido menino propõe uma nova infância ali repousa o poeta ali um voo termina outro voo se inicia nac na escolha de túmulo
de um poeta Ele tá dizendo onde vive o poeta logo também onde morre um poeta onde que o poeta se e entra pra vida eterna né do seu reconhecimento na historiografia literária ele vai dizer nos fatos da simplicidade no poder de imaginar no poder de recriar Mundos no poder de recriar histórias e recriar experiências como que isso tá no texto a gente vê essa esses temas não pelas palavras que remetem aos temas mas pelas imagens geradas por outras referências e daí de novo o poder imaginar como sendo uma estratégia para leitura de poemas né quando
ele fala cavalos do Sono batem cascos matinais Então os cavalos do Sono ele tá trazendo uma ideia ali desse desse lugar eh lúdico do imaginar e do sonhar do testar possibilidades se os cavalos estão batendo cascos é assim é quando você já tá no finalzinho do seu sono e você já está se preparando para cor o seu corpo já tá se preparando para acordar no limite entre o que é o sono e o que é a realidade o que é o sonho né nesse mundo lúdico e o que é a realidade é nessa linha limítrofe
que se encontra o poeta da mesma forma casa Pomar e Galo na casa diante de um Pomar com o galo cantando Eu imagino uma cena quando eu quando eu leio esses versos Eu imagino uma cena o Galo Canta tentando despertar todo mundo então Ó bora acordar do sono né bora acordar o dia tá começando nessa mesma linha tênue entre dormir e estar acordado ã ao espelho duplicam-se as anêmonas do pranto né aquele confrontamento entre quem eu sou e aquilo que eu vejo realmente em quem eu sou o lúcido menino propõe uma nova infância lúcido menino
porque enquanto menino Talvez ele não fosse tão lúcido mas agora na vida adulta rememorando as lembranças de infância eu consigo olhar melhor para o que aconteceu e propor um ressignificar propor uma outra interpretação paraas experiências da própria infância ali repousa o poeta ali onde em todos os onde nessa linha limítrofe entre o que pode ser imaginado e o que é a vida concreta nessa linha limítrofe entre o que foram as experiências da vida e como a gente pode falar delas hoje é no limítrofe né Então nesse limítrofe ali repousa o poeta repousa não só enquanto
poeta e aqui ele tá falando sobre o próprio fazer poético é um poema também metalinguístico nesse sentido ele fala sobre o fazer poético mas ele tá dizendo é nessa simplicidade o poeta não vive no grande mármore nas Torres de marfim ele vive nesse limite ele vive dentro do que é possível comunicar a partir das suas próprias experiências e ele vai dizer ali um voo termina outro voo se inicia é o espaço da criatividade o voo do pensamento o voo da Imaginação terminou outro voo vai se iniciar na sequência Então acho que esse esse texto eu
escolhi Para justamente ilustrar alguns desses valores que são basilares pra gente entender o que tá propondo dizer Esse poeta quando ele traz pra gente os seus versos e a sua poesia o segundo texto que eu escolhi pra gente trabalhar tô passando mais rapidinho porque tem um que merece mais tempo chama-se loucos tá também na primeira parte tá na parte de prosas e eu escolhi esse texto justamente porque ele está em prosa mais do que os outros textos que a gente viu eu até abreviei eu tirei uma partezinha só pra gente realmente visualizar o que seria
então esse texto em prosa ele vai ter uma série de parágrafos e nesse parágrafo ele vai contar pra gente a história de pessoas loucas que marcaram a infância dele eu acho acho que essa é uma experiência muito típica de quem vive em cidades pequenas Eu também me lembro de pessoas que na minha cidade eram chamada de loucas porque tinham histórias pessoais muito difíceis e devido ao abuso e consumo de drogas ou de bebidas alcoólicas perderam seus vínculos familiares seus laços passaram a se tornar pessoas em situação de rua foram consideradas loucas e eram pessoas que
transitavam pelos espaços dessa cidade sendo então o loucos né conhecidos famosos todo mundo sabia quem era né então é sobre esses loucos que ele vai falar quando ele traz aqui as a narrativa da loucura contando a história do elétrico do João Bobo e do Félix que são então três loucos que ele vai mencionar eu recortei a parte em que ele fala sobre eles ele vai contar situações episódios que ficaram gravados na sua memória e eu trouxe o começo e o final pra gente entender o que que ele quer então Quando Ele conta a história dessas
