[Música] o movimento negro luz ré duca o movimento negro nos é duca pois é isso é uma pergunta e é também o tema da pós doutora em sociologia nilma lino gomes uma pergunta extremamente necessário importante principalmente no brasil de hoje jackson é essa o movimento negro nos reeducar e eu junto com essa pergunta chave eu faço mas algumas outras pequenas perguntas que é para instigar o que eu tenho pra conversar com vocês hoje com uma boa professora sempre tem um caderninho né tudo anotado então as minhas questões estão aqui elas são essas é que a
sociedade brasileira tenha aprendido sobre a luta anti-racista por meio do protagonismo do movimento negro a outra pergunta para a nossa reflexão quando compreender o movimento negro hoje nas suas diversas formas de atuação mas uma outra nós vivemos momentos de superação ou de recrudescimento do racismo no brasil atual mas uma outra a esquerda brasileira o campo e mansi patorg brasileiro vamos pensar sim ea pauta racial qualquer relação é uma relação de laços de solidariedade ou de desconfiança como ficam essas questões e eu diria respondendo a cada uma delas ea primeira delas é que o movimento negro
ele nos reeducar assim movimento negro ele é um educador e ele é um educador que educa a si mesmo é reeducar a sociedade o estado a educação seja educação básica sejam ensino superior e nesse processo de reeducação todos nós negros brancos indígenas de qualquer grupo e pertencimento étnico racial aprendemos aprendemos sobre as relações raciais no brasil aprendemos mais sobre nós mesmo país brasil aprendemos sobre a nossa ancestralidade africana e como ela se dá ela é recriado e ressignificar no brasil ao longo de todo esse nosso processo histórico nós também somos reeducados nessa luta que o
movimento negro constrói na sociedade brasileira a entender com perversa o racismo e com perversa é o tipo de racismo que se instaurou historicamente na sociedade brasileira e contra o qual hoje nós construímos políticas de superação do racismo e políticas de igualdade racial eu costumo sempre enfatizar que esse tipo de racismo que se construiu no brasil é muito diferente de outros que existem outros lugares do mundo porque aqui é um racismo que abarca ele carrega dentro de si uma ambigüidade e o que essa ambigüidade é a capacidade que ele tem de se afirmar pela sua própria
negação quanto mais a sociedade brasileira nega o racismo principalmente quando nós fazemos o nosso discurso sobre a diversidade cultural étnica que é uma realidade no brasil ela existe de fato no brasil mas essa diversidade étnica cultural que nós temos no brasil e racial ela não é suficiente para superar esse racismo perverso que é que existe então pra nós e para as pessoas que lutam pela democracia pela igualdade para aqueles que têm um sentimento de emancipação social uma prática de emancipação social precisa compreender que mesmo sendo diverso como nós somos enquanto país infelizmente nós ainda carregamos
na nossa estrutura à sismo e por isso é muito importante que esse reconhecimento aconteça não só no cotidiano de cada brasileiro mas principalmente na esfera do estado porque é também política de estado que se faz com política de estado que se faça operação do racismo e nesse processo de educação e reeducação do movimento negro tem uma questão que eu acho que é muito importante para se compreender é que os movimentos sociais mas de um modo geral eo movimento negro aqui em específico eles carregam dentro de si na sua constituição no seu processo uma dimensão intrínseca
digamos assim um conhecimento intrínseco que é um conhecimento específico diferente do conhecimento vamos chamar sim convencional que é o conhecimento que se constrói na luta e é esse conhecimento que se constrói na luta na luta política na luta por igualdade na luta pela superação do racismo esse conhecimento é que enriquece a todos nós e muitas vezes não é reconhecido enquanto tal principalmente quando nós é temos uma prática de hierarquizar conhecimentos ou de eleger o conhecimento científico como a única forma de conhecer ea única e legítima forma de conhecer ora o conhecimento científico é uma forma
legítima de conhecer mas também existe uma profusão de outros conhecimentos produzidos por grupos sociais coletivos sociais positivo co-produzido por sujeitos sociais que foram transformados ao longo do nosso processo histórico em desiguais cuja diferença foi transformado em desigualdade essa profusão de conhecimentos ela ela se faz presente na sociedade brasileira ela está nas artes ela está na música está na dança está na educação ele está também nos mais diversos espaços e fóruns e quando nós por exemplo no brasil nesses últimos 13 anos quando nós é abrimos digamos assim as portas dos diferentes espaços sociais para entrada por
