Sergio Buarque de Holanda - Raízes do Brasil (Aula 1 - Cultura da Personalidade)

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Escola de Filosofia
Nesta aula abordamos os principais elementos do conceito de Cultura da Personalidade. Faça sua doa...
Video Transcript:
Bom dia a todos que escolheram acessar ess curso estou iniciando com vocês hoje um curso de História do Brasil baseado num livro chamado Raízes do Brasil um livro que é Central para quem queira fazer da nossa cultura o livro que nós vamos abordar nestas aulas foi escrito por um autor chamado Sérgio Buarque de Holanda Sérgio Buarque de Holanda era um historiador e ele escreveu diversos livros como vocês podem imaginar se eu tivesse uma biblioteca e tivesse algumas estantes e tivesse que classificar os livros do autor eu os dividiria em três um grupo de livros seriam
classificados como crítica literária o autor existem vários livros do autor que nada mais são do que uma reunião de artigos que ele escrevia e que portanto tratavam de temas locais é claro que você poderia fazer um estudo a partir daí mas esse não é o nosso intento o autor também escreveu livros de história ente dita onde ele reúne dados reúne fontes e procura reconstruir o cotidiano de uma determinada época a partir disto então são trabalhos por exemplo como caminhos e fronteiras ou Monções onde o autor tratando da história de São Paulo Faz esse trabalho de
historiador de Formiga de reconstituição dos [Música] Fatos e existe Raízes do Brasil Raízes do Brasil é o livro mais ambicioso do autor é o primeiro livro do autor é o livro mais amplo do autor é o livro mais abrangente do autor é o livro onde o autor arrisca mais do ponto de vista [Música] acadêmico Eu não coloco exatamente raízes do Brasil no grupo de livros de história do autor porque ele não pretende fazer história do mesmo modo que ele fez nesses livros que eu citei por exemplo caminhos em fronteiras ou Monções que eu citei se
você ler Raízes do Brasil e depois ler esses livros você vai ver que você vai ver que há grande diferença entre eles enquanto nesses livros o autor tenta reconstituir o passado da forma mais precisa possível em Raízes do Brasil o objetivo do autor é pintar uma imagem do que seja a cultura brasileira de forma Ampla sem se preocupar com miudezas então a pretensão dele é com uma abordagem Geral do Brasil e também este será o objetivo do nosso curso então é isto o que eu pretendo Nesta aula e nas que [Música] virão o que eu
pretendo em todas as aulas deste nosso curso é compor um retrato do povo brasileiro e é evidente que ess retrato Nunca será perfeito tendo em vista que o autor escreveu isso na década de 30 consideramos que muita coisa do que ele disse é atual e algumas mudaram Mas eu não vou ficar preocupado com o que mudou o meu objetivo aqui é dar a você uma clareza da mensagem que o livro está tentando passar claro então o objetivo que pretendemos alcançar existe um ponto de partida [Música] que ajuda a explicar um pouco as motivações do autor
quando escreveu essa [Música] obra a frase é a seguinte abre aspas somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra fecha aspas com esta frase o autor demonstra um incômodo com o fato do nosso modo de agir dos nossos valores das nossas instituições não pertencerem ao nosso ambiente nossas ideias e instituições foram trazidas de fora ou Nós pensamos e Agimos por importação nós importamos ideias e importamos a forma como nos organizamos importamos de quem de forma Ampla da Península Ibérica e de forma concreta de Portugal então vocês de casa já Podem perceber que a pergunta o
que é o brasileiro o autor vai dar uma resposta puxada do passado o autor vai dar uma resposta histórica e social O que é o brasileiro será respondido fazendo uma digressão isto por quê Somos herdeiros de Portugal e mais ainda somos herdeiros de uma forma específica de colonização aplicada por Portugal no nosso [Música] território de forma [Música] Ampla o que nós podemos dizer a respeito dos nossos pais portugueses é que já eram povos que tinham forte contágio de outras culturas Vale lembrar que a península ibérica Onde está Portugal já tinha sido território árabe na idade
lembramos também que a proximidade de Portugal com o norte da África alimentou um forte trânsito cultural que Vai resultar num povo já mestiço quando chegou ao Brasil os já eram um povo de mestiços quando aqui chegaram eu espero poder abordar isso de uma forma mais completa nas próximas [Música] aulas apenas isso nos interessa no momento na aula de hoje Eu pretendo avaliar com vocês uma ideia que é Central para entendermos a abordagem que o autor faz do nosso país E esta ideia é a de cultura da personalidade vamos dedicar toda a aula de hoje para
ela é assim que se faz a princípio eu afirmo segundo o autor os povos da Península Ibérica desenvolveram uma extrema Cultura da personalidade Então os portugueses que nos colonizaram carregavam dentro de si extrema cultura da personalidade e nos legaram isto e este legado fez surgir em nós to uma especial de ver o [Música] mundo o que é cultura da personalidade cultura da personalidade é a crença no eu é a crença no indivíduo é a crença no sujeito e isto significa o que exatamente significa assim nós acreditamos que há entre nós entre cada um de nós