pessoas loucas né ele começa dizendo assim ninguém com um grão de juízo ignora estar em Os Loucos muito mais perto do mundo das crianças que do mundo dos adultos eu pelo menos não esqueci os loucos da minha infância então vejam de novo o texto em prosa né ele tá antecipando o que que ele vai falar nesse texto ó nesse texto O meu assunto é esse isso é muito comum um dos textos em prosa em em poesia a gente não antecipa a gente vai direto já no tema no assunto né aqui é uma espécie de introdução
e uma espécie de introdução já com uma sacada um Insight ninguém ignora o fato de que os loucos estão muito mais próximos do mundo da infância O que é o mundo da infância bom aí a sua imaginação pode preencher as possíveis respostas a essa pergunta no final ele vai dizer algo que que são na verdade é uma pista para que a gente possa entender o que que ele quer dizer com isso Qual é Então a porque que é legal estar mais próximo do mundo da infância ele diz como se vê os loucos de nossa infância
eram loucos úteis eu adoro essa expressão acho muito interessante loucos úteis serviram para alguma coisa deles aprendemos coisas que os professores do grupo e do ginásio não poderiam nos ensinar mesmo porque desconfio nada sabiam delas Então os loucos na sua liberdade de de ser e existir Porque nessa Liberdade uma liberdade que a gente só consegue quando a gente é criança nessa liberdade de ser e existir nos falam sobre Coisas que nenhuma pessoa adulta poderia falar em nenhum momento principalmente porque não saberia sequer demonstrar a loucura e a ousadia de imaginar a loucura e a ousadia
de e confrontar de ser autêntico né essa liberdade de ser a sabedoria e a liberdade de viver experiências é a liberdade dos Loucos no mundo adulto e ele vai dizer que legal me ensinaram isso né Então desse Insight ninguém pode dizer que não é possível aprender com os loucos sim é possível por isso loucos úteis úteis para quê Pro ensinamento né então tem aí um ensinamento que foi transmitido por essas pessoas bom Fechou aí a parte das da prosa na parte das odes aí a gente vai ter dois outros poemas um mais curtinho para ilustrar
que de fato ele tem a as odes mínimas né mínimas pequenininhas mesmo minimalistas e aí já entrando naquela regrinha que eu falei para vocês a primeira que eu escolhi aqui é a Ode AB Bengala né Ode para AB Bengala é o elogio feito a Bengala contigo me faço pastor do rebanho de meus próprios passos pra gente entender esse poema Claro precisa entender que ele sim está falando sobre a Bengala não tem outra significa é sobre a bengala mas é o que essa Bengala proporciona a ele que que vai gerar o interesse e a curiosidade aqui
nesse poema essa Bengala que é usada então para auxiliar durante os passos né Desse escritor ela serve tal qual um pastor do rebanho o pastor do rebanho lidera o pastor do rebanho talvez até transmita sabedoria transmita conhecimento então ser Pastor de rebanho é um lugar eh Nobre né reconhecido como Nobre também grandioso Mas olha quem é que faz esse papel uma bengala esse contraste gera o efeito de humor é o contraste entre uma mera Bengala esse mero objeto que na verdade vai assumir esse poder de liderar e de Guiar os passos desse poeta ã então
quando a gente vê que de fato tem um contraste entre o objeto e a função desse objeto a gente tem a desconstrução daquela temática clás das odes que que falavam sobre grandes temas e grandes personalidades não são grandes personalidades é uma mera Bengala então onde que a gente pode ver que esse cara tá realmente brincando com os limites das odes esse aqui é um baita de um exemplo Lembrando que ele também tá ao mesmo tempo falando sobre ele mas ao mesmo tempo tentando gerar essa identificação você pode não ter uma bengala né mas existe alguma