direito de coletivos sociais diversos que foram transformados em desiguais abrimos nossas portas por exemplo para as pessoas negras quem prove em processos de exclusão discriminação muitos dentro desses coletivos ainda não temos uma integração total uma entrada total mas aquilo que já foi já foi conquistado quando isso acontece esse sujeito entram nesses espaços com tudo seus conhecimentos também entram e esses conhecimentos muitas vezes eles dialogam né eles rivalizam das vezes eles tencionam e eles enriquece o que a gente vai chamar do conhecimento convencional ou se nós vamos falar no campo acadêmico do conhecimento científico enriquece rivaliza
confronta porque os conhecimentos não são algo é que está fora dos sujeitos são sujeitos sociais que produzem seus conhecimentos então quando nós falamos que o movimento negro nos reeducar e educa sociedade o estado exceto ea si mesmo nós estamos falando de sujeitos sociais que constroem a sua trajetória na no processo histórico cultural social brasileiro e nas lutas sociais e o que isso é importante de de refletirmos é porque também reconhecer esse conhecimento produzido nas lutas significa romper com um dos mecanismos do racismo e que no século 19 e início do século 20 final 19 e
início do 20 foi muito utilizado pela própria academia vamos pensar sem brasileira em síntese em surgimento naquele contexto que é a inspiração nas teorias o racismo científico então quando hoje nós reconhecemos que o movimento negro e os seus sujeitos é o sujeito que constroem esse movimento nos reeducar nós estamos indo na contramão do racismo científico indo na contramão dessa ideologia é que pensa superioridade e inferioridade racial como se isso fosse algo existente no brasil e nós colocamos o sujeito negros as negras e os negros no lugar legítimo de sujeito produtor de conhecimento de sujeito da
humanidade e de sujeito histórico que constrói sua história uma outra questão também que respondendo às minhas próprias indagações é o que eu estou chamando então de movimento negro e aí eu quero citar numa um recorte do meu último livro o movimento negro e do a dor que eu lancei o ano passado aonde eu tento explicar explicitar o que eu estou chamando de movimento negro hoje porque é complexo pensar e nem todos nós temos um acordo né sobre o que afinal de contas o que a minha mãe tá falando e aí muito rapidamente eu quero letta
nossa compreensão o movimento negro ele é entendido na minha perspectiva como as mais diversas formas de organização e articulação das negras e dos negros politicamente posicionados na luta contra o racismo e que visam a superação desse processo na sociedade participam dessa definição e aí eu acho que é importante esse aspecto a destacar é que participam dessa definição então os grupos políticos acadêmicos culturais religiosos e artísticos que tem o objetivo explícito de superação do racismo e da discriminação racial de valorização e afirmação da história e da cultura negra no brasil de rompimento das barreiras racistas impostas
aos negros e as negras na ocupação dos diferentes espaços e lugares da sociedade trata se de um movimento que não se reporta de uma forma romântica a nossa relação com a ancestralidade africana e o continente africano da atualidade mas reconhece os vínculos históricos os vínculos políticos e culturais dessa relação compreendendo a como integrante da complexa de as pôr africana portanto não basta e isso é importante apenas valorizar a presença ea participação dos negros e das negras na história na cultura e louvar a ancestralidade negra e africana para que um coletivo seja considerado como o movimento
negro é preciso que as ações desse coletivo se faça presente de forma explícita com uma postura política de combate ao racismo e essa postura política não nega os possíveis enfrentamentos contexto de uma sociedade que era avisada que é patriarcal que é capitalista que é lgbt fóbica e que é racista então acho que com essa explicação eu deixo mais compreensível para as pessoas o que é que eu estou chamando hoje de movimento negro e esse movimento social que vem dos reeducando a todos nós e nós podemos ver a presença desses processos educativos que a sociedade brasileira
aprendi com eles nas mais diversas áreas e eu vou dar alguns exemplos por exemplo hoje na educação não é isso nós temos aqui educadoras e educadores entre nós quando nós hoje lutamos para implementar uma lei que alterou a ldb que a lei 10.639 de 2003 obrigatoriedade de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas quando nós fazemos todo esse processo todo esse trabalho que hoje é uma lei de diretrizes nacionais é bom lembrar que o primeiro protagonista que levantou na sociedade brasileira publicamente que és esse aprendizado era importante para que nós brasil soubéssemos lidar melhor
com a questão racial e construirmos igualdade na educação que é um espaço que todos nós passamos pelo menos a nossa grande maioria é o movimento negro essa é uma reivindicação histórica que os ativistas e as ativistas mais antigos do movimento negro já reivindicavam e hoje nós temos a sociedade brasileira atuando nesse sentido quando nós hoje discutimos ações afirmativas temos cotas raciais nas universidades em concursos públicos através de legislação inicialmente através de iniciativas desses espaços a discussão sobre ações afirmativas quem traz publicamente essa discussão para a sociedade brasileira inclusive debaixo de muita tensão no início dos
