♪ ♪ [Foquinha] Olá, internet! Mais um Foquinha Entrevista Ao Vivo. E eu tô muito, muito, muito honrada em receber uma entidade da nossa música brasileira. Me emociona não só receber ela, como falar dela. Porque é isso, eu fiquei pensando aqui como descrever Liniker. E pra mim, acho que a melhor descrição, ela é uma sensação que faz a gente arrepiar, ela é como um travesseiro de manhã, é como rolar na grama, ela é como um dia eterno de sol, ela é o oceano inteiro, ela é poesia, ela é Liniker. [Liniker] Ai, que linda. Muito obrigada. [Foquinha]
Muito feliz. [Liniker] Oi, Foquinhers. Tô muito feliz em estar aqui, gente, que honra. [Foquinha] Eu tô feliz demais. E eu quero falar: "E aí, tudo?" Só vou falar na língua do Caju agora. [Liniker] Tudo, gente. Olha, essa minha semana, não tenho do que reclamar. [Foquinha] Meu Deus. [Liniker] Lancei disco. Tantas coisas acontecendo, o disco na boca do povo. Acho que é muito bom quando a gente assume a nossa alegria pra gente mesmo e isso transborda, assim, então eu tô muito realizada e muito feliz de estar aqui. [Foquinha] Ai, eu também, a gente tava falando aqui
que a gente tá há um tempão pra fazer acontecer essa entrevista. E veio na melhor hora, não tinha momento melhor. Foi tão perfeito, que assim… A gente ia gravar antes do disco sair, aí não certo a data. E assim, foi perfeito, porque essa é a sua semana. [Liniker] Eu gosto muito da sincronia dos momentos, assim, quando as coisas, elas se encaixam justamente pra que aconteça da melhor forma possível, no melhor dia. A gente tá vindo aí de uma semana, de uma big lua cheia. [Foquinha] Sim! [Liniker] Então assim, acho que não vai faltar assunto, não
vai faltar energia. Tô muito feliz, mesmo, assim, realizadona! Falei antes de chegar que eu tava com piriri hoje. [Foquinha] É verdade, me mandou mensagem hoje. [Liniker] Mandei mensagem pra ela, falando "eu tô nervosa!" [Foquinha] "Tô com piriri". Passou? Tá tudo bem? Se precisar correr pro banheiro, tá tranquilo. [ri] [Liniker] Tô ótima. [Foquinha] E assim, vamos começar falando desse marco. Te parabenizar, porque são 6 milhões de plays em 24 horas do lançamento de Caju. Já passou de 10 milhões. [Liniker] Tá em 15, eu acho. [Foquinha] Pegou o primeiro lugar, pela primeira vez, no Top do iTunes.
[Liniker] Primeira vez! [Foquinha] Parabéns, você merece demais. [Liniker] E é tão bonito, porque faz quase 10 anos que eu faço música. [Foquinha] Sim. [Liniker] Dentro desses 10 anos, eu sigo sendo uma cantora independente. Sigo sendo uma cantora que obviamente, meu trabalho não se faz sozinho, né. Eu tenho um time, uma equipe, muitas pessoas ao meu lado. Mas eu acho que em 2024, ter esse marco dentro do Charts, dentro do que significa a indústria, os números, dentro do que significa fazer música não só no Brasil, mas no mundo. Ter essa resposta, assim, de um disco que
foi gravado analógico, né, um disco que é gravado na fita, um álbum que tem 14 faixas, um álbum de 69 minutos, onde 13 das 14 faixas entram nas Top 100 mais ouvidas do Brasil. Aí bater esse número do álbum mais ouvido hoje, da música mais ouvida, eu tô muito feliz, assim, porque esse disco significa muito pra mim, porque eu quis fazer pra me divertir. [Foquinha] Sim. [Liniker] Eu quis, obviamente, fazer esse disco pro meu público, mas eu quis fazer pra mim, eu quis fazer como um presente, eu quis fazer… por conta de um processo de
autoestima, de me olhar hoje e me sentir mais bonita, mais segura, mais independente, mais dentro de mim. Então é muito bonito, né, quando a resposta da vida, quando a resposta energética te dá a seta, assim: olha, segue nesse seu caminho de acreditar mesmo em você que a coisa vai ter um resultado não só por ser uma música, mas porque tem uma energia ali colocada, tem uma intenção posta. [Foquinha] Sim. [Liniker] Então, isso me deixa tão feliz. [Foquinha] E ele é de verdade, né, como tudo que você faz, assim. Você tava falando isso, do tamanho do
álbum, né. E ele é um álbum longo, ele tem… A maioria das faixas ali, com mais de 4 minutos, 4 minutos. 3 faixas com 7 minutos na sequência. [Liniker] Na sequência. [Foquinha] Finalizando com instrumentais longos. E assim, todo mundo comentando sobre os instrumentais. Isso é uma delícia. E a sensação que eu tive ao ouvir o álbum, que eu tenho toda vez que eu escuto, é de um alívio, porque é um álbum pra sentir, sabe, é um álbum que não é pra você ouvir rapidinho, é pra você ouvir do começo ao fim. Na ordem, degustar mesmo,
assim. E eu sinto que as pessoas estão fazendo isso. E acho que nesse momento que a gente tá, da música, que não generalizando, mas a gente tá num momento que, realmente, a gente vê muitas músicas que estão ali, têm a mesma fórmula, são músicas curtas, ou músicas pra hitar. Então a gente recebe esse álbum, que é um álbum pra sentir. Eu tenho muito medo nessa loucura da pressão e da pressa, principalmente na indústria, mas acho que como um todo, a gente perder a emoção, perder o poder de sentir a emoção. Porque eu acho que nessa
loucura da pressa, a gente acaba deixando as emoções e não sentindo. Então, o seu álbum, ele faz a gente sentir. Sentir essa emoção. Eu acho que isso é tão importante, tão poderoso. [Liniker] E acho que dentro desse sentir… E me permitindo, também, esse tempo, né, é um disco de 14 faixas, de músicas longas, que eu tive um processo de criação longo, eu comecei a escrever muitas das letras na turnê do Indigo Borboleta Anil. Eu sabia que eu precisava de tempo, eu tinha muita tinta, tinha muito sentimento ali sendo colocado pra fora. Quando você faz um
álbum, principalmente eu sendo a compositora de todas as faixas, é expor demais a minha vida, é expor demais o meu sentimento, é abrir, assim… Poeticamente, muitas conversas pesadas que eu tenho com a minha analista. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Então… Ninguém podia ditar qual tempo eu tinha que ter num disco. Obviamente, eu trabalho com a indústria, eu faço música, eu tô aí no Charts, eu tô fazendo show. Meu trabalho também tá linkado com esses números e com esse suporte, né, mercadológico mesmo que tá acontecendo. Mas antes disso, eu sou uma pessoa que escrevo músicas, que escrevo sentimentos.
Que antes de pensar no público que vai ouvir, botar aquilo na sua própria vida, eu tô colocando aquilo na minha própria vida. E um álbum é a fotografia de um momento de alguém que faz música. Então, nessa minha fotografia, era aquele álbum antigo, quando a gente vai na casa da vó, você passava horas ali, é essa sensação que eu quis me dar. Essa sensação de um dia de 24 horas, que é esse roteiro do Caju, né, o Caju é um álbum que se passa num dia só. [Foquinha] Aham. [Liniker] No roteiro do disco. E pra
além disso do tempo, eu quis fazer um álbum cinematográfico, eu quis dar uma experiência de ouvir o cinema, ao invés de só ver. Tanto é que a audição que eu fiz pra esse disco foi dentro de uma sala de cinema, no sistema Dolby Atmos. E é pra justamente dar essa experiência de, tipo… Gente, a gente tá ansiosa, a gente tá tomando remédio pra ansiedade. Tá todo mundo aí fazendo terapia, tá todo mundo dormido mal, todo mundo com a mão tremendo, todo mundo com dor de cabeça. Vamos voltar a ouvir música. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Música tem
um tempo mesmo de dilatação do tempo. Eu adoro, por exemplo, pesquisar música e ouvir coisas e ter um tempo de parar, fazer climinha, bem canceriana que sou, né, acender vela, incenso, abaixar a luz. Me dar aquele momento. [Foquinha] Eu amo, uhum. [Liniker] Porque a vida já é tão corrida, a gente tá tanto, sempre, pela demanda, pelo job, por entregar na hora, por dar a resposta no WhatsApp na hora que a pessoa quer, senão você vai ficar ali… Né, então esse disco é uma celebração, não só a música, não só a poesia e a tudo que
eu sinto. Mas ao tempo de qualidade que eu quero ter e viver nas coisas. [Foquinha] Sim. E você acha que se você não fosse uma artista independente, você ia ter esse tempo? [Liniker] Eu não sei, porque eu não fui ainda uma artista de label. Mas eu acho que se eu não fosse, me conhecendo, eu bateria muita cabeça. [Foquinha] Sim. [Liniker] Pra pelo menos ser ouvida, pra ser uma parceria onde se divide ali, né. E é muito doido, porque desde o começo da minha carreira, eu já tive oportunidades de ter conversas com gravadoras. É… Até agora,
antes de lançar o Caju. Mas eu acho que o lance da independência é porque ainda me deixa no meu eixo criativo, assim, sabe? Me deixa afim de cada vez mais descobrir o meu trabalho no office, assim, pra além de cantora, compositora, atriz, eu também sou empresária da minha empresa. Eu sou empresária da minha produtora, eu tenho um time, eu negocio junto, eu tô junto, eu comando junto. [Foquinha] Você cuida de burocracias. [Liniker] Cuido de burocracias. Tem reunião semanal… [Foquinha] Não é só ir no estúdio. [ri] [Liniker] Não, eu cuido de burocracia, eu penso estratégia, penso
plano de carreira, tudo. E foi uma coisa que eu não tinha, né. Eu comecei, eu tinha 19 pra 20 anos, atriz, estudante da Escola Livre de Teatro. Passando um perrengão pra viver em Santo André. E, de repente, a minha vida mudou da água pro vinho. Completamente. Eu era uma pessoa muito pobre, tive uma mobilidade social que eu nunca experimentei antes. Que ninguém da minha família experimentou antes. Ninguém me deu um livrinho quando eu fiquei famosa, falando "Liniker, agora é assim, tá? Você tem que seguir cada capítulo". Então, acho que essa estrada e esses passos também
me deu, hoje, essa segurança mesmo, de entender que eu preciso estar muito à frente do meu trabalho, obviamente, não é sozinha, eu tenho equipe, eu tenho um time, mas eu tô autônoma dentro do meu desejo. E eu acho que isso tem muito a ver com o processo de me sentir bem e afim de ter uma carreira longínqua, de ter… tempo pra experimentar. De ter tempo pra produzir um disco, de ter tempo pra fazer uma turnê, entender quando é que essa turnê começa, quando é que essa turnê acaba. Acho que é ter tempo. Eu quero ser
uma cantora velha, sabe? [Foquinha] Aham. [Liniker] Eu tenho essa vontade, assim, de envelhecer fazendo isso. [Foquinha] E de olhar essas fotografias lá no futuro, você tá lá, belinha, e olhar essas fotografias… [Liniker] Falar "nossa, um dia eu fui no programa da Foquinha, eu falei que eu era produtora, hoje eu tô produzindo outras pessoas". [Foquinha] Sim, incrível. E você sempre leva esse tempo. Todos os seus álbuns, eles têm um período de hiato ali, entre um e outro, de dois, três anos, e acho que faz total sentido quando a gente ouve eles e entende essa trajetória. E
acho que cada álbum seu é muito único, mas o Caju, ele é muito único! Acho que na questão da versatilidade, da estética, de tudo, assim. E você sempre foi pop, mas você tá numa era que você falaria que é mais pop do que nunca? [Liniker] Porque agora eu acho que para além de estar assumindo que eu tô fazendo um trabalho pop… [Foquinha] Uhum. [Liniker] É entender tudo que se faz no Brasil, né… Eu vi a Alaíde Costa falando hoje numa entrevista, que… O que é produzido… Pop é: popular. O que é produzido no Brasil é
pop. [Foquinha] É. [Liniker] Então, eu sinto que às vezes a gente só não entra nessas playlists ou nessas nomenclaturas, muitas vezes por racismo, muitas vezes por quererem colocar a gente numa caixa onde… "Não, não pode ser, ela só pode ser música popular brasileira". Não, gente, eu posso cantar o que eu quiser. Eu sou uma compositora, tenho a capacidade de narrar as minhas vivências. E não só compositora, eu também sou uma produtora musical que ouço e pesquisa música, então eu tenho o dom de experimentar. A partir do momento que eu quiser experimentar, eu não quero estar
fragmentada numa ideia que ela nem é minha. Que é de alguém que coloca ali num sistema, ou num lugar aprisionada. Então, eu quero experimentar tudo que eu puder. Eu quero sentir tudo que eu puder. Acho que o Caju foi um álbum que desde o começo, quando eu tava… Nas primeiras conversas com o Gustavo Ruiz e com o Feijuca, que são meus parceiros, já, desde o Indigo. Falei: gente, eu quero fazer um disco não pensando nesse lugar de mudar a indústria, mas eu quero fazer um disco onde eu me divirta, onde eu consiga apresentar pras pessoas
uma Liniker que eu sou dentro de casa, de tudo que eu ouço, de tudo que eu pesquiso. E, ao mesmo tempo, poder pesquisar todas essas linguagens musicais com qualidade. Dar experiências pras pessoas. Uma experiência de como minha voz foi captada, então como minha voz chega no ouvido das pessoas. Aí o Gustavo Ruiz trouxe a possibilidade da gente gravar na fita, né, fazer um álbum analógico. O Feijuca falou "então acho que a gente tem que juntar não só a banda", que já é uma coisa que a gente preza muito, né. Meus discos têm grandes arranjos, é
