Como ajudar o cérebro a tomar melhores decisões | Camile Corrêa | TEDxESPM

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TEDx Talks
Camile Corrêa é doutoranda em Neurociências pela Universidade de Amsterdam, onde pesquisa sobre toma...
Video Transcript:
muito obrigada pelo convite eu queria começar com uma história antiga que conta que mestre e aprendiz caminhavam por um povoado uma situação e nos pita muito difícil de sobreviver e aliviam uma casa muito pobre com uma família de escassos recursos o mestre pergunta pede o aprendiz que pergunte aos moradores da família como eles faziam para sobreviver o homem responde bem nós temos uma vaquinha e com o pouco que dá essa vaca mas conseguimos sobreviver o mestre sabendo da explicação perde aquela noite que o aprendiz volte ao povoado e atire a vaca no precipício o aprendiz
mesmo sem entender por que a contragosto vai lá e faz anos depois os dois regressam ao povoado encontram uma casa diferente bem estruturada com uma família bem vestida para entendo viver muito bem o aprendiz talvez com peso na consciência por ter feito aquilo pergunta aquela família e eu tive aqui faz alguns anos e era uma casa diferente vive uma família muito pobre você sabe o que aconteceu ea resposta do homem é aconteceu nada somos nós na nossa história da nossa família nós tínhamos uma vaca e num acidente ela morreu e depois disso nós tivemos que
batalhar por outras alternativas e com outros recursos entendendo melhor as nossas capacidades nós melhoramos de vida o amor ou da história que o setor é muito apelativa para nós porque ela pede que nós mantemos as nossas vacas e as nossas vacas e qualquer situação financeira ou pessoal que nos determina e que nos atinge alguma situação rígida é difícil de sair quando a gente pensa em tomada de decisão a gente pensa em liberdade a gente pensa em poder ser que a gente quiser em potencialidades a gente gosta da idéia de livre arbítrio ea gente não gosta
da idéia de ser determinado o que eu convido vocês a pensar que como o neurocientista estudando tomada de decisão são alguns pressupostos que a gente tem sobre como a gente toma a decisão então eu queria questionar se sempre a melhor alternativa é decidir se nós temos controle sobre as nossas decisões e se a gente tem como fazer para tomar melhores decisões então o primeiro pressuposto que eu gostaria de discutir essas decisões são universais aqui todo mundo decide igual sempre se você perguntar a uma pessoa quantas decisões ela tomou ao longo de um dia a média
de pequenas decisões das mais simples às mais complexas é de 70 só que algumas pessoas vão começar a lista delas por exemplo com levantei da cama apaguei despertador outras pessoas vão considerar esse tipo de atividade como obrigação e não como escolha um estudo cultural muito interessante sobre isso vem da pesquisadora china e em braga ela estava pesquisando participantes do leste europeu ea gente sabe que nos países do leste europeu há uma transição cultural na oferta de produtos as pessoas desses países não tinham muita oferta do tipo de produtos recentemente e agora passam a ter antes
do experimento dela ela oferecia numa bandeja sete opções sete diferentes marcas de refrigerante e eu fazia isso sistematicamente até de um participante disse bom mas não tem nenhuma escolha aqui é tudo refrigerante e ela escutando isso resolveu fazer um experimento com essa bandeja então às vezes ela adicionava água às vezes ela adicionava suco e perguntar para os participantes em quantas opções você tem aqui e essas pessoas do leste europeu diziam 3 refrigerante água e suco percebam que a nossa capacidade de distinguir as decisões está correlacionado à nossa capacidade de perceber essas minúncias essas diferenças entre
as opções e se por alguma razão a nossa história de vida não nos treinar pra perceber a diferença entre essas opções acaba que a gente não percebe essas decisões como decisões pra nós sete marcas de refrigerante são decisões e tem pessoas que brigam por qual marca é melhor 7 então não há decisões não são universais elas variam de pessoa para pessoa de cultura para cultura o seguinte preço por pressuposto é quanto mais opções melhor isso é um pouco paradoxal porque a gente pensa que quanto mais informação a gente tem mas munido a gente tem com
