Muito bom dia, meus caros! Sejam bem-vindos à nossa meditação do dia de hoje. Peçamos a Deus a Sua bênção sobre nós.
Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém. Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome; venha a nós o Vosso reino; seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós dentre as mulheres e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte.
Amém. Que o Senhor Todo-Poderoso nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal, hoje e sempre. Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém.
Muito bem, meus caros! Hoje tivemos uma pequena instabilidade na plataforma que faz a nossa transmissão, então, por isso, estamos entrando aqui uns minutinhos atrasados. Isso é sempre às 6 da manhã, mas esta instabilidade durou alguns minutos.
Por conta disso, eu justifico esse pequeno atraso para os que estavam aqui já aguardando o início da transmissão. No dia de hoje, começamos o capítulo quarto do livro "O Caminho da Perfeição", de Santa Teresa. Neste capítulo, temos um pequeno resumo do que será tratado nele.
Assim, Santa Teresa argumenta em favor do respeito à regra e de três coisas importantes para a vida espiritual. Discorrendo acerca da primeira dessas três coisas, que é o amor ao próximo, e sobre o prejuízo que causam as amizades particulares. Vamos ao que Santa Teresa nos ensina no dia de hoje.
Já vistes, filhas! Aqui ela escreve para as irmãs do seu mosteiro, do seu convento de São José. Já vistes, filhas, o grande empreendimento a que desejamos nos dedicar?
Como havemos de ser para que, aos olhos de Deus e do mundo, não sejamos consideradas muito atrevidas? Está claro que precisamos trabalhar muito, e muita ajuda, nesse caso, ter pensamentos elevados, para que as obras também o sejam. Porque, se procurarmos respeitar perfeitamente e com muito cuidado a nossa regra e constituições, espero que o Senhor atenda as nossas súplicas.
Não vos peço, filhas, nada de novo, mas apenas que guardemos o que professamos, pois é essa a nossa vocação e a nossa obrigação. Muito embora haja muita diferença entre guardar e guardar. A nossa primeira regra diz que oremos sem cessar; por isso, façamos com todo cuidado possível, que é o mais importante, não deixando de cumprir as disciplinas, bem como o silêncio requerido pela ordem.
Porque já sabeis que, para que a oração seja verdadeira, devemos recorrer a isso; pois os prazeres e a oração são incompatíveis. Vós me pedistes para falar da oração; em troca do que eu disser, peço-vos que observeis, lendo muitas vezes e de boa vontade, o que até agora escrevi. Antes de falar do interior, isto é, da oração propriamente dita, direi algumas coisas: para quem pretende seguir o caminho da oração, precisa ter coisas tão necessárias que as que seguirem, mesmo não sendo muito contemplativas, poderão avançar muito no serviço do Senhor.
É impossível não a seguindo ser muito contemplativa e quem pensar que o é estará muito enganado. Que o Senhor me favoreça neste ponto e que me ensine o que tenho de dizer, a fim de que seja para Sua glória. Amém.
Não penseis, amigas e irmãs minhas, que vos encarregarei de muitas coisas; pois queira o Senhor que façamos as que os nossos Santos Padres ordenaram e praticaram, merecendo este nome por seguirem este caminho. Seria um erro buscar outro caminho ou aprendê-lo de alguém. Só me alongarei em falar de três que são parte da mesma constituição, porque é muito importante percebermos o grande proveito de guardar essas coisas, para ter a paz interior e exterior que o Senhor tanto nos encomendou.
A primeira coisa é o amor de umas para com as outras; a segunda, o desapego de tudo aquilo que é criado; e a terceira, a verdadeira humildade, que embora tratada por último, é a principal, abarcando todas as demais virtudes. Quanto à primeira, é extremamente importante amar-vos muito umas às outras, porque não há problema que não seja resolvido entre os que se amam. E deve ser grave a coisa capaz de causar um problema.
E creio que, se fosse respeitado, até mesmo no mundo, esta regra, como deve, este mandamento favorecería muito a guarda dos outros. Contudo, por excesso ou por falta, nunca chegamos a guardá-lo com perfeição. Embora pareça não prejudicar, o excesso entre nós provoca tantos males e imperfeições que só o acredita quem tem experiência própria no tocante a isso.
O demônio tece muitas tramas para que uma consciência que procura contentar a Deus, de modo grosseiro, pareçam virtudes aquilo que não é, passando despercebidas. Contudo, quem busca a perfeição as percebe muito bem, porque, pouco a pouco, essas coisas, que são à vontade, impedem a total dedicação ao amor de Deus. Creio que isso deve acontecer mais com mulheres do que com homens, provocando danos muito evidentes para a comunidade, porque disso vem não se amar tanto a todas: o sentir a ofensa feita à amiga, o desejo de ter com quem lhe dar prazer, a busca de tempo para lhe falar e, muitas vezes, para lhe dizer "eu te amo", enquanto outras imperas em vez de falar do quanto ama Deus.
Essas grandes amizades raramente estão voltadas para ajuda mútua e para o aumento do amor a Deus. Creio que o demônio as faz começar, para que se criem partidos dentro da vida religiosa. Logo se conhece a amizade que quer servir à Sua Majestade, pois não é levada pela.
. . Paixão.
Mas procura ajuda para vencer outras paixões. Eu gostaria que houvesse muitas destas amizades nos grandes conventos. Mas nesta casa não mais que 13; não são mais de 13 e nem o hão de ser.
Todas as irmãs devem se amar. Evitai, por amor do Senhor, essas amizades particulares que até entre irmãos costumam ser ponha, e nenhum proveito vejo nisso. E se são parentes, muito pior; e se não são parentes, muito pior: é uma pestilência.
