Você sabia que o caracol quando se sente ameaçado simplesmente vira uma bolinha de baba e espera o problema passar? Não grita, não corre, não entra em crise existencial, só se fecha, espera e depois segue a vida. Às vezes eu queria ter essa habilidade de caracol, porque convenhamos, tem dias que basta alguém respirar torto perto da gente, que já parece que o mundo tá desmoronando.
Um olhar atravessado, uma mensagem visualizada e ignorada, um bom dia meio seco no grupo da família. Pronto, já era. O coração entra em modo ataque e a mente começa a inventar roteiros dignos de novela mexicana.
Mas por que a gente se abala tanto com coisas aparentemente pequenas? A resposta tá lá no nosso sistema operacional emocional, que ainda roda uma versão jurássica do tipo: "Se alguém não gosta de mim, talvez eu morra sozinho no mato sem comida". Sério, nosso cérebro foi programado há milhares de anos para sobreviver em grupos.
Ser rejeitado era literalmente questão de vida ou morte. Hoje não é mais, mas a sensação de ameaça ainda vem com a mesma força. E aí entra o problema.
A gente começa a terceirizar nossa paz. Tipo, hoje eu tô bem se ninguém me criticar. Hoje eu tô de boa, desde que ninguém me contrarie.
Hoje vai ser um bom dia, contanto que todo mundo me trate como eu espero. Ou seja, você fica em paz, mas com contrato de aluguel. E qualquer um pode despejar sua tranquilidade a qualquer momento.
Agora, imagina se você conseguisse manter o mesmo estado interno, independente do que acontece do lado de fora. Como um lago tranquilo que não vira tsunami só porque caiu uma pedrinha. Isso não é frieza, não é ignorar os sentimentos, é só você aprender a não ser o brinquedinho emocional dos outros.
E spoiler, isso é totalmente possível. Mas vamos começar do começo. Primeiro, parar de dar poder demais paraa opinião alheia.
Não tô dizendo para virar alguém arrogante, tipo: "Não me importo com ninguém, sou um ser evoluído e superior. " Mas é entender uma coisa básica. A opinião dos outros fala mais sobre eles do que sobre você.
Quando alguém te trata mal, isso geralmente tem mais a ver com o mundo interno da pessoa do que com algo que você fez. Pode ser cansaço, insegurança, raiva acumulada de anos. Mas o nosso ego tem um talento especial para transformar isso em drama pessoal.
Ela foi grossa, deve me odiar. Ele discordou de mim, deve me achar burro. Não respondeu minha mensagem.
certeza que me considera irrelevante. Só que às vezes a pessoa só tava sem bateria, literalmente. Outra coisa que ajuda muito, criar um espaço entre o que acontece e a sua reação.
Pensa assim, toda vez que algo te irrita ou te deixa inseguro, é como se alguém apertasse um botão, mas esse botão não devia estar tão exposto. Quando você cria esse espaço, você ganha tempo. tempo para respirar, para pensar, para decidir como você quer reagir e não como seu impulso quer.
Esse é o segredo das pessoas que parecem blindadas. Não é que elas não sentem, elas só aprenderam a não reagir no piloto automático. E cara, isso é libertador, porque aos poucos você percebe que não precisa se abalar por tudo.
Você não é obrigado a participar de toda discussão, nem a se justificar sempre, nem a carregar o peso de expectativas alheias. Pensa em quantas vezes você ficou mal por algo que dois dias depois já nem fazia mais sentido, ou pior, algo que a outra pessoa nem percebeu que te machucou. A verdade é que a maioria das pessoas tá tão ocupada com os próprios dilemas que mal repara no nosso.
E aí a gente fica ali remoendo, criando cenários, desmoronando por dentro, enquanto o outro já tá pensando no que vai jantar. Claro, não dá para ser 100% imune o tempo todo. Tem dias que a gente vai sim se abalar.
Faz parte. Somos humanos, mas a grande virada é aprender a escolher o que merece sua energia, porque sua atenção é como gasolina. E tem muita coisa por aí que não vale nenhum fósforo.
Então, para fechar, você não precisa virar um monge tibetano para ter paz, nem fingir que nada te atinge. Só precisa lembrar que sua mente é como uma casa e nem todo mundo que bate na porta merece entrar. Algumas críticas você escuta e aprende, outras deixa do lado de fora com um valeu, mas tô bem, obrigado.
A chave tá em praticar esse filtro, respirar fundo antes de responder. Se perguntar, isso aqui é mesmo importante ou só me pegou num dia sensível? Aos poucos, você percebe que ficar bem não tem a ver com controlar o mundo, tem a ver com cuidar do que você deixa entrar.
É isso que dá a verdadeira sensação de força. Não é ser invencível, é ser menos reativo. Não é não sentir, é sentir sem desabar.
E olha, isso não é só possível, é treinável. Um passo de cada vez, uma resposta que você escolhe dar, um comentário que você escolhe levar pro coração. Você vai se tornando mais leve, mais inteiro e, principalmente mais dono de si.
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