História da questão agrária no Brasil, com João Pedro Stédile

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Instituto Lula
O economista João Pedro Stédile, fundador e dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Te...
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o olá pessoal que acompanham as notícias as palestras nosso instituto lula muito prazer que o atendendo aqui o convite de estar com vocês aí durante uma hora para nós trocarmos ideias e ainda que não possa ser possível fazer um diálogo e perguntas mas vou fazer um recorrido sobre o tema da história da questão agrária no brasil o e evidentemente que numa hora não se pode aprofundar tá o meu papel aqui vai ser fazer um record dedo pontuando algumas questões tentando com isso motivá-los a que vocês depois leiam se aprofundem e eventualmente se quiserem fazer alguma pergunta se inscrevam aí para o instituto que certamente eles tem como me repassar e com maior prazer o que for possível responderei e e e também vou disponibilizar e aí para o instituto uma cartilha sobre a questão agrária brasileira o que nós organizamos para os cursos lá na escola nacional florestan fernandes bom e então a cartilha é uma coletânea de alguns capítulos chaves um desses vários períodos da questão agrária brasileira que digamos aprofundam os temas que o arquivo chamar atenção é de madeiras kid sisu terão o pdf e aí poderão ler no computador ou os mais interessados podem imprimir na sua impressora uma série de 30 aparelhos ou também na pior das hipóteses escreva lá para escola nacional florestan fernandes e eventualmente eles podem depois mandar por correio um exemplar impresso sem maiores delongas vamos então e ao tema que nos reúne hoje o que é a história da questão agrária no brasil é o primeiro tópico que eu queria repassar com vocês é o conceito de questão agrária ah e por que é importante nós partirmos do conceito é porque em geral na sociedade brasileira a uma confusão total sobre o significado de questão agrária e essa confusão está presente nas ruas imaginasse nosso celular fazer uma maquete e perguntar para a população o que que você acha que é que são agrária e vai aparecer tudo quanto é a resposta é esse problema do centenário aí quando tem conflito na terra é a reforma agrária ela qualquer coisa o porém anote se você quiser essa mesma pergunta para estudantes na universidade vai ter as mesmas confusões e me atrevo a dizer se fizerem a mesma pergunta para professores universitários também encontraremos muitas confusões bom e porque nós temos uma confusão tá por quê e na minha opinião e tudo aqui é uma pinha é o pessoal é claro que em alguns conceitos e temas eu tenho que me valer dos pensadores clássicos vou citá-los mas assumo a responsabilidade o que eu vou falar aqui na aula é minha responsabilidade né bom então e eu acredito que essa confusão que a sobre a questão agrária é porque e infelizmente academia brasileira a nossa universidade sempre ignorou desconheceu e o estudo a pesquisa e o aprofundamento dos temas relacionados com a questão agrária e daí vem uma característica que já faço como crítica e a própria história da universitário brasileiro e o próprio companheiro lula andou lendo sobre esses temas na prisão injusta que teve que pagar lá em curitiba e depois eu vi que ele fez várias referências e entrevistas citando inclusive datas locais e demonstra que de fato ele tinha lido e anotado que é a história da universal e brasileira muito recente e muito urbana em recente porque se nós pegarmos a história do brasil a primeira universidade com um conjunto de faculdades foi a universidade cândido mendes particular de um usineiro fluminense que estimulado pelos filhos que estudam na europa usou o seu dinheiro e organizou uma universidade uma bela obra 1904 antes disso só tínhamos algumas faculdades isoladas sua colega de agronomia por uma dos primeiros faculdade de direito e algumas faculdades de medicina e os foram as três áreas que tivemos as primeiras universal faculdades oi e a primeira grande universidade pública foi só com era vargas 1930 e de maneiras que história do aniversário brasileira tem 100 anos e já em outros países mesmo colonizados e pela espanha se conseguir organizar universidades bem antes que nós a universidade que tu é do século 16 a universidade do méxico quando eu estudei do século 16 aqui na vizinha argentina primeira diversidade de rede córdova organizada acho que pelos jesuítas século 18 17 lote então alguns países da américa latina tiveram universidades 200 anos antes que nós o que é uma vergonha e isso se deve também porque as elites brasileiras e depois nós vamos ver durante o colonialismo mandava seus filhos estudar na europa e não tinha nenhum interesse em desenvolver esse conhecimento terceiro motivo como eu disse na verdade a universidade como tal e agora pública e passou a se organizar na era vargas elas também então já nasceram coladas com projeto de desenvolvimento nacional urbano e industrial eu te conheço de choque só agrária de lado então assim até hoje nós não