sempre uma bandona. "Vamos trazer gente pra fazer beat". "Vamos trazer outros produtores, vamos somar outras coisas". Então eu acho que esse movimento, essa mobilidade, ela é pop, porque eu tô querendo trazer tudo que eu ouço no meu país e de fora. Linkar com artistas que eu amo e admiro, que tem respeito pelo meu trabalho. E obviamente, eu tenho respeito pelo trabalho deles. E poder dar uma experiência. Eu acho que… Talvez, o pop, né, o que é mais visto, são as coisas de experiência mesmo de sensação. Então, se meu disco ele dá a sensação, se a
minha letra dá experiência, eu tô fazendo um trabalho pop nessa era e tô aproveitando e me divertindo muito, assim. [Foquinha] Muito bom. [Liniker] Muito. [Foquinha] E eu quero falar tudo sobre Caju, quero destrinchar, quero fazer o FBI do Caju aqui. Eu quero saber, a gente sabe que começou ali na turnê de Indigo. Mas quero entender quando foi o momento que você falou: "Bom, temos aqui uma história, temos um álbum nascendo". Qual foi esse momento? [Liniker] Tem uma coisa de estar na estrada que chama hotel. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Quarto de hotel… Às vezes é uma tristeza
muito, muito grande. Por quê? Você tá ali numa plateia pra 10, 15, 20 mil pessoas. De repente, você tá num quarto com um ar-condicionado frio. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Gelado, é… Tendo que dormir pouco, porque daqui a pouco você tem outro voo ou pra voltar pra sua cidade, ou pra voar pra outro lugar. [Foquinha] Sozinha. [Liniker] Sozinha. Bate um… Eu tenho algumas amigas que a gente fala sobre essa sensação depressiva do pós-show. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Que dá uma coisa assim… Quase como se você ouvisse o… da plateia, sozinha. E eu comecei a pensar sobre esse momento,
assim. De me sentir triste, principalmente. Eu tava vivendo um momento brilhante da minha carreira. Eu tinha, enfim, conseguido… romper com uma relação de trabalhos de anos onde eu tava. E me colocar sozinha, sobre os meus passos, numa carreira solo. É… Tinha muito medo, obviamente, porque quando você já tá num lugar acolchoado, tá confortável. Então, tinha, obviamente, um medo de recomeçar a partir dali. E eu comecei a sentir que eu tava triste. Que eu tava com culpa, que eu tava me vendo… menosprezando algumas coisas que eu tava vivendo, por medo das pessoas acharem que eu tava
me achando. Ou porque eu tava… Sabe aquela coisa? Ai, subiu à cabeça. Ficou famosa, subiu à cabeça. [Foquinha] Estrela. [Liniker] Estrela. Então, eu comecei a me boicotar. E aí, nesse processo de boicote, muitas coisas aconteceram no meio disso. Uma foi eu mergulhar num lugar da minha análise que eu já vinha fazendo até então, há cinco anos. E mergulhar dentro de vários traumas que eu ainda não tinha conseguido.. Abrir a porta e entrar. É… Junto com isso, veio um processo espiritual também. Eu sou candomblecista, e aí veio um processo mesmo de mergulhar dentro da minha ancestralidade,
de entender tudo que vinha antes de mim, tudo que me fazia. Antes de existir esse corpo, essa pele. E comecei a questionar essa tristeza na análise. E a minha analista, que é a Anne, inclusive… Eu tinha dado um tempo, mas tô voltando na terça-feira, Anne! [ri] [Foquinha] Ah lá, Anne. Tá dito, hein? [ri] [Liniker] É muito doido, também, isso. Porque eu senti o momento de sair da terapia, da análise. E aí, com os últimos acontecimentos, não só dessa semana, mas já sentindo que já que isso me fez tão bem, eu não posso me afastar. E
que bom ter a condição de cuidar de saúde mental. [Foquinha] Com certeza. [Liniker] Poder me dar isso, seguir nesse plano, enfim. E aí, a Anne, teve um dia, durante essa análise… Que eu queria muito dirigir. Eu sempre tive um sonho de dirigir. Ninguém da minha família tinha carro, ninguém da minha família tinha carta. Minha mãe tem esse sonho, até hoje, de dirigir, mas tem medo. E eu acho que eu acabei ficando com um pouco desse medo geracional. Que vem, né, das famílias, dos traumas. Das inflexibilidades sociais mesmo, de você conseguir realizar alguns sonhos. E eu
tava falando pra Anne, "ai, Anne, eu já posso tirar minha carta". "Eu já posso comprar meu carro, por que eu tenho tanto medo de dirigir?" Aí ela olhou pra mim, e ela disse… "Você tem medo de dirigir um carro porque você tem medo de dirigir a sua vida?" E desligou a sessão. [Foquinha] Anne! Como você desliga a sessão nesse momento? [ri] [Liniker] Foquinha, isso me deixou injuriada! [Foquinha] Alugou um triplex. [Liniker] Assim, como assim? Logo eu? Independente. [Foquinha] Dona de mim. [Liniker] Solteira, dona de mim, tenho medo de dirigir a minha vida? Tenho medo do
meu desejo? Tenho medo da grandeza… Não da grandeza, nesse sentido do… Também. Mas medo de ser próspera? E aí, comecei a pensar sobre prosperidade. E a turnê do Indigo rolando, rolando, rolando. [Foquinha] Meu Deus. [Liniker] Shows e mais shows, entrevistas. Turnês internacionais, Lenny Kravitz no meu camarim, ganhando Grammy… Muitas coisas acontecendo. [Foquinha] E sua cabeça lá. [Liniker] Minha cabeça lá, assim, "eu tenho medo de dirigir minha vida?" [Foquinha] O Lenny Kravitz aqui, e você… [Liniker] I have afraid to drive my live? [Foquinha ri] [Liniker] Desse jeito. E aí… Comecei a escrever. Num exercício… Terapêutico, assim,
cartas pra mim. Cartas pra mim, muitos cadernos de processo. Eu sou uma compositora que eu escrevo num papel, né. Escrevo no tablet também, mas eu gosto muito da folha. Muito cartesiana. [Foquinha] Sim. [Liniker] Então, esses processos começaram a me discorrer, assim. E eu comecei a perceber que muitas coisas que eu tava escrevendo eu ainda não tinha vivido, mas eu queria muito viver. [Foquinha] Tipo o quê? [Liniker] Tipo… [Foquinha] Tipo dirigir. [Liniker] Tipo dirigir. Tipo me sentir amada, é… Ter alguém, um carinho que me visse e não tivesse medo da minha posição não só social, mas
da minha posição profissional, né. Porque o que eu ouço das pessoas, de algumas pessoas, que eu me relaciono, ou que eu me relacionei: "Você é linda, você é incrível, mas você é a Liniker". [Foquinha] É, então. [Liniker] Tipo, "não é você, sou eu". Tipo, "é que você tem fã". E porque eu tenho fã, porque eu tenho o trabalho que eu trabalho eu não tenho direito de ser amada, eu não tenho direito de ser respeitada. Eu não tenho direito de ser pega na mão, e andar, ir no cinema. Por que não? Logo eu, linda desse jeito.
[Foquinha] Claro, pô! [Liniker] E tantas das minhas, conversando com outras amigas, vendo que essa também era a realidade, e é a realidade de muitas mulheres, de muitas mulheres como eu. De muitas pessoas LGBTQIA+. Desse lugar de… "Você é muito pra mim, você é tudo, mas você é muito". Tanto é que na frase, em Tudo, eu falo: "Se eu for imensa pra você, eu sinto muito". Porque eu tava me vendo, Foquinha, quase no chão. Deitada, pra pessoa passar em cima de mim. E aí, começou… [Foquinha] Popstar fala muito sobre isso também. [Liniker] Acho que o motim
do disco tem muito sobre esse lugar, assim… "Cara, você é foda. Mas eu sou uma estrela!" Pra mim mesma, eu sou linda, eu sou bonita, eu sou cheirosa. Eu sou legal, eu mereço viver coisas que você tá me dizendo, na sua… Não deposite a sua insegurança em cima de mim. [Foquinha] Exato. [Liniker] Não faça isso. O mundo já me achincalha com racismo, com transfobia, com falta de espaço. Não venha, no afeto, que é o lugar onde eu tô mais transparente, pelada, literalmente, dizer que eu não mereço ser amada. Dizer que eu sou muito pra sua
autoestima, que pra você existir dentro da minha vida, talvez eu tenha que abaixar um pouco a minha bola. Eu não, a gente vai jogar lá em cima, se você cortar eu vou sacar. [Foquinha] Só que até você chegar aí, né… [Liniker] Até eu chegar aqui foi um caminho muito doido. Muito longo, né, muito violento. Mesmo eu estando onde eu tô, a violência é uma coisa muito presente na minha vida, né. Por tudo isso que eu tô trazendo aqui. E essas músicas começaram a acontecer, eu comecei a escrever nesses quartos de hotéis, depois nos aviões, depois
na minha casa. E aí, eu comecei a ver que eu já tinha muita música. Tanto é que o Caju é um disco de 14 faixas, mas tem muito mais escrito. 14 foi as que eu selecionei. [Foquinha] Meu Deus. [Liniker] Tem muita coisa. [Foquinha] Vai ter um deluxe? [ri] Não me olha assim, hein. [Liniker] Gente, eu tô, assim, na primeira semana. Pensa o que não tem ainda. [Foquinha] Acabou de sair, né? E eu assim: "cadê o deluxe?" [Liniker] "Tem disco novo, já?" Calma! Tem muita coisa, tem muita história ainda nesse roteiro. Mas eu comecei a ver
que eu já tinha o disco. E aí, o Feijuca é diretor musical da minha tur… Diretor musical da minha banda, do meu projeto. Pra além de produtor musical do meu disco, junto com o Gustavo. Eu comecei a falar: "Ju, eu já tenho um álbum novo". "Quero cantar, quero cantar coisa nova". "Amo Baby 95, amo Todas as Outras, mas assim… Tô com um negócio aqui chamado Veludo Marrom que eu preciso gravar. Preciso botar pra fora. Tô com um negócio aqui chamado Popstar que eu preciso botar pra fora". E aí, o Feijuca: "Calma, a gente vai terminar
a turnê em dezembro. Vamos organizar o nosso tempo". E eu já aqui no meu time: "Gente!" [Foquinha] Ansiosa. [Liniker] "Quero entrar no estúdio, quero entrar no estúdio!" É um bicho mesmo que dá, assim. [Foquinha] Sim. [Liniker] Vai te ganhando de um jeito, vai ganhando uma forma, um tamanho… Você fica assim, "gente, eu vou explodir". E é doido, porque você vai explodir, e ninguém pode ver essa explosão ainda. [Foquinha] Ninguém, você não pode compartilhar. [Liniker] É confidencial, é exclusivo. Então a gente começou… [Foquinha] Coitado do Feijuca. [ri] [Liniker] Aí eu falei "ó, então eu vou…" "Novembro…
outubro, final de outubro. A gente já vai estar ali rumando pro final da turnê de Indigo. Eu quero começar as pré-produções, vou mandar mensagem pro Gustavo". "Gu, vamos começar um disco, topa vir?" "Topo". Aí a gente teve uma primeira reunião na minha casa. Eu enchi de fruta, todo mundo descalço. Muito gostoso, voz e violão. [Foquinha] Que delícia. [Liniker] Computadores e o microfone ligado. E eu apresentando todas as músicas. Falei "eu tenho essas músicas, acho que é um álbum longo". Primeiro que eu queria ter um álbum duplo, já. Acho que já comecei entendendo que não ia
ser um disco curto. A princípio, Caju ia ter 18 faixas. Mas aí eu quis guardar algumas músicas pra outras… outras… [Foquinha] Hummm… [Liniker] Outros direcionamentos futuros. E aí, eu falei "é um álbum de 14 faixas, então". "E tem uma coisa especial nesse disco. Eu quero ter feats". Porque eu acho que nos últimos anos da minha carreira sou sempre eu sendo convidada pra muitos feats. Inclusive, amo todas as pessoas que eu já colaborei até hoje. Mas eu também queria ter essa sensação de contar uma história. [Foquinha] Sim. [Liniker] Com essas pessoas. Então, a gente se convenceu
de que seria um álbum de 14 faixas. Que teria feats, todas as letras autorais. Contando essa história de uma pessoa que era eu, mas não era. E que era uma quase uma sessão de análise, e que eu queria um disco que desse a sensação de um filme pra quem ouvisse. Aí o Gustavo falou: "Eu acho que quando você me diz isso, a gente também tá falando de textura. Se a gente tá falando de textura, talvez a gente poderia tentar gravar esse álbum analógico, na fita". [Foquinha] Muito bom. [Liniker] Eu falei "jura?" "Que nem gravava antigamente?"
Ele: "É". Inclusive, tem um estúdio, que é o Mosh, onde a gente gravou, que é o estúdio onde a gente fez a maioria de todos os álbuns que a gente já ouviu, assim, no Brasil, de música. [Foquinha] Nossa… [Liniker] Então, ok, vamos gravar o disco analógico. Aí o Feijuca falou: "E eu acho que a gente tem que trazer beat". "Você gosta de pop, você dança aí, você fica gravando seus vídeos dançando na sua casa, toda hora você tá me mostrando uma coisa". Eu ouço, tipo, rap, R&B, forró, pagode, música clássica… [Foquinha] Pop farofa… [Liniker] Eu
ouço tudo, eu sou uma pesquisadora apaixonada por música. "Já que você tá trazendo tudo isso, acho que a gente tem que somar a programação nisso". E aí, eu falei: "E pra além de trabalhar na programação, eu quero ter uma experiência vocal nesse disco, que eu não tive ainda. Eu quero ter uma pessoa que pense a minha voz em cada faixa, em cada sílaba, em cada palavra, pra que nada se perca nesse processo". E a gente chegou que teria um produtor vocal, que é o Paulo Zuckini, que trabalhou comigo nesse processo do disco. E aí, tava
montado a egrégora. E pra além disso, eu falei: "Eu quero dar, depois, pro público, depois de um tempo, a experiência de viver comigo um processo criativo, então eu quero fazer um documentário". E aí, a gente tá em processo de um documentário desde o… Das gravações do primeiro dia. E eu chamei uma documentarista que eu gosto muito, que é a Safira Moreira. [Foquinha] Que demais. [Liniker] É uma documentarista baiana, acabou de ganhar o Sundance. E eu falei: eu quero muito documentar isso de uma forma muito orgânica, muito natural, assim. [Foquinha] Assim como é o álbum, né.