coisa em que você se apoia e que também gera esse efeito de de Guiar os seus passos né de liderar as suas escolhas né então de alguma forma é uma experiência individual pessoal desse autor mas ao mesmo tempo pode não ser né então daí também ele tentando pelo cotidiano gerar essa reflexão essa sensibilização por parte do leitor tranquilo até aí então ó a gente viu características importantes aparecendo aí nos textos e aí eu quero que vocês se preparem pro texto monumental desse livro Eu considero o texto monumental o mais legal de ler o mais interessante
e que aí a gente vai ler com bastante carinho é a Ode a minha perna esquerda esse texto eu considero monumental porque ele vai ter um cuidado na seleção das estratégias daí concretistas que a gente falou vai ter também um diálogo muito forte com o fato biográfico que é motivador temático dessa od que é a perda da perna esquerda e vai ter um tom confessional muito sensível é possível nesse poema você passar pro riso então você acha engraçado nossa que engraçado mas aí você fala ô engraçado nada porque isso é sobre uma perna amputada e
aí você volta pra seriedade Então você tenta rir com ele mas é sério e aí você fala Nossa será que ele não sofreu mas ele confessa que sofreu então a gente também fica numa multiplicidade de sentimentos quando a gente lê esse texto por isso que eu considero também mental vamos lá vamos passar pra leitura e aí ao longo da leitura a gente vai dividir essa leitura nas partes em que o próprio poema está dividido ele tá dividido em sete partes essas sete partes a gente poderia chamar de poemetos né porque são poemas pequenininhos né menores
ainda do que o poema No todo né primeira parte do poema pernas para que vos quero se já não tenho por dançar se já não pretendo ir à parte alguma pernas bom agora a gente já começa a precisar eh destrinchar um pouquinho os sentidos desse poema quem aqui não conhece a expressão perna para que te quero a gente usa essa expressão é um parte do nosso conhecimento popular na verdade a origem desse dito popular é muito controversa tem gente que vai falar que começou como uma alusão até sensual a pernas femininas né algo que você
admira Tem gente que fala que começou como uma expressão que vem eh dos portugueses como aludindo um esforço no caminhar para transitar por grandes distâncias né enfim Qualquer que seja a origem a gente tá falando de uma de pernas que vão conquistar determinado feito e por isso são admiráveis nossa perna para que quero Bora correr Bora andar são muitos quilômetros mas aí ele vai falar pernas para que vos quero E aí ele vem nessa nesse vos quero já numa espécie de aceitação para que vos quero nessa aceitação ele diz já não tenho para que dançar
já não pretendo ir à parte alguma é a aceitação do fim trágico né do diagnóstico trágico e da cirurgia pela qual ele vai precisar passar Então essa a primeirinha parte desse poema monumental que é seguido Aí sim né de uma segunda parte totalmente concretista desço que subo desço que subo camas imensas ó quando eu li esse poema eu fiz assim ó Eu li horizontalmente essa é a única sequência de leitura desse poema Não concretismo tem isso de legal né Eu posso ler horizontalmente eu também posso ler verticalmente desço que desço subo que subo e eu
posso ler de baixo para cima de cima para baixo em qualquer direção de baixo para cima subo desço que desço subo que subo qualquer em qualquer direção de leitura você vai ter o mesmo movimento que é o que ele tá tentando trazer quando ele brinca com os espaços gráficos em branco esse movimento do subir do descer gira em torno das camas imensas é aí que a gente é convidado a imaginar Deso que subo cama tá isso aí seria uma cama comum mas camas imensas quais camas imensas será que é uma cama king size Será que
ele tá falando disso camas imensas de grande de tamanho não tá imensa talvez até na dificuldade de subir dificuldade de descer então não é a imensidão do tamanho físico é a imensidão sensorial agora sentimental é difícil subir essas camas né então a gente talvez já esteja sendo convidado a imaginar esse poeta lá no espaço hospitalar lá no contexto em que ele vai viver a sua amputação as camas são imensas é o estado de espírito desse poeta mas olha que interessante né não é um confessionário de um momento difícil é uma forma talvez até bem humorada