e o mundo uma barreira que nos separa uma barreira que nos imuniza do mundo e esta barreira faz com que surja um eu uma pessoa um indivíduo único autônomo específico uma pessoa uma cultura da personalidade cultua a personalidade isto é uma certa noção de que cada um de nós é único como se cada um de nós tivesse uma alma como se cada um de nós fosse algo diferente dos outros e do mundo cultuamos nossa individualidade nossa diferença Nossa autonomia em relação ao mundo e ao outro não ligados de modo inevitável ao mundo temos uma certa
noção de que somos algo diferente mas não enquanto espécie em sim enquanto indivíduo cultura da personalidade é acreditar que cada um de nós tem uma essência diferente que cada um de nós cultura da personalidade significa acreditar que nenhum de nós é apenas um produto da nossa história ou um produto social ou um produto da nossa educação familiar Ou um um simples pedaço de carne que fica andando pelo M somos mais do que isso é óbvio que a maioria das sociedades em alguma medida cultuavam a personalidade acreditavam no indivíduo a maioria delas então é óbvio que
cultura da personalidade não é propriedade apenas de portugueses mas notem o detalhe o autor está dizendo que os portugueses extremar essa cultura da personalidade levaram muito longe a crença no eu exacerbaram a crença no indivíduo Que tipo de efeitos isso terá então vamos colegas como uma aranha que vai construir sua teia vamos puxando os fios dessa noção de cultura da personalidade extrema vamos lá a Primeira ideia que eu quero enaltecer a respeito de ess [Música] conceito é a ideia de independência que é uma ideia forte em nós gostamos de pensar que somos Independentes é curioso
que o ideal de felicidade entre nós brasileiros é uma espécie de cuide-se cuide de você mesmo Faça Você Mesmo seja você mesmo a felicidade em nós está sempre ligada a um isolamento do resto do mundo por exemplo vocês sabem que o desejo de quase todo brasileiro é ganhar na loteria e você sabe ainda que há pessoas que dizem que quando ganhar na loteria vão se mandar vão pedir demissão do emprego vão trancar a faculdade vão se mandar e se enfiar numa ilha deserta não suportamos conviver né com o mundo e não suportamos dos outros Queremos
ser Livres Queremos nos ver livres dos outros mais ainda acreditamos que somos livres do nosso tempo e do nosso espaço acreditar que você é livre do espaço significa acreditar que você é livre das circunstâncias gostamos de pensar que somos livres das circunstâncias que não precisamos seguir o fluxo do Rio e podemos rimar contra corrente o mundo que pode ser gracioso ou desgraçado não nos subordina não nos impele a fazer alguma coisa e ao mesmo tempo gostamos de achar que somos livres do nosso tempo Isto é da nossa história gostamos de nos descolar da nossa [Música]
tradição daí por exemplo a fraqueza dos sinais de nobreza entre portugais e portugueses e brasileiros a fraqueza dos nomes de família vocês percebem Isso quer dizer ã os nomes de família se você vai por exemplo para países que foram foram fundados por uma cultura anglo saxão ah os Estados Unidos a importância que eles dão aos nomes de família é muito grande então você V isso até pelos programas de televisão que aparecem que você vê que eles se tratam assim a família tal ou a família tal e aí você tem aquele desenho que são os Simpsons
porque Simpson é o nome da família quer dizer o nome da família é tão ou mais importante que o nome do sujeito porque cada um cada indivíduo tem uma um uma uma ideia de que esteja inserido num contexto familiar de que Deva respeito ou apego a uma tradição a [Música] antepassados Pois é em Portugal e Espanha os vínculos de Nobre e de tradição são muito frágeis por quê Porque Nossa cultura extrema da personalidade nos isola da nossa história e ainda tem aqueles que dizem que nós somos um povo sem história ou sem [Música] memória Talvez
o fato de nós não gostarmos tanto de estudar a nossa história esteja ligado a nós não gostarmos de perceber que somos subordinados a ela pelo menos em alguma medida o homem da cultura extrema da personalidade é aquele que não que quer se separar do [Música] mundo e ele quer ser livre e a primeira coisa que ele faz é se separar da sua da sua [Música] história daí todos se tratarem pelo primeiro nome porque o primeiro nome é o nome do sujeito e não da família então eu lembro do jogador do Thiago Silva que é o
zagueiro ele jogava no Fluminense e no Fluminense ele era chamado de Thiago s quando muito quando não era simplesmente Tiago e quando ele foi paraa Europa chamavam ele de T Silva acentuando o nome da família ele foi jogar acho na Itália é notável também que um dos conceitos que nós mais gostamos do cristianismo é o de livre arbítrio se encaixou como uma luva na nossa [Música] mentalidade e também é notável que tenhamos desenvolvido conceitos desenvolvidos eu não digo mas exacerbado conceitos como por exemplo de superação Esse é bem brasileiro hein superação esse indivíduo se superou
você tem que se superar supere-se ele se superou O que é a superação se não a vitória do indivíduo sobre o mundo eu vou dar um outro exemplo futebolístico vai era uma vez um cara chamado Ronaldo Ronaldo começou a jogar bola foi vendido para pra Europa como todos e de repente Ronaldo estava na ponta dos [Música] e se machucou gravemente machucou o [Música] joelho e ficou se meses fora do futebol ele fez aquele tratamento duro fez a cirurgia o tratamento a fisioterapia sofreu e voltou a jogar só que na primeira partida que ele participou ele