temos um curso superior da questão agrária quatro anos o cara se preparar com o professor de questão grande nós não temos cursos de mestrado em questão agrária a recém a 56 anos atrás nós dos movimentos do campo junto com a unesco ea unesp que de são paulo organizamos o primeiro mestrado e em questão agrária e agora está funcionando dentro da unesp é colado achou departamento de geografia oi tá da unesp mas isso é um mestrado lá doutorado aí alguns estudantes fazem tese de doutorado sobre a questão agrária mas muito mais por motivação pessoal até porque o doutorado depende do projeto de pesquisa e do professor que vai acompanhar o tito isso para vocês entenderem e a pobreza da construção teórica ao longo da história sobre essa área o mesmo aqui a colar eu leio às vezes super fato nos jornalões a burguesia professores universitários escrevendo sobre a questão agrária e alguns deles dizendo barbaridades como no brasil não é mais questão agrária é porque o capitalismo já organizou a produção agrícola portanto não a questão agrário santa ignorância diria minha mãe bom então vamos ao conceito é como existe essa confusão toda nos últimos dez quinze anos acredito e os movimentos camponeses aqui do brasil e do mundo inteiro que estão reunidos na via campesina base especial aqui no brasil nós então vamos construindo coletivamente é uma espécie de intelectual orgânico dos camponeses a uma sistematização e do conceito de questão agrária ah e acho que é esse essa sistematização e ela agora foi assimilado a nos meios acadêmicos por quê é a nossa grande fio cruz contribuiu e fez uma bela edição de um dicionário de educação no campo e com a participação de mais de 100 professores universitários de todo o brasil que discorre sobre diversos sorvetes a cada verbete 78 páginas e mais uma bibliografia sobrevivente e então nesse dicionário se incorporou esse conceito da questão agrária de maneiras que agora nós podemos dizer que já tem uma referência acadêmica-científica avalizada por uma instituição como a fiocruz ea embora até o foco da pesquisa na saúde pública mas também contribue o a área de meio ambiente com agrotóxicos enfim a fiocruz tem também há uma preocupação com o meu rural ea população que vive no meio rural brasileiro bom e o que diz o nosso concelho e o conceito que nós construímos é de que a questão agrária ela é uma área do conhecimento científico o que se propõe a estudar a explicar o primeiro o uso a posse ea propriedade da terra o segundo ela se propõe a explicar como a sociedade ao longo do tempo organiza a produção dos bens que ela retira da atividade agrícola então nós agora temos a compreensão de que a questão agrária e ela é uma disciplina ela é uma área do conhecimento científico que se propõe a explicar o que acontece na organização social jurídica e da produção e lá na agricultura de dentro desse conceito de novo é possível então nós explicar várias confusões que tem no senso comum como por exemplo as pessoas e menos os estudantes confundem uso posse e propriedade da terra acho que a mesma coisa e note o que que é usar a ter usar a terra cultivá-la hoje é transformar em produtiva ou seja é o ato do ser humano que coloca trabalho ah tá e trabalhou que gera bem gera valor sobre esse bem da natureza que a terra e aqui a terra é no sentido genérico terra é o solo fértil mais para você produzir você depende da água depende do sol depende do vento e depende dos outros seres vivos que coabitam a terra como as bactérias os fungos como bem nos explicou a nossa querida cientista ana maria primavesi que perdemos no início desse ano já com seus 99 anos e a professora ana maria primavesi foi a grande cientista de solo que discreveu com todos os detalhes de uma vida inteira de pesquisadora de que o sol a terra ele tem milhares de micro-organismos que convivem nele e que a transformam em fértil ou que a deixa árida na ausência desses micro-organismos de manés que quando a gente fala em terra é essa amplitude e aqui a expressão agrária e está relacionada com terra porque a agros é uma expressão que vem lá do latim que é sinônimo de terra bom e quando a gente fala agricultura significa o ato de cultivar a terra quando a gente fala em agricultor é uma profissão é a sabedoria de cultivar a terra o mesmo em torno de agricultor há uma grande confusão porque geral e se determina esse conceito para as pessoas que vivem lá no campo mas nem todo mundo que vive no campo agricultor porque para ser agricultor é preciso conhecer e praticar a arte de cultivar o agro lá bem então uso é isso e é cultivar a terra e a posse o quê que é a posse morar em cima da terra e vá que é diferente de usar você pode morar em cima da terra no interior e não trabalhar na terra portanto são duas condições estudantes podem estar junto pode na maioria dos casos pessoa que mora lá no interior também sabe cultivar a terra mas não necessariamente é isso oi e a terceira condição é a propriedade da terra e a propriedade da terra é apenas uma condição jurídica um acordo jurídico que há na sociedade o quê o entrega para