Todo mundo já ouviu falar dos mexicanos que vão pros Estados Unidos, mas quase ninguém fala do movimento oposto — dos americanos indo pro México — e dos problemas que isso vem trazendo. Com a pior inflação em 40 anos e o custo de vida disparando nos EUA, cada vez mais americanos estão cruzando a fronteira ao sul. Só entre janeiro de 2022 e fevereiro de 2023, cerca de 75 mil americanos entraram no país, um aumento de 85%.
Estima-se que cerca de 1,6 milhão de americanos vivam no México hoje, e a razão disso é simples: a proximidade com os EUA, o custo de vida mais barato e a chance de trabalhar remotamente. Mas aí é que está o ponto: a maioria deles só quer isso. Não se preocupam em aprender o espanhol ou se integrar à cultura local.
Trabalhando remotamente e ganhando em dólar, eles acabam aumentando a renda média das cidades onde vivem, o que transforma não só a economia, mas também a cultura dessas regiões. E enquanto os bairros se ajustam pra receber essa onda de americanos, muitos mexicanos estão sendo expulsos de suas próprias comunidades. Agora, além do custo de vida, o que mais está empurrando tanto americano pro México?
E, o mais importante: quais são os impactos sociais e culturais que isso tá causando por lá? Para os americanos instalados no México, principalmente os nômades digitais, os maiores motivos para sua mudança são a natureza mexicana, com suas belas praias, internet confiável e fácil acesso a serviços como Amazon, Walmart e Sam's Club; e as opções de visto no México que facilitam estadias prolongadas. Mas a maior razão da mudança é o custo de vida.
Com o impacto global causado pelo fim da pandemia, os Estados Unidos viram os preços dos produtos subirem 7,5% de um ano para o outro; somente o valor da moradia aumentou 4,4%. Segundo o Ranking anual do Numbeo, 6, das 10 cidades mais caras do mundo pra se viver estão nos EUA. Por conta desse cenário, o custo de vida em cidades como Nova York e São Francisco se tornaram inacessíveis até mesmo para muitos americanos.
Em 2024, em Nova York, o aluguel médio de um estúdio chegou a US$ 3. 146, enquanto um apartamento de um quarto atingiu US$ 4. 500, um aumento de 12,8% em comparação a 2023.
Em São Francisco, o valor médio de um aluguel foi de US$ 3. 160 por um quarto e US$ 4. 220 por dois quartos.
Enquanto isso, a Cidade do México, o destino mais procurado por americanos, é uma das capitais mais baratas da América Latina. “Eles se mudam para cá porque é barato, não porque realmente querem participar da cultura local ou porque se interessam pelo México”, explica o professor Fernando Bustos, da Universidade Anahuac, à CNN. Já Erik Rodrigues, americano e atualmente residente na Cidade do México, explicou: “Em San Diego, meu apartamento custava US$ 2.
500, e era um estúdio. Aqui, tenho um apartamento de um quarto por US$ 800. ” Com o fim da pandemia, os problemas econômicos nos EUA se agravaram.
A cadeia de suprimentos foi sobrecarregada em todo o mundo, resultando na falta de produtos e, consequentemente, no aumento dos preços. Tudo porque, justamente naquele momento, os EUA enfrentavam dificuldades devido à lentidão do crescimento da força de trabalho, quando esse era um fator crucial para a retomada do ritmo econômico anterior à pandemia. Além disso, o valor da habitação disparava, tornando quase impossível viver nas metrópoles.
“A pandemia acabou com as cotações, os preços subiram, e há muitas pessoas desabrigadas em Nova York, por exemplo, porque não podem mais pagar os aluguéis altíssimos. ” Como nos EUA trabalhar remotamente não é uma novidade que surgiu com a pandemia, várias pessoas conseguem se mudar do país e fugir do alto custo de vida, enquanto continuam trabalhando para as mesmas empresas e recebendo em dólar. Esse fenômeno se intensificou após a pandemia e é conhecido como nomadismo digital.
Apesar de ser uma tendência que tem levado trabalhadores remotos a residirem em toda a América Latina, no México ela é particularmente mais forte por conta de sua localização. A maioria dessas pessoas entra no México com visto de turista, permanece por seis meses e, posteriormente, adquire o visto de nômade digital. O número de estrangeiros com visto temporário no México em 2020 era de 35 mil; em 2022, pulou para 59 mil.