fodeu com o joelho de novo quebrou o joelho de novo e quando ele quebrou o joelho pela segunda vez muitos médicos apareceram os especialistas para dizer que ele nunca mais jogaria futebol ou se jogaria não jogaria no mesmo nível e esses especialistas falaram que ele não se recuperaria mas ele é brasileiro e brasileiro não desiste nunca E aí ele foi operado [Música] novamente a cicatrização foi dolorida mas ele se recuperou começou a fazer fisioterapia cada dia era um martilho mas ele mantinha-se [Música] firme e ninguém apostaria ninguém apostava que ele jogaria a copa de 2002
mas tinha um cara um cara um cara um um uma super que apostou nele chamava Felipão o Caudilho Felipão contrariando todas as expectativas todos os especialistas ou a maioria deles convocou o Ronaldo e todos diziam mas o cara não vai se recuperar e ele ali e ele jogou a Copa e ele ganhou a Copa e ele foi o artilheiro da Copa Ronaldo se superou porque é brasileiro se superou se fosse qualquer outro povo talvez se Ronaldo fosse alemão teriam dito que tão importante quanto a vontade de Ronaldo foi as excelentes operações feitas pelos excelentes médicos
e as excelentes fisioterapias feitas pelos excelentes especialistas e diagnósticos excelentes e treinos excelentes e preparos excelentes e apoio familiar e financeiro excelente e tudo mais mas nada disso é brasileiro o que importa é que Ronaldo se superou Porque Ronaldo é uma pessoa e as pessoas se superam Ronaldo tinha tudo até porque tinha muito dinheiro para abandonar a carreira mas ele se superou Deu a volta por cima venceu a circunstâncias venceu o mundo e conquistou a Copa por quê Porque se superou e por que se superou porque nenhum Brasileiro está a mercê das suas circunstâncias nosso
eu é mais forte do que qualquer coisa somos capazes de vencer qualquer obstáculo porque acreditamos profundamente na força da nossa personalidade superação também uma outra palavrinha mágica para nós chama-se [Música] talento vocês sabem que você pode dizer que alguém é talentoso ou que alguém é preparado se você diz por exemplo vamos falar de um juiz vai se você diz que um juiz é preparado O que que você tá dizendo você tá dizendo que é um indivíduo que nasceu fez uma uma escola muito boa porque seus pais tinham estrutura para tanto teve apoio material pelo menos
básico depois foi bem Alfabetizado fez o ensino médio foi bem novamente entrou numa boa faculdade fez 5 anos de direito que é algo que tem que ter muita paciência muita paciência mas ele fez ele fez estudou aguerd durante 5 anos terminados 5 anos ele foi advogar foi prestar serviço Judiciários de alguma maneira advogando ou no serviço público enfim acumulou uma boa experiência aprendeu muito acumulou muito conhecimento continuou estudando estudando estudando de repente se empenhou em passar na prova para a magistratura estudou novamente e passou e passou na prova pra magistratura nas diversas etapas virou um
juiz e aí como o juiz não parou de estudar continuou continuou se aprimorando e aprendendo cada vez mais e lendo livros um atrás do outro e aprendendo com o cotidiano até que se tornou o que se chama um juiz preparado ora amigos um juiz preparado vocês percebem que a ideia de preparo carrega a ideia de progresso ou a ideia de [Música] processo Isto é o que há entre o nascimento do juiz do do da Criança e um o juiz preparado é um caminho com começo meio e fim é uma progressão é um acúmulo de conhecimento
então vocês percebem primeiro o o o o indivíduo não nasce sabendo ele se faz ao longo da vida e ele se faz graças à circunstâncias externas o mundo moldando aquela criança a sua imagem e semelhança então vocês [Música] notam que a ideia de preparo compreende subordinação do eu ao mundo que mundo a faculdade o curso a alfabetização a escola os pais a família o contexto a instituição enfim ora isto é diferente de dizermos que ele é um juiz talentoso porque quando eu insiro a ideia de talento perde-se a noção de processo de preparo e de
subordinação de fora para dentro porque o que é alguém talentoso a alguém talentoso é alguém que nasceu com uma espécie de dom natural com uma espécie de essência natural pronta acabada que no máximo precisaria ser desabrochada mas ele já nasceu com isto posto isso vocês já podem perceber como talento tem muito mais a ver com o povo que cultua sua personalidade que cultua personalidades de forma extrema do que preparo o talento vai dignificar o indivíduo exalta o indivíduo em detrimento do mundo vocês percebem um povo que chama os seus seus homens especiais e talentosos é
um povo que valoriza muito mais o eu do que o [Música] contexto Perceba como a ideia de talento e de superação e de liberdade individual elas se mesclam porque alguém talentoso é alguém que vai triunfar não obstante a circunstâncias externas e históricas é um dado da natureza penso que talento sobre o por nossa cultura é tão imediatista E por desprezamos tanto os meios de ação eu vou pular aqui de uma forma magnífica para citar uma frase que vem a calhar Não seguimos o curso natural que escolhemos cada qual agora vem a aspas né Cada qual