determinados indivíduos um título de propriedade é uma espécie de designação que você é o proprietário daquela extensão da natureza mas é um mero papel e assim como eu papel a moeda se você usa o dinheiro vai lá compra as pessoas que dá uma mercadoria mas aqui no leo papel no entanto ele tem um carimbo do ministério da fazenda e ter uma assinatura do início do banco central e todo mundo acredita que aquilo tem valor e assim é o título de propriedade da terra é apenas uma condição jurídica do sujeito pode ter a posse da terra e não tem a propriedade ele pode cultivar a terra e não ter propriedade na milhares e trabalhadores do brasil só assalariados e portanto são agricultores sabe o cultivo a terra cultivo hotel mas não tem a propriedade da terra e o segundo objeto de pesquisa da questão agrária como a sociedade organiza a produção dos bens que ela retirá-la da agricultura entre esses bens o principal e fundamental são os alimentos os alimentos são a energia necessária que nós seres humanos precisamos para reproduzir a nossa existência ba oi e daí vem inclusive ela quem não conhece o segundo a filosofia a expressão seres humanos em humanos vende humus que significa que nós seres humanos precisamos de terra fértil terra kubotas para que essa terra fértil para produzir a energia saudável necessária que o nosso organismo precisa para sobreviver note então até no nosso nome genérico ser humano está presente essa concepção filosófica de que nós interagimos todo santo dia e com a terra com a natureza ao nos alimentarmos porque os alimentos no fundo no fundo é a energia condensada do sol da água dos ventos e da interação com esses outros seres humanos seres vivos que há na natureza por isso também vem aí o alerta dos ambientalistas o que é um suicídio para o ser humano quando nós destruímos a biodiversidade e e quando o capitalismo impõe a monocultura das orça a monocultura do gado abono cultura da cana nós estamos cometendo o suicídio como seres humanos porque a sobrevivência dos seres humanos depende da convivência com os outros seres vivos que há na natureza a terra e que nos ajudam produzir esses alimentos que a condensação dessa energia que nós precisamos olá tudo isso então e é objeto do estudo da questão agrária e além dos alimentos claro você pode produzir na agricultura outros bens que nós precisamos para a vida normal a nossa roupa que vem do algodão que vem do bicho-da-seda lá as próprias habitações e nós produzimos com tijolo o às vezes ainda com o sistema de de massa adobe o pau-a-pique como é mais conhecido as casas feitas só de barro vá e e a própria energia elétrica é um aproveitamento da água que existe na natureza então note o campo o que é essa disciplina a tua é muito amplo e aí ela por ser uma disciplina que procura explicar as questões estão amplas e o que é que ela tem que se apropriar de outras áreas do conhecimento científico seja da história porque essas formas de praticar a agricultura do uso e posse da terra elas vão ser estanques elas são muito dinâmicos que é o que em seguida nós vamos ver para a história do brasil e lá e precisa recorrer a estatística para ver qual é os fenômenos mais frequentes precisa recorrer a agronomia para entender a natureza como é que funciona na enfim precisar recorrer a sociologia a filosofia então a riqueza também dessa disciplina questão agrária porque ela e com parte ou se aproprie de outras áreas do conhecimento para poder explicar esses dois fenômenos que acabei resumindo no objeto de explicação e o dito isso que já me alonguei bastante sobre o conceito e tal e termos de bibliografia vocês podem pesquisar no livro dicionário a educação no campo tá lá disponível na página da fiocruz ou também vocês podem conseguir porque a edição impressa foi feito em parceria com a editora expressão popular então podem também comprar o dicionário pela internet lá na expressão popular que em geral dicionário até bom a gente tem pressa teu corre lá olha relé de novo eu acho pessoalmente que é mais prático do que simplesmente lê na internet quando você precisa o tito então agora vamos para a segunda parte segundo tópico e é como evoluiu a questão agrária no brasil e aí cada autor pensador professor pode fazer a sua periodização da história do brasil eu vou fazer uma aqui que tem utilizados nas aulas em alguns textos que parece a mais apropriada para ajudar que os estudantes entenda a evolução da questão agrária o e evidentemente e há muitas formas é da gente a analisar o longo da história e do brasil como evoluiu ao longo do tempo e o chazinho para alimentar não nosso organismo o primeiro período nós podemos dizer que foi o que marcou o nosso território que hoje se chama brasil mas antes da chegada dos europeus os povos que habitavam o litoral do nosso território chamavam a sua terra de pindorama o que em tupi-guarani quer dizer terra dos poderes então a maior parte do tempo histórico do nosso território ele chamou pindorama e aqui no pindorama e o reino três rios dentro oncologia que nós temos confirma o que o continente americano e foi o último continente do planeta terra ser habitado pelo almoçar feliz e isso aconteceu de 50 mil anos para trás quando alguns seres humanos que habitavam lá na ásia ultrapassar o estreito de bering caminhando e então vieram para o nosso continente mesmo aqui no pindorama os antropólogos encontraram vestígios é naquelas cavernas lá do piauí que mais ou menos equiparam a 40 50 minutos aqui no litoral de são paulo foi encontrado crânios de pessoas com 13 mil anos medidas de madeiras que esse é mais ou menos o tempo até 1. 