de trazer essa própria dificuldade né trazendo isso por essa por essa brincadeira das formas terceira parte Aonde me levas todas as noites pé morto pé morto corro entre fees de Infância lençóis hospitalares as ruas de uma cidade que não dorme e onde vz Barrocas enchem o ar de paina sufocante e o amigo sem corpo zomba dos amantes a rolar na relva Por que me deixaste pé morto pé morto a sangrar no meio de Tão Grande Sertão e aí ele vem com a expressão mais profunda de dor não não não com ponto de exclamação no final
essa é uma parte mais eh baixa no sentido de sentimentos pesados aqui ele fala sobre a indignação a confrontação da sua própria realidade né a gente tem aqui o pé morto né então o pé que já estava eh designado à morte mas ele vai olha que curioso ele vai dizer morto morto nada porque olha quanto movimento ele tá gerando né De novo os contrastes eh eh construindo o olhar dele sobre o seu próprio acontecimento morto nada porque com ele mesmo ele corre ele corre entre todos os espaços que ele vai representar espaços hospitalares que ele
representa se remetendo à fezes da Infância os lençóis hospitalares né E aí então não há morte quando se pensa nesse pé morto há na verdade muito movimento então Nessa parte ele está falando com o pé morto a interlocução é feita dirigindo-se ao próprio pé morto essa interlocução direta então ele personifica o pé né nesse sentido é o pé na verdade que é o seu interlocutor direto ele fala do pé no começo ele fala do pé no final quem é o amigo sem corpo é o seu próprio pé Ele fala também quando ele traz essas vozes
Barrocas ele fala que estar nesse lugar e viver todo esse movimento não é legal coisa nenhuma o que seriam vozes Barrocas a gente conhece o Barroco como parte da estética literária né e da estética artística também aqui ele tá trazendo um pouco dessa confusão desse distanciamento no entendimento mesmo entre a pessoa humana e os temas que são falados vozes Barrocas aqui eu imagino os médicos As Enfermeiras os técnicos de enfermagem conversando talvez até parentes familiares conversando conversando e tudo aquilo ó não fazendo o menor sentido para ele vozes Barrocas não faz sentido para mim tudo
isso é sem sentido o que eu vejo na verdade é todo esse movimento que é incômodo e o que que acontece aqui no paina paina é um tipo de fibra que é a fibra utilizada em Lençóis hospitalares aqui tem várias formas de você ler e se apropriar desse trechinho várias formas também uma também uma característica do próprio concretismo né aqui eu imagino alguém estendendo os lençóis e aí o lençol caindo enquanto ele observa esse movimento só que lençóis tão leves tão suaves no movimento de cair de queda que sufoca os lençóis são sufocantes as fibras
são sufocantes não ele se sente sufocado né então aqui a gente não está falando sobre objetivamente o que são esses lençóis mas sobre como ele se sentia a experiência hospitalar Gente esse texto dialoga profundamente com muitas das histórias talvez de muitas das pessoas que estão aqui neste recinto que ou já tenham vivido situações difíceis de saúde que passaram aí pelo Hospital algum tempo no hospital ou eh pessoas muito queridas familiares que viveram essa mesma situação aqui ele traz essa experiência com a dor o sufoco e a angústia né de tá dentro desse espaço sem conseguir
eh sair dele porque o seu diagnóstico o seu fim tá fadado a cumpri-lo ali a ser cumprido ali né então é sufocante ã E aí Claro ele expressa esse sufoco né e ele diz que é que é difícil tá a gente tá sentindo essa dificuldade mas ao mesmo tempo ele diz não não não não pode ser também A negação da situação pode ser também sendo uma das fases do luto né A negação Não não é possível que esteja acontecendo mas aqui parece mais A negação do seu próprio sofrimento não não eu me recuso a ver
como um fim trágico eu me proponho a ver o movimento não é o fim de uma perna e a perda de uma perna é o movimento é também um convite pra gente pensar sobre os nossos os próprios processos de luto o que você escolhe ver na perda de algo ou de alguém o que você escolhe ver você pode escolher ver o pior você pode escolher ver o que fica o que permanece e aí vem ele falando sobre o que permanece permanece Dora aqui estou Dora no teu colo nu como no princípio de tudo me pega