anos 2000 foi o movimento negro principalmente quando esse recorte racial para a população negra foi discutido dentro das políticas de ações afirmativas que à época já existiam por exemplo a pessoas com deficiência e não eram tão de batidas nível nacional nem eram consideradas outras polêmicas no campo das artes por exemplo se nós formos pensar hoje o que significa pensar a arte negra corporeidade negra pensar espaços para artistas negros e negras nas mídias na televisão no cinema no teatro a elaboração e execução de peças teatrais as artes plásticas nós vamos pensar por exemplo teatro experimental do
negro ten lá nos anos 40 a 60 abdias do nascimento e tantos outros e outras que naquele momento já polemizavam qual o espaço das negras dos negros no mundo da arte com que a arte fala sobre essa cultura negra vou dar mais um exemplo que nós podemos pensar em nós e nos reportarmos um campo político mais específico o que é hoje a gente tem um estatuto da igualdade racial que é uma lei 12 mil dos 2 mil e oitocentos e oitenta anos em comum lembrando agora 2288 lembra que o estatuto da igualdade racial e o
que significa para nós hoje nós temos políticas de promoção de igualdade racial mas finalizando eu diria recrudesce o racismo na sociedade brasileira superamos racismo na sociedade brasileira infelizmente desde 2016 nós estamos em tempos de golpe no país um golpe parlamentar midiático jurídico fundamentalista de classe de gênero de raça e com uma orientação é ter normativa e nós temos percebido neste contexto que fascistas racistas conservadores e 77 que sempre existiram na nossa sociedade começam como se fosse emergir das cinzas começam a se sentir empoderadas ea gente tem visto tanto na vida online quanto na vida offline
como que manifestações racistas tem acontecido em nosso país e eu diria é para desanimar de forma alguma porque essas manifestações e e muitas vezes à força com pela qual elas são se expressam a força com menos bem elas significam a força do que nós já conseguimos mudar a força do que nós já conseguimos superar racismo na sociedade brasileira a força como os corpos negros hoje invadem ocupam a cena pública brasileira de uma outra maneira mais afirmativo mas empoderado mas sabendo decida sua estética do seu cabelo da sua cor e tudo isso tenciona relações de poder
então quando nós falamos em movimentos sociais quando nós falamos em movimento negro e reeducação nós estamos mexendo com relações de poder tirando o lugar dos privilégios e lutando por direitos e isso é qualificar enriquecer a democracia e então quando falamos sobre o movimento negro e esses espaços de educação significa que esse movimento social nessa complexidade que eu li esse processo de reeducação e mesmo estado a sociedade significa nos reeducar para compreender que tipo de democracia é essa que nós temos que continuar lutando no brasil e eu diria nesses meus últimos tempos de reflexão eu tenho
achado que nós temos que lutar por uma perspectiva em intersecções nal democracia aprendendo principalmente com a luta do movimento negro como um grande educador que nos reeducar historicamente e até hoje é isso muito obrigado achei muito interessante a sua fala sobre a questão do movimento porque hoje só a professora que sua mulher pensou muitas interferências do movimento negro das experiências vivenciadas nesse movimento inclusive ouvia muito dizer assim algumas pessoas dizerem sua mulher negra em movimento eu sou um homem negro movimento mas eu percebi a diferença disso de estar num movimento de forma organizada mas eu
queria é perguntar 'você é o seguinte aqui em salvador e questões lauro de freitas mas a sua professora da educação de jovens e adultos em salvador e com relação à efe a atividade da lei 10 mil 10.639 na rede existe aí um escola ou outra que tem um destaque ou um professor ou professora que faz em suas práticas mas ainda não é na amplitude que gostaríamos como é que o movimento negro né poderia contribuir nesse sentido eu falo um só de de fomentar mais de acompanhar de para que essa lei realmente tivesse mais efetividade de
que forma ele poderia provocar de uma forma mais é que criar a si mesmo esse movimento de ativação dessa lei então ele é uma muito obrigada pela pela pergunta é duas coisas que eu me reporto essa nessa questão primeiro é sobre a própria implementação do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana que é a lei 10 639 de 2003 eu sempre é reforço que a lei 10 639 de 2003 ela é a ldb ela é uma alteração do artigo 26 da lei de diretrizes e bases da educação nacional que é 9394 96 porque eu