almeja alcançar aos saltos os autopos e cargos rendoso e não raro conseguem Mudamos o rumo profissional Sempre esperando que algum milagre nos coloque no topo Sempre esperando que alguém reconheça o nosso talento porque ele está lá e vivemos pulando de galho em [Música] galho somos uma cultura imediatista como como cremos no talento e não no preparo nós nos aborrecemos quando alguém não reconhece de imediato o nosso talento e não acreditamos num processo numa ideia de continuidade de que eu tenho que fazer isto isto isto isto isto isto iso para chegar ali e isto demora um
[Música] tempo não o mundo tem obrigação de reconhecer como nós como seres individuais somos talentosos não é isso e aqui senhores eu queria ressaltar que não há nenhuma aspiração humanista nessas convicções o que que é o humanismo humanismo é acreditar que a raça humana compartilha uma essência uma ideia de homem o homem é filho de Deus que homem qualquer um então é o humanismo aqui não se trata de humanismo porque não sei se você percebe a cultura da personalidade extremada ela não vai se materializar numa igualdade entre os homens e sim numa distinção o objetivo
é destacar senhores é diferenciar senhores de escravos gostamos de imaginar um mundo de Livres competições como como cremos no talento e na superação como cremos na autonomia do homem em relação ao mundo e ao [Música] tempo enxergamos o o mundo como um grande como uma grande disputa igualitária uma livre competição E aí erig a noção de mérito também fortíssima na nossa cultura é a noção de mérito o mérito é sempre individual e o vem por quê Porque nós não pensamos que os indivíduos podem ser derrotados por suas circunstâncias Então não é que nós negamos que
alguns estão em situação pior do que outros não de fato existe gente pobre gente rica gente que faz na escola pública gente na escola particular gente que tem aula todos os dias gente que não tem Professor só que nada disso importa Porque como somos únicos temos capacidade de nos superar vencer o mundo como fez Ronaldo e aí justifica-se que o mérito seja o grande critério social e que no final das contas o cenário seja uma livre competição ok deixa eu ver quanto tempo já passou 44 bom prosseguindo um pouco porque agora chegamos numa conclusão interessantíssima
do autor que é a seguinte a cultura da personalidade nos isolou dos nossos semelhantes nos isolou dos outros no fundo estamos todos correndo atrás de nossas pretensões sem se importar com o mundo ou com o resto da sociedade no fundo corremos como seres egoístas atrás do que queremos Fazemos o que sem muito se importar com o próximo Esta é a nossa sociedade cada um por si Deus por todos o outro não precisa de ajuda porque o outro é um indivíduo como eu com capacidade de de se superar e de e de superar suas circunstâncias a
Extrema cultura da personalidade trazida para nós pelos portugueses fragilizou todas as formas de organização social da nossa sociedade todas as formas de cooperação entre indivíduos é frágil todas as formas de acordo são frágeis nossas instituições são instáveis são fracas são frágeis por quê Porque não há um acordo muto entre os homens somos incapazes de construir vínculos de solidariedade e convivência [Música] autênticos falta-nos coesão social a conclusão do autor falta coesão social ao nosso país por quê Porque Somos Filhos da cultura da personalidade extrema o que nos define muito mais como seres individuais do que coletivos
e portanto nós gostamos de enxergar muito mais as nossas pretensões individuais do que o [Música] coletivo enxergar o coletivo vocês sabem o que que é enxergar o coletivo é uma coisa bem simples não é muito complicado é simplesmente você pensar o seguinte no final das contas eu estou aqui com os meus semelhantes nesse mesmo barco estamos aqui juntos nesse mundo nesse barco que não sabemos para onde está indo estamos juntos se naufragos vamos naufragar juntos e se a sociedade for melhor será melhor para [Música] todos eu não preciso ser amigo seu eu não preciso gostar
de você eu não preciso ser seu parente seu seu cúmplice para me preocupar com você e você comigo por viver num lugar onde as pessoas se importem umas com as outras é melhor do que viver num lugar onde elas estejam cagando umas para as outras é simples assim é impessoal [Música] assim são frágeis por exemplo ações anônimas são frágeis ações desinteressadas o caso é que ações anônimas e interessadas E desinteressadas perdão são o fundamento para uma sociedade boa onde as pessoas não vivam se agredindo Para para pensar no seguinte vamos supor que você esteja andando
na rua à noite a rua tá Deserta você tá longe do lugar onde você mora aí você tá com papel na mão um papel de sorvete de bala um papel qualquer na mão você tá andando aquele papel tá te estorvando e você não vê nenhum lixo na rua para nenhum lixo nem uma lata de lixo para poder jogar o papel passa pela tua cabeça a jogar no chão no chão jogar no chão Mas aí você não joga no chão você guarda o papel no bolso e espera até chegar em casa para jogá-lo lá esta sua
ação foi anônima porque ninguém sabe que você fez isso e ninguém precisa saber que você fez isso você não vai chegar em casa cas falar Gente vocês não sabem o que eu fiz hoje eu tava andando na rua com Papel de Bala na mão e ao invés de jogar no chão eu guardei para jogar aqui e não sujar a rua então ninguém fala essas coisas simplesmente faz isso sua ação foi anônima e foi desinteressada sabe por quê Porque se dependesse do seu interesse você jogaria porque o papel tava te incomodando tava te estorvando [Música] do
