Ah, vocês querem ver, querem ver? Então vem! [Música] Lindo, monumental, um ícone da arquitetura modernista, mas que, desde a sua inauguração em 1958, enfrenta uma série de problemas que nem Niemeyer conseguiu resolver.
Por isso, o Alvorada, que já foi moradia de vários presidentes, é tema do nosso Projeto de Quinta de hoje! [Música] E vamos começar pelo criador do Palácio do Alvorada: "Eu procurei uma coluna diferente. Eu não queria um peitoril que a pessoa ficasse aqui, grudada no peitoril.
Eu queria que as colunas fossem seguindo num ritmo diferente, né? De modo que a pessoa tava em cima, embaixo da coluna, e a coluna funcionou bem. Então, eu encontro essa coluna em muitos lugares.
Encontrei na Grécia. Um dia, eu saía da praia e, quando cheguei assim na areia, eu estava tomando banho de mar e vi um prédio com as colunas do Alvorada. Difundiu bem a arquitetura brasileira, né?
" O Oscar é, indiscutivelmente, um dos maiores nomes da arquitetura modernista mundial. As suas obras são conhecidas e admiradas no mundo todo, mas não são unanimidades em duas coisas: praticidade e conforto. E o Palácio da Alvorada não fugiu a essa regra.
A ideia do Oscar era criar algo que representasse o que o Brasil tava vivendo na época: modernidade e um crescimento. Mas funcionou em partes. Algumas coisas funcionaram muito mais no papel.
Só que, na hora que foi pra construção, não deu muito certo. Sem contar que, escolhendo Niemeyer para a criação dos edifícios da nova capital do Brasil, o Juscelino de cara já recebeu o combo do Oscar, que é: uma obra com custo extremamente elevado. E ele sabia disso porque o Oscar já tinha feito uma obra na Pampulha, lá em Minas.
O concreto armado e as formas inovadoras que o Oscar sempre colocava nos seus projetos encareciam muito as suas obras. Então, quem contratava o Oscar já sabia: ia sair caro. Além disso, os desafios técnicos para essa construção eram extremamente elevados.
A execução dos projetos do Oscar sempre foi muito complexa, exigia uma alta especialização da equipe e, o pior, uma manutenção muito constante. E não é aquela manutençãozinha que tu faz na tua casa aí, de uma pintura; é manutenção mesmo. Eu já vou explicar por quê.
E isso tudo resume perfeitamente a realidade do Palácio da Alvorada. Aqui, uma curiosidade: o nome "Alvorada" pro Palácio vem do discurso de lançamento da pedra fundamental de Brasília. JK, falando empolgado sobre a alvorada, acabou tirando esse trecho ou essa palavra do discurso e batizou o Palácio.
E ele foi tão importante que, hoje, esse discurso tá gravado no hall de entrada do Palácio da Alvorada. Construído entre 1957 e 1958, o Palácio foi a primeira obra concluída em Brasília. Os 7.
000 metros quadrados ficaram prontos em apenas 18 meses! Um feito impressionante pra época e que, na verdade, até hoje é muito impressionante. Pô, 7.
000 m² é um absurdo, né? 18 meses! A gente, às vezes, não faz uma casa de 300 nesse mesmo tempo.
E esse verdadeiro absurdo tem o dedo do Juscelino. Ele não gostou da primeira proposta apresentada pelo Niemeyer. Ele achou muito simples.
Ele queria algo mais monumental. E aí o Niemeyer foi lá, revisou todo o projeto e. .
. tcharam! O resultado foi essa fachada icônica, com essas colunas em forma de asa.
Na verdade, alguns afirmam que ela remete a redes que eram constantemente encontradas nas varandas das casas do Brasil colônia. Então, essa pode ter sido uma das inspirações. E aqui vai uma denúncia: você já deve ter se perguntado, se você gosta de arquitetura, por que as casas hoje estão tão parecidas.
É tudo muito igual, parece umas caixinhas. Por quê? Por causa justamente do modernismo.
Ele é um estilo que, até hoje, é muito repetido pelos arquitetos que estão se formando e os que estão atuando hoje no mercado. E eu até me incluo nesse bolo. A gente acaba valorizando muito esse estilo e acaba replicando até hoje esse minimalismo e esses conceitos mais puros na construção.