me embala me protege foste sempre minha mãe e minha filha depois de teres sido desde o princípio E aí faltou o finalzinho lá embaixo acho que na projeção cortou um pouquinho desde o princípio de tudo a mulher Ele termina falando que ela foi a mulher Quem é Dora Dora é a esposa do escritor Dora inclusive Olha que interessante esse fato biográfico sobre ela foi a primeira bailarina do Teatro Municipal de São Paulo a primeira bailarina então muito movimento né muita leveza muito movimento essa Dora que é a sua esposa foi também sua confidente foi sua
parceira eles não se separaram eles seguiram juntos por toda a vida e é a Dora a quem ele fala agora nessa terceira parte do seu poema ele dialoga com ela aqui estou Dora no teu colo não é mais sobre a perna é sobre a leveza acidade o cuidado que ele recebe da esposa ali cuidado que para ele é tão importante que agora ele vai entrar numa interdiscursividade com o discurso bíblico eita falei difícil né na intertextualidade a gente vê algumas palavras algumas referências que remetem a uma obra tipo quando a gente leu ali ó de
Tão Grande Sertão Teve gente que falou oh Grande Sertão Veredas aqui a gente tem uma intertextualidade eu lembro de um texto específico aqui eu penso não em um texto específico então tal vez até um texto específico mas há um conjunto de ideias há um conjunto de práticas de valores e aqui no fundo o discurso é religioso é um discurso inclusive na religiosidade que a gente encontra no catolicismo aqui eh uma das formas de a gente entender o me pega me embala me protege é lembrar do finalzinho da oração ao santo anjo guarde me guarde me
governe Me ilumine e ainda termina com o Amém no final né então a Preciosidade da Dora aqui para ele é tamanha que ela é o seu próprio anjo da guarda né a cuidadora a cuidadora que e vai ser muito mais do que a mulher que é o que ele vai dizer ó desde o princípio Você é a mulher desde o princípio estivemos N E aí mostrando essa intimidade também né que ele tem com a própria esposa Mas além do que foi posto no princípio você é minha mãe você é minha filha a mãe no sentido
de aquela que cuida a filha no sentido de aquela que é cuidada ao mesmo tempo eles estão nessa cumplicidade então ele também cuida dela só que agora aqui estou eu no no teu colo vulnerável fraco precisando de cuidado e aí de novo o convite do poeta né a quem nós poderíamos nos dirigir e trazendo tamanha importância de Cuidado quem vela o seu sono quem vela a sua saúde quem cuida do seu corpo né é um convite pra gente também se sensibilizar nesse sentido diante de situações de convalescência parte quatro dizem que ontem à noite um
inexplicável morcego assustou os pacientes da enfermaria geral dizem que hoje de manhã todos os vidros do ambulatório apareceram inexplicavelmente sem tampa os rolos de gas e todos sujos de vermelho esse trechinho Ele parece meio enigmático se a gente tá vendo aí e uma sequência de poemas em que ele fala a alguém né a perna a Dora do nada vem esse diz em que esse diz em que é um trechinho fabular é uma historinha né É É uma pequena fábula Mas é uma fábula sobre o quê Daí vem a nossa interpretação alegórica né sobre mesmo morcegos
que Talvez tenham entrado e tudo mais não a gente tem que olhar para o que a soma dessas referências pode gerar em termos de imagens Os mce se alimentam além de frutinhas porque morcegos também são bichinhos fofinhos também se alimentam de sangue né Então vem aí o morcego que vai atrás de sangue e ele vai sedento pelo sangue sedento pelo sangue que vai ó espalhar por toda a enfermaria do que que ele tá falando é um morcego mesmo não é essa Fatalidade da vida que fez com que sim a enfermaria ficasse infestada de sangue sangue
por conta da amputação da sua perna que gerou gases e gases né de sangue manchados de sangue por conta do feito trágico da amputação da sua perna é uma cena é um convite pra gente imaginar uma cena e de novo não é falando sobre mim é ele quem eu né não é sobre mim é sobre a cena trágica quase como uma cena de guerra vendo toda a enfermaria disposta correndo atrás de Cuidar dessa ferida que é enorme né ã Então vem esse exagero todos os vídeos do ambulatório todos sujos de vermelho esse esse exagero traz