que dependesse do seu egoísmo do seu umbigo você jogaria você tava longe da onde morava você nunca mais ia ver aquele papel mas você não joga sua ação foi positiva para o contexto social foi an e foi desinteressada só que anônima e desinteressada a sua ação não afagou o seu ego daí que uma sociedade com uma cultura extrema da personalidade é formada por indivíduos que precisam ser afagados o tempo todo daí a fraqueza de ações anônimas e desinteressadas porque ações anônimas e desinteressadas são ações de não pessoas sabe como chama as são ações de cidadãos
o cidadão é aquele que mora na cidade não é A ou B é o cidadão é que cidadão no Brasil só Te chamam quando você tá na delegacia ou quando tão bravos com você por algum motivo ou quando você tá incomodando ou em alguma circunstância ruim Que Te Viram Ô [Música] cidadão é o cidadão está aguardando [Música] ali a palavra cidadão tem um contexto até pejorativo o cidadão é aquele que age anônimo e desinteressado anônima e desinteressadamente ele é uma não pessoa e como uma não pessoa não merece ser [Música] respeitado são poucas as ações
anônimas e desinteressadas no nosso Brasil e é por isso que as ruas estão cheias de Papel de Bala e de sujeira porque a maioria das pessoas não percebe que há coisas que você precisa fazer sem esperar nada em troca o bem deve ser feito pelo bem sem que espere nenhuma recompensa porque se você espera uma recompensa Você já está esperando um agrado pessoal então cultura extrema da personalidade significa em nós nossa fraqueza organizacional em terra de barão em terra onde todo são Barão ou onde todos querem ser Barões não é possível nenhum acordo duradouro em
terra onde todos querem ser rei você sabe que Rei só existe um mas onde todos querem ser rei não há acordo [Música] possível nós temos que concordar em algum momento em que sejamos re apenas por um dia porque o outro também quer e o outro também quer e o outro também quer nossas instituições são estáveis porque nossas instituições estão sempre a reboque das personalidades veja como a lei escrachada no país a lei também é anônima E impessoal tá lá escrito no código penal matar pena tal não tá escrito matar o Fulano não tá escrito matar
qualquer um um cidadão falta noos coesão social é claro que você vai perguntar o seguinte né Qual que é a pergunta óbvia quando você constata a nossa falta de coesão social a pergunta a seguir é a seguinte bom E se nós se nos falta coesão social se é frágil Nossa organização nossos vínculos de solidariedade e convivência a pergunta é como é que nós estamos aqui ainda não é essa a pergunta óbvia como que como estamos aqui ainda afinal de contas afinal de contas o país já tem mais de 500 anos como é que sobrevivemos como
é que a gente não se matou por causa da falta de coesão social e a resposta colegas é reveladora é que se nós não nos matamos é porque desenvolvemos dois instrumentos de convivência o primeiro instrumento chama-se pessoal ismo vocês sabem o que que é pessoal ismo pessoal ismo é o hábito que temos de colocar de transformar o outro numa [Música] pessoa como dando a ela um pouco de nós mesmos nós nos plasmamos ao outro isso é pessoal ismo e como nós fazemos isso deixando a outra pessoa a par da nossa própria vida é a reação
Clara de seres fortemente personalistas eu vou dar um exemplo e depois eu vou retomar a ideia eu vou dar o exemplo apenas para que vocês entendam a situação e depois eu retomo a ideia e o conceito vocês sabem que No Brasil existe um hábito dif entendido por estrangeiros quando nós recebemos alguém estranho na nossa casa alguém que veio consertar alguma alguma coisa alguém que é estranho que nós não conhecemos Então ele entra na nossa casa a primeira coisa que a gente faz é oferecer alguma coisa a ele nós oferecemos um cafezinho nós oferecemos um pouco
de [Música] água oferecemos alguma coisa para comer um pedaço de bolo uma bolacha alguma coisa por qu Por que fazemos isso porque quando aquele sujeito estranho entrou nós não podíamos confiar nele ele era um estranho ele estava longe da nossa personalidade ele não era nada para [Música] nós e portanto nós não confiamos nele e nós não víamos nenhuma necessidade de respeitá-lo porque ele era ainda uma não pessoa era um estranho só que como ele tava lá nós precisávamos fazer alguma coisa com ele então o que que nós fazemos oferecemos alguma coisa por exemplo um café
ora quando nós oferecemos o café não é exatamente o café que nós estamos oferecendo nós estamos oferecendo uma parte de nós a ele porque o café foi feito pela gente o café estava na nossa casa estava no território que eu conheço então quando ele toma o café Ele está tomando o meu café e eu estou dando a ele uma parte de mim Para quê Para que eu consiga juntar a minha a dele e aí assim que eu consigo um vínculo pessoal com ele eu passo a poder respeitá-lo porque agora ele se transformou numa [Aplausos] pessoa