500 nesse 50 mil anos o modo de produção que predominou para essas populações foi o comunismo primitivo o e os modos de produção que organizam a vida social eles são determinantes das formas como aparece a questão agrária ou o que a questão agrária vai explicar e como era então o uso posse e propriedade da terra no comunismo primitivo que dominou 50 mil anos tudo era coletivo o uso da terra era coletiva famílias a tribo o clã todo mundo ia lá no meio da natureza trabalhava para se apropriar ainda de forma extrativistas dos bens que ela precisava como é que era a posse a posse era nômade e e esses grupos faziam um rodízio na natureza para dar tempo que a natureza se regenerar como é que era a propriedade da terra não havia propriedade da terra a terra é um bem comum como era a produção dos bens como eu disse todo trabalho coletivo ea distribuição do trabalho dos frutos do trabalho eram de acordo com as necessidades das famílias bom então imagine a cena né chego no centro da aldeia com a caça com a pesca com as frutas e vão dividir isso de acordo com os membros e cada família famílias maiores levavam mais famílias menores ao menos solteiros menos ainda então a questão agrária procure explicar como é que era o pindorama e lá através o comunismo primitivo mais de 1. 500 a 1.
850 esse é o segundo grande período da nossa história é porque em 1500 porque em 1500 hoje europeus invadiram o território do pindorama o e uma das primeiras coisas que eles fizeram foi mudar de nome botar o nome de acordo com a sua leitura cultural se não tivesse ido porque honesto e eu te perguntar como é que se chamam aquilo o lugar de vocês assim como os espanhóis se caracterizar com o méxico perguntar lá para os aspectos como é que se chama aqui a cidade de vocês achavam modelo capital dos mexicas tá bom então virou méxico lá agora aqui no brasil eles nos impuseram até o nome então viramos brasil é mas o principal que nós temos que entender o que de 1500 a 1. 850 o nosso território então foi invadido por um novo modo de produção o capitalismo mercantil sá e aí e antes já estava esquecendo recomendo também como livro oi darci ribeiro povo brasileiro esse livro aqui fala da formação do nosso ponto no entanto antes de 1500 como depois gasparenses bom então voltando em 1500 1. 850 nós somos invadidos pelo capitalismo mercantil europeu nós só somos invadidos por quê lá na europa já estava funcionando o capitalismo mercantil como diz o nome a acumulação de capital a acumulação de dinheiro se dá através das mercadorias ou seja se dá através dos bens que são levados no mercado e ir lá no mercado uma classe social dos comerciantes que depois recebeu o apelido de burguesia e ao comprar e vender essas mercadorias ele vai henrique santo e daí que é a primeira origem dos capitalistas no mundo foram os capitalistas comerciantes bom então esse os capitalistas e comerciantes foram os que financiaram os navegadores pedro alves cabral só no colombo vasco da gama era um navegadores era o marinheiro se quiser mas a construção da nau a construção dos navios e quem que pagava o investimento para vir aqui foram a burguesia comer sempre porque que eles queriam eles queriam levar as mercadorias aqui para europa no entanto quando eles chegaram aqui não encontrar o mercadorias porque o povo que vivia aqui enviando o comunismo primitivo e no comunismo primitivo não tem mercadoria não ter acúmulo não tem depósito não têm estoque e vá bem então vou resumir porque aqui é que só agrária e naqueles 350 anos o capitalismo mercantil europeu nos impostos uma nova forma de produção agrícola e de organização do território bom então vieram para o nosso território esse pindorama agora brasil a centenas de capitalistas com dinheiro que queriam ganhar dinheiro com a produção agrícola é para esses capitalismo que já tinha o dinheiro e a coroa portuguesa que era o poder político deste território e portanto se auto-denominou proprietário do território ela fazia concessão de uso para esse capitalismo e entregava eles certas extensões de terra medida em léguas que atualizando para os tempos atuais as áreas que eles recebiam variavam de 2 a 10 mil hectares e e aqui nessas áreas então eles tratavam de produzir produtos mercadorias agrícolas para a europa ou seja para atender as necessidades do capitalismo mercantil europeu os quais foram as mercadorias que eles passarão produzir aqui trouxeram para cá o que antes tinham que buscar a loja na índia na china madagascar no sul da áfrica então eles trouxeram para cá a cana-de-açúcar o algodão