E acreditai, irmãs, que embora vos pareça extremo o que digo, isso é grande perfeição e grande paz, evitando-se muitas situações ruins para as almas que ainda não estão fortes. Se, no entanto, a nossa amizade inclinar-se mais para uma do que para outra irmã, o que nem sempre pode ser evitado por ser natural, levando-nos muitas vezes a amar o pior, se ele tiver mais atrativos naturais, tenhamos muito cuidado para não nos deixar dominar por esta afinidade. Amemos as virtudes e a beleza interior, empenhando-nos sempre com muito cuidado para não dar importância ao que é exterior.
Então, muito bem, seguimos aqui até o parágrafo sétimo. Os parágrafos são marcados aqui, né? No livro "Caminho de Perfeição".
E amanhã seguiremos a partir daqui. Então, Santa Teresa começa a traçar para suas filhas espirituais um roteiro de como elas devem seguir esses conselhos. Ela vai falando sobre como seguir esses conselhos e o porquê de segui-los.
Então, ela usa da sua experiência, do seu conhecimento e da Graça de Deus que agiu sobre ela como fundadora para instruir as suas filhas. Ela fala do que deve ser preparado para a perfeição, e Santa Teresa diz algo interessante e importante: que aquilo que é exterior deve estar bem preparado e bem organizado para ajudar o interior. Isso é muito interessante.
Nós já vimos, desde a primeira meditação, que Santa Teresa sempre buscou conventos e mosteiros muito simples, muito simples na sua construção, muito simples na sua decoração, justamente para que as irmãs tivessem aquilo que é necessário e não perdessem muito tempo com o que é exterior e desnecessário. Então, isso é algo que deve nos fazer pensar também. Quantas e quantas preocupações nós, leigos que vivemos no mundo, temos, porque nós mesmos vamos criando esses problemas?
Nós vamos acumulando coisas, ajuntando coisas. E aqui eu falo de bens mesmo. Às vezes, nós criamos muitas complicações e muitos problemas para a nossa própria vida.
Então, devemos pensar numa ordem dentro da nossa vida. Vou dar aqui um exemplo: no último final de semana, conversando com alguns amigos, eles me falavam exatamente da quantidade de animais que criam em casa. Bom, eu não vejo problema nenhum em ter animais de estimação; eu até pouco tempo tinha um que morreu, mas não vejo problema nenhum nisso.
Mas você precisa ter tempo e deve cuidar adequadamente; você não pode simplesmente pegar o animal, não cuidar e não ter tempo para isso. Você precisa se dedicar minimamente a esta criatura de Deus, criada também para a glória de Deus. E aí é interessante que esse casal de amigos, que são amigos católicos, diziam que já não tinham tempo para mais nada; quase não tinham tempo nem de rezar, porque foram pegando muitos animais e já estavam numa situação em que não davam conta da quantidade de animais que haviam pegado.
Então, quer dizer, a pessoa buscou um problema para ela, se ela não dá conta. Então, por que pegou? E isso, claro, começa a afetar outras áreas da vida, outras situações da vida da pessoa.
Então, afinal de contas, nós devemos olhar para a nossa vida com muita honestidade e dizer: "Eu dou conta de fazer isso? Eu não dou conta de fazer isso? ".
Nós devemos, exteriormente, ou seja, naquilo que é mais prático na nossa vida, abraçar aquilo que realmente damos conta, ou aquilo que não dá para fugir. Tem situações que a gente não buscou, mas a vida nos coloca nelas. Então, abracemos aquilo que é inevitável como forma de amar e servir a Deus.
Então, Santa Teresa fala: nós devemos ordenar, organizar o nosso exterior. Devemos buscar essa ordem exterior e depois devemos buscar esta ordem interior. E aqui, Santa Teresa dá um primeiro conselho — que vamos ficar nesse primeiro conselho — que é o conselho que Jesus nos dá: amar o próximo.
Quem é o teu próximo? Para quem é casado, o teu próximo mais próximo, primeiro próximo, é a sua esposa ou o seu esposo. Você pode pensar: "Não, são meus filhos".
Não, antes dos filhos, até mesmo pela constituição sagrada do matrimônio, antes dos filhos vem a sua esposa ou seu esposo. A sua dedicação em primeiro lugar deve ser a ele ou a ela. Você deve cuidar, deve amar, deve constantemente fazer um exame de consciência: "Como estou tratando a minha esposa?
Estou cuidando dela? O que eu posso fazer a mais? O que eu posso mudar no que tenho feito?
Como posso dar uma atenção de melhor qualidade? ". Eu devo pensar nisso, é o meu próximo mais próximo.
Depois, para quem os tem: os filhos. Então, o cuidado, se são pequenos, é o cuidado com a educação, com o provimento das necessidades básicas das crianças, o cuidado devido no aconselhamento às crianças. Isso é o nosso amor concreto ao próximo mais próximo.
Então, para quem é leigo e casado, a própria família; para quem é leigo e solteiro, vive com os pais: é o cuidado dos pais, do pai, da mãe. É aí que você vai exercer a sua missão. E Santa Teresa aqui fala que, neste convívio com o próximo, devemos nos atentar muito pela construção, pela busca de amizades que levam para Deus.
Santa Teresa de Jesus. Ela dizia assim: que depois que ela entendeu, ela fala isso em outro escrito dela. Depois que ela entendeu o valor da verdadeira amizade, ela começou a conversar mais, é, familiarmente, apenas com pessoas que falavam de Deus com ela.
Aí ela vai falar do grande amigo que ela fez