[Liniker] Assim como é a vida. Os dias que eu não vou conseguir escrever e eu vou ficar puta, porque eu não vou conseguir realizar a minha ideia. Quando der a música, assim, quando der aquele estalo que o estúdio inteiro brilha e a gente chegando numa "ideiona". Eu quero poder viver um processo criativo feliz. E começa a nascer esse processo criativo. A gente começa a fazer a pré-produção, é… De outubro a dezembro de… Outubro a janeiro de 2024, outubro de 2023 a janeiro de 2024. Aí eu tirei um período off pra cuidar da minha espiritualidade. E
na volta disso, como o disco já tava totalmente decupado pela pré-produção, a gente seguiu gravando. Então assim, eu gravei o Caju de março de 2024 até junho. Então é recente. [Foquinha] Meu Deus, super recente. [Liniker] Só que tudo isso aconteceu porque houve um… Um organograma muito bem feito. Existia uma condução muito bem feita, da gente entender onde a gente queria chegar. Da gente saber quem eram as pessoas que a gente queria direcionar nos feats. Quem eram os produtores convidados que a gente queria trazer. E aí, lancei agora, dia 19 de agosto. [Foquinha] Mas calma que
você jogou, assim, do documentário. Eu não tava sabendo do documentário, você já tinha falado? [Liniker] Eu falei em algumas entrevistas… [Foquinha] Falou meio assim. [Liniker] Pra jornal, não falei ainda… Acho que aqui é a primeira vez, oficialmente. [Foquinha] Eu fiquei aqui… me pegou. Tá, então temos um documentário. Ainda tá rolando. [Liniker] Um documentário em processo. [Foquinha] Tá em processo, ainda tá rolando, porque tem muito de Caju pra rolar, né, acabou de começar. [Liniker] Eu quero documentar estrada, o primeiro show principalmente. [Foquinha] Tudo. [Liniker] É… E é muito bonito, assim, porque… Eu nunca imaginei, primeiro, ter
um documentário. E não um documentário sobre a minha vida, assim, tipo… [Foquinha] Sim. [Liniker] É um documentário sobre o meu processo específico, desse disco, dividindo com as pessoas e dando, assim… Esse disco que vocês estão ouvindo no fone, agora vocês vão poder ver como é que é feito. [Foquinha] Nossa, incrível. [Liniker] Como é dentro do estúdio. Eu queria deixar quem me ouve mais íntimo de mim. Que às vezes eu sinto que nesses anos todos de carreira e talvez por eu ter acessado um lugar da minha carreira tão… Impossível pra mim mesma, assim. De grandeza, de
chegar nos lugares, nuns patamares que eu nunca me imaginei. Eu sinto que as pessoas têm uma coisa, assim, comigo, meio… O endeusamento, uma coisa… Ah, meu Deus, a deusa. E que eu quero, nesse processo, nesse momento da minha vida, tipo… Sou deusa, porque sou bonita. [Foquinha] É, belíssima! [Liniker] Mas assim, é… Eu quero ser humana, sabe? Eu tenho 29 anos. Eu sou baladeira, eu sou pagodeira, eu gosto de beijar na boca. [Foquinha] Você é divertida, é fofoqueira. [Liniker] Sou fofoqueira! A gente vai fofocar no banheiro da porta da festa, lembra? [Foquinha] Sim, lembro, jamais esquecerei.
[Liniker] Aniversário da Marina Sena.' A gente: "ki-ki-ki, ki-ki-ki" … [Foquinha] Ka-ka-ka, ki-ki-ki. [Liniker] Então eu quero ser humanizada. Eu entendo, e eu agradeço esse lugar que meu trabalho me colocou. [Foquinha] Sim. [Liniker] Mas, ao mesmo tempo, eu não posso perder a delícia que é tomar um banho de mar no verão, eu não posso perder a delícia do que é estar viva. E acho que a Caju é justamente isso. A Caju é quem eu quero ser. Não só no holofote, mas longe do holofote. A Caju sou eu humanizada, eu pedindo pra ser humanizada. Eu pedindo pra
ser vista nesse lugar de CPF, quase. Gente, eu entendo seu amor, eu acolho seu amor. Eu agradeço minhas fanbases todas, agradeço meu público, Mas eu também sou gente, eu também tenho medo. Eu também tenho desejo, eu também tenho sonho. Eu também quero ser vista, eu também quero… Quero viver coisas, não é só porque eu sou a Liniker, dos meus grandes sucessos, que isso tem que me deixar num lugar numa geladeira fria, ou num lugar enclausurado, de crise de pânico que eu já vivi, com minha saúde mental abalada porque eu não posso mais ser quem eu
era. Então, que eu seja uma nova eu, mas que eu seja uma nova eu segura dos passos que eu tô dando. E sendo vista nesse lugar também. Então acho que esse disco, esse documentário, esse momento da minha vida tem a ver com estar presente. [Foquinha] E o Caju, hein? Como que ele veio? [Liniker] Caju, menina… [Foquinha] Aqui, ó. Tá um cheirinho de caju aqui. Que o caju tá aqui. [Liniker] Você sabe que na minha audição tinha cheiro de caju na sala, né? [Foquinha] Tinha caju? [Liniker] Não, a gente… Desenvolveu um cheiro de caju. [Foquinha] Quê?!
[Liniker] Uma fragrância de home spray. [riem] [Foquinha] Mentira. [Liniker] Juro, juro. [Foquinha] Vai vender essa fragrância? [Liniker] Vai vender essa fragrância. [Foquinha] Vai? Então, vai ter merchan? Porque assim, o mercha… Porque o povo tá doido no boné, na camiseta. [Liniker] Tô na 1? [Foquinha] Tá na 1, vai. A 1 é tua. [ri] [Liniker] Vou falar pra vocês, então. [Foquinha] Agora vai fazer o merchan. [Liniker] Nas últimas semanas, a quantidade de mensagem que eu tenho recebido me perguntando do boné, principalmente… Assim, eu perdi a conta. Então, quero dizer que a partir das próximas semanas vocês vão
receber os links nas minhas redes sociais anunciando a pré-venda do merchan, pelo menos o boné e a camiseta. E depois de todas as outras novidades, que eu não vou contar, mas assim… Se é o boné que vocês queriam, vai ter. Dei o meu recado. [Foquinha] Eu amei. Eu quero home spray, eu quero esse anel que tá no teu dedo aí. Eu quero, tudo que você lançar, eu vou querer. [Liniker] Esse anel, foi a Carol que me veste que trouxe. [Foquinha] Eu adorei. [Liniker] Mas eu falei pra você antes que acho que vou colocar na turnê.
Acho tudo, um anelzinho de caju. [Foquinha] Acho tudo! [Liniker] De repente você abre aqui, ó, e vira um batonzinho. [Foquinha] Ah, que nem o moranguinho. E tem gostinho de caju. Ai, que sonho. [Liniker] Imagina um gloss de caju? [Foquinha] Perfeito, eu acho que é isso. [Liniker] Um gloss de caju. Olha… Inclusive, marcas, vamos desenvolver um gloss de caju? [Foquinha] Alô, marcas. Eu quero muito! A gente aqui, ó, com nosso gloss… [Liniker] Cajumania! Cajumania! [Foquinha] Cajumania, é isso. [Liniker] Mas vai ter merchan, vai ter tudo que a gente puder. E aí… Você perguntava do… [Foquinha] Não,
do caju. Eu quero saber como ele veio, porque o caju é uma fruta brasileira. E é isso, o seu álbum, eu ouço, e eu acho que o que a gente se identifica também é porque ele é muito Brasil, tem um ritmo muito brasileiro, né. E foi aí que veio? Por que o caju? Qual foi o lance? [Liniker] Primeiro que assim, antes da personagem, de criar a personagem Caju, uma vez eu, nessas muitas festas que eu adoro ir, estava dançando, linda… Aí veio uma moça e falou assim: "Posso te falar uma coisa?" Eu: "pode". Ela falou
assim: "A sua boca parece um caju". [Foquinha] Mentira. [Liniker] Aí eu falei: "Minha boca parece um caju?" Eu falei "obrigada". Aí depois eu fiquei no espelho, assim, olhando… [Foquinha] Olhando no espelho, fazendo assim. Eu tô aqui olhando e comparando. [Liniker] Você acha? Mas talvez seja a textura, acho que é a textura. Eu tenho uma bocona, né, tenho uma boca… Aí comecei a pensar nessa boca de caju. Comecei a pensar, por que uma boca de caju? Aí comecei a pesquisar caju. Aí tô lá, pesquisar caju, a fruta brasileira mais exportada. Todas as propriedades que viram o
caju. Tudo que pode ser isso. E aí, comecei a pensar: "Tá, se eu fosse uma outra pessoa, Caju seria um bom nome pra um alterego". Aí comecei a montar uma história através dessa personagem. Quem ela era, quantos anos ela tinha, qual era o signo da Caju. E tudo isso, depois, foi desenvolvendo o processo do porquê eu lanço o disco no dia que eu lanço. Toda uma matemática. [Foquinha] Tem todo um sentido. [Liniker] Todo um sentido. Geralmente eu faço astrologia eletiva pra discos que eu faço. Então esse álbum, ele tem um mapa astral, ele tem uma
mesa radiônica feita, ele tem uma escolha de lua. Tem minhas mães de santo que me ajudaram, joguei búzios, tudo! Fiz tudo pra entender qual era o melhor dia pra estrear essa personagem pro mundo, como se a Caju virasse… [Foquinha] Já sabia que a gente ia ter essa lua que a gente teve? [surpresa] Safada! [Liniker] Sabia. [Foquinha] Porque essa lua, parecia até a capa do álbum. [Liniker] Sabia a hora que eu tinha que lançar o disco. Outras bruxarias que eu te conto no off. [Foquinha] Ok. [Liniker] Mas tudo isso foi pensado, porque eu acho que… Tem
uma frase de um disco da Solange, que é A Seat at the Table, que uma voz fala: "Do nothing without intention". "Do nothing without intention". E não fazer nada sem intenção, realmente, você coloca uma energia naquilo, você vibra, é um mantra. Tudo isso que eu escrevi sendo um mantra que eu fiz pra mim, hoje, sendo um mantra na boca das pessoas… Olha o tamanho dessa energia que você fica vibrando no universo. Eu acredito muito nisso. E aí, Caju nasceu por esse comentário da boca de caju. Por pesquisar todas as propriedades do caju, entendendo que essa
fruta brasileira é extremamente exportada pra fora. E que é uma fruta que tem aquela árvore em Natal, gigantesca. [Foquinha] Uhum. [Liniker] É… Que tem essa textura, que tem esse cheiro. E aí, lançando agora o disco, uma pessoa fez um comentário numa rede social que me pegou muito. Que ela disse: "o caju é uma fruta que amarra a boca mas amarrou meu coração". [Foquinha] Ai, sim. [Liniker] Aí eu falei: "gente…" Ela nem gosta de uma poesia, ela nem gosta de uma metáfora. Então, eu entendi que tudo isso tinha essa nacionalidade, assim. É assumir o Brasil, é
assumir esse sumo, é assumir esse suco. É assumir essa textura, é assumir essa boca, esse tamanho, essa personagem, é me colocar o mais presente possível. [Foquinha] Demais. [Liniker] Caju é isso. [Foquinha] Falando de Caju, a primeira faixa. Que é uma das minhas preferidas. É, ela… O álbum todo, ele tem muitas texturas, ele tem muitos sons, né, sons ambiente, é um álbum que eu sinto que tem muito movimento, né. E ele já começa com a voz ali, né, num aeroporto japonês e tal. E eu queria saber porquê que você decidiu fazer… Eu sei que foi criado
por IA, né. E eu queria saber essa simbologia, sabe? Por que começar com essa voz de aeroporto? Por que Japão? Sabe, me explica… [Liniker] Eu queria que as pessoas que ouvissem entendessem que a Caju, antes dela chegar no Brasil, ela tava num lugar muito longe. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Esse meu lugar de terapia. [Foquinha] Tá. [Liniker] E pra eu chegar onde eu cheguei, eu demorei horas de voo. A viagem do Japão pro Brasil são 24 horas. Então eu tive muito tempo de pensar em tudo que eu queria dizer. Quando eu visse a pessoa, quando eu chegasse
no aeroporto. E… E aí, essa aeromoça, naquele texto, ela anuncia, né: "Senhoras e senhores, bem-vindos a esse voo. Estamos em destino à cidade de Caju. Apertem seus cintos, ótimo voo". E aí, vem essa pergunta, né, tipo… Eu quero saber se você vai correr atrás de mim no aeroporto. Pedindo pra eu ficar, pra eu não voar. Você vai maneirar um pouco? Você vai pintar uma tela do meu corpo nu? Você já decorou quantas tatuagens eu tenho? Eu ligo pra cartoon? Eu rabisco os meus desenhos, quantos shows têm na minha agenda? Qual é o meu disco favorito?