as pimentas a noz moscada lá o café e ir para o cerro das ilhas canárias da ilha de madeira da linha de cabo verde o gado aqui também não existe aqui e no início nesse período dos 300 anos objetivo principal de criar gado era para exportar o cor os europeus não tinha necessidade de carne até porque era difícil transportar então nós isso por tá vamos o curupira europa que aí sim era uma matéria-prima muito apreciada por quê com o couro se fazia de tudo desde vestuário móveis etc bom então eles importaram a forma de produzir só que aqui não havia agricultores que sabiam produzidos então eles aplicaram o trabalho escravo para produzir nessas áreas concedidas pela coroa e no início tentaram escravizar os povos indígenas mas lembra eles não eram agricultores eles eram extrativistas eles não sabiam nada de cana café algodão nada lá e o que eles tinham como agricultura em si pense era basicamente a banana abacaxi amendoim em algumas regiões do emílio as batatas o cacau a é bem como não conseguiram a mão de obra suficiente com o trabalho escravo dos povos indígenas eles foram então buscar essa mão-de-obra escravizada lá na áfrica e nesses 350 anos eles transportaram para cá 17 milhões de trabalhadores adultos negros homens e mulheres aqui nesse livro do tércio ribeiro também a comentários e dados estatísticos sobre esse movimento então durante 350 anos nós organizamos a produção agrícola dessa forma é resumidamente como é que era o uso da terra grandes extensões monocultivo e e lá um capitalista que coordenava como é que era a posse morava em cima da terra o capitalista a casa grande né e os escravos eles dois tinham a posse da terra e quem é que era proprietário da terra durante 350 anos o único proprietário de terra no brasil era o monopólio da coroa é o mesmo os capitalistas ainda que produzisse o mercadoria estava integrados com o mercado eles não tinham o título de propriedade portanto não podiam comprar nem vender se desistisse em que o que devolver para couro e como é que era a forma de produção a forma da produção em grandes extensões de terra a especialização não só cultivo ou só algodão ou só café ou só cacau ou só pecuária e e lá o fofo cana-de-açúcar com trabalho escravo b esse modelo que o capitalismo mercantil aplico durante 350 anos eu quero que só a greve explica é que se chama de plantation plantation é um modo de organizar se quiserem a questão agrária durante o período colonial dominado pelo capital mercantil europeu oi e da produção gerada pela plantation 88 por cento dela e a própria portanto era um verdadeiro entrave econômico destinado a produzir mercadorias para europa do pop isso eu tô resumindo mas até 1976 a vilma confusão mesmo na esquerda e muito mais academia sobre o que caracterizava esse o período colonial então vou relatar de uma maneira muito genérica ser grosseira mas quero ser respeitoso com os autores e por exemplo e o celso furtado nas suas obras classifica esse período com o período de pré-capitalista e tela o seu documentos outros autores seja da burguesia seja da esquerda com robert simmons professor da usp economia eu e caio prado grande intelectual da esquerda os dois tinham a mesma tese o que havia no período era capitalismo nota uma nuance diferente dos céus portal bem e já outros autores mais ligados ao partido comunista e portanto de esquerda que defendiam teses e hoje parece esdrúxulas mas na época tem os argumentos de que o período colonial foi um período marcado pelo feudalismo é o que o período colonial foi marcado pelo escravismos porque havia trabalho escravo a então aí nós encontramos grande também quais nelson werneck sodré como alberto passos guimarães com o mário vinhas na 15 fingiu essas teses do feudalismo diz que eu aviso oi vó em toda essa confusão e se resolveu só na década de 70 quando o nosso querido jacó brenda o falecido há poucos que era um grande intelectual e pesquisador de origem comunista e ele na cadeia de 1973 70/73 escreveu uma obra prima se transformou o clássico porque resolveu do ponto de vista teórico o que que era mesmo que acontecia no período colonial e a obra clássica dele é essa aqui e foi publicada pela fundação perseu abramo com a expressão popular o escravismo colonial de jacob gorender aqui olha é uma obra gigante 600 páginas está descrito é a natureza da plantation e como ela no período colonial combina escravidão com capitalismo mercantil sirvo agora mais rápido né e fica bem gastando mais tempo conceito que o período histórico porque a menos a senão depois o mais recente aí é o que é contemporânea é mais fácil vocês encontrarem é o terceiro período histórico vamos dizer foi de 1850 a 1930 há 80 anos é um longo período de crise do modo de organizar a produção agrícola posse e uso da terra e de transição para o novo sistema sempre foi assim eu estou com 80 anos e crise crise porque primeiro porque o tráfico negreiro foi proibido em 1850 pelo império inglês o segundo aqui no brasil as fugas e os quilombos se multiplicaram lá bom então disso gerava crise imagina uma fazer a com 200 escravos