olha que interessante essa ponte hein Olha que característica cultural temos singular Então a nossa a nossa falta de coesão social sobrepujam inserindo uma pessoalidade inserindo um dado pessoal damos um pouco de nós ao outro damos ao outro um conhecimento a respeito de nós então você sabe que quando eu tava fazendo minha pós--graduação tinha um professor espanhol lá que dava aula de história da América Latina acho que era isso e ele ele dizia o seguinte né Ele contou uma vez o seguinte eu eu estranhei muito quando eu cheguei aqui no Brasil eu eu demorei para entender
uma coisa o brasileiro não sabe dizer não o brasileiro quando você faz uma pergunta para ele ou ele diz sim ou ele conta uma história o brasileiro quando quer dizer não conta uma história então ele dizia que achava muito estranho porque ele fez fazia um uma pergunta para alguém ã por exemplo convidava alguém para jantar alguma coisa dessas e a pessoa começava a contar do cachorro dela da sogra dela que tava doente do filho dela que tava sozinho começava a contar do fulano que precisava no supermercado começava a contar coisas da vida pessoal e ele
eu não quero saber nada disso eu quero só me diga sim ou não eu não quero saber da tua vida aí ele entendeu que quando a pessoa queria dizer sim ela dizia agora quando queria dizer não ela contava a história contar a história criar um vínculo pessoal é um instrumento que temos para suplantar a falta de coesão social que é a nossa eu costumo brincar também que existem dois modos de você procurar uma repartição pública Digamos que você precise de um serviço qualquer aí você vai ter que procurar uma repartição pública você sabe que uma
repartição pública é um espaço hostil para todo e qualquer brasileiro Então você vai procurar a repartição Você pode procurar essa repartição como cidadão ou você pode procla como pessa se você procurar como cidadão você vai procurar acreditando na impessoalidade [Música] dos funcionários e da própria estrutura sabe o que que vai acontecer com você você vai ser submetido a uma coisa chamada Lei e a a lei no Brasil como na maioria das vezes ela costuma ser maluca como a burocracia você cidadão vai ser envolvido na maluquice legal e na maluquice da burocracia na loucura da burocracia
que vai te exigir formulários intermináveis requerimentos papéis preenchimentos e coisas que Possivelmente você não vai conseguir fazer esse é o cidadão que foi procurar a repartição pública só que você pode procurá-la como pessoa e se você fizer isso tudo vai mudar o tratamento vai ser completamente diferente as outras pessoas vão agora não mais funcionárias pessoas vão te dar as os atalhos da burocracia e como você faz você que você que está com problema em repartições deve estar louco para querer saber como eu faço para procurar uma repartição como uma pessoa bom a primeira forma que
é óbvia é você você conhecer alguém na repartição pública ser amigo de alguém ou parente de alguém e aí você usa aquele Sujeito como intermediário Então você vai ter acesso a muito mais informações do que um cidadão comum aí você se desespera Porque você diz Professor eu não tenho ninguém na repartição pública bom a uma coisa emergencial que você pode fazer você pode chegar entrar na repartição Como um cidadão mas Chegando lá você pode tentar se apessar quer dizer tentar virar uma pessoa ali dentro e como você faz isso tentando rapidamente construir um vínculo de
amizade com alguém nem que seja momentan como fazer isso bom você pode puxar um com alguém de preferência com a pessoa que vai te atender a minha sugestão se o seu interlocutor é homem e você também é homem a minha sugestão é falar de futebol futebol é uma boa hein Que time você torce Ah não acredito você viu que que o teu time fez ontem que pariu como é que o Fulano perde aquele ligou puts e o outro lá tá jogando só pro empresário o outro vai embalar a conversa e de repente ele vai se
abrir como uma flor para você se você alcançar o seu objetivo Pô você também é corintiano meu irmão é corintiano tá sofrendo também hein é assim que se faz mas se tudo isso falhar se você não tiver talento não conhecer ninguém na administração e não tiver talento para amizades há um último recurso você vê que ninguém fica descoberto aqui e ess último recurso chama despachante o despachante que é uma figura exótica é uma Jabu caba o despachante O que vem a ser despachante é um amigo profissional você Contrata alguém que Possivelmente tem ligações na na
administração pública e vai usá-las em seu [Música] favor então você vê ninguém fica descoberto é claro que você vai dizer assim pô mas Professor preciso pagar o despachante né bom é mas é nada é perfeito nesse mundo mas o que nos interessa aqui com esses exemplos é o seguinte percebam como inserir um uma forma mesmo que precária de relacionamento pessoal serve como uma cola um grude entre as pessoas e elas fazem isso o tempo todo é a única forma de você aceitar aquele estranho que está na tua frente eu dizia aqui a falta de coesão
social se nós estamos [Música] aqui não obstante Nossa falta de coesão social se deve a duas ferramentas que nós desenvolvemos A primeira é a pessoalidade e a segunda a segunda é a eleição não necessariamente democrática hein quando a palavra eleição é simplesmente erigir alguém por qualquer meios é a eleição de uma ultra personalidade que vai regular as personalidades outras Então como podemos organizar o nosso espaço social erigindo alguém para ser um tirano uma super autoridade com plenos poderes para freiar todos os outros impor a ordem essa é a alternativa dois a nossa falta de coesão