Então, se você gosta de um estilo daquela casa com cara de casa, fale com seu arquiteto e tente criar junto com ele uma casa que tenha mais a ver contigo, pra não ficar apenas repetindo o que o Niemeyer já fazia nos anos 50. A gente precisa evoluir um pouquinho, né? Que o arquiteto chega é que nasce a arquitetura, né?
Tá, Fifo, mas é só estético ou tem algum outro problema nos projetos modernistas? Tem sim, olha só, e começa com o conforto térmico: zero! Esses ambientes amplos e essas janelas enormes realmente ficam bem bonitos, mas o problema é que isso não funciona muito bem para todos os climas.
Nesse caso específico, no clima seco de Brasília, era óbvio que isso não ia dar certo. E o pior: o clima seco dá lugar, uma vez ao ano, a uma grande estação de chuvas muito intensas. Então, essa laje enorme com essa cobertura impermeabilizada, que não tem tantos caimentos para manter essa linha mais reta, é problema certo.
Por isso, uma vez por ano, desde 1958, o Palácio sofre com goteiras. Você achou que era só na tua casa? Negativo!
O Juscelino, em 58, já tava lá, ó, catando goteira. Imagina só, pensa comigo: se hoje já é complicado vedar perfeitamente uma laje, imagina isso nos anos 50, com a tecnologia da época, que era muito inferior à que a gente tem hoje. Mas antes de falar um pouquinho mais dos problemas, vamos dar uma volta aqui para ver o Palácio.
Ele conta com três pavimentos: o térreo, o segundo e o subsolo. Antes ainda de entrar, a gente vê as moradoras mais antigas: as emas! Aqui, um dos cartões-postais de Brasília: a fachada do Palácio refletida nesse espelho d'água com as laranjeiras, que são essas esculturas em bronze.
É algo lindo, que chama muita atenção de quem visita o Palácio. Entrando, você chega nesse imenso hall com pé-direito duplo e esse carpete vermelho. Aqui, a parede dourada que eu comentei, que expõe o discurso de lançamento da pedra fundamental de Brasília.
Passando um pouco, temos a sala de espera, toda decorada com obras de arte, onde o presidente recebe visitas mais importantes, que têm o direito de apreciar essas obras. Vemos também, ao lado do Palácio, uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, toda com essas linhas mais curvas. As paredes são revestidas de lambris de carandá, que por si só já são muito bonitos.
Além disso, tudo é folheado a ouro — tava sobrando na época, né? Seguindo pelo interior do Palácio, a gente chega no salão de estado. Aqui, chefes de estado e outras autoridades se reúnem e tomam decisões bem importantes para o país (outras nem tanto).
Se quiserem consultar algum livro importante, ainda tem uma biblioteca enorme, com mais de 3. 400 exemplares, alguns originais. Logo a seguir, vem o mezanino, uma grande área de circulação entre o hall de entrada, a biblioteca e o salão nobre.
Um pouco mais à frente, temos a sala de jantar. Essa grande mesa em estilo inglês contrasta bastante com a decoração em ornamentos bem brasileiros. Um dos exemplos são os anjos do barroco mineiro, que ficam nas paredes, e as porcelanas, que são da Companhia das Índias.
Outros ornamentos, como esses, estão espalhados por toda a casa, o que caracteriza o Palácio como praticamente um museu. Literalmente um museu! É história viva, e o presidente mora ali.
Para as grandes recepções oficiais, temos o salão de banquetes, que recebe perfeitamente mais de 50 pessoas. Continuando, passamos ao salão nobre, um dos ambientes mais importantes do Alvorada. É aqui que o Presidente da República recebe ministros e chefes de estado para reuniões mais reservadas.
Passando, chegamos na sala de música, que é ornamentada por esse piano sensacional de meia cauda alemão, que foi tocado por Vinícius de Moraes e Tom Jobim. Olha isso: mais lindo, impossível. No subsolo, temos a parte mais de lazer.
Uma grande sala de cinema e um salão de jogos esperam ali a família do presidente e seus amigos. Já no segundo andar, aí sim, é a parte mais íntima. Basicamente, são quatro suítes, então nada muito ostensivo.