sem foge diz organiza toda a produção agrícola terceiro porque lá na europa agora eles já estavam no capitalismo industrial trabalho assalariado o patrão não cabia mais o trabalho está e o próprio perry em inglês quando o pressionava as colônias para abandonar o trabalho escravo não era por urbanismo eu limpei o império inglês nunca foi humanista foi um dos mais perversos mas é porque eles justificavam que era mais barato para o capitalista t um trabalhador assalariado do que como escravo a um filme plástico sobre isso dois aliás vou citar para você ir atrás queimada o vácuo marlon brando jovem bonito vá que é sobre a experiência da plantation numa ilha do caribe e como os ingleses apoie os trabalhadores escravos para ele se libertarem do português na era uma colônia portuguesa porém quando ele se liberto eles não dão a autonomia para os escravos ele se transformam ele sem trabalho assalariado porque o ingleses e aquela mais barato do que sustentar a vida inteira no scar on e o outro filme a indochina e daí analisa a plantation lá nas colônias francesas do sudeste da asia tão filme sempre é bom para gente memorizar e também mas moderno se vocês querem saber como é que era a vida dentro de uma plantation veja o filme que a maioria já deve ter visto django livre sobre a plantation no sul dos estados unidos com a vantagem que nesse filme os escravos vence ou pelo menos o herói destrava vez e claro tem muita violência aqui é próprio do diretor tarantino e gosta de muita violência mas eu acho que ele é fiel com a história nesses 80 anos de crise então o trabalho escravo vai se desmoronando lembre-se também aqui no nosso continente 1804 aconteceu a primeira revolução vitoriosa dos trabalhadores escravos noite olhe há 50 anos antes então a burguesia as elites brasileiras já estavam se preparando para o fim da escravidão e dom pedro segundo que era muito sabido do ponto de vista deles e dita então a lei 601 o que é a primeira lei de terras essa lei c601 introduz a sociedade brasileira a propriedade privada da terra e por isso que é um marco antes de 1850 não havia propriedade da terra agora tem e depois seguindo a história da crise transição 1888 fim da escravidão do ponto de vista legal ainda que o darcy ribeiro diz que mais da metade dos trabalhadores escravos já tinham fugido ou conquistado alforria quando veio a lê então a lei praticamente e legalizou uma coisa que já era insustentável e para substituir a mão-de-obra escrava então esse mês o dom pedro segundo já 1875 em diante eu ainda tinha trabalho escravo mas ele já foi lá na europa fazer propaganda e prometendo então terra para camponeses pobres europeus foi assim que o meu avô veio e mais 3600000 camponeses da europa é uma promessa de terra e como já vi a lei de terra que garantia a propriedade privada da terra e fato a maioria desses camponês recebeu um lote de terra do governo por aí teve que pagar porque como parte da lei de terras para evitar que o trabalhador escravo virasse camponês eles impuseram uma condição só podia ser proprietário de terra quem pagasse quem comprasse e aí ó vianet o que os trabalhadores escravos estavam literalmente pelados nem calçado tinha o direito de usar então quando terminou a escravidão a maioria dessa população escrava migrou para as cidades portuárias que era ainda a única possibilidade sobrevivência carregar e descarregar navio e essa é a origem de porque todas as cidades portuárias do brasil são majoritariamente negras rio grande na minha terra da pelotas também era um porto fluvial da subindo mais aqui santos e são paulo depois rio de janeiro depois são mateus do espírito santo aeroporto da época até hoje cidade negra ilhéus do sul da bahia até hoje majoritariamente negra depois salvador depois recife depois são luís todas as regras brasileiras também do ponto de vista urbano importante essa lei de terra que proibiria o cara ser proprietário se não comprasse é ela a mãe da favela porque essa população negra quando foi para cidade expulsa ainda que liberta o engenheiro e libera você nenhuma recompensas econômica chega na cidade para trabalhar o cônsul vai construir a sua casinha saber construir sabia que já faziam isso lá no interior e qual é o lugar que sobrou para eles construir casa se ele chegasse no lugar bonito e começaram a construir sua casa chega a vó um capitalista e dizer nossa terra é minha tá aqui o papel eu já comprei da coroa portanto sobrou para os trabalhadores negros ex-escravos construir suas casas aonde nenhum capitalista se atreveu a comprar ou seja mangue daí nasceu as palafitas as encostas do morro daí a sua vela está tudo em morro lá porque lá o capitalista não quis comprar ele preferia as planícies dos lugares mais próximos do centro da cidade é digamos assim então a lei de terras 601 é também a mãe a origem das favelas no brasil bom então nós chegamos em 1930 fim da escravidão 3 milhões de camponeses europeus e tal surge daí uma nova classe social que são os camponeses formados pelos migrantes e também diga-se importante ressaltar a parte do campesinato que