Como uma nova Presidência de Donald Trump vai impactar o mundo? O republicano disputou a Casa Branca com uma agenda bastante focada no protecionismo comercial, no fechamento das fronteiras do país à imigração e na priorização de um “americanismo” no lugar de um “globalismo” Todos pontos que tendem a reverberar pra além da política interna dos Estados Unidos Donald Trump chega ao poder pela segunda vez, mas o cenário em que ele vai governar é diferente de 2016 Agora ele tem maioria na Suprema Corte e no Congresso – nessa eleição o Partido Republicano conquistou mais da metade das cadeiras da Senado e pode também comandar a Câmara dos Representantes Eu sou Camilla Veras Mota, da BBC News Brasil, e neste vídeo detalho em quatro pontos o que o mundo pode esperar desse segundo mandato Já adianto que esses são, claro, cenários. A dimensão do impacto da agenda Trump vai depender do que ele colocar de fato em prática e de como os países afetados vão reagir Uma grande dúvida diz respeito à Guerra na Ucrânia Trump repetiu durante a campanha que colocaria fim ao conflito em 24 horas, mas nunca detalhou como O que parte dos ucranianos teme é que essa intermediação signifique pressionar a Ucrânia a ceder parte de seu território pra Rússia No governo Biden, os Estados Unidos enviaram 175 bilhões de dólares em ajuda militar pra campanha ucraniana contra a invasão russa Não está claro se essa ajuda vai continuar.
Uma possibilidade, levantada por conselheiros de segurança do primeiro mandato de Trump, é de que ele condicione a ajuda militar americana a que Kiev inicie negociações com Moscou. Outra pergunta é sobre as deportações em massa de imigrantes sem documentos Trump prometeu dar início à maior operação de deportação da história dos Estados Unidos e a colocar fim ao direito à cidadania que a lei americana prevê para filhos de migrantes sem documentos A imigração foi um dos grandes temas dessa corrida eleitoral e pode afetar diretamente a América Latina Especialmente a América Central, origem de boa parte dos migrantes que atravessaram a fronteira no último ano, e o México, país de cerca de metade dos imigrantes sem documentos nos Estados Unidos. O roteiro não dá indicação de onde essa sonora estaria.
. . Especialistas em temas migratórios avaliam que Trump pode ter dificuldade para colocar o plano em prática, já que o governo federal precisaria mobilizar um volume grande de recursos para deter e expulsar tanta gente de uma vez do país Analistas também afirmam que ele pode encontrar barreiras legais para implementar essa e outras medidas polêmicas envolvendo estrangeiros.
Aconteceu no primeiro mandato, quando o Judiciário inicialmente suspendeu o decreto que barrava a entrada de viajantes de algumas nacionalidades ao país Trump disse, aliás, que ampliaria essa proposta em um segundo mandato, com restrições à viagem de pessoas vindo de países de maioria muçulmana O que nos leva ao terceiro ponto: a política de Trump para Israel e pro Oriente Médio Assim como em relação à Ucrânia, o republicano prometeu levar “paz” ao Oriente Médio, dando a entender que colocaria fim à guerra entre Israel e o Hamas em Gaza e o conflito entre Israel e o Hezbollah no Líbano, mas também não detalhou como Trump falou várias vezes que, se estivesse no poder no lugar de Joe Biden, sua política de “máxima pressão” sobre o Irã, que financia o Hamas, teria impedido que o grupo atacasse Israel Em seu primeiro mandato, ele foi um defensor aberto de Israel, chamado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de “melhor amigo que o país já teve na Casa Branca” O governo Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel, indo na direção contrária de boa parte da comunidade internacional, e chegou a transferir a embaixada dos EUA de Tel Aviv pra lá A decisão, que não foi revertida no governo Biden, quebrou décadas da tradição diplomática americana e foi vista pelos palestinos como tomada de partido na questão controvertida e antiga do status de Jerusalém. Tanto Israel e Palestina reivindicam a cidade como capital. O governo Trump também apoiou os assentamentos de colonos israelenses na Cisjordânia, que organizações como a ONU consideram ilegais Agora, ele tem dito que Israel deve “terminar o que começou” contra o Hamas em Gaza e que deve fazê-lo rapidamente, porque o país estaria, abre aspas, “perdendo a guerra do ponto de vista das relações públicas” Outra questão é se o novo presidente vai tirar os Estados Unidos da OTAN, a maior e mais poderosa organização militar transnacional do mundo, liderada justamente pelo país A OTAN foi criada depois da Segunda Guerra Mundial, durante a Guerra Fria, pra se contrapor à União Soviética.
E continua tendo relevância no xadrez geopolítico hoje: a Ucrânia tinha pedido pra aderir ao grupo quando foi invadida pela Rússia em 2022. E Vladimir Putin constantemente se queixa de que a Rússia é alvo da aliança. Trump em diversas ocasiões manifestou contrariedade à OTAN, se queixando, por exemplo, de que os EUA contribuíam financeiramente mais do que os outros membros Ameaçou sair da organização quando era presidente caso os demais países não cumprissem com o acordo de gastar 2% do PIB com defesa Pelas regras do grupo, um ataque a qualquer país membro é considerado um ataque a todo o bloco Em fevereiro Trump disse que os EUA não protegeriam os países que não pagassem suas contribuições como membros e que a Rússia poderia fazer, abre aspas, o que quisesse com eles Também se comprometeu durante a campanha a reavaliar fundamentalmente o propósito e a missão do grupo As ameaças, na visão de alguns analistas, podem ser uma estratégia para pressionar os membros da aliança a aportarem mais recursos.
A resposta para essa e outras dúvidas vai ficar mais clara a partir de janeiro de 2025 Eu fico por aqui, obrigada e até a próxima!