A conversão dos evangélicos ao Catolicismo incomoda o Pastor Nicodemus ( parte IV )

Vamos continuar a nossa análise aqui do vídeo do Pastor Nicodemos. Agora, em terceiro lugar, deixe-me falar um pouquinho a respeito das causas pelas quais evangélicos acabam indo para o catolicismo. A verdade é que muitos evangélicos não conseguem lidar com o fato de que existem muitas denominações entre os protestantes.

Isso é um fato: existem muitas denominações. Eles não conseguem lidar com o fato de que existem diferentes interpretações da Bíblia entre os protestantes; de fato, isso é verdade. E, então, eles buscam segurança nas promessas de unidade, universalidade e autoridade interpretativa da Igreja Católica Romana, que oferece, inclusive, um papa infalível, e se apresenta como sendo a Igreja, uma Igreja Unida e a mais antiga de todas.

Muitos evangélicos ficam fascinados por esse discurso ao olhar a fragmentação dos protestantes antes e a livre interpretação que é permitida a cada membro da igreja, no sentido de que não é que cada um vai interpretar a Bíblia como quiser; mas cada um deve examinar a Bíblia e procurar por si mesmo a verdade. É claro que nessa propaganda católica, não, não, não, não é exatamente como a Igreja Católica diz. Por exemplo, as diferentes denominações são, elas existem, são diferentes estruturas eclesiásticas, mas o que une os evangélicos é a mesma coisa: a fé em Cristo como único e suficiente Salvador, na Bíblia como sendo a única revelação de Deus, na salvação pela graça, mediante a fé, na ressurreição dos mortos, no juízo eterno, na vinda do Senhor Jesus.

Isso todos os evangélicos creem. As diferenças são meramente de organização: forma de batismo, tipo de liturgia, tipo de culto, que é uma variedade que deve ser apreciada e entendida, em vez de ser olhada como sendo indicativa de que os protestantes estão errados. Porque a unidade que a Igreja Católica fala, ela é mantida pela estrutura eclesiástica.

Vamos analisar essa primeira parte da análise do Pastor Nicodemos sobre a unidade da igreja. Aqui, ele fala sobre a unidade dos. .

. bom, ele mesmo se contradiz quando diz o seguinte: que o que une os protestantes é a mesma coisa, então, a fé em Jesus como único e suficiente Salvador, a fé na Bíblia, etc. , e que a diferença é meramente organizativa.

Não é verdade! Ele mesmo havia dito um pouco antes que existe uma diferença muito grande entre calvinismo e arminianismo; essa não é uma diferença organizacional, não é uma diferença eclesiástica, é uma divergência teológica, uma divergência teológica séria, né? Porque se o calvinista afirma que eu sou salvo por uma decisão de Deus, e o arminiano diz que eu sou salvo por uma decisão do homem, ou que alguns grupos batistas dizem que, até eu aceitar Cristo, eu sou salvo por uma decisão minha; ou seja, eu que escolho Jesus como Salvador, mas depois de escolhê-lo, uma vez salvo, salvo para sempre.

Ou seja, mesmo que eu peque, mesmo que aconteçam as piores coisas, eu já estou salvo porque aceitei Jesus como Salvador. São doutrinas completamente diferentes. Por exemplo, as doutrinas escatológicas, e elas são importantes para os protestantes, porque eles são muito prolixos nas doutrinas escatológicas, diferentemente da Igreja Católica, que é bastante lacônica e muito, digamos assim, econômica na sua maneira de expressar a doutrina.

As doutrinas escatológicas, da escatologia geral, escatologia do final dos tempos. Então, você tem, de um lado, por exemplo, dispensacionalistas, que acreditam num arrebatamento secreto; do outro lado, você tem milenistas; depois você tem pré-tribulacionistas e pós-tribulacionistas. Você tem um monte de variações.

Mesmo o dispensacionalismo, você tem diversos tipos de dispensacionalismo. Ele mesmo falava, né, dos neopentecostais, que usam objetos como sinais de bênção, etc. e tal.

Então, não é uma diferença meramente organizacional; é uma diferença, de fato, doutrinal. Você tem a mesma Bíblia com diferentes crenças. Essa coisa de que há um só Deus, uma só fé, um só batismo, ali realmente não exige.

Inclusive, por exemplo, as igrejas que são pedobatistas, que batizam crianças, se alguém passa para uma igreja que é credo batista, que batiza apenas adultos que professam a fé, eles são rebatizados lá. Ou seja, não é uma mera diferença organizacional; é uma diferença doutrinal real. E, por exemplo, doutrinas eucarísticas: uns acreditam na transubstanciação, outros acreditam na consubstanciação, outros acreditam na transfinalidade.