foi se formando na história do brasil eram os mestiços que também o darcy ribeiro descreve bem nesse livro na miscigenação que houve na formação da população brasileira de europeu com negro negro com índio índio com a europeu e essa nova geração não podia se escreve zap porque não era comprada e vendida como eram os trabalhadores da áfrica então esses mestiços vamos dizer assim para sobreviver eles tinham que entrar sertão adentro porque a maior parte da plantation como era para exportação estava no litoral do brasil então esses mestiço me entrando sertão adentro nas terras públicas o de nenhum capitalista te interesse e lá na forma de posseiro reproduzir uma vida de camponês ou seja primeiro produzir os alimentos para subsistência na sua família e o excedente eles vendiam no mercado e aí também esse camponês mestiço ao longo da história do brasil foi o que organizou as feiras que tava no imaginário lá da europa o que os europeus tinham trazido mas que é também a forma primeira digamos assim de você comercializar os excedentes pelos camponeses então a feira quase que universal bom e é por isso que a feira até hoje é um traço cultural do interior do brasil e sobretudo no nordeste porque foi aí onde se multiplicaram o maior número de se camponês mestiço ele criou a feira então sábado e domingo levar você o excedente na feira vendia trocava comprova que precisar e assim sucessivamente 4º período oi mili 1930 até 1990 1980 se quisermos é aquele 50 anos foi os 50 anos de predomínio do capitalismo industrial a chamada era vargas e foi aí que se introduziu a indústria no brasil e ela veio de fora de novo igual o capitalismo mercantil as grandes fábricas vieram de capital estrangeiro e o brasil rapidamente passou de uma economia agrícola agroexportadora até escravocrata né para uma economia industrial com trabalho assalariado e é isso levou a uma rápida industrialização no brasil em 1908 30 oitenta por cento da população morava no interior quando chegamos de 1980 inverteu oitenta por cento da população morava na cidade do norte o brasil foi o país que se urbanizou na história da civilização humana mais rápido em 50 anos portanto uma duas gerações nós invertemos o local de moradia a maioria das pessoas no brasil moram não há onde nasceram oi lá e isso é uma característica do nosso modo de produção industrial e nesses 80 50 60 anos o que que aconteceu lá no campo então lá no campo agora se consolidou o modo de produção capitalista industrial portanto a forma de produção capitalista mais clara toma conta da agricultura é aquele senhores escravocratas que só tinham concessão de uso agora se transformar em lados foliares ou seja grandes proprietários de terra um mosquitinho trabalho escravo agora substituído no café de são paulo substituiu pelos camponeses do sistema de colonato e os outros substituíram pela mão de obra assalariada oi oi contudo também faz se multiplicando ao longo desses 60 anos ou campesinato e qual era a função do campesinato nesse período de domínio do capital industrial é a função do campesinato era contribuir para acumulação de capital na indústria bom então primeiro lugar era os camponeses que forneciam mão de obra barata para indústria para cidade todas as famílias camponesas ficava 23 em casa com o pai e os mais velhos e um para frente e um virar operário na cidade pode ir em qualquer indústria aqui no brasil passa assembleia eu já fiz esse teste aí em são bernardo e pergunto quem de vocês veio do interior todo mundo levanta tá bom se você já é uma geração é a primeira geração de operação vindo do interior e lá no interior a mesma coisa tô cansado de fazer assembleia acampamento e perguntar quem vocês tem parente operária na cidade todo mundo levanta a mão porque na família tinha que se dividir lá e como não houve um processo de democratização de terra os filhos não puderam ser reproduzir como camponeses tiveram que para se dar porque a terra era pouca a peça primeira função fornecer mão de obra barata para indústria segunda função produzir alimentos baratos para alimentar esses operários é fácil entender lá na equação e da taxa de lucro da fábrica o do comércio quanto mais baixo o salário mais alto lucro oi e para aquele capitalista a pagar baixo salário era preciso que o governo deles no caso vargas garantisse cesta básica de alimentos a baixo custo e foi isso que os camponeses fizeram passaram abastecer a cidade a cesta básica a um preço baixo controlado pelo governo a terceira função do campesinato produzir matéria-prima para a agroindústria ou seja foi nesse período que nasceram as agroindústrias e os frigoríficos os laticínios as fábricas de suco as vinícolas então o camponês não podia mais apenas vender na feira se ele quisesse produzir mais e com quantidade único mercado que ele tinha ela entregar para uma indústria indústria de queijo do cd o frigorífico e a sua por dentro e quarta função do campesinato oi está me cumprido foi produzir energia para sobretudo aqui perto de são paulo e minas gerais ou seja lenha carvão porque na época não tinha tanta