[Música] social daí por exemplo o nosso amor a tiranias o amor que o brasileiro tem a ditaduras de todos os tipos e Sabores o amor que temos a regimes centralizados porque no fundo nós achamos que o único jeito de nos organizarmos enquanto civilização é colocarmos é é é é com um princípio organizador forte que regerar tudo a ditadura o regime altamente Centralizado e forte é a alternativa que encontramos como princípio de [Música] organização este princípio organizador tem fortes tendências pessoal isso é uma exaltação própria da personalidade que está no poder chama-se cailo você pega o
sujeito x põe ele no Poder da superpoderes e fala agora o seu papel organizar [Música] sociedade e tem fortes tendências centralizadoras então podemos puxar alguns laços [Música] aí o primeiro laço é que nós tendemos a colocar todas as fichas da organização social no colo do governo isso é bem é bem conveniente para todos nós né porque eh isso tira a responsabilidade dos nossos ombros de fazer o que é certo a culpa é sempre do governo porque a responsabilidade é sempre do governo porque nós elegemos o governo para ser o grande guia O Grande Mestre o
grande irmão nós elegemos o governo para ser o grande princípio de organização nós elegemos o governo para ser o Semideus que vai regular nossa sociedade e nós exigimos do governo regulação total porque no fundo nós não confiamos em nós mesmos nós dizemos para nós mesmos e se deixar as pessoas soltas aí elas vão fazer o que querem vão acabar com tudo então é bom ter um governo forte nós tiramos a responsabilidade dos ombros do cidadão e transferimos para o governo como se fosse legítimo que cada um de nós corrês a atrás das nossas pretensões sem
nos preocuparmos com o outro enquanto o governo tem que ficar correndo atrás de todo mundo tentando freiar as ambições pessoais Então tem que ter polícia em cada esquina tem que ter lei para tudo porque nós não reconhecemos em nós mesmos a capacidade de responsabilidade social nós queremos é sim ser autônomos fazer o que nós desejamos o governo se torna Como aquela professora do primário que tem que ficar correndo atrás de nós com a varinha punindo todo mundo temos que punir punir é o que todos gritam punir ninguém diz pô a responsabilidade é minha não a
culpa é do governo E aí Não estranhamos quando algumas coisas acontecem por exemplo quando a ultra autoridade que colocamos lá para governar tudo aproveita-se do governo de tudo para benefício próprio e para oprimir a coletividade e nós não estranhamos nós damos todo o poder pro governo E aí quando o governo usa esse esse poder quando a elite política usa esse poder para benefício próprio nós não interessamos nós não nos interessamos por isso não estranhamos isso nós não percebemos que só existe uma forma de governo bom é o governo controlado pelos seus cidadãos é o governo
subordinado à responsabilidade do seus cidadãos que de preferência vão fazer primeiro a sua parte e depois cobrar o governo e restringir o governo o governo não precisa ser aumentado ele precisa ser [Música] controlado Nós não precisamos de mais nenhum Getúlio Vargas não precisamos de mais nenhum Getúlio Vargas não precisamos de um Fidel Castro não precisamos de nenhum mdic não precisamos de nenhum Dom Pedro io de nenhum Imperador de nenhum superpoderoso Precisamos de uma república então vocês percebem como república democracia participativa e estado São conceitos contrários à nossa cultura extrema da personalidade a deteriorização do estado
de direito a fraqueza da nossa democracia participativa e da nossa República demonstram o quão viva ainda está esta cultura extrema da personalidade é isso deixa eu ver quanto tempo deu 1:20 minutos eu vou ainda falar sobre esse tópico vamos lá vamos lá eu queria puxar mais uma linha da Teia que estamos [Música] construindo e falar de uma última grande manifestação de nossa extrema cultura da personalidade que é o modo como nós nos relacionamos com o nosso trabalho por quê Porque o autor constata o seguinte o brasileiro odeia o trabalho manual e mais ainda despreza o
trabalho manual o trabalho manual é símbolo de inferioridade social o autor acredita que o ódio que o brasileiro tem ao trabalho [Música] manual é um reflexo da Extrema cultura da personalidade vamos lá Vamos pensar no seguinte gente qual é a natureza do trabalho manual Então vamos pensar num marceneiro num indivíduo que faz uma mesa por exemplo como essa que eu estou sentar quando o indivíduo Faz uma mesa depois que ele termina a mesa a mesa se torna algo distinto dele mesmo o trabalho manual cria e Visa um fim uma finalidade que é externa e distinta
do sujeito a exemplo dessa mesa se eu pudesse evidentemente que eu não vou fazer isso agora mas se eu pudesse levantar essa mesa virar essa mesa olhar muito com muita calma essa mesa eu vou ver que não há nela nenhum sinal de quem a produziu o que nos faz concluir que quem a produziu produziu algo diferente dele porque Essa é a natureza do trabalho manual o trabalho manual produz um objeto que é diferente de quem o produziu a não ser o que não é o caso que o indivíduo que fez a mesa tivesse escrito aqui