Qual é o peso do meu coração? Aonde serão as férias? Qual o tamanho da demanda? No samba, eu sei que ela samba. E o que será que faz chorar? Será que você sabe que no fundo eu tenho medo de correr sozinha e de nunca alcançar? Eu me encho de esperança de algo novo que aconteça. Quem despetalar a rosa estará lá pro que aconteça? Nuns dias eu sou carente, completa, suficiente. E eu quero amor correspondente pra testemunhar quando eu alçar o voo mais bonito da minha vida. Quem vai me chamar de amor? De gostosa? De querida?
Quem vai me esperar em casa? Quem vai polir a joia rara? Quem vai ser o pseudo fruto? A pele do caju? Então, tudo isso, ela fala pra pessoa… [Foquinha] Essa hora a gente tá assim ouvindo o álbum. [Liniker] Tudo isso, a Caju fala pra pessoa antes de entrar no avião. Tipo, pensa aí. [Foquinha] Eu tô assim… A Liniker falou isso pra mim, e eu tô assim, "aceito". [Liniker] Você aceita correr atrás de mim? Eu correria atrás de você no aeroporto. [Foquinha] Eu vou a qualquer lugar, amor. Nossa senhora. [Liniker] Correremos então. E aí, ela deixa
essa baixa. "Pensa aí, eu vou pensar no meu voo". E aí, esse voo passa, ela chega no Brasil pega a mala, abre a porta ali de Congonhas e começa a tocar Tudo. [Foquinha] Aham, é perfeito. [Liniker] E ela pega um carro. E aí, o disco… Eu não posso falar muita coisa. [Foquinha] Como não? Como não? [Liniker] Tem muitas coisas que estão roteirizadas em outras coisas que vão vir. [Foquinha] Ah… Mas dá um cheirinho. [Liniker] O disco, ele se passa nesse dia de 24 horas. Aonde ela passa por muitos sentimentos. [Foquinha] Aham. [Liniker] Muitas sensações, é…
E é uma coisa também que o disco é dividido dentro do próprio disco. O ato I é: Caju, Tudo, Veludo Marrom. [Foquinha] Uhum. Até Ao Seu Lado. [Foquinha] É. [Liniker] Em Me Ajude a Salvar os Domingos é o ato II. Que é Caju encontra o sol. Tipo, já chorei, já falei tudo que eu queria. Agora eu vou viver. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Vem Me Ajude a Salvar os Domingos, Negona dos Olhos Terríveis, Papo de Edredom. Depois de Papo de Edredom… [Foquinha] Mayonga. [Liniker] Mayonga. Olha, você lembra a ordem! Mayonga, depois de Mayonga começa o ato III.
Que é a parte noturna desse sol interno, que não acaba. Então assim, o sol do disco, ele tá 24 horas. Quando tá escuro tem sol, quando tá de dia, tem sol. Tá de manhã, tem sol. Então essa história mesmo, que ela fez pensar lá, quem ia correr atrás dela no aeroporto, mas ela mesma foi pegar o carro dela em direção ao destino, que ela não sabe qual é. É a Anne falando pra mim, "você tem medo de dirigir sua própria vida?" Então eu pego um carro e vou dirigindo pelo Brasil inteiro, assim. Eu desço em
São Paulo, mas aí eu vou. Eu vou. [Foquinha] E você aprendeu a dirigir? [Liniker] Aprendi. [Foquinha] Aprendeu? É mesmo? [Liniker] Aprendi, aham. E dirijo bem, tá? [Foquinha] Dirige bem? Quero dar um rolê. [Liniker] Comprei carro… [Foquinha] Ó! [Liniker] Aham. Muito feliz. [Foquinha] Ó, deu uma virada. [Liniker] Dei uma virada. Por isso que eu acho que é importante voltar pra terapia, porque me mexeu isso. E mexe até hoje. Então, muito feliz. [Foquinha] Isso que você falou do sol e tudo, do dia, a noite, tal, me lembra a capa do álbum também. Até rolou toda uma discussão
no Twitter, você deve ter visto isso, né? Que o povo tava assim… "meu Deus, esse círculo não tá centralizado na caixa". Né, ali do disco e tal. Aí o designer do disco teve que falar… [Liniker] Jura que rolou isso? [Foquinha] Rolou! [Liniker] Não vi isso. [Foquinha] Gab falou no Twitter, explicou, falou, é… Como que era mesmo, gente? Peraí que eu tenho anotado o que ele falou, exato. Vou falar exatamente o que ele disse. Pois, né, o dono da obra, ele fala o seguinte: Que é sobre a rotação natural do sol, e uma hora ele volta
ao seu eixo. Então, a capa mostra o momento que ele tá movimentando. Isso é muito lindo. [Liniker] E foi muito lindo. Porque dentro dessa pesquisa com a direção criativa da capa, né, com o Gab e com os meninos… [Foquinha] Uhum. [Liniker] A gente entendeu que o sol não tem só uma cor. [Foquinha] Sim. [Liniker] Então, daqui a pouco vocês vão ter acesso ao material, que são as várias cores que o sol tem. E pra além disso, pros visuais que vão entrar daqui a pouco numa plataforma que a gente escuta música… [Foquinha] Tá. [Liniker] A gente
vai ver esse sol mudando de cor, e a gente colocou quase um trabalho mesmo de cromoterapia. De entender o que cada cor fazia sentir, fazia a pessoa sentir. Então… Eu não sabia que tinha rolado isso no Twitter. [Foquinha] Rolou! [Liniker] Mas nada foi à toa. Nada é à toa nesse disco, gente. Nada é à toa. [Foquinha] Inclusive, Tudo, você disse que foi inspirada num amor de três dias que você viveu na Irlanda. [ri] [Liniker] A gente pode trocar essa página? [Foquinha] É? [Liniker] Uhum. [Foquinha] Dane-se. Tá bom, já viveu. Mas inspirou Tudo. Mas uma coisa
de Tudo que eu achei bem interessante… [Liniker] Mas ao mesmo tempo, quero trocar essa página só com um adendo. No final das contas, as pessoas que eu escrevo músicas, é sempre pra mim o que vem de louro disso. Porque cansei de escrever música pra quem não merece. Eu cansei de escrever música… Não que aquilo precisa mudar a relação que a pessoa me trate. Mas no final das contas, é sobre mim, sabe? [Foquinha] Sim, com certeza. [Liniker] O maior tesouro disso sou eu. [Foquinha] Total, eu acho que o seu álbum, a gente sente… Eu sinto isso,
que é sobre amor próprio. [Liniker] É sobre amor próprio. Completamente. E ao mesmo tempo, pra além de ser amor próprio, é jogar pra esse amorzão… [Foquinha] Isso. Esse amor gostoso de viver. [Liniker] É, essa coisa, eu quero viver… [Foquinha] E é tudo, é tudo. Se não é tudo, não é nada! [Liniker] Se não é tudo, não é nada. E é doido, né. Porque as coisas, elas vão mudando. [Foquinha] Sim. [Liniker] Quando eu escrevi uma música, eu tava num lugar. Agora eu tô em outra, então é muito bonito ver isso, assim. Da ressignificação mesmo dos sons.
Obviamente, um tudão, de três dias, faz movimentar coisas. Mas agora eu acho que abre espaço pra outros interesses. Abre espaço pra quem te trata com prioridade. Abre espaço pra quem te trata com carinho, com surpresa, com novidade. [Foquinha] Mas pelo menos rendeu uma música, é sobre isso. [Liniker] É ótimo, tá aí, ó. Tá aí no Charts. [Foquinha] É isso, monetiza. [Liniker] Monetiza. [Foquinha] Mas uma coisa que eu brisei sobre Tudo é que em Indigo temos Antes de Tudo. [Liniker ri] [Foquinha] Agora, em Caju, temos Tudo. Vem aí Depois de Tudo? [Liniker] Gente, isso eu vi
no Twitter. [Foquinha ri] [Liniker] Não vem, eu acho. Eu acho que não. Foi uma coincidência, foi uma coincidência. Porque Antes de Tudo é uma das primeiras músicas, acho que a segunda música, eu já falei numa entrevista que era a primeira mas eu tava revendo meus arquivos, acho que é a segunda música que eu escrevi quando tinha 16 anos. E antes dela chamar Antes de Tudo, ela chamava Maré. [Foquinha] Ah! [Liniker] E aí, eu vi, refazendo a letra pra botar em Indigo, Borboleta Anil que fazia sentido Antes de Tudo, porque ela vinha antes de eu ser
a Liniker que as pessoas conheciam. E aí, Tudo… É Antes de Tudo. E Tudo é porque foi esse tudão. Tudo é porque eu quero viver esse amor que é tudo. Eu não tenho mais tempo pra viver amor raso. Eu não tenho mais tempo pra nadar em piscina rasa. Eu não tô nadando na beirinha do mar, eu quero ir no fundo, nadar com o peixe. Então acho que Tudo é esse tudo, é o completo, é o íntegro. É o mergulho profundo, é abundância mesmo. [Foquinha] E eu amei que vocês estavam ali, fazendo acontecer tudo no aeroporto,
você postou o vídeo… [Liniker] No aeroporto, esse vídeo com o Feijuca, gente. [Foquinha] Que uma mulher começou a falar "ah, não é lugar de música!" [Liniker] Estávamos voltando de Dublin, final da turnê, o ano passado. E aí, essa paixão tava fresca, assim, eu saí do quarto de hotel… com essa história, fui pro aeroporto assim. Chorando, totalmente… "Ai, meu Deus", essa coisa. E aí, o Feijuca me mostrou um beat que ele tava fazendo com o Navy. Falou "Li, olha esse beat". A gente tava no avião. Na van, eu botei, peguei meu caderno… Aí comecei. [cantando] Ouça
bem, antes da gente dizer tchau… Quando a gente chegou no aeroporto, eu falei "Feijuca!" [Foquinha] Meu Deus. [Liniker] "Eu tenho a música!" [Foquinha] A mulher é uma máquina. [Liniker] Ela é uma máquina. Aí ele falou: "Jura? Então bora gravar só uma ideia aqui no computador. Depois a gente começa a pré-produzir". Tudo foi o primeiro start. Do… do Caju. E aí, a gente ali no aeroporto, cantando, eu: [cantando] Deixa eu ficar na sua vida… Aí veio uma portuguesa falou: "Com licença…" "Sabem que a gente tá num local público, não podem falar assim, não podem gritar". Aí
eu falei "moça, desculpa". Só que assim, depois eu pensar… [Foquinha] Aí você fez "deixa…" [Liniker] Não. Se eu tivesse, assim, um pouco mais… puta, eu teria dado um textão nela. Mas é aquelas coisas que acontecem e só depois vem o… O texto, né, só depois vem o que você falaria. Mas aconteceu isso, e é bom ter isso registrado. Eu acho que a ideia do documentário já começa desde aí. Esse dia, eu tinha uma handcam, que eu comprei pra levar pra turnê da Europa. E a gente conseguiu captar esse momento 1, assim, tipo… Essa música que
depois virou o single. [Foquinha] Entendi. [Liniker] Muita coisa. [Foquinha] Muita coisa! Inclusive, muita coisa, temos o nosso Resta 1, né. A gente já tá aqui, ó… [Liniker] Olha, sempre quis jogar o Resta 1. [Foquinha] E sempre aparece seu nome, você sabe, né. [Liniker] Gente, ela é querida. [Foquinha] Ela é. Agora eu vou chamar aqui, ó, vinheta do Resta 1. Vem. ♪ Inclusive, agora que veio essa vinheta do Resta 1, antes da gente gravar, eu vou expor que a Liniker falou que vai fazer uma vinheta… Uma vinheta, não. Um jingle pro meu programa. [Liniker] Eu prometi.