a dimensão da cirurgia uma cirurgia grande em uma pessoa adulta que já tinha né Essa Doença né então ele traz Aí um tom de gravidade ao trazer pra gente essa imagem do sangue e do alastramento desse sangue tudo bem tudo bem nada né que difícil Nossa que coisa pesada né daí vem aí vem a parte cinco chegou a hora de nos despedirmos um do outro minha cara ã voltou a ser a perna na verdade Olha que interessante tendo passado por essa pequena fábula A gente também passou pelo momento da cirurgia agora chegou o momento da
cirurgia antes é quase como se fosse uma preparação né negando a realidade mas ao mesmo ao mesmo tempo tentando encontrar coragem para enfrentá-la passou o acontecimento agora já foi então tchau perna chegou a hora de nos despedirmos um do outro minha cara data vermibus perna esquerda al Eme vão nos separar Eternit pudic envolta num trapo de pano vão te levar da sala de cirurgia para algum outro cemitério ou lata de lixo que importa lugar onde ficarás à espera a seu tempo e hora do restante de nós vamos lá agora a gente tem mais uma vez
esse tom sarcástico né do poeta falando sobre a própria perna Então vai embora entendeu vai embora mas não vai embora para sempre não espera aí porque já já a gente vai se encontrar esse já já quer dizer no pós-morte em algum lugar a gente vai se encontrar minha cara é a perna data vermibus que expressão é essa é uma expressão em latim que vai significar literalmente a carne que foi feita para dar aos vermes a gente poderia resumir isso aí pensando em cadáver né agora é uma que é um cadáver então tchau minha cara cadáver
né vai embora às 12 em ponto aí ele vai usar a expressão na língua espanhola né às 12 em ponto da tarde vão nos separar para a eternidade AD de a Eternit tem é uma expressão em latim para designar esse esse tempo da eternidade para a eternidade por que será que ele usa o espanhol Porque será que ele usa o latim por que ele tá é uma brincadeira né ele tá tentando trazer esse tom sarcástico falando ó em todas as palavras em que você puder entender Tchau vai embora cadáver pudic M envolta com pudor timidamente
olha aqui quase como um bebezinho né sendo carregado pudic envolta num trapo de pano vão te levar E aí vão te levar para onde cemitério lata de lixo que importa aí vem o poeta em um fluxo de pensamento Sei lá nem sei para onde não me importa só sei que tá tudo bem em algum momento a gente vai se encontrar Eu também vou morrer você morreu antes mas tudo bem a gente vai se encontrar né ã E aí a perna esquerda direita esquerda direita direita direita nenhuma perna é eterna na parte seis de novo o
concretismo né ele vai trazer o movimento pelas ausências pelos espaços gráficos em branco o movimento que se perdeu da perna esquerda antes andava com a perna esquerda seguida da direita esquerda u é direita Quem sumiu na verdade foi a esquerda direita direita e aí vem a leveza de um Insight sobre a situação Né nenhuma perna é eterna É verdade nem a dele que se foi nem a nossa porque a gente também se vai É verdade nenhuma perna é eterna então ele tá tentando entrar nesses insights em um movimento mais de aceitação Essa agora é a
realidade né A minha realidade e a realidade Universal quando ele traz essa afirmação ele também universaliza o seu próprio sofrimento ele também encontra conforto nessa universalidade se é assim para todo mundo não é um sofrimento só meu tá tudo bem Vai ficar tudo bem E aí na parte sete longe do corpo terás doravante de caminhar sozinha até o dia do juízo de novo a perna quem que vai caminhar a perna não há pressa nem o que temer haveremos de oportunamente te alcançar Na pior das hipótes se chegares antes de Nós Diante do juiz coragem não
tens culpa lembra-te de nada aqui é o perdão definitivo a todo o sofrimento a toda a angústia gerada em torno da perna é aquele momento quase como se ela tivesse recebendo o perdão do dia final né então aquele perdão pré-morte antes da morte né então você está perdoado de todos os seus pecados pode ir em paz de novo a interdiscurso ividade com o discurso religioso com uma prática e um ritual típico também dentro do catolicismo né Eh recebeu aí o perdão final para seguir em paz para trazer leveza a essa alma ou a esse corpo