A capital, Cidade do México, que recebe a maioria dos migrantes americanos, combina modernidade com centros financeiros e qualidade de vida em meio à natureza. Além disso, o país apresenta uma gastronomia rica, comunidades vibrantes e diversificadas, e a hospitalidade local, que atraem muitos americanos. Mas onde estão, afinal, esses americanos que escolheram seguir o caminho contrário ao que muitos consideram lógico?
De janeiro a outubro de 2022, mais de 9. 500 autorizações de residência temporária foram emitidas para americanos na Cidade do México. A capital mexicana é a favorita entre os imigrantes dos Estados Unidos, por combinar a rica cultura local com a modernidade.
Com paisagens urbanas exuberantes, experiências gastronômicas incríveis e espaços de coworking, bairros como Condessa e Roma se tornaram populares entre os estrangeiros. Hoje, é comum ouvir pessoas falando inglês por lá. Segundo a comunidade de nômades digitais do NomadList, a Cidade do México é a sexta cidade mais popular do mundo para trabalhadores remotos.
A capital tem uma avaliação de 94%, com destaque para a qualidade de vida, baixo custo de vida e opções de lazer. No entanto, os pontos negativos incluem segurança, racismo e a dificuldade com o inglês. Desde 2022, o governo da Cidade do México tem uma parceria com o Airbnb e a Unesco para transformar a cidade em um centro global para trabalhadores remotos e na capital do turismo criativo.
Mas além da Cidade do México, outras cidades também estão chamando a atenção dos novos residentes, como Playa del Carmen, uma cidade litorânea que, além das praias paradisíacas, se destaca pela influência cosmopolita e sua comunidade multicultural. É o destino preferido de quem busca um estilo de vida mais relaxado. Já na fronteira, Tijuana é popular entre os expatriados que querem estar o mais próximo possível dos Estados Unidos, facilitando viagens de ida e volta.
Alguns americanos até cruzam a fronteira todos os dias para trabalhar em San Diego, retornando à noite para o lado mexicano. “Uma das principais razões é o custo de vida em Tijuana. É significativamente mais barato do que na Califórnia”, diz um dos imigrantes.
“Em San Diego, eu pagava US$ 1. 275 por mês em um estúdio. Aqui, é metade disso”, explica outro.
Segundo o Conselho Estadual de Profissionais Imobiliários de Baja Califórnia, os americanos representam 80% dos compradores de imóveis em Tijuana. Guadalajara, por sua vez, atrai muitos jovens. A cidade está se consolidando como um polo tecnológico emergente, combinando tradição cultural com novas oportunidades de trabalho e uma vida agitada.
Já Merida é a preferida dos aposentados americanos. Além de ter um aeroporto próprio, a cidade é popular por sua tranquilidade, acessibilidade, segurança e serviços sociais de qualidade, além de oferecer uma rica herança cultural. Com tanta gente chegando, as cidades estão crescendo muito, especialmente os setores imobiliário, de turismo e tecnologia.
Em Tijuana, a venda de condomínios na costa e no centro da cidade chegou a ser 90% destinada aos americanos. Na Cidade do México, surgiram muitas imobiliárias voltadas para esse público, com algumas delas tendo cerca de 70% de seus clientes vindos do exterior. Aproveitando essa demanda, muitos mexicanos que tinham um quarto sobrando passaram a alugar seus espaços em plataformas como o Airbnb.
Outros reformaram suas propriedades completamente para atender aos gostos americanos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Airbnb, mais da metade dos mexicanos que alugaram suas propriedades afirmou que a renda extra ajudou nos custos de alimentação. Isso fez com que o mercado imobiliário, que estava estável por uma década, voltasse a se aquecer.
Na Cidade do México, a procura por habitações em áreas nobres, onde a maioria dos norte-americanos se estabelece, também contribuiu para o crescimento do setor. Além disso, a presença dos americanos reforçou o turismo local. Nos primeiros cinco meses de 2022, eles geraram US$ 11,5 bilhões para a economia mexicana.
Segundo o Ministério do Turismo, aproximadamente 9,7 milhões de norte-americanos visitaram o país entre janeiro e setembro daquele ano. Essa presença estimulou a criação de novos negócios, como restaurantes, cafés, resorts e atrações turísticas voltadas para esse público, o que diversificou a oferta cultural e gastronômica, gerou mais oportunidades de trabalho e impulsionou a economia. Além disso, o número crescente de trabalhadores remotos tem atraído investimentos em tecnologia e serviços.
O governo municipal da Cidade do México tem investido na criação de espaços para integrar a migração criativa e tecnológica na capital. No entanto, apesar desses aspectos positivos, a presença dos americanos nem sempre é bem-vinda—o que é uma grande ironia do destino. Mas quais problemas a presença americana tem causado?
Com o grande fluxo de estrangeiros, procurando por imóveis, os proprietários passaram a reformar suas propriedades para receber uma população com maior poder aquisitivo. Muitos foram transformados em Airbnb para receber turistas e nômades digitais. Acontece que o poder de compra dos americanos é muito maior que o dos mexicanos que recebem em pesos.
Enquanto o salário médio da Cidade do México é de 4. 430 pesos, muitos nômades digitais recebem até 10 vezes mais. Mexicanos que moravam há anos no mesmo bairro foram expulsos ou se viram obrigados a deixarem suas casas, sem condições de pagar o aluguel.
Um estudo realizado pela Cidade do México revelou que atualmente na capital cerca de 20 mil famílias anualmente se mudam para bairros periféricos. "Grande parte dessa população continua trabalhando e consumindo serviços básicos na Cidade do México, o que faz com que mais de 1,5 milhão de viagens diárias sejam geradas entre os municípios metropolitanos e as prefeituras centrais da Cidade do México", diz o artigo. O resultado disso foi um fenômeno conhecido como gentrificação, que causou um aumento de 66% dos aluguéis da Cidade do México nos últimos 24 meses, passando de 16.
044 pesos mexicanos em maio de 2021, para 26. 740 pesos em maio de 2023. Em bairros mais exclusivos, como Condessa, de janeiro a novembro de 2020 os alugueis mensais passaram de US$ 1.
610 dólares para US$ 2. 250. No entanto, a gentrificação além de ter afastado o cidadão mexicano, modificou padrões culturais e históricos da região.
Em bairros como Condessa e Roma, cresceu o número de cafés gourmets, estúdios de pilates e restaurantes famosos que substituíram as tradicionais taquerias, lanchonetes especializadas nos tacos mexicanos. Os mexicanos nestas cidades ainda precisam lidar com o aumento da inflação, provocada pelo aumento da renda da população nestes locais. Principalmente com relação aos bens que os americanos mais consomem, que tiveram um grande aumento de procura, como refeições, medicamentos e suplementos alimentares.
Em agosto de 2022, a inflação mexicana atingiu seu ponto máximo pós-pandemia, chegando a 8,7%. Atualmente, essa taxa está em 4,58%, que ainda é considerada alta. Só que, enquanto usufruem de um custo de vida barato e de toda infraestrutura dedicada a eles, a população mexicana sofre para pagar o básico e ainda lidam sozinhos com as finanças públicas.
Segundo a lei fiscal do México não existe um regime especial para expatriados, mas a lei determina que, residentes devem pagar impostos sobre sua renda mundial, enquanto os não residentes devem pagar pela renda obtida de fontes mexicanas. Como a grande maioria desses americanos trabalham remotamente, e tem sua renda obtida fora do México, muitos não possuem número de registro de contribuinte, e desta forma não pagam impostos. Ao mesmo tempo, a irregularidade e a falta de documentação, faz com que o país não saiba que estas pessoas são residentes e assim não cobram impostos.
Isto causa uma desigualdade econômica muito grande entre as duas populações e gera preocupação quanto a sustentabilidade econômica do país. Apesar de reconhecerem que a presença dos norte-americanos tem impulsionado a economia local, criando novas oportunidades de emprego e gerando investimentos em infraestrutura e negócios, muitos mexicanos sofrem com a gentrificação. Eles temem que isso leve à marginalização das comunidades tradicionais ou até mesmo à diluição da cultura.
Muitos dos novos moradores não demonstram interesse na cultura ou na história do país, e a maioria nem fala espanhol, sem interesse em aprender a língua local. “Aqui na Cidade do México, percebemos que eles já mudaram até o nome dos nossos pães. Temos um pão chamado concha, e eles começaram a chamá-lo de ‘mexicano.
” Nos bairros com grande concentração de americanos, tudo se transformou para incluir os hábitos dos migrantes. Negócios locais estão sendo substituídos por estabelecimentos americanizados, com nomes em inglês, que nada refletem as tradições da região ou do país. Curiosamente, os mexicanos que imigram para os Estados Unidos, assim como outros latinos, muitas vezes adotam uma postura semelhante.
Muitos acabam vivendo em bairros predominantemente latinos, onde a necessidade de falar inglês é mínima, criando suas próprias "bolhas culturais. " Lá, o espanhol reina absoluto nas conversas de rua, nas lojas e até nas escolas. Em 2018 a estudante Anna Camba se mudou da Venezuela para Miami, onde se inscreveu em um programa bilíngue, que a ajudou a se preparar para o MIT: O governo americano, por sua vez, facilita essa integração parcial, com profissionais bilíngues em órgãos públicos e até placas de trânsito em espanhol, como se vê em cidades como Nova York, Chicago, Los Angeles e Miami.
O resultado é que os imigrantes conseguem viver confortavelmente sem renunciar a sua língua e cultura, formando verdadeiras comunidades dentro das grandes cidades americanas. Manifestações estouraram após a prefeitura da Cidade do México anunciar sua parceria com o Airbnb, visando atrair mais nômades digitais e transformar a cidade na capital do turismo criativo. Ativistas habitacionais acusaram a iniciativa de promover uma “colonização” moderna, incentivando a gentrificação e levando à expulsão de mexicanos.
Há receio de que essa tendência provoque uma maior dependência econômica dos Estados Unidos, o que pode tornar a economia mexicana ainda mais vulnerável a mudanças nas políticas comerciais americanas. Diante do número recorde de imigração entre as fronteiras, os governos de México e Estados Unidos fecharam um acordo para trabalharem juntos em diretrizes para conter os números. Com esse acordo, ambos os países prometeram buscar soluções para as causas da imigração e também esperam fortalecer uma iniciativa de patrocínio para imigrantes venezuelanos, cubanos, nicaraguenses e haitianos.
No México, a recente vitória de Claudia Sheinbaum sinaliza uma postura mais flexível do governo em relação aos imigrantes. Apesar de em seu discurso de vitória ter declarado que não receberá deportados dos Estados Unidos e que apenas discutirá o tema federalmente, a presidente eleita foi a responsável por implementar um acordo de incentivo à entrada de nômades digitais na Cidade do México, o que indica que ela poderá seguir diretrizes semelhantes em seu governo. A chegada de americanos no México, em sua maioria trabalhadores remotos, pode não só transformar a economia e impactar a cultura local, mas também modificar a dinâmica de trabalho.
Com as oportunidades de novos negócios e sob a influência da cultura organizacional americana, as práticas de trabalho podem mudar, tornando-se menos pessoais e mais automatizadas. Isso pode ser benéfico em alguns casos, mas também pode gerar conflitos entre trabalhadores locais e estrangeiros. Mesmo com todos esses desafios, é pouco provável que o governo mexicano imponha restrições severas à migração de americanos, considerando que o país se beneficia do consumo estrangeiro.
No entanto, será necessário encontrar soluções para controlar a inflação, de modo que o turismo no México não seja prejudicado. Mas olha como o destino dá voltas: por anos, os mexicanos cruzaram a fronteira em busca de uma vida melhor nos EUA, ocupando bairros inteiros, criando suas comunidades e levando sua cultura. Agora, quem faz isso no México são os americanos.
A diferença? Enquanto os mexicanos iam para lá em busca de trabalho, muitas vezes em empregos subalternos, os americanos chegam como nômades digitais, mudando vizinhanças inteiras e aproveitando um custo de vida mais baixo, trabalhando remotamente e ganhando em dólar. E isso me fez pensar… O que impede você de fazer o mesmo?
Porque a real é que essa oportunidade não é só para americanos na Cidade do México. Nos últimos anos, cada vez mais brasileiros estão descobrindo como ganhar em dólar sem precisar sair do país, aproveitando um custo de vida mais barato e uma vida mais tranquila. E eu sei disso porque eu mesmo já vivi esse dilema.
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