estou enfatizando isso porque muitas vezes as pessoas tratam a 10 639 como se ela fosse uma lei específica e ela ela tem uma especificidade agora ela é é isso a nossa lei de diretrizes e bases da educação nacional por isso todos já deveriam ter implementado e o que eu quero estar aqui é o seguinte o que faz por exemplo um gestor uma gestora pública ou uma secretaria de educação uma universidade que tem que implementar a formação inicial e continuada de professores com essa perspectiva não fazer sendo que desde 2003 esse ordenamento legal está colocado assim
como outros ordenamentos legais e aí eu volto na questão da ambigüidade do racismo brasileiro porque o racismo brasileiro essa coisas idiotas e ambígua que eu falo com vocês é disso que algo que é um ordenamento legal para todo o brasil não é só para a população negra a um gestor ou uma gestora um coletivo de educadores o dou uma universidade ela se dá o direito de falar senão eu não concordo eu não concordo porque não tem racismo no brasil não preciso fazer isso essa é uma lei de negros shelvey isso em pesquisas fazendo entrevistas inclusive
então o que faz as pessoas agirem com esse desdém é isso diante de uma questão que é na funcional e reconhecida pelo conselho nacional de educação pelo ministério da educação que faz o brasil por exemplo ser o único país que tem uma legislação como essa e países africanos que nos visitam inclusive nos elogiam e falam que vão se inspirar em nós pra pensar isso lá no continente africano então essa insidioso idade que faz com que o trato da questão racial e da seriedade dela não seja acolhido não seja é implementado com a seriedade que tem
que ser e isso faz com que a implementação dessa legislação fica irregular no brasil até hoje então você tem espaços escolas ou municípios ou estados que ela de fato está em implementos e implementada ou seja mais adiantada a universidade está em diálogo educação básica em diálogo com o movimento negro as prefeituras estados e 60 em outros lugares se você vai encontrar esse estágio como se fosse uma implantação ainda as pessoas tentando entender o que é sendo que é algo que existe desde 2003 e tem material pedagógico material didático literatura pesquisa quantidade sertões e teses sobre
o tema né já tem concursos públicos inclusive para trabalhar com a temática aos poucos nas universidades públicas e o que faz isso acontecer e ainda você vai encontrar jackson em outros lugares do brasil é gestor gestoras públicas universidades que falam não tem nada acontecendo não me sinto obrigado a fazer então esse essa própria revelação desse quadro que eu falo pra você já é uma intervenção do movimento negro quando ele junto com intelectuais negras rebranding com os aliados dessa luta anti-racista através dos núcleos de estudos afro brasileiros nas universidades fazem articulações para construir pesquisas que mapeia
a situação local e nacional da implementação da lei e essa se transforma numa demanda para o estado então se pressiona o estado que tem que fazer com que essa lei aconteça o que nós enfrentamos e aí é uma questão que não diz respeito só as relações sociais mas respeito a uma cultura política no brasil é você encontrar mesmo com a pressão do movimento articulado com outros espaços e setra uma cultura política na gestão por exemplo de respostas a essas demandas sociais que são respostas sempre fracas para perguntas que são muito fortes como se esse campo
fosse um campo que tivesse dono e não que a política a política pública no brasil fosse para todos e aí ela tem que atender responder a todas as demandas de lutas por uma situação social no brasil então o movimento negro vejo nas suas mais diversas formas pensando naquela é definição mais ampla que eu dou ele tem sido um grande estimulador de fazer a denúncia e pressiona para que a 10 639 é acontece seja implementada inclusive uma forma que eu acho muito interessante que é não através de uma forma muitas vezes de uma ação pode ser
imediata direta de uma entidade do movimento negro específico de um grupo mas muitas vezes através das pessoas que foram formados e reeducados por esse movimento porque ele não pode estar em todos os lugares mas como você mesmo fala a sua formação política de leitura da questão racial tem a ver com a sua participação é nesse movimento assim muitos outros intelectuais pesquisadores gestores hoje espalhados pelo brasil todos mesmo que não sejam orgânicos desse movimento foram reeducados por esse movimento na compreensão do que é o racismo do que é a luta por igualdade racial e do que
significa a implementação de história da áfrica e das culturas afro-brasileira nas escolas de educação básica eu diria pra você que é nesse processo de tensão e nesse processo de negociação que a coisa vem acontecendo porque hoje não só o movimento negro mas outros movimentos sociais têm uma abrangência do seu trabalho em que você tem muitos ativistas digamos assim na palavra que lutam e trazem a questão da superação do racismo da valorização da cultura etc etc mas que não necessariamente participam de uma entidade específica mas estão sendo cada vez mais influenciados e educados por pelo que
essas entidades específicas conseguem fazem na sociedade e lutam em sociedade [Música]