que vai seguir eh pós vida perdão pós morte para uma vida no pós-morte aqui a gente vai ter a perna então que caminha sozinha até o dia do juízo no dia do juízo diante do juiz sendo o juiz então de ou alguém que possa decidir por sua vida pelo seu destino seja ir pro inferno seja ir pro céu não importa né essa pessoa essa pessoa que vai tomar a sua decisão deve assim como você mesma minha querida perna se lembrar de que você não teve culpa de nada né então lembra-te importante não teve você está
perdoada nessa reconciliação a gente vê o a importância do final desse poema já aconteceu dão logo a reconciliação E aí se é com a própria perna é dele consigo mesmo né os maus Passos quem os deu na vida foi a arrogância da cabeça a afoiteza das glândulas a incurável cegueira do coração os tropeços Deus a alma ignorante dos buracos da Estrada das armadilhas do mundo mas não te preocupes que no instante final estaremos juntos prontos para a sentença seja ela qual for contra nós lavrada as perplexidades de ainda outro lugar ou a inconcebível paz do
nada reconciliação consigo mesmo né então na reconciliação consigo mesmo eu também me perdoo dos meus próprios erros Eu também me perdoo da minha própria vasil né diante das curvas da vida aqui as metáforas aludem para essa reflexão sobre o próprio percurso individual memorialístico da sua própria vida quando ele fala dos maus Passos ele tá falando das más escolhas quando fala dos tropeços são os erros mas que curioso falar sobre passos e tropeços porque também é a Ode a perna né então tem uma apropriação lexical e semântica que a perna permite em todo o poema mesmo
quando ele tá falando revisitando a sua própria vida e a sua história quando ele diz então independentemente da sentença em qualquer lugar né vai ficar tudo bem seja nas perplexidades de ainda outro lugar não sei para onde você vai não sei o que acontece no pós-morte ninguém sabe ou a inconcebível paz do nada mesmo que não tenha nada estaremos em paz estaremos resolvidos conscientes de quem fomos conscientes do que poderíamos ser e assim ele encerra então trazendo mais uma vez essa reflexão sobre terminando uma parte do seu poemeto né sobre algo que é universal a
dúvida sobre o sentido da vida e o que há no pós-morte o que que nos espera lá mais uma vez ele traz a conexão entre a experiência dele como sujeito em relação a angústias e experiências universais como qualquer pessoa vivente como qualquer ser vivente Belezinha belezinha Espero que tenham gostado desse poema eu gosto muito acho que ele mexe muito com várias questões né e várias memórias eh pessoais e também compartilhadas coletivas trouxe a aqui uma questãozinha duas na verdade pra gente pensar como que isso poderia aparecer no vestibular porque legal beleza a gente interpretou massa
mas como que pode aparecer se é um livro que é novinho se ele tá começando agora na lista a gente não sabe exatamente como que pode rolar a gente não sabe mas o histórico de outros vestibulares podem nos dar algumas dicas e aí eu encontrei eh algumas questões na Federal de Uberlândia sobre esse essa obra encontrei também uma questãozinha no ENEM Olha que interessante o Enem já já trouxe José Paulo pais em outros momentos o que que costumam perguntar sobre né Toda vez que você for resolver uma questão de literatura a primeira coisa que você
vai fazer foco no enunciado porque o enunciado vai te dar a melhor direção para responder aquela questão Pode ser que o enunciado te dê já uma sacada muito legal para direcionar a leitura do poema e achar a resposta no poema né então foco no enunciado pela leitura do poema acima e de prosas seguidas de odes mínimas conclui-se que o poema pertence a dá uma olhada bem rapidamente a cada início de cada uma das alternativas de a a d a UFO facilitou muito a sua vida porque ela perguntou a qual parte segunda parte do livro parte
Inicial parte do a parte mesmo Será que tá em prosas ou será que tá em odes mínimas ã tem a crase ali né Certeza que é a segunda parte é a segunda parte do livro A parte denominada odes mínimas porque a Bengala é a imagem exclusiva desta sessão e pode ser interpretada como a desistência do eu lírico de compor obras no presente em que os grandes temas da poesia são os relacionados à urbanidade ele não vai falar sobre o que todo mundo tá falando ele fala sobre o que ele vê sobre o que tá palpável