o seu nome Essa Mesa não tem nada a ver com o que fez de modo que eu não poderia falar essa mesa é a mesa do Joaquim do José do Carlos do Henrique não é uma mesa feita por alguém então [Música] Perceba o trabalho manual ofende Nossa cultura da personalidade por qu porque o trabalho manual rejeita a personificação que nós faríamos no objeto que nós produzimos a o trabalho manual não dá oportunidade ao Trabalhador de assinar de colocar a sua marca a sua pessoa no objeto trabalhado e é por isso que Nós odiamos o trabalho
manual é por isso que nós brasileiros temos pouco apego a atividades utilitaristas o que que é o utilitarismo é o fundamento de sua não está em você está em algo fora de você no caso o fundamento do trabalho empregado pelo marceneiro não está no marceneiro está na mesa que é algo que está fora dele então ele trabalhou para construir a mesa por exemplo ele não trabalhou para ser feliz porque se você fala ele trabalhou para ser feliz a felicidade está dentro do Trabalhador então não é utilitarista agora se ele trabalhou para construir uma mesa essa
mesa também vai servir para outra coisa e se ele trabalhou para construir uma mesa que ele vai que ele não vai usar então a mesa é um utilitário para ele bom a atividade manual é eminentemente utilitária mas nós não gostamos da atividade intelectual daí que não gostamos perdão não gostamos da atividade manual do trabalho manual que é eminentemente utilitário portanto não gostamos de atividades utilitárias as atividades utilitárias são chatas são horríveis para nós o trabalhador sofre no Brasil é um martilho trabalhar o trabalho é um é um martilho as expressões que nós usamos para trabalho
são sempre negativas né Tem gente que fala assim tô fazendo o meu corre aí correndo atrás quer dizer como como quem tá ralando Tô ralando Olha aí Tô ralando Tô ralando são sempre negativas o o cara já sai do trabalho assim bufando já já sai para trabalhar bufando segunda-feira é o pior dia do brasileiro porque ainda tem a semana inteira pro feriado e pro fim de semana ao contrário do que que nós gostamos do ósseo né Nós gostamos do ósseo nós gostamos da vida sem esforço nós gostamos da vida sem preocupações e note não é
o ósseo grego porque o ósseo grego era tempo para pensar e refletir aqui é o óo grego é templo é templo o óo grego é tempo para pensar o nosso óo aqui é tempo para coçar tempo para coçar nosso ócio é tempo para coçar para ficar parado para não fazer nada ser perfeitamente inútil a inutilidade é uma delícia o ósseo para nós sem dúvida vale mais do que o negócio e a contemplação e o amor Sem dúvida valem mais do que atividades produtivas e sistemáticas rotineiras como Nós odiamos a rotina rotina é impessoal nós gostamos
da não rotina a não rotina é surpreendente é e a não rotina tem tem a ver com as pessoas porque as pessoas elas do que depender delas estariam sempre fazendo coisas diferentes nós nos relacionamos de uma maneira bastante engraçada no trabalho nós brasileiros quando trabalhamos não buscamos uma felicidade alheia nós buscamos sempre a nossa felicidade no trabalho e gostamos de atividades muito mais criativas então se você imaginar assim o que que você quer ser você quer ser um marceneiro Ou você quer ser um Independente de salário hein você quer ser um marceneiro Ou você quer
ser um artista um pintor um músico você vai dizer um músico por quê porque na música Eu tenho oportunidade de colocar a minha vida de colocar a minha personalidade o a minha música é uma extensão da minha personalidade e é por isso que gostamos mais de fazer músicas do que De fazer mesas porque no fundo o que nos interessa muito no trabal muito mais o trabalho é a nossa felicidade e não o objeto que nós produzimos Ora por que que o autor Por que que para o autor foi tão importante tratar do ódio que temos
ao trabalho manual Porque o autor vai se sair com sacada surpreendente que é esta foi menos a cor e mais o fato de executarem trabalhos manuais o que difamou os escravos Olha a ponte que o autor fez entre o Que Nós pensamos e o que nós vivemos na nossa história e veja Isso significa que a abordagem racial do tema da discriminação está errada porque o autor está dizendo o seguinte negros não foram Discriminados por serem negros foram Discriminados porque eram aqueles que faziam os trabalhos manuais é aqueles que não conseguiam contemplar é aqueles que eram
impessoais eram aqueles que trabalhavam nas lavouras de cana fazendo o trabalho manual impessoal eram aqueles que não conseguiam dar vazão à sua personalidade eram tipos odiosos os escravos eram tipos odiosos porque não faziam valer a sua personalidade porque eram propriedade de outro e foi Portanto o fato de que os negros eram os escravos e de que os escravos eram aqueles que executavam os trabalhos manuais o que fez com que fossem tão difamados fossem então difamados os escravos não eram respeitados porque eram coisas não tinham direito a uma personalidade Ok gente eu vou terminar por aqui
eu espero que vocês tenham gostado dessa aula eu não sei Quantas aulas mais nós teremos porque eu não planejo essas coisas eu vou dando as aulas e quando terminar os os roteiros que eu preparei termina as aulas mas eu espero que vocês acompanhem Muito obrigado pela audiência de vocês e até a próxima aula muito obrigado tchau tchau
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