Eu falei pra ela: "o seu programa já tem jingle?" Ela falou: "ainda não". Agora tem! [Foquinha] Para, a gente vai fazer… [Liniker] Eu vou produzir esse jingle. Vai ser uma honra. Seu programa tem que ter jingle. Você é chiquérrima. [Foquinha] Tem que ter. Tem que ter, tem que ter. [Liniker] Tem que ter, gente. E eu nunca fiz jingle pra TV, vai ser o primeiro. [Foquinha] Nossa, pelo amor de Deus, eu vou morrer. [Liniker] Bora. [Foquinha] Não, eu vou assim… Zerar a vida, depois eu posso me aposentar, more. Não, que eu preciso fazer programa pro jingle
acontecer. Senão não tem como. [Liniker] Tem que fazer, exato. [Foquinha] Vamos olhar, então… [Liniker] Eu posso olhar? [Foquinha] Pode. Quem está aí? Quer falar os nomes? [Liniker] Karol Conká, Priscila Senna, Manu Gavassi, Baco, Pabllo Vittar, Ludmilla, Anavitória, Milton Nascimento, Thiaguinho e Linn da Quebrada. [Foquinha] Gostasse? [Liniker] Amei muito. Só gente que eu amo muito. [Foquinha] Variados, variados. [Liniker] Variados. [Foquinha] E o Resta 1 é assim… [Liniker] E bem de amizade, né, gente? Quanta gente linda. [Foquinha] Pra ter história, que a gente gosta aqui de expor, né, você sabe. E pra quem não sabe o que
é o Resta 1, a gente tem 10 nomes e 10 situações hipotéticas inspiradas em músicas da Liniker, em coisas que ela vive aí, do mundão. E aí, você vai ter que escolher uma pessoa pra cada situação, não pode repetir os nomes. No final, vai sobrar uma pessoa pra uma situação, e dessa maneira a gente continua a nossa entrevista. Um jeito só de dar uma… Um molho. Então vamos lá, pode escolher aqui. [Liniker] Eu tiro ou você tira? [Foquinha] Tanto faz. A gente pode… Vai. [Liniker] Posso? [Foquinha] Vai. Aí vira e cola aqui, encaixadinho. "Faria uma
tatuagem junto". [Liniker] "Faria uma tatuagem junto". E se já existir a tatuagem junta, pode? Não, tem que ser quem eu não fiz ainda. [Foquinha] Depois você vai me contar qual é, mas uma nova. [Liniker] Eu faria uma tatuagem junta… Com a Vitória. [Foquinha] Tudo! Mas eu botei elas juntas pra escolher as duas juntas. [Liniker] As duas juntas, eu faria uma tatuagem com a Ana e com a Vitória. [Foquinha] Com as duas? O que seria? Vamos pegar… Vou pegar aqui, é um ímã. [Liniker] O que eu faria, gente? O que eu faria com a gente? [Foquinha]
Assim, o que vier na cabeça. [Liniker] Acho que eu tatuaria um cachorrinho. Um cachorrinho, porque tem o Manteiga. [Foquinha] Sim! [Liniker] Que é o cachorro de Ana, é… Vitória é tia de Manteiga, ao mesmo tempo é tia de Clau e Judite, minhas cachorras. Então acho que eu faria um cachorrinho. [Foquinha] Acho que seria tudo. Como que foi a escolha delas pra música, pro feat? [Liniker] A gente tem uma coisa bonita de trajetória. Que a gente meio que surge ali na internet na mesma safra, né. Foi uma página chamada Brasileiríssimos que lançou o vídeo delas, lançou
o meu um pouco depois, e a gente nunca tinha se encontrado. Tem a coisa delas serem de uma cidade do interior também, eu também ser do interior de São Paulo. E a gente começou a ficar amiga tem uns três anos, mais ou menos. E foi, assim, boom! [Foquinha] Uhum. [Liniker] Foi muito gostoso. Aí teve um dia que eu tava escrevendo uma música, que eu falei "é a cara delas". [Foquinha] Já era Ao Teu Lado. [Liniker] Já era Ao Teu Lado. E aí, primeiro, eu tinha mostrado pro Amaro, que já tinha feito ali um arranjo de
piano e me mandado, bem cru. [Foquinha] Me arrepia só de lembrar. [Liniker] É muito lindo. Aí falei "Ana, deixa eu te mandar um negócio". Mandei pra Vitória primeiro. Mandei pra Vitória a música cantando, e depois mandei pra Ana, pra gente começar a pensar a melodia. E aí nasceu Ao Seu Lado. E eu amei, assim, porque acho que tem uma coisa de admiração muito grande que eu tenho pela carreira delas. E da forma que elas escrevem, da forma que elas cantam. Isso também, desse público gigante, lindo que elas têm. Mas, ao mesmo tempo, a gente criou
uma amizade de se falar no telefone, assim. [Foquinha] Que legal. [Liniker] Gente que liga… "Tá de boa? Bora almoçar? Quer vir na minha casa?" "Te pego pra comer", é isso. [Foquinha] Gente, caiu alguma coisa ali no fundo. [Liniker] Muita emoção, gente. Mas confirmou, tá vendo? [Foquinha] Isso, confirmou. [Liniker] Confirmou. [Foquinha] Mas Ao Teu Lado é uma música que representa total o que a gente falou lá no começo, que é um álbum cinematográfico. [Liniker] Cinematográfico. [Foquinha] Essa música, a gente ouve e fala, é trilha de filme. [Liniker] O Henrique Albino, né, que fez o arranjo dessa
faixa pra Jazz Sinfônica, a Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo, que fez esse arranjo, eu falei pra ele: "Henrique, eu quero, assim, um filme japonês". Tipo, o Tigre e o Dragão, Memória de uma Gueixa, chinês lá de Mulan. Eu quero dar essa coisa quase de splash, assim, sabe, de… [respira fundo] O cinema inteiro fica branco, porque aconteceu uma cena. Aí ele criou esse arranjo. Aí veio a Jennifer Campbell, que é uma harpista que já tinha trabalho comigo em Índigo. E aí, tem harpa, tem orquestra, tem Amaro, tem as meninas, tem a banda, que vira um
pop rock ali no final. Então essa música é uma das minhas músicas preferidas do álbum. [Foquinha] Nossa, é linda, é lindíssima. Bom, vamos pro próximo. [Liniker] Pode ser esse. [Foquinha] Vou virar aqui pra você. "Chamaria pra tomar um rosé com licor de amora". [Liniker] "Chamaria pra tomar um rosé com licor de amora". A Priscila Senna. [Foquinha] Ai! [Liniker] Chamaria a Priscila Senna, porque eu acho que a gente… Se sem rosé a gente já foi pra Pote de Ouro, eu acho que a gente ia esculhambar tanto, assim. Iam vir tantas histórias, trocar tantas coisas. Provavelmente nasceria
um outro hitzão. [Foquinha] Vocês… Você falou que você ouviu muito Priscila Senna, né, ano passado. [Liniker] Primeiro que eu tenho uma relação muito grande com meu filho. É… Muitos amigos, muitas histórias. Trabalho com uma pessoa de Recife. Acho que Recife é sempre um lugar que tá muito vivo no meu coração. E eu descobri a Priscila uns dois anos atrás. Mas assim, ela é a musa, né. [Foquinha] Ela é. [Liniker] Ela é, assim, o grande acontecimento da cena musical de Recife, de Pernambuco. E ela foi minha artista mais ouvida no ano passado. Ouvia todos os vídeos,
todos os discos. Quando eu me apaixono por um artista novo, não é uma coisa assim, "ai, vou ouvir um single". Eu ouço a discografia, começo do zero até a última coisa lançada. Eu falei, gente, tem muito a ver com o que eu sinto. Tem muito a ver com o que é Pote de Ouro pra mim, o que é Pote de Ouro. É… Tinha uma localidade específica pra isso. Tinha Priscila Senna como essa grande musa de Recife. Eu falei "tem que ser ela". E assim… Ela é grandona. [Foquinha] É. [Liniker] Eu mandei uma mensagem assim, "ela
nunca vai visualizar" e tal. Eu falei "oi, Priscila, tudo bem? Meu nome é Liniker, eu sou cantora, sou compositora, não sei se você conhece meu trabalho, mas eu queria muito te convidar pra uma música, posso conversar com você?" Aí me mandou um áudio. "Mulher, eu te amo!" [Foquinha] Ai, que demais. [Liniker] "Eu adoro seu trabalho, eu adoro sua música, óbvio, me manda WhatsApp". Me passou o WhatsApp, aí eu já passei a letra, mandei cantando um pouco. Ela já mandou… [cantando] Eu não imaginava te ver de novo… Falei "bora gravar?" Ela: "quando você quiser". [Foquinha] Agora!
Você escreveu antes, né, mas quando você escreveu, você já sentia que ia ter essa pegada mesmo, arrocha e tal? Ou quando veio o nome dela que você falou: "Vamos com tudo nesse…" [Liniker] Então, quando eu escrevi essa música, ela era em espanhol. [Foquinha] Mentira! Vai ter que lançar, você sabe, né? [Liniker] Só que vai vir depois. [Foquinha] Ah, tá. [Liniker] Só que a versão… Aí eu falei "não, acho que não é em espanhol ainda". "Acho que eu quero deixar nesse lugar Brasil, e só vir ali no So Special, apontando uma seta pra um futuro que
eu não sei qual é. E aí… Eu falei: "se fosse em português, ela seria um arrocha". "Se for um arrocha, tem que ser com Priscila Senna". E aí, o Márcio Arantes, que produziu essa música junto com a gente trouxe esse beat, trouxe essa mistura de bachata, com pagodão baiano e com arrocha. Tem o Chibatinha do ÀTTØØXXÁ tocando guitarras. [Foquinha] Ai, que demais. [Liniker] Tem o Wilker, que era o trompetista da Marília Mendonça, que gravou aquele solo de Leão, sabe? [Foquinha] Nossa, sim! [Liniker cantarola] É a mesma pessoa que gravou… [cantarola] [Foquinha] Para! [Liniker] É a
mesma. [Foquinha] Só fica mais especial, gente. [Liniker] Só fica mais especial. São muitas camadas, muitas coisas disso tem no documentário. [Foquinha] Nossa, que demais. E eu amo que Pote de Ouro é mencionado em Popstar. E aí, ó… [Liniker] Você catou tudo. [Foquinha] Claro. [Liniker] Porque Pote de Ouro e Popstar é pra mesma pessoa. [Foquinha] Ahhh! Pô, sabia. Porque tem muito a ver. [Liniker] É. E aí, assim, eu começo em Popstar e concluo em Pote de Ouro, eu tinha muita coisa pra dizer. E aí, veio. [Foquinha] Muito bom. [Liniker] Você vai tirando as coisas, né? [Foquinha]
Ué… [Liniker] Você tem essa facilidade. [Foquinha] Eu tô só aqui, tô de boa. [Liniker] Você tem esse dom. Uma comunicadora, né. [Foquinha] Ela é, né. [Liniker] Ela é simpática, ela tem o brilho da estrela. [Foquinha ri] Bom… [Liniker] Esse. [Foquinha] Vamos. "Não ligaria pra pedir conselhos amorosos". [Liniker] Baco. [Foquinha ri] Nem pensou! [Liniker] Baco, não ligaria. [Foquinha] Mas por quê? [Liniker] Ah… [Foquinha ri] [Liniker] Eu acho que… Com o Baco, talvez, tenha que ser uma conversa mais pessoal do que pelo telefone, ele não é tão bom de WhatsApp. Talvez só por isso. Tinha que ser
pessoalmente. Baco, pode passar na minha casa? Quero saber o que você tá pensando, quero dividir uma coisa. E porque eu acho que assim, pra falar de conselho amoroso, das pessoas que estão aqui, talvez ele seja o mais distante, assim. [Foquinha] Total. [Liniker] Mas acho que com ele tem que ser pessoalmente. Eu falaria, assim, mas no on. Não no… [Foquinha] E o Baco tem essa coisa, um homem meio misterioso. [Liniker] Ele é, ele é… Ele é… Além de ser um homem belíssimo, né, belíssimo. Ele tem esse mistério, ele é poucas, ele é poucas. [Foquinha] Ele é
poucas, mas já teve histórias, assim, com ele? Tipo assim, momentos, rolês. [Liniker] Já tive momentos. Momentos, assim… Não já tive momentos com o Baco. [Foquinha] Aham. [Liniker] Já tive. A gente, sempre que se encontra em alguma festa também, fica falando um montão, fala da vida. Por isso que acho que com ele, de repente, seria melhor, ao invés de ligar, falar pessoalmente. [Foquinha] Tá legal, então vamos pro próximo. [Liniker] E a gente acabou de lançar uma música no disco dele, Fetiche, né, Pausa da Sua Tristeza. E eu adorei o convite também, acho que… [Foquinha] Lindíssima. [Liniker]
É muito legal colaborar, assim, com essas pessoas que eu admiro, que eu escuto, é uma faixa que eu amo do disco também. [Foquinha] Sim, legal. Próxima, pego aqui… "Chamaria pra salvar o meu domingo". Eu amo essa música, inclusive. [Liniker] "Chamaria pra salvar o meu domingo"? Chamaria a Pabllo pra salvar o meu domingo, porque… [imitando Pabllo] Toda vez que ela me liga, mãezinha… [imitando Pabllo] "O que você fazendo?" [Foquinha ri] [Liniker] E aí, eu chamaria ela pra salvar o meu domingo, porque acho que a Pabllo tem um sol muito lindo. [Foquinha] Sim. [Liniker] Ela tem… Uma
generosidade. A Pabllo é uma das pessoas mais generosas que eu conheço. Ela é muito sincera. [Foquinha] Uhum. [Liniker] É uma pessoa que toda vez que eu tenho tempo de encontrar, a gente se dá um tempo de qualidade juntas. Teve uma vez que a gente foi fazer um prêmio juntas e ela: [imitando Pabllo] "Mãezinha, tá fazendo o quê?" [Foquinha ri] [Liniker] Eu falei "ah, tô de boa ainda". [imitando Pabllo] "A senhora quer fazer uma sauna?" Aí a gente foi fazer sauna, ficou conversando na sauna. [Foquinha] Do nada, uma sauna. [Liniker] Piriri, piriri, piriri… É uma pessoa
muito generosa, que eu adoro conversar, que eu adoro falar com a Pabllo no off. Então, como domingo é esse dia que pra mim mais tedioso, é um dia que demora pra passar, é um dia que sempre você fica triste em alguma hora. Eu chamaria ela pra gente sempre ficar se instigando a fazer coisas e a rir, se divertir. [Foquinha] E a música é lindíssima, e… Gente, essa música… O instrumental dessa música… [Liniker] É chiquérrimo, né. [Foquinha] É chique, é chique. [Liniker] Primeiro que assim, essa música teve a Orquestra Jazz Sinfônica fazendo um pop disco ao
vivo, gravando, não é uma sampleada, é uma coisa orgânica, com uma orquestra gigante. É… Tem o que a gente gravou ali no estúdio, com todos os instrumentos. Ao vivo, percussões, guitarras, vários canais de baixo, vários canais de bateria. Lulu Santos gravando guitarra, tá? [Foquinha] Apenas, tá? [Liniker] Gravando guitarras. [Foquinha] Aham. Aquela guitarra swingada dele… [Liniker] Tanto é que quando a gente tava com as prés das músicas e que já tinha a voz do Lulu e da Pabllo, eu não contava com quem era o feat? Porque eu adorava ver a surpresa… "É o Lulu!" Eu adorava
ver isso. Então, tem isso. E aí, eu falei "essa música, ela precisa de um desfecho". Que ela música que é aquele mantra, né. [cantando] Então o tempo parou, começou… Ela precisava de um desfecho solar. Uma coisa disco, uma coisa, assim… Quase inalcançável de tão brilhante, eu falei "tem que ser". Eu falei "amiga, tem um coro, que na verdade não é um coro, é uma parte C muito especial no disco, você topa fazer?" Ela falou: "Mãezinha, tudo que a senhora quiser fazer". [Foquinha] Tô amando essa imitação. [Liniker] "Eu faço". E aí, ela topou e foi lindo.