né pro seu conhecimento paraa sua vida por que que a gente já que a gente entendeu que é a parte da de óis mínimas Por que que a gente não vai achar que é o item a porque o item a vai dizer assim ó Pois trata de um objeto simples assunto de quase todos os textos pertencentes a essa sessão isto confirma sua nomeação irônica ao tematizar objetos pequenos em contraste com o conceito tradicional de od beleza mas ó pela leitura do poema acima né ele vai dizer assunto de quase todos os textos pertencentes a essa
sessão todos os quase todos os textos beleza quase todos eles vão falar de objeto simples mas existem textos que não vão se aplicar a essa regra a gente vai entender que essa alternativa poderia ser excluída pela ideia de que na verdade ela traz uma generalização Ou pelo menos uma ampliação de uma parte que a gente não pode julgar verdadeira para toda essa obra e aí segunda questão a questão do Enem né trouxe aí a Óia a garrafa de novo tem aí uma crase Zinha no começo ó de a garrafa tem a crase Zinha que vai
trazer pra gente H um poema que faz parte da segunda parte foco no enunciado A reflexão acerca do fazer poético é um dos mais marcantes atributos da produção literária contemporânea que no poema de José Paulo pais se expressa por então a reflexão sobre o fazer poético é um recurso muito comum e nesse texto do José Paulo paaz isso vai se expor de que forma Vamos ler a od a garrafa para entender de que forma ele vai falar sobre o seu próprio fazer a garrafa contigo adquiro a astúcia de con terme e de con terme teu
Estreito gargalo é uma lição de angústia por translúcida pões o dentro o dentro fora e o fora dentro para que a forma se cumpra e o espaço ressoe até que farta da Constante prisão da forma saltes da mão para o chão e te estilhaces suicida numa explosão de diamantes bom a garrafa faz com que ele saia do que é estreito da angústia para algo que pode terminar numa explosão de diamantes O que será que isso nos diz sobre o fazer poético do poeta então aí vem dos itens de a a e né Será que isso
expressa que o seu fazer poético se dá pelo reconhecimento pelo eulírico de suas limitações no processo criativo Manifesto Na expressão por translúcida PES Será que o fazer poético se dá pela subserviência aos princípios do Rigor formal e dos cuidados com a precisão metafórica como se observa em prisão da forma Rigor formal hein letra C visão progressivamente pessimista em Face da impossibilidade da criação poética conforme Expressa o verbo e te estilhaces suicida visão pessimista em impossibilidade da criação poética será que esse é o viés do José Paulo pais letra D processo de contenção amadurecimento e transformação
da palavra representado pelos versos numa explosão de diamantes ou letra e necessidade premente de libertação da prisão representada pela poesia simbolicamente comparada a Rafa a ser estilhaçada nessa questão a alternativa correta é a letra D né conter e transformar a palavra lembra da ideia de desconstruir a própria palavra né subserviência Rigor formal não ele é um poeta livre visão eh que mais o reconhecido pelo e lírico das suas limitações no processo criativo não ele sabe onde tá o processo criativo lá no escolha de túmulo ele falou eu sei onde tá o meu processo criativo eu
sei entrar no universo dos sonhos então não isso não cabe no José Paulo pais pessimismo não ele não tem pessimismo nem quando ele amputou a perna né então ele escolhe ver o que sobrou necessidade de libertação da prisão representada pela poesia não nem mesmo a prisão da forma então não letra D é contenção Vamos trabalhar com o que tá contido aqui vamos amadurecer esse tema essa forma vamos transformar as palavras é o trabalho do Poeta José Paulo Pa Beleza queridinhos queridinhas espero que vocês tenham sucesso nos vestibulares espero que vocês se saiam bem nas questões
que apareça Paulo Pa no vestibular na primeira ou segunda fase tá bom foi um prazer fiquem bem muito obrigada E a gente se vê por aí na [Aplausos] [Música] vida Y