Olá, pessoas! Eu sou Natasha Hennemann, este é o Redemunhando, sejam bem-vindos. E esse vídeo que você vai assistir agora é um corte de um vídeo maior de leituras do mês.
Nos vídeos de leituras do mês, eu faço comentários sobre os livros que eu li, mas nem sempre dá tempo de eu transformar aquele comentário em resenha. Então eu resolvi fazer esses cortes para que as pessoas que estejam procurando alguma referência sobre esse livro consigam encontrar com mais facilidade aqui no mecanismo de busca do YouTube. Então agradeço a você por estar assistindo ao corte.
Se quiser assistir ao vídeo completo de leituras do mês, eu vou deixar o link no box de descrição. E já vou pedir aqui para você deixar um joinha, se inscrever no canal caso ainda não seja inscrito, e se lembrar de usar o meu link de afiliado na Amazon, que sempre fica também no box de descrição, caso você queira adquirir esse livro ou qualquer livro ou qualquer produto pela Amazon. Comprando por esse link, você não paga nada mais por isso e eu recebo uma pequena comissão pela venda.
Então obrigada pela companhia, e vamos ao vídeo. Vamos então aos livros. Eu quero começar mostrando para vocês esse que foi uma.
. . uma surpresa para mim: o livro "A terra dos mil povos", de Kaká Werá Jekupé "História indígena do Brasil contada por um índio", da editora Peirópolis.
O autor, Kaká Werá Jekupé, nasceu em São Paulo, foi iniciado na cultura guarani, mas também é descendente de outras etnias indígenas e ele se apresenta como "txucarramãe", um guerreiro sem armas, é isso que significa essa palavra. Espero que eu tenha falado certo. E ele começa esse livro esclarecendo "O que é índio" e destacando as diversas nações, as diversas línguas que existem entre os povos indígenas brasileiros, mas também apontando alguns aspectos em comum que existem entre esses povos.
Então, por exemplo, esse grande respeito à ancestralidade e ao conhecimento passado de geração em geração, essa reverência e celebração dos ancestrais. . .
também ao fato de que praticamente todas elas têm uma. . .
ou desenvolvem a sua cultura a partir de uma conexão muito íntima com a natureza. E depois dessa apresentação no livro O Kaká Werá Jekupé mergulha numa grande mistura de gêneros literários. E eu descobri isso, assim, recentemente.
. . eu sei que para muita gente pode até parecer meio óbvio.
. . mas há pouco tempo foi que eu realmente entendi.
. . ou melhor, consegui organizar na minha cabeça essa coisa de que os livros escritos por pessoas indígenas raramente se encaixam em um gênero literário só.
Em muitas obras de literatura indígena é difícil a gente conseguir identificar ou reduzir o livro a um único gênero. E é o caso aqui: então tem elementos de memória pessoal, memória coletiva, tem relato pessoal do autor, tem cosmologia de alguns povos. .
. tipo essas narrativas míticas. .
. não é poesia, mas tem aspectos poéticos aqui de vez em quando. Traz diversos aspectos da História e da Filosofia de alguns povos indígenas.
Ele se debruça sobre aspectos arqueológicos, cosmológicos, linguísticos. . .
e olha só o projeto gráfico, que bacana. Ele também sempre tem. .
. ele tem várias subdivisões. .
. e ele sempre traz esses desenhos, que são grafismos, né. Olha só que bonito.
E é claro que esse livro me causou um certo estranhamento -- no melhor sentido possível -- porque quando eu penso sobre uma História dos povos indígenas, eu fui habituada, eu fui acostumada, a pensar numa História nos moldes acadêmicos, nos moldes universitários brasileiros, que seguem ali uma linha "ocidental", mais técnica. É assim que eu espero que se faça historiografia. E esse livro, como eu disse, ele foge desses padrões.
E tudo bem. Na verdade, eu não esperava que esse livro fosse uma historiografia acadêmica. Mas, ainda assim, me causou esse susto, porque o texto não é linear.
O Descartes chora, né? Ele é um tanto quanto labiríntico, um pouco circular às vezes. .
. eu acho que tem um pouco a ver com a maneira de pensar desses povos indígenas. Tem muitos elementos espirituais, "mitológicos", com os quais eu não estou acostumada.
E, por isso, eu sinto que eu fiz só uma primeira leitura, uma leitura inspecional. Li de uma forma geral, fiz anotações, fiz marcações, sublinhei tudo. .
. mas eu sinto que, para eu realmente compreender o que tá dito aqui. .
. ou pelo menos uma parte do que está dito aqui. .
. eu preciso fazer pelo menos mais uma releitura. Mas provavelmente mais de uma.
Mesmo assim, achei muito bacana a experiência de leitura desse livro. A parte que ele vai falando sobre Arqueologia é sensacional. Ele explica conceitos e processos básicos dessa ciência, que é Arqueologia.
. . ele vai mostrando de uma maneira muito palpável, muito prática, a diversidade dos povos indígenas que habitavam o Brasil desde milhares de anos atrás até hoje, cada um em uma localização diferente, com tecnologias diferentes uma da outra, múltiplas características físicas, econômicas, enfim.
Isso foi uma das coisas que eu mais gostei nesse livro, porque a gente consegue realmente visualizar de um jeito concreto essa diversidade. Muitas vezes nós falamos na diversidade indígena de um jeito mais abstrato, né? De um jeito generalizante também.
E aqui, o Kaká Jecupé vai falando: "ó, esse povo, que habitava tal região, se organizava desse, desse, desse jeito. E esse outro povo, que habitava essa outra região, se organizava desse outro jeito". Então, assim, eu recomendo muito para quem é professora, para quem é professor, de História, de Filosofia, de Literatura, de Língua Portuguesa de um modo geral.
. . ele fala muito sobre as línguas indígenas aqui.
Então acho que é um livro riquíssimo para quem quer olhar a História por um outro prisma, por um uma outra. . .
um outro ponto de vista, que é um ponto de vista não europeu. E, além disso, uma nova maneira de escrever História, que não é a história. .
. a historiografia acadêmica, com a qual quem se formou História tá mais acostumado. Em em segundo lugar, porque é um material riquíssimo para a sala de aula.
Eu sei que a maioria dos professores no Brasil não tem muito acesso a material sobre isso, não conhece os povos indígenas. E, como eu disse, aqui ele traz exemplos muito concretos e de forma multifacetada. E, além disso, aqui, o Kaká constrói uma linha do tempo, né, uma cronologia, na verdade, ano a ano, desde 1500, destacando alguns acontecimentos que o autor considera principais na História dos povos indígenas no Brasil.
E também, no final do livro, tem uma lista com pequenas biografias sobre alguns dos principais líderes indígenas brasileiros. Estão aqui, por exemplo, Ailton Krenak, Mário Juruna, Raoni, Álvaro Tukano, Sônia Guajajara, Joenia Wapichana, e assim por diante. Então recomendo demais esse livro, ele é muito diferente.
E ele exige da gente uma abertura na hora de ler. Mas vale muito a pena. Espero que vocês tenham gostado.
E, de novo, não esquece de deixar um joinha para mim, que me ajuda muito. A gente se vê no próximo vídeo. Um beijão, tchau.