[Foquinha] Lindo! A união dos dois na música, assim… [Liniker] E a gente sempre quis fazer um feat juntas. Então acho que abre aí a… [Foquinha] Abre a porteira. [Liniker] Abriu a porteira. Ih, agora, gente… [Foquinha] Agora… Agora, falando de Me Ajude a Salvar os Domingos, é outra que o instrumental, assim, é um negócio absurdo. Tem muitas nuances, que eu acho que esse álbum é isso, tem muitas nuances numa mesma música, assim. Então, é um reggaezinho, aquelas linhas de baixo são, assim, uma delícia. Tem o trem. [Liniker] Tem o trem, tem a risada. [Foquinha] A risada.
A risada, é sua risada? [Liniker] A risada é IA. [Foquinha] É IA? Ahh… [Liniker] A risada é IA. Mas tem um sample da… Sabe a Camila de Alexandre? [Foquinha] Hã… [Liniker] A Camila de Alexandre, uma amiga querida, cantora, maquiadora, é backing da Duda Beat. E a Camila adora música, e a gente troca várias figurinhas. A Camila tem… Tem uma playlist que eu amo ouvir. E a Camila ama reggae. [Foquinha] Eu já sei qual que é. Posso chutar? É Natiruts? Não. [Liniker] Não. [Foquinha] Ai, eu tava achando que era outra… Porque eu senti uma vibe, depois
eu falo. [Liniker] Não. Aí eu falei "Camila, tem uma parte da música que ela vai ficar por um instrumental gigante. Que é uma parte que eu queria fazer um dubzão pras pessoas dançarem. Me manda uns áudios aí, posso samplear seu áudio?" Aí ela falou "pode", aí ela mandou um: "Iiiiiiih"… Então tem esse… [Foquinha] Ah, entendi! [Liniker] No filtro. E aí, ela mandou um: "Esse é o dub da Lili". Não, "solta o dub da Lili". Então, tem "solta o dub da Lili". E o "ih" da Camila de Alexandre sampleado. [Foquinha] Maravilhoso! E essa banda que fica
tocando. E tem uma particularidade que eu amo falar dessa música que eu acho que eu ainda não falei em entrevista. Quando a gente tava gravando Me Ajude a Salvar os Domingos no estúdio a gente ia dar o play. Quando a gente ia dar o play, eu falei "gente, espera". "Essa música, ela tem uma coisa imersiva. O dub é a gente fechar o olho e dançar na caixa de som. Você deixar… Tudo aquilo ali que tá te instigando a te deixar pra fora. Eu quero que a gente grave no escuro". Então a gente apagou todas as
luzes do estúdio e gravou ela inteira no breu, inteira! Inteira, inteira. [Foquinha] Gente, agora eu só vou ouvir essa música pensando nisso. [Liniker] Escute no escuro e depois me conte. [Foquinha] Com certeza. [Liniker] Essa música foi gravada assim, sem nenhuma luz. Várias salas, né, a gente se vendo num estúdio bem grande, mas tudo apagado. [Foquinha] Que delícia, gente, o processo desse álbum, meu Deus! Tem o escurinho no documentário? [Liniker] Tem tudo, tudo que eu tô te falando aqui, vocês vão ver depois. [Foquinha] Tá bom, então tá. Vamos pra próxima. Quer ajuda? [Liniker] Não, eu pego.
[Foquinha] "Seria minha dupla em um reality". [Liniker] "Seria minha dupla em um reality". Hum… [Foquinha] Temos aí três participantes de reality. [ri] [Liniker] Eu iria com a Lud, sabe por quê? [Foquinha ri] [Liniker] Porque eu acho que a Ludmilla, ela tem uma coisa de saber fazer o agito. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Então tem aquela hora ali no reality que eu acho que todo mundo fica meio boring. Eu acho que a Ludmilla ia ser essa amiga. E tem uma coisa que eu construí com a Ludmilla. A gente se encontra de vez em quando. E é sempre assim,
muito, muito honesto e muito sincero. E a gente tem uma coisa de se comunicar com o olho, então a gente não fala muito, mas a gente sabe do que a gente tá falando. Então, num reality que tem um monte de câmera… [Foquinha] Nossa! [Liniker] Eu adoraria fazer só assim. E ela… Como quem diz "já catei". [Foquinha] "Já catei". [Liniker] E acho que a gente, enquanto pessoa preta, tem essa comunicação com a boca, com o bico. Ludmilla, sem dúvida, seria minha dupla num reality. [Foquinha] Muito bom. É uma coisa meio até de incontinência facial, né. [Liniker]
Eu tenho incontinência facial, total. Quando eu não gosto, a pessoa sabe. Quando eu quero muito, a pessoa sabe. Quando eu tô apaixonada, a pessoa sabe. Então, a minha cara é uma cara que fala. [Foquinha] E a Lud tem isso também. [Liniker] Totalmente. [Foquinha] Ela tem, total. [Liniker] Incontinência facial. Eu adoro aquele vídeo que ela tá em Copacabana, e a pessoa… Ela vê que a pessoa tá vindo e ela sai correndo. [ri] Você já vê na cara dela que… "Hum, alguma coisa aconteceu". E de repente, ela correndo e cantando. Então seria, sem dúvida. [Foquinha] Muito bom.
[Liniker] E é alguém que eu não tenho feat ainda. [Foquinha] Isso que eu ia falar, a gente clama! Inclusive, você já falou do Lud Session. [Liniker] Vamos subir essa hashtag? [Foquinha] Vamos subir essa hashtag. [Liniker] Lili no Lud Session. [Foquinha] Lili no Lud Session. [Liniker] Lud, eu sei que você tem uma… Assim, quem sou eu na fila do pão? Mas assim, eu estou esperando, mulher, então eu adoraria gravar esse Lud Session com você. [Foquinha] Meu sonho! [Liniker] Gente… Você tava lá, inclusive, agora, com a Iza, né? Como foi isso lá? [Foquinha] Um acontecimento. [Liniker] Que
lindas, né, gente? [Foquinha] Eu ficava arrepiada o tempo inteiro, sabe assim? Em ver as duas juntas. E junto com a Nala ali, presente. [Liniker] Junto com a Nala, gente, não vejo a hora de ver a cara dessa criança. Eu mando "amiga, e aí? Tá bem? Como é que você tá?" [Foquinha] Um acontecimento, né. [Liniker] Então, #LiliNoLudSession, gente. [Foquinha] #LiliNoLudSession. [Liniker] Subindo, hein. Subindo. [Foquinha] Bora, bora. Você participaria de um reality? [Liniker] Não. [Foquinha] Não, né? [Liniker] Não. Talvez eu seria jurada de reality. [Foquinha] Tudo. [Liniker] Seria, mas participar, não tenho… [Foquinha] Demais. [Liniker] Demais. [Foquinha]
Tá, vamos pro próximo. [Liniker] Mas de reality de música também, acho que eu seria jurada, mas… [Foquinha] "Escreveria uma música sobre". [Liniker] Eu escreveria uma… Eu escreveria uma música… Sobre o Milton. [Foquinha] Nossa, sim. [Liniker] Escreveria uma música sobre o Milton, porque eu acho que o que o Milton significa pra história do mundo… [Foquinha] Com certeza. [Liniker] É muito grande. E eu acho que enquanto compositora, enquanto pessoa preta, ele enquanto uma pessoa mais velha que eu, enquanto quase um vô, um pai, alguém que veio antes, me inspiraria, sem dúvida, a escrever algo. [Foquinha] E temos
um feat, né, lindíssimo, Lalange, eu amo. [Liniker] Acho que é uma das músicas mais tristes que eu já escrevi, das mais duras. E que eu precisava da voz dele, de orixá, de anjo, de ancestral, pra cobrir a gente com esse manto de cola, assim. [Foquinha] É isso. [Liniker] E o Milton foi a primeira pessoa que eu trabalhei na pandemia. Eu fiz uma live com ele e com a Xenia, em 2020 ainda, todos aqueles protocolos, viajamos de carro até a casa dele pra fazer. E… E foi nosso primeiro contato. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Eu lembro de ficar
muito, muito, muito emocionada. E desde então, o Milton só tem me proporcionado não só encontros com ele, mas coisas belíssimas, assim, tipo… Já passei uma tarde com a Lianne La Havas na casa do Milton. [Foquinha] Nossa! [Liniker] Fazendo música, tomando cerveja. [Foquinha] Aham, que demais. [Liniker] Muito gostoso. [Foquinha] Nossa, memórias. E como que é Milton, assim, no off? [ri] [Liniker] Milton é silencioso. [Foquinha] Uhum. [Liniker] E Milton tem uma coisa muito parecida com Elza. A Elza tinha uma coisa muito de se comunicar no silêncio. Eu acho o Milton muito observador, ao mesmo tempo ele tem
uma presença muito iluminada, assim, onde ele passa, sente um arrepio, você sente uma vibração diferente. Mas, ao mesmo tempo, generoso, assim, sempre te olha. Eu lembro que a primeira vez que eu cantei com ele, né, nessa live, ele me olhou, assim, no fundo do meu olho e falou: "Muito obrigado por me dar essa oportunidade de cantar com você. E aquele dia, acabou minha vida. Gente, se o Milton me disse isso… acabou. [Foquinha] Que lindo. [Liniker] Com certeza, escreveria uma música sobre ele. [Foquinha] Demais, seria uma linda poesia. [Liniker] Esse aqui, ó. [Foquinha] Ui… Vamos aqui.
"Não gostaria de sentar do lado em um voo de 15 horas". De 24h, Japão, já que… [Liniker] Como a gente tem muita intimidade e chega uma hora que a gente se enche o saco e a gente briga, eu não sentaria do lado da Lina num voo de 15 horas. Porque ela é minha irmã, né. [Foquinha] Sim, vocês já moraram juntas. [Liniker] Já moramos juntas, a gente tem muita intimidade. Então, tem ali umas coisas que uma faz e que a outra não gosta… [Foquinha] Tipo o quê? Explana aqui. [Liniker] A Lina é uma pessoa que me
zoa muito, só que ela me zoa até um lugar de eu pegar febre. Eu pegar ar, como dizem em Araraquara. Então eu acho que chega uma hora ali que eu fico bicuda. Que aí eu já não quero ficar perto, eu quero distância. Mas eu amo muito, enfim, é… Minha irmã, não é irmã de sangue, mas é como se fosse. Uma pessoa que eu amo muito. [Foquinha] Passaram por muitas coisas, né, muitos perrengues. [Liniker] Muitos perrengues mesmo, passamos fome juntas. Não tivemos dinheiro de pagar aluguel juntas. Dividimos 10 reais pra pegar metrô juntas, então assim, é
muita história. A Lina, de todas as minhas amigas, assim… Né, que hoje viraram amigas que são famosas, é a pessoa que mais me conhece quando eu não era nada. Quando eu era só o CPF mesmo, quando eu não tinha o CNPJ. Então, essa amizade eu valorizo muito. E por isso, eu não sentaria do lado dela num voo de 15 horas. Porque eu sei a nossa intimidade, onde chega a nossa intimidade. [Foquinha] Muito bom. Vocês ainda se falam muito? Como que é, assim, no dia-a-dia? [Liniker] Nos falamos. Lina tá passando aí por um processo de cuidado,
né, cuidando da cabeça dela, cuidando do processo dela de saúde. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Mas… Nos falamos sempre que podemos. [Foquinha] Sim. Muito bom, vamos lá. [Liniker] Aquela ali, a primeira. [Foquinha] Amo que você tá assim, ó… [Liniker] Quero ver, agora falta Karol, Manu e Thiaguinho. [Foquinha] "Faria meu próximo feat". [Liniker] Faria meu próximo feat com a Karol, que eu não tenho feat ainda! [Foquinha] Sim, verdade! [Foquinha] Eu amaria. Inclusive, eu assisti. [Foquinha ri] [Liniker] Quando ela veio aqui… [Foquinha] Chegou esse momento, gente. [Liniker ri] [Foquinha] Capaz! Filha da pu! [Liniker] Nossa, gente, a Karol… A
gente já se conhece há muito tempo, há muito tempo. E eu amo, porque a gente tem uma coisa de zoar juntas. [Foquinha] Sim. [Liniker] E ser debochada. Porque ela é muito debochada. [Foquinha] A gente viu, né. [Liniker] E eu, no off, sou muito debochada também. Então acho que os deboches se encontram. E a gente vai pra um lugar sem limite, assim. Então toda vez que a gente se encontra, a gente… As horas passam e a gente não vê, aquela "risadaiada". Fofoqueiras, contando os casos, contando de romance, contando de… Coisas no off, que a gente vê
no off. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Mas a gente sempre se diverte muito, a gente não tem feat ainda. E eu faria esse feat com ela, sem dúvida. Eu adoro o flow da Karol, adoro como ela escreve. Ela é, assim, nossa princesa do pop. [Foquinha] Ela é demais, ela é. Inclusive, falando do aniversário da Marina, eu lembro que eu vivi um momento com vocês duas juntas, e eu tava assim, no meio das duas, e vivendo essa coisa do deboche das duas, maravilhosas. Mas eu quero resgatar a história que ela contou aqui no Resta 1. Quem não viu,
sinto muito, porque é um grande momento, assistam depois a versão da Karol, tá? Porque agora a gente vai ter a versão da Liniker. [Liniker] Gente, você sabe que eu nunca falei disso… Assim, né, eu tô falando várias coisas que eu nunca falei hoje. [Foquinha] Ué, mas tá aqui pra isso. [Liniker] Tô aqui pra isso. [Foquinha] É. Mas eu quero que você conte essa história. [Liniker] A Karol me contou de uma história… [riem] Que ela teve com certo rapaz. Que na hora que eles estavam transando e que ele chegava no ápice do prazer, ele proferia palavras
de baixo calão pra ela. E ela começou a falar "o que é isso, moço?" E ele chamando ela… pode falar palavrão? [Foquinha] Filha da pu… pode. [Liniker] Filha da puta, filha da puta, filha da puta… Falei "amiga…" [Foquinha] Mas não era assim, desse jeito. Como que é? [Liniker] Filha da pu… [Foquinha ri] [Liniker] Falando desse jeito. E ela: "que isso?" "Filha da puta!" Aí eu falei "amiga, eu tenho uma história pra te contar que é semelhante". [Foquinha] É muito inacreditável. [Liniker] O rapaz não me proferiu uma palavra assim, mas ele teve um gestão bastante esquisito.