relação às nossas opções e melhor será a decisão no final mas não é bem assim é antes o leite vinha pelo leiteiro essa é uma escolha simples não havia o que decide hoje é o verdadeiro desafio escolher leite na prateleira do supermercado isso é um exemplo de decisão simples e cotidiana mas se a gente olhar a nossa história de vida dos nossos antepassados nem precisa fazer uma comparação cultural dos nossos avós bisavós eles tinham um papel social muito bem definido geralmente a mulher trabalhava em casa o homem trabalhava fora às vezes da profissão do homem
era única ele era o comerciante o sapateiro o pedreiro e quando entrava em uma companhia entrava e só sair dela quando for se aposentar vestir a camisa da empresa hoje a média de empregos que uma pessoa tem ao longo da vida é 15 por um lado você poderia argumentar bom isso tem a ver com diversificação com a sua capacidade de flexibilização de ser plástico de inovar e ser criativo é um ponto por outro lado é uma área de opções como você vai ficar satisfeito com a sua profissão por exemplo sendo que há um oceano de
outras vocações que você poderia ser e se você está no trabalho existem vários outros trabalhos o que você poderia potencialmente ser mais feliz a gente sabe hoje é que quando você tem mais do que dez opções para escolher a escolha fica mais lenta ea pessoa fica menos satisfeita com a escolha dela provavelmente pela perda de todas as outras decisões que seriam possíveis e você não escolheu o nome disso é paradoxo da escolha nem sempre quanto mais opções melhor o terceiro pressuposto de que o homem é um animal racional todo mundo já ouviu isso que nós
decidimos racionalmente as situações e situações mas a neurociência conta uma história um pouco diferente daniel kahneman é um pesquisador que divide os sistemas é cerebrais em basicamente dois um atrás do cérebro e outro na frente do cérebro o sistema de trás do cérebro é o sistema mais inconsciente de decisões rápidas daquelas decisões necessárias à sua sobrevivência essas regiões posteriores do cérebro são compartilhadas com outros animais ou seja na evolução faz muito tempo que essas áreas são usadas em relação às áreas responsáveis pelas decisões mas corriqueiras mas importantes de sobrevivência geralmente a resposta desse tipo de
sistema é rápida por exemplo se você quer comer esse bolo de chocolate a resposta é rápida você não tem que pensar em parar pra pensar o outro sistema de decisão mais frontal se chama neocórtex e ele é mais recente na evolução são poucas as classes de animais que tem e esse é o sistema deliberativo responsável pelas decisões racionais lineares em que você toma tempo pra pensar talvez os dilemas mais moraes as decisões mais difíceis recrutem mais essas áreas frontais ea resposta é mais lenta por exemplo a resposta para essa pergunta não é tão rápido de
responder os pesquisadores é e não só a gente da academia mas é gente da indústria sabe da influência inconsciente nas nossas decisões e por isso neuromarketing por exemplo utiliza de vários apetrechos para tentar inferir do estado corporal da pessoa as chances de ela dizer sim eu quero comprar alguma coisa então aparelhos como eletroencefalografia é airtrek em condutância de pele e monitoração é monitoramento decoração tudo isso são ferramentas para inferir o teu estado corporal quando você está colocado frente a um produto e porque precisa de tanta petrecho assim simplesmente porque se você perguntar pra pessoa o
que ela quer ela não vai conseguir te dizer porque muitas muita da da influência das nossas decisões é inconsciente ea gente não tem acesso consciente a elas por isso que esses métodos fazem tanto sucesso tá e por que é importante a gente refletir sobre como decidimos primeiro pra gente ter com agência de que sim somos influenciáveis e se escolher é uma coisa tão difícil que às vezes gera aversão como a gente viu quando a gente tem muitas escolhas quando a gente sente muita perda pelas escolhas que a gente não escolheu as pessoas se aproveitam dessa
dificuldade e passam a nos influenciar ou a induzir a nossa escolha isso tem um lado positivo quer dizer se escolher é tão aversivo a gente aceita de bom grado quando os sites como a amazon nos oferecem os produtos que você gostaria também de comprar se você comprou aquele ou com as alternativas que o google de idade e pesquisa claro porque gera esforço ea gente gosta que nos ajudem mas é preciso saber que às vezes um discurso de que é você quis tem todo um trabalho por trás tem toda uma engrenagem que está tentando avaliar o
que é que você quer e não é você o autor dessa decisão então precisa ter consciência de que nós somos influenciáveis segundo porque a gente não decide sozinho às vezes a gente decide em grupo e às vezes a nossa decisão impacta várias pessoas sobre isso temos tudo muito interessante de maria no sigma e dan ariely fizeram um estudo sobre escolhas com milhares de pessoas eles pediram para que individualmente as pessoas estimassem altura da torre eiffel e quando acontece isso é quando você pesquisa com milhares de pessoas acontece um fenômeno muito interessante chamado sabedoria das massas
por mais díspares que sejam as estimativas quando você coloca a média de de várias delas aumenta e se aproxima muito da estimativa real da torre então eles fizeram esse experimento com milhares de pessoas e guardaram resultado depois eles pediram para essas mesmas pessoas se reunir em grupos de cinco e tentarem chegar a um consenso e com isso elaborar uma nova resposta o que é interessante do resultado das estimativas de consenso é que depois do consenso de cinco pessoas as estimativas ficavam ainda mais próximas da altura real da torre o que esse experimento nos mostra que
talvez pra gente tomar boas decisões coletivas você precisa de duas coisas primeiro preservá a pluralidade de opiniões tem que ter diversidade segundo que você tem que dar espaço para discussões e estimativas e grupais é claro que estima a altura de uma torre pode não ser comparável por exemplo há uma escolha moral ou uma escolha de política pública mas em tempos como os nossos em que a gente vê polaridade de opiniões em que as pessoas é não tem consenso e que a gente tem uma urgência em as medidas de política talvez a ciência tenha alguma ideias
sobre como melhor decidir em grupo se eu fosse resumir o que que a neurociência preconiza a como ajudar o cérebro a tomar melhores decisões eu diria primeiro de tudo o que a gente precisa investir em quem tem os cérebros mais plásticos e com maior potencial que é a primeira infância a gente tem várias frentes de ataque para melhorar a saúde mental ou a maneira como as pessoas decidem mas se a gente for pensar em população quem tem os cérebros menos rígidos que tem maior capacidade de responder a alguma política são as crianças são quem tem
é cérebro mais plástico então aqui eu vou dar conselhos gerais mas a ideia é ter como alvo essa população que a população que a gente tem mais capacidade de mudar a primeira medida é nutrição tão básico quanto isso a gente sabe que o cérebro é um órgão do corpo humano que mais consome glicose cérebro que não tem nutrição não aprende num processo da informação um cérebro que recebe uma dieta equilibrada é que se nutre bem tem condições de decidir bem o segundo fator é sono várias pesquisas indicam o poder terapêutico inclusive do sono o sono
é capaz de eliminar toxinas do tecido cerebral e tem um estudo aqui brasileiro do instituto do cérebro é feito pelo grupo do ci dade ribeiro que apontou que tira soneca durante o período das aulas ajuda no aprendizado essa essa seria uma medida muito legal simples fácil de fazer e com resultados palpáveis privação de sono é uma coisa muito séria para aprendizado e também para a tomada de decisão por fim eu queria discutir saúde mental o brasil é muito bom em fazer campanhas preventivas estão no carnaval a gente tem a campanha de prevenção à aids a
gente tem a prevenção ao câncer de mama a gente tem prevenção à dengue mas eu nunca vi uma política de promoção de saúde mental o quão difícil é a gente entender o impacto do stress nas nossas decisões o que fazer se você alguma pessoa conhecida tem uma crise de ansiedade ou então como identificar patologias mentais como procurar ajuda o dia em que a gente foi bom em promover saúde mental a gente também vai promover melhores decisões por fim eu queria voltar um pouco a história da vaca porque a história da vaca não é uma história
sob controle é uma história sobre potencialidade às vezes a gente está imerso no mundo caótico em que eventos aleatórios determina o rumo da nossa vida a gente sente que não tem controle sobre o próprio destino mas o poder da reflexão tá em saber das suas capacidades dos fatores que determinam das suas possibilidades de sair das suas funções e eu tenho a esperança de pensar de forma mais ética e solidária muito obrigado [Música]
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