Na parte leste do Palácio, essa piscina sensacional, com esse azulejo azul vivo e uma pérgola com bar e churrasqueira, compõe a paisagem. Por todos os lados, como a gente consegue ver, a natureza está muito presente. E esse paisagismo é obra do Yoshi Aikawa, que também é o responsável pelo Palácio Imperial do Japão.
E, como toda residência oficial de um chefe de estado, tem alguns túneis que interligam o Palácio a outros lugares da cidade, para alguma fuga ou problema que possa vir a acontecer. Só que, obviamente, ali a gente nunca vai ter acesso. Por toda essa estrutura enorme, a gente chega num ponto que é comum em vários projetos modernistas: o custo de manutenção desse negócio.
A manutenção custa milhões de reais todo ano. E, por sinal, quem paga somos nós. Esse custo absurdo está obviamente relacionado com o tamanho e a relevância por ser uma casa de chefe de estado.
Mas, independente disso, esse problema de manutenção é muito comum em vários projetos modernistas. Eles ficam lindos no papel, mas são caros para se manter. Analisando com calma, o Alvorada deixa fácil perceber que a prioridade aqui foi estética.
A funcionalidade no dia a dia e o conforto dos moradores ficaram meio que em segundo plano. Mas talvez isso, na época, nem fosse uma grande relevância. Eles estavam muito mais preocupados com a imponência e a monumentalidade dessa construção.
O que não quer dizer que você precisa repetir esses mesmos erros na sua casa. Por isso, preste atenção nisso aqui. Se você gosta de um projeto um pouco mais clean, com essa pegada mais modernista, mas quer evitar esses problemas, aqui vão dicas para adaptar a construção ou esse estilo para o nosso clima.
Primeiro: a ventilação cruzada, não esqueça disso! Janelas em pontos opostos da sua casa para o vento circular por dentro dela. Segundo: um telhado funcional.
Sabe as famosas telhas de barro? Elas funcionam também para deixar o clima um pouco mais ameno. Então, você vai ter a laje, vai ter a telha de barro e vai ter uma camada de ar para circular.
Ela também absorve um pouco mais o calor e não transmite tanto para dentro de casa. Agora, se você quer um telhado escondido, talvez com aquela platibanda para dar essa cara mais clean, utilize manta, algo que vá refletir um pouco a insolação. Então, o sol vai bater e vai refletir.
Mantas específicas para esse uso já existem, é só pesquisar. Terceiro: brises e elementos vazados. Isso fica muito bonito e é perfeito também para controlar um pouco o quanto de sol vai entrar dentro da sua casa.
Quarto: beirais amplos. Não esqueça disso, vai ser essencial para diminuir a manutenção da sua casa, porque a chuva não vai bater diretamente na parede. Também vai deixar a casa mais confortável e sombreada.
É uma solução que sempre funciona. Quinto: um paisagismo nativo. Essa é uma estratégia de todo bom paisagista.
Ele vai pesquisar o que é nativo da sua região e vai colocar aquela planta ali. Ela vai crescer mais rápido, ficar mais bonita e ter tudo a ver com onde você mora. E aí, já utilizou alguma dessas estratégias na sua casa?
Então, deixa aqui nos comentários, que a gente gosta sempre de ler. Como deu para ver, o Palácio da Alvorada é um marco da arquitetura brasileira e mostra o quão complexo é equilibrar forma, função e conforto em um projeto. Então, eu te pergunto: esse palácio, feito por um dos arquitetos mais renomados do mundo, de concreto e vidro, gravado no meio do cerrado brasileiro, pode ou não ser considerado um projeto de quinta?
Já deixa aqui nos comentários a sua opinião, porque eu sei que o Neer é contraditório. Ou você ama, ou você odeia. Eu digo isso porque a gente já fez um vídeo falando sobre ele, e foi exatamente isso que acompanhamos em todos os comentários, que são inúmeros no nosso vídeo.
Então, já acompanha. Vou deixar ele no final deste vídeo. Se você não conhecia o nosso canal, seja muito bem-vindo!
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Acompanhe o nosso canal e até o próximo vídeo. Valeu! [Música] Tchau!