Estava com um cara também… E aí… [riem] Na hora que ele chegou no ápice ali do prazer dele… Ele começou a tremer assim, ó… Me olhar, e eu falei "meu Deus, ele vai virar o Hulk". Aí ele fez assim… [gritando] "Capaaaaaaaaz!" [riem] Foquinha de Deus. [Foquinha] Pelo amor de Deus! [Liniker] Eu fiquei até com tontura, de tanto que eu me tremi fazendo isso. Eu fiquei tão assustada. [Foquinha] Meu Deus! [Liniker] Eu fiquei assim… [Foquinha] Acabou tudo, né, você falou "gente do céu!" [Liniker] Eu paralisei, aí eu olhei pra cara dele, assim… Falei "eu tenho um
ensaio, você precisa ir embora". E aí, esse cara, eu precisei mandar ele embora da minha casa mesmo. [Foquinha] Eu não acredito. [Liniker] Eu fui pra cozinha, né, tentar entender o que aconteceu. Aí ele vem, assim, do corredor da casa que eu morava falando "olha na casa de quem que eu tô"… Filmando que estava na minha casa! [Foquinha] Não, não, não! [Liniker] Pra além disso, você ainda filmou que estava na minha casa. [Foquinha] Você tá de sacanagem. [Liniker] Fiz ele apagar, obviamente. [Foquinha] Obviamente, tá maluco? [Liniker] Falei assim: "Você vai pra sua casa e nunca mais
me procure". Bloqueado. [Foquinha] Gente, que absurdo. [Liniker] Assim, aí… [Foquinha] Porque a gente tá rindo aqui mas deve ter sido assustador. [Liniker] Assustador. Primeiro a pessoa gritar, tremendo, "capaz!" Assim, "capaaaaaz!" [Foquinha] Ele era do Sul? [Liniker] Não era, pior que não era. [Foquinha] É que é uma gíria do Sul. [Liniker] Não era do Sul. E aí, teve isso de gravar fazendo stories que tava lá. Cara, como você vai na casa da gata… Pelo amor de Deus, né? [Foquinha] É o auge, é o cúmulo. [Liniker] Não façam isso, é uó, tá? [ambas] É uó! [Liniker] Aí,
contei essa história pra Karol. E ela veio num beat… [cantarola] [cantando] Fia da pu… Capaz! [ambas cantas] Fia da pu… Capaz! [Liniker] E aí, toda vez que a gente se encontra, "oi, tudo bem?" "Fia da pu…" É o nosso oi. [Foquinha] Eu acho que já tem o feat, então, vocês podem gravar. [Liniker] Vamos samplear isso. [Foquinha] Pronto. [Liniker] Escrever sobre esses caras que se emocionam demais. E que perdem o controle. [Foquinha] Gente do céu. Tá vendo? O povo emocionado. [Liniker] Gente, eu nunca contei essa história, olha você, Fernanda… [Foquinha] Ué, gente. [Liniker] Olha você! [Foquinha]
Que isso? E deve ter muito mais história asism, né? [Liniker] Muito mais história. [Foquinha] Tem mais história assim, um perrengue, um… Com esses boys emocionados, uma história engraçada. [Liniker] Geralmente… Eu nunca fiz isso. Eu acho que eu sou mais emocionada com as pessoas que eu fico. [Foquinha] Aham, canceriana, né. [Liniker] Canceriana. Ela tá sempre disponível, o coração dela sempre… Mas eu acho que esse foi, assim, o ápice. Teve um cara, na verdade, que eu fiquei uma vez. E ele me acordou. De manhã, eu tenho um humor bem… Ruim. [Foquinha] Complicado. [Liniker] Não tenho muito humor
de manhã. [Foquinha] Uhum. [Liniker] E aí… É… Ele me acordou, assim: [cantando] Bom dia! O sol já nasceu… [Foquinha gargalha] [Liniker] Meu Deus. Eu precisei mandar ele embora, né. Eu inventei um outro ensaio. [Foquinha] Puta que pariu! [Liniker] Se eu inventei ensaio… [Foquinha] Isso que eu ia falar. [Liniker] Você já sabe que é pra você correr, meter o pé. [Foquinha ri] Não, mas, pô… [Liniker] Mas às vezes vai ter ensaio mesmo, óbvio, calma. [Foquinha] O sol já nasceu lá na fazendinha? [Liniker] Era assim: [cantando] Bom diaaa! Assim, parecia um filme… [Foquinha] Era cantor? [Liniker] Era.
[Foquinha] É conhecido? [Liniker] Não, não. [Foquinha] Tá. [Liniker] Mas canta. [ri] [Foquinha] Eu tô na fofoca, eu já tô na pose da fofoca. [Liniker] Eu fiquei com poucas pessoas famosas, eu não tenho essa experiência, não. Fiquei com um só. [Foquinha] E como que foi a experiência de ficar com uma pessoa famosa? Dois famosos… [Liniker] Então, o que eu fiquei, que teve mais assim, uma coisa… Tinha uma coisa do ego que não relaxava. E tipo assim, cara, eu também vivo aqui na minha realidade. Você também vive na sua. Desmonta um pouco. [Foquinha] Sim. [Liniker] E aí,
não deu muito certo não, mas… Foi só… Não foi nada, não foi romance. [Foquinha] Sim. [Liniker] Foi só rala. [Foquinha] Aham, tá. Muito bom, gente. Dei uma choradinha de rir aqui. [Liniker] Esse. [Foquinha] Esse, puxa aí. "Interpretaria em um filme sobre". [ri] [Liniker] Eu faria um papel no filme do Thiaguinho. [Foquinha] Do Thiaguinho. [Liniker] Porque o Thiaguinho também é uma pessoa do interior. Acho que eu faria, sei lá, a irmã do Thiaguinho, que inclusive, eu adoro ela, acho ela belíssima. Ou uma prima, eu adoraria. [Foquinha] Ai, tudo! [Liniker] Tudo, né? [Foquinha] E você… Inclusive, eu
quero falar sobre Febre. [Liniker] Vamos. [Foquinha] Porque eu amo o feat de vocês e quando veio Caju, tava lá Febre, eu fiz "epa…" "Opa". E aí, era a música. [Liniker] Uhum. [Foquinha] Só que sem o feat. [Liniker] Sim. [Foquinha] Como é que foi essa escolha do Febre pro Caju? [Liniker] Quando eu escrevi Febre, eu falei "tem que ser o Thiaguinho". Tem que ser ele, porque eu amo desde quando eu era criança e assisti o Fama. Minha família é uma família pagodeira. Todo mundo ama o Thiaguinho, eu amo o Thiaguinho, vou chamar ele. "Thiaguinho…" Mandei WhatsApp:
"Thiaguinho, tudo bem?" "Tem uma música do meu novo disco, chamada Febre. E eu só vejo você nela, posso te mandar?" "Pode". Mandei a música, ele amou. "Pô, que demais, vamos gravar. Eu amei, eu amei, eu amei". Passa um dia, ele manda uma mensagem assim: "Li, então… Tava aqui pensando, eu vou lançar um disco. Essa música tem muito a ver com o meu disco". [Foquinha] Nossa. [Liniker] "Você não quer gravar ela no meu disco e depois a gente entende como ela fica? Se eu gravo no seu, como a gente entende isso"… Eu gelei, porque primeiro que
era assim… Seria uma composição minha no disco do Thiaguinho. Cantada por nós dois, ele me convidando. Só que eu também já tinha esse projeto pro meu álbum. Com arranjo feito… [Foquinha] Sim. [Liniker] Aí eu pensei, pensei, pensei, pensei, pensei. Falei "eu topo, eu topo". "Mas vai ter uma versão diferente no meu disco, tudo bem?" "Tudo bem, quando você quiser me chamar pra cantar a gente faz". E aí, nasceu Febre. Tem a versão do Thiaguinho, ao vivo. Do disco Sorte dele, que inclusive, ouçam a minha versão e a versão dele também. E aí, veio a versão
de Caju. [Foquinha] Nossa, e as duas versões são lindas, incríveis, eu amo. E amo você cantando pagode. [Liniker] Eu amo cantar pagode também, eu sou pagodeira, né? Eu tava te falando antes que eu vou te levar no samba. [Foquinha] Sim, vamos. [Liniker] Vou te levar. [Foquinha] Enfim, amei. E tem o áudio no começo. Quero saber sobre esse áudio. [Liniker] Esse áudio é fake. [Foquinha] É fake? [Liniker] É fake. Ela é roteirista, né. [Foquinha] Eu já tava aqui, ó, imaginando. [Liniker] Mas eu realmente escrevi essa música num dia que eu tava com muita febre. Muita, muita,
muita febre. E eu acordei alucinando, assim. Aí só vinha… Aí eu consegui fazer o refrão. [Foquinha] Ah, entendi. [Liniker canta] "É puro meu amor e sincero, não tem lero-lero… Tô te dando a letra porque é você que eu quero. 24 horas do meu lado, você vai ver que eu sou mais do que magia. Muita coisa, pode crer, a gente pega fogo. Não existe mais roupa, 6 horas da manhã, a gente ouvindo Boka Loka. Se eu tô ligando a cobrar é porque eu tô com febre". E aí, veio esse áudio, de tipo… Mandar uma mensagem pra
alguém, tipo… Você sempre escroto, assim, sempre me dando balão. Sempre faltando comigo… E eu ainda sou mais safada por saber que você não chega junto. E tô aqui te escrevendo, mas hoje eu tô precisando, porque eu tô com febre. [Foquinha] Sim. [Liniker] Então foi mais um debochinho. [Foquinha] Aham. [Liniker] Mas é isso. [Foquinha] Eu queria esse WhatsApp seu, deve ter cada áudio. [Liniker] Tem muitos áudios. [Foquinha] Se vaza um negócio desse. [Liniker] Não, é babado. Tem conversa que eu até… Eu adoro ligar de vídeo, né. [Foquinha] Aham. [Liniker] Eu ligo muito por telefone. Mas… Eu
tenho áudios, assim, que se vazarem… Ui. [Foquinha] Ui! Vamos ver o que sobrou pra Manu? [Liniker] Inclusive com essa senhora aqui. [Foquinha] Então, eu não lembro mais, eu sempre boto a situação do WhatsApp. Vamos ver se é, que eu já… Eu acho que é, "conversa de WhatsApp que não pode vazar". [Liniker] Nossa, sim. [Foquinha] Conversas com a Manu não podem vazar? [Liniker] Não podem vazar conversas com a Manu. [Foquinha] Me conta, por quê? [Liniker] Primeiro que assim… Eu acho a Manu muito inteligente. [Foquinha] Sim. [Liniker] Pra além da gente, quando a gente se encontra, a
gente para o dia. A gente não pega no telefone, porque a gente tem muito pra trocar. Capricórnio e canceriana, complemento astral. [Foquinha] Totalmente. [Liniker] Então já tem uma coisa assim. Da gente ter muita ideia, da gente pensar em umas coisas parecidas. E a gente se tornou grandes amigas, assim, tipo… Grandes amigas mesmo, de só mandar mensagem, "tá tudo bem por aí?" E aí, às vezes a gente entra em alguns off-Broadways, assim. Porque se vaza, informações sigilosíssimas. [Foquinha] Meu Deus. [Liniker] Que não podem, de forma alguma… Vir ao mundo. [Foquinha] E tem fofoca também? [Liniker] Ah,
sempre, né? Eu adoro uma fofoca. [Foquinha] Eu adoro. [Liniker] Construtiva, obviamente. [Foquinha] Claro, uma fofoca do bem. [Liniker] Nenhuma fofoca que vá, né… Deixar alguém em risco. [Foquinha] Claro. [Liniker] Aquela fofoca de uma troca de informações saudáveis sobre a vida alheia. [Foquinha] Sim. [Liniker] Mas com a Manu, a gente fala de tudo, a gente fala… De negócios, porque ela é uma business woman. [Foquinha] Ela é. [Liniker] Eu também sou. Então a gente troca muito sobre o mercado, a gente troca sobre carreira. A gente troca muito sobre afeto. Eu conto das minhas paixões, ela conta das
coisas que ela já viveu. Porque agora é casadíssima, né, com o Júlio. [Foquinha] Sim. [Liniker] Mas… É uma confidente. Inclusive, hoje é… Quinta? [Foquinha] Quinta. [Liniker] Eu liguei pra Manu terça-feira. [Foquinha] Sério? [Liniker] A gente falou 1 hora por vídeo. [Foquinha] Ai, que delícia. [Liniker] Delicioso. [Foquinha] Que tudo, eu adoro a Manu. Ela é uma… ela é de verdade também. [Liniker] Ela é de verdade. [Foquinha] Porque eu acho que na indústria aí tem… Tem isso, né? Tem gente que não é de verdade. E a gente acaba, muitas vezes, se decepcionando. Muitas pessoas, a gente já
saca de cara, né. Mas tem essa decepção, e tem os que são de verdade. [Liniker] Sabe qual é a minha maior agonia? Esse povo da indústria, que a gente fala, que a pessoa não olha no seu olho. [Foquinha] Nossa, sim. [Liniker] E o não olhar no olho, não estar aqui, você fala… Gente… [Foquinha] Isso diz muito. [Liniker] "Então tá, bom te ver, até já". [Foquinha] Parece que a pessoa não tá nem te escutando. [Liniker] E aí, tem isso, Manu é uma amiga que olha no olho. Ela é papo reto, ela elogia quando tem que elogiar,
ela dá bronca quando tem que dar. Eu também dou minha opinião, dou bronca quando tem que dar. Elogio quando tem que elogiar. Mas a gente tem uma… Uma troca muito sincera, assim, é uma troca de amor mesmo. A gente virou amigona. [Foquinha] Que demais. [Liniker] Amigona. E é doido, né. Porque quando era moradora de Araraquara, adolescente, a Manu era garota Capricho, it girl, capa da Capricho. [Foquinha] Sim, e eu estava lá, estagiária, tá? [Liniker] Jura? Você viu tudo isso acontecer? [Foquinha] Aham, eu estava no momento que… "Vamos botar a Manu cantando no site da Capricho,
gente, as pessoas precisam ver". [Liniker] Então assim, pra mim, é quase encontrar a ídola da adolescência. E virar amiga, eu isso com a Tulipa, eu tenho isso com a Tássia. Com a Manu também, a gente tem uma diferença de idade. Mas acho que tinha isso, dessa projeção de eu ser uma menina de Araraquara vendo a menina de São Paulo, que virou it girl, cantora. E aí, hoje a gente é amiga e troca com muito respeito. [Foquinha] Demais. Agora, precisamos falar de uma música, que a gente não falou até agora a história dela, que assim, é
Veludo Marrom. Que já é uma das preferidas do povo. Me conta um pouco a história dela. [Liniker] Acho que Veludo Marrom, no meu top 3, ela é meu top 2. [Foquinha] Muito linda. Qual é o seu top 3? Do momento, porque eu sei que muda. [Liniker] Popstar. [Foquinha] Ai, sim. [Liniker] Porque Popstar eu tirei todo ranço que eu tava pra dentro, guardando. [Foquinha] Totalmente, aquela pessoa… [Liniker] Toma! Segura o que é seu. [Foquinha ri] Nossa, a pessoa deve estar assim, ó… Nossa, que dó. [Liniker] Depois eu te conto a quantidade de mensagens que eu tenho
recebido. "Você escreveu essa música pra mim?" [Foquinha] É sério? As pessoas estão te mandando mensagem? [Liniker] O ego é tanto, né, tipo… A… Sei lá, gente. [Foquinha] O ego. Tipo, "ela escreveu pra mim essa daí". [Liniker] A autoestima delirante é tanta, que as pessoas, elas têm a certeza de que eu passei meu tempo… Algumas eu passei, obviamente. [Foquinha] Aham. [Liniker] Escrevendo músicas pra elas, mas assim… [Foquinha] Tem uns que tão viajando? [Liniker] Tem. E aí, teve um que me mandou mensagem que eu falei: "Não, a sua é outra, não é essa". [riem] Mas… [Foquinha] Lute
pra saber qual é, né. Lute aí pra saber qual é. [Liniker] Ele até sabe, já sabia antes. Eu só falei "não, a sua é outra". É… Mas Veludo Marrom… Quer dizer, Popstar, meu número 1. Veludo Marrom e So Special. [Foquinha] Nossa, sim! [Liniker] Eu amo So Special. So Special, assim, eu me sinto muito… "Ai, gente! Quero abrir um drink agora". [Foquinha] E vamos ouvir Liniker na balada! [Liniker] Agora vai, gente. Tudo, tudo, vai tocar tudo. [Foquinha] Mas conta a história ] de Veludo Marrom. [Liniker] Veludo Marrom, é… Tem coisas que eu acho que eu vivi.
Só que depois, quando eu vou parar pra ver, eu não vivi isso ainda. Então, Veludo Marrom, hoje, pensando, ressignificando o motivo primeiro por qual eu tinha escrito a música, eu acho que eu escrevi Veludo Marrom por algo que talvez eu esteja vivendo, por algo que eu tô aproximando da minha vida, sabe, algo que eu psicografei pra viver agora, nesse momento de lançamento, de lua cheia, dessa semana tão doida. Então eu acho que Veludo Marrom, eu escrevi, talvez, pra uma paixão que se aproxima, pra um romance que se aproxima. Ou pro que eu acho que é
mais bonito. E a forma como eu gostaria de viver uma paixão, que é no denguinho aqui, e que de repente é épica! É coro, é assim… [Foquinha] Na metade da música, vem! [Liniker] Todas as vezes que eu escuto Veludo Marrom, eu choro. [Foquinha] Nossa, é emocionante mesmo. [Liniker] Porque acho que essa música, eu consegui alcançar um lugar tão sincero, tão honesto de dizer o que eu sinto, de falar pra pessoa… Talvez eu só queira ficar com você aqui, tipo… Desligar tudo, esquecer o mundo, ficar… Sequestrar, a gente se sequestrar pra viver uma paixão que não
acaba. Se você for embora, eu vou querer pegar um avião pra te ver. Acho que Veludo Marrom é a pessoa pela qual eu correria no aeroporto. [Foquinha] Sim. E eu acho que é tão poderoso esse álbum que você consegue colocar o significado de amor, e de desejo de um jeito não clichê, de um jeito fora do óbvio e de um jeito tão real. E você coloca em metáforas, de um jeito que é muito verdadeiro. [Liniker] Eu adoro metáfora, né, eu sou assim… [Foquinha] Você é a rainha da metáfora. [ri] [Liniker] Mas o Veludo Marrom é
esse colo, é esse abraço, essa pessoa que te bota pra ninar no peito dela, e que você também bota ela pra ninar no seu. Veludo Marrom é um romance quente, é aquela pessoa que ela te beija e você goza, já, de tanto que é bom, é a pessoa que te olha e você amolece. É a pessoa que te manda… Uma novidade, assim, só pergunta se você tá bem, você realmente fica bem. [Foquinha] Uhum. [Liniker] Então acho que eu tô… Joguei essa seta pro mundo, vamos ver se bate em algum coração. Tu não tá longe não,
sabia? [Foquinha] Não. [Liniker] Não dá pra evitar. [Foquinha] E a gente não falou de um feat, que é com a Mélly. [Liniker] Melly. [Foquinha] Melly, Melly. Eu nunca lembro o acento, onde vem. [Liniker] Melly. [Foquinha] Ela até tem o… Ela sempre fala onde é o acento e eu errei, mas tudo bem, Melly. Que ela é uma mina incrível, né, do R&B. E aí, revelação, né. Vocês têm uma música juntas dela, e agora ela tá no seu álbum. Me conta também um pouquinho. [Liniker] A mesma pessoa pra quem… Não. A pessoa que me perguntou se eu
tinha escrito Pote de Ouro pra ela, foi a pessoa que eu escrevi Popstar. [Foquinha] Aham. [Liniker] Quer dizer, foi a pessoa pra quem eu escrevi Papo de Edredom. E aí, eu tava em Salvador passando férias, que é um lugar que eu sempre tô, tenho construído uma relação com a cidade, tenho muitos amigos de lá, meu avô é de Casa Nova, na Bahia, então a Bahia tá na minha essência. Tô sempre lá. E aí, tava passando um verão em Salvador. Vivendo essa história que eu escrevi. Que depois ficou uó. [Foquinha ri] E aí, essa história é,
tipo, Papo de Edredom. Papo de Edredom é aquele romance… Que você sabe que não vai dar bom, mas que tem um lugar que é muito bom. [Foquinha] Sim. [Liniker] Que é o sexo. É o beijo na boca, que é a safadeza. Mas no dia-a-dia, a coisa não se sustenta. Então, tá tudo bem. A letra é, né… Posso… dá tempo? [Foquinha] Claro, dá! [Liniker] Pode ser do seu jeito, não ame confusão, por mim tá tudo perfeito, nós dois na contramão. Eu sei que eu tô no erro, mas é gostoso. Então eu acho que esse erro gostoso,
né, essa Simone Mendez aí que vem um pouco também, é essa história, que assim… Nem tudo que é bom brilha, mas tem uns brilhos que a gente quer repetir. E aí, eu tava em Salvador, conhecendo a Melly. Eu contei essa história pra ela, ela levou o violão. E a gente escreveu essa música. E tem um áudio lindo, da gente gravando essa música, que a gente fala, é… Tal dia a lua tá em tal lugar, a lua tá em tal signo. Papo de Edredom, Papo de Edredom, né. Parece até o começo de Preciso Dizer Que Te
Amo, do Cazuza daquele papo que começa, e a gente fazendo a música. E Melly também canceriana, como eu. [Foquinha] Ah, ela é canceriana. [Liniker] "Safofa" como eu. [Foquinha] "Safofa". [ri] [Liniker] Entendia o que eu tava sentindo. E a gente traduziu esse sentimento, esse erro gostoso, nessa canção. [Foquinha] Ficou perfeita. [Liniker] É esse R&Bzão, né. [Foquinha] R&Bzão. [Liniker cantarola] Eu amo essa música. [Foquinha] Eu amo também. [Liniker] E foi uma sessão linda. [Foquinha] É muito difícil falar a melhor, gente, são todas muito boas. [Liniker] Realmente, assim, eu tô muito feliz. Por esse disco, por todas realmente
serem muito, muito, muito verdadeiras. Acho que foi isso que levou as pessoas pra esse lugar de… Ah, de comer o disco, né, com fome desse Caju. [Foquinha] E acho que cada vez que a gente ouve é diferente. Acho que isso também que é muito gostoso, assim, sabe? E eu quero falar de turnê. Quando? Onde? [ri] [Liniker] Eu não posso falar ainda. O que eu posso falar é… A turnê começa esse ano. [Foquinha] Tá. [Liniker] Só. [Foquinha] Mas poxa… Tamo em agosto. Tamo em agosto? Tamo em agosto. [Liniker] Esse ano tem ano ainda. [Foquinha] Então, pô.
Ainda tem setembro, ainda tem outubro, ainda tem novembro, dezembro. É daqui a pouco, mas calma. [Foquinha] Você vai anunciar logo? [Liniker] Vou, vou. [Foquinha] Tá. [Liniker] E vai ser assim… [Foquinha] E vai ser uma coisa cinematográfica? [Liniker] Cinematográfica, com cenário. O que eu posso dizer da turnê é que é uma turnê longa. A turnê de Caju vai ser uma turnê de dois anos. Então assim, muitas… Muitas paisagens, muitos palcos, muitos festivais. Mas eu não posso te dizer, eu te digo ali. [Foquinha] Tá bom, no off. [Liniker] No off. [Foquinha] E o documentário? Tem previsão? [Liniker]
Não. [Foquinha] Também não. Vai esperar rolar, tem turnê, né. [Liniker] Gente, faz cinco dias que eu lancei o disco. [Foquinha] Eu sei, mas tamo ansioso! [Liniker] Calma, calma. [Foquinha] Vamos com calma, vamos com calma. Eu tô muito feliz, assim, eu acho que… Esse disco, de fato, ele trouxe essa alegria toda que eu tava dividindo, que eu queria, sabe. Acho que esses números… Hoje eu bati número 1 pela primeira vez. [palmas] Isso é muito grande, sabe? [Foquinha] Muito grande? [Liniker] Isso é muito… Eu sou independente, tô no corre desde 2015. É… São números, tudo bem, mas
assim… Isso é pra mim, também, uma seta das escolhas, uma seta das estratégias que eu tenho construído, uma seta da verdade desse trabalho, uma seta de entender o porquê que eu fiz um disco tão longo. Porquê que eu precisava de tanto tempo. Então assim, que bom, que bom chegar nesse lugar e ao mesmo tempo, que bom ter fã, sabe? Eu quero mandar um beijo, inclusive, pros meus fã clubes, né, que são alguns. [Foquinha] Sim. [Liniker] Muito obrigada por todo suporte que vocês me dão. Muito obrigada por me perceberem, por me acolherem, por… Me darem tanto
amor, assim, é muito… É um amor muito generoso, sabe? E a todas as pessoas que me escutam, assim. Porque fico muito feliz que meu som, por mais que eu seja uma artista LGBTQIA+, por mais que eu seja uma artista trans, eu tenho público criança, eu tenho público mais velho, eu tenho público infantil, eu tenho público adulto. Eu tenho público hétero, eu tenho público cis, eu tenho até público de direita. [Foquinha] Ó. [Liniker] Então assim, é muito doido o que a música pode causar. Então eu sou muito grata… [Foquinha] Esse é o poder da música. [Liniker]
Pela música me fazer porosa mesmo. Pra me traduzir de um jeito tão bonito e tão honesto. [Foquinha] E a gente tem a agradecer pelo seu talento, por você existir aqui na nossa música brasileira. A gente é muito sortudo, de verdade. Esse álbum é uma joia, como eu já falei pra você antes. É uma joia, e é isso, sou apaixonada. Obrigada pela sua presença. [Liniker] Eu que agradeço. Que honra, eu que assim… [Foquinha] Honra demais. [Liniker] Aconteceu no tempo que tinha que acontecer. E das coisas mais bonitas, acho que é das vezes que eu dei entrevista
mais à vontade. [Foquinha] Ai, fico muito feliz. [Liniker] Muito obrigada por me perceber. Obrigada por me acolher também, eu te adoro. Eu vou mesmo fazer seu jingle, não é… Promessa da boca pra fora. [Foquinha] Eu quero. [Liniker] Vamos conversar sobre isso. [Foquinha] Obrigada, obrigada mesmo. [Liniker] Obrigada pelo espaço. [Foquinha] Obrigada por compartilhar. [Liniker] Imagina, obrigada. [Foquinha] E, gente, foi isso. Semana que vem tem mais. Quem vai estar aqui comigo? Uma artista internacional, Jade. Então vocês não podem perder, até a próxima. [Liniker] Tchau! [Foquinha] Agora a gente vai fofocar no off. ♪