Você tem um monte de doutrinas eucarísticas e outros que não sabem muito bem no que acreditam. Enfim, não é uma diferença meramente organizacional. Há diferentes credos dentro do protestantismo, ainda que haja um credo básico, que é o credo apostólico, que todos os cristãos professamos.

Mas, além do credo apostólico, aí sim, existem muitas outras doutrinas, muitos outros credos, muitas outras crenças que fazem com que sejam realmente fés diferentes. Vamos continuar vendo aqui a análise do Pastor Nicodemos: organização institucional da igreja, encabeçada pelo magistério e dirigida por um papa infalível. Essa é a unidade que ela tem, enquanto que nós falamos de uma unidade de fé, uma unidade de doutrinas que, de fato, nos fazem a Igreja de Cristo.

A Igreja de Cristo não pode ser confundida com uma organização eclesiástica. Então, você veja, ele diz que a unidade da Igreja Católica é uma unidade organizacional. Somente isso não corresponde à verdade.

Nós temos uma unidade de fé real. Depois, a gente vai falar um pouquinho mais disso, porque ele continua falando sobre esse assunto. Só que nós não podemos esquecer que essa unidade organizacional, ela existe porque a Igreja é uma instituição fundada por Cristo.

Então, no fundo, aqui, a eclesiologia que está por trás dessa afirmação do Pastor Nicodemos é a eclesiologia de quem diz que a Igreja é tão somente uma realidade espiritual e as suas manifestações históricas são. . .

Variadas, a Igreja Católica não acredita nisso. A Igreja Católica acredita que Cristo estabeleceu o colégio apostólico, encabeçado por Pedro, e que o colégio apostólico, digamos, é. .

. são eles, são os 12, os 12 patriarcas do Novo Povo de Deus, institucionalmente fundado por Cristo. A Igreja é uma instituição de origem divina.

E por que tem que ser assim? Porque se Jesus não tivesse criado uma instituição, o Evangelho se perderia. Nós deveríamos até duvidar da Encarnação.

Que Deus é esse que Ele se encarna, se faz homem, para deixar todo mundo numa confusão? Aqui, cada um faz o que quer, cada um crê no que quer. Não pode ser assim, não tem lógica.

Então, Ele efetivamente funda a Igreja e funda institucionalmente. Vamos continuar ouvindo um pouquinho mais aqui o Pastor Nicodemos sobre a adversidade que existe dentro do protestantismo, mesmo vendo a unidade de fé que existe entre eles. Então, vão procurar segurança no seio da Igreja Católica.

Ah, em segundo lugar, eu creio, pensando ainda nas causas pelas quais evangélicos vão para o catolicismo, que muitos realmente nunca foram evangélicos, nunca de fato entenderam, nunca foram alcançados pela graça, pela misericórdia, jamais entenderam a corrupção dos seus corações, não perceberam a suficiência da obra de Cristo e também não entenderam e não conhecem bem a Igreja Católica para poder fazer essa transição. Além do mais, em terceiro lugar, apostasia. Ele diz que aqueles que deixaram de ser protestantes, na verdade, nunca foram protestantes.

É uma acusação um tanto irrealista, porque eu acho que, diferentemente do que acontece conosco, o católico de base que se torna evangélico, de fato, nunca foi católico de fato, mas os pastores, os teólogos evangélicos que se tornam católicos, eu não posso dizer que eles não conheceram aquilo de verdade. E isso é o que predomina no cenário atual: as pessoas começam a estudar, a entender e elas passam para a Igreja Católica. Então, essa ideia de que eles nunca foram evangélicos, na verdade, está baseada numa doutrina de origem calvinista da fé temporária, que é uma doutrina muito esquisita.

Ou seja, para alguns, que são os destinados à condenação, aqueles que Deus predestinou para serem condenados, para alguns deles Deus dá uma fé temporária; ele dá uma fé temporária então ele crê, só que não de uma maneira tão profunda. Depois ele tira a fé temporária e dá uma cegueira para eles se condenarem, até de uma maneira pior. Se isso tem a ver com a bondade e a misericórdia de Deus, bom, é muito, muito, muito estranho isso daí.

Então aqui tem essa doutrina da fé temporária que está por trás dessa concepção: "Ah, eles eram, mas não são; eles eram, mas nunca foram". É verdade que São João diz: "Olha, aqueles que estavam conosco não eram dos nossos; se fossem dos nossos, nunca teriam saído". Mas, num outro sentido, não nesse sentido da fé temporária e muito menos no sentido que nós estamos vendo acontecer agora, que realmente é uma abertura de compreensão por parte daqueles que entendem a doutrina católica e percebem a sua profundidade.