energia elétrica e em muitas indústrias eram tocadas pela aquelas caldeiras que usavam muita lenha e muito carvão quem é que fazia o carvão e trazer a linha na cidade ou camponeses desmatava e da índia como fonte de energia para a indústria então aí nós chegamos na década de 80 um outro cenário da agricultura vá bem mais complexo e com novas classes sociais o latifúndio os seus assalariados rurais que não existiam antes de 30 assalariados rurais em e surgiu também uma pequena burguesia que foi acumulando na agricultura digamos os que têm hoje entre 100 e 500 hectares é o campesinato que foi seu reproduzido nessa lógica de integração com indústrias i e esse ela foi a nova composição na agricultura na década de 80 houve uma crise que vai até 90 aí a crise foi um tempo menor até porque o capital é mais veloz já para você ver os uma crise de 10 anos que afetou toda agricultura e afetou a questão agrária o que foi a chamada década perdida a economia não cresceu e ouvir muito desemprego muita fome né parou de vir migração para a cidade porque não tinha emprego e isso gera as condições para que em 1990 mais ou menos né com tendo como referência o dizer o governo collor e depois fernando henrique até os dias de hoje aí na referência governamental é um período histórico tão nos últimos 30 anos e aí então é um novo período da história da questão agrária brasileira o que é um período então agora dominado pelo capital financeiro e por grandes corporações transnacionais que vão lá dominar a agricultura e como é que essas grandes empresas e olha até esses dias tava revisando aí uma tabela os nossos companheiros do instituto tricô continental 50 empresas dominam hoje agricultura 50 empresas dominou agricultura brasileiro e como é que elas dominam dominou fornecendo os insumos que será produzido na própria fazenda agora não fertilizantes agrotóxicos lá ureia calcário domino for descer nas máquinas três quatro fábrica de máquina tudo multinacional massifergson viola fiat é que fornece as máquinas agrícolas cada vez maiores lá são elas que fornecem também já adianto como crédito para amarrar a produção e são elas que compram a produção das commodities agrícolas e do nosso e agora inclusive agricultura deixou de produzir alimentos agora eles produzem commodities que quer dizer mercadoria agrícola padronizada que é destinado ao mercado externo e essa 50 empresas olha como concentrou dominam agricultura brasileira o sus podem pesquisar também tem a tabelinha nessa cartilha que eu vou mandar e esse novo modo de produção agrícola a hegemonizar vi pelo capital financeiro e pelas transnacionais é que gesto esse modelo de agricultura que nós chamamos de agronegócio e qual é a característica fundamental do agronegócio grandes extensões de terra é um cara não pode fazer agronegócio em 10 hectares grandes extensões lá essa semana tá vendo aí uma estatística o maior produtor de soja e algodão no brasil o grupo mágico aquele que foi ministro é eu sei 531 militares em 68 fazendo note o nível de concentração e o monocultivo as fazendas de soja e milho o algodão webcam na e mora aqui em são paulo basta pegar o ônibus e até são josé do rio preto só vk nakanaka nakanaka na 400 km não vê lá em casa nem passarinho vá é o monocultivo total o uso abusivo do agrotóxico pra substituir a mão de obra então lá na plantation eles usaram mão-de-obra escrava agora substituir a mão de obra por veneno agrotóxicos e máquinas e o agronegócio não quer saber de mão de obra não quer saber dessa laureada de direito trabalhista de férias e ele quer é lucro para exportação a maior parte da produção para o mercado externo óbvio todos esses produtos que eu tô falando algodão cana-de-açúcar e etanol soja milho também horas boas situações de grande exportador tá e a pecuária extensiva e do outro lado um campesinato resistindo ainda cumprindo as suas obrigações a produzir alimentos para se dar e um assalariado cada vez menor é porque como eu disse o agronegócio a expulsando a mão de obra celular ela já chegamos até no brasil na década de 70 de 10 a 14 milhões de assalariados no campo você se lembro só nós as greves de guariba dos canavieiros aqui de são paulo hoje não tava milhares de pessoas lá agora a maior parte dos assalariados rurais são temporários e nós estamos entre dois milhões e quatro milhões de assalariados rurais de acordo com o período do mês do ano então esse é o agronegócio que domina a questão agrária hoje não vou me ater a profundizar sobre óleo do negócio que é contemporâneo né basta pegar o ônibus que eu disse o id carro aí pelo interior e vocês vão enxergar o modelo a olho nu e mas em todo caso como o espaço de aula de estudo então finalmente queria recomendar para vocês nessa coleção que organizei lá na expressão popular a questão agrária no brasil já estamos no oitavo volume aqui é o primeiro então os volumes seguem mais ou menos pela ordem do período pindorama nós temos praticamente nenhum registro literário o maior contribuição ainda darcy ribeiro porém de 1.
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