Sempre houve aqueles que, num primeiro momento, abraçaram a fé em Jesus Cristo, ficaram durante algum tempo na comunidade cristã e depois simplesmente abandonaram, como era o caso dos hebreus a quem foi escrita uma carta – autor anônimo, mas com autoridade apostólica – com o propósito de impedir que eles voltassem para o judaísmo, depois de terem abraçado o cristianismo como sendo a verdadeira fé no Messias. O autor da carta aos hebreus adverte sobre apostasia, dizendo para eles que, se voltassem depois de terem tido o conhecimento da verdade, já não haveria mais expectativa de salvação. Um católico me disse no Twitter que, quando um evangélico começa a estudar a história da Igreja, ele se torna católico.

Bom, e ele chama a conversão ao catolicismo de apostasia. Isso é uma acusação muito séria, porque a apostasia, diferente do cisma – o cisma é quando a pessoa abandona a unidade da Igreja, apostasia é o abandono completo da fé cristã, é quando alguém deixa de ser cristão. Então, dizer isso, inclusive em relação aos evangélicos, a Igreja nunca diz que eles são apóstatas; diz que eles são hereges.

Quer dizer, eles professam doutrinas, se desviaram da doutrina reta que remonta aos apóstolos, mas não são apóstatas. Ele está nos acusando de apostasia, e a minha resposta é que, se ele começasse a estudar a Bíblia, ele se tornaria reformado. O desejo de pertencer à história?

A Igreja Católica se apresenta como a Igreja cristã que tem 2000 anos de idade e ela vê isso como sendo um indicativo de que a verdadeira Igreja, para nós reformados, não. Nós somos muito mais antigos do que isso; nós somos os descendentes espirituais de Abraão, Isaque e Jacó. O nosso pai na fé é Abraão; nós somos muito mais antigos do que a estrutura imperial da Igreja Romana, que começa no século IV, depois de Constantino.

A nossa fé remonta ao tempo dos patriarcas, dos juízes, dos salmistas, dos profetas que nos falaram a respeito do Messias. Então, essa conversa de antiguidade é somente para aqueles que ignoram boa teologia bíblica e o sentido da Escritura. Isso aqui é.

. . você vê que é um apelo, né?

Ele está fazendo um apelo a isso. Na lógica, a gente chama de "non sequitur"; quer dizer, ele diz assim: se alguém. .

. ele responde a um católico, né? Um católico diz que, se alguém estudar a história da Igreja, se torna católico, e ele diz que, se alguém estudar a Bíblia, se torna reformado.

Veja, então ele está dizendo assim que, se a partir da Bíblia se segue que ele se tornará reformado, e não é verdade. A prova está no. .

. Fato de que existem milhares de igrejas evangélicas que estudam a Bíblia, nem todo mundo se torna reformado. Agora, a unidade histórica da Igreja Católica não é uma mera ficção.

Você vê essa unidade em ação; ela é uma. A Igreja Católica diz que começa no século IV. Isso, obviamente, é uma afirmação que pertence à gama de calúnias levantadas por diversos protestantes de que quem teria fundado a igreja foi Constantino.

Não sei o quê, passa de uma grande balela. Já falei isso em outras ocasiões. Tudo isso, na verdade, não resiste ao fato de que a igreja é um corpo, um corpo que tem unidade, inclusive jurídica, que agiu ao longo desses 20 séculos de história do cristianismo — 21 séculos, né?

Agora nós entramos no século XX. E que você veja, é simples de entender: se não tivesse acontecido a reforma, eles seriam o quê? Católicos.

Se não tivesse acontecido o cisma do Oriente, eles seriam o quê? Católicos. É simples; não precisa ser um grande erudito para perceber que nós estamos aqui na ordem dos fatos e ele está na ordem das alegações teóricas, né?

É isso que dá: a pessoa começa a estudar a Bíblia desconectada da realidade e não pode haver essa desconexão, porque o mesmo Deus que inspirou a Escritura é o Deus que criou o mundo. Eu não posso ter uma desconexão tão grande assim. Então, você estuda a Bíblia e fica naquele círculo: um texto que demanda uma compreensão mais ampla, um texto que demanda interpretação, e você fica preso ali.

Muito facilmente, você começa a falar só de textos, de palavras, etc. , e se desprende da realidade tal como ela é, da história concreta. Por isso que eu digo que o catolicismo é uma religião da realidade, porque a Escritura não é um conjunto apenas de crenças; ela está se referindo à realidade.

E essa desconexão é o que faz com que muitas pessoas se percam nas páginas da Escritura. Por isso que São Pedro diz que nenhuma Escritura é de interpretação pessoal, contrariamente ao que os apóstolos do livre exame sempre declararam. Vamos parar por aqui; depois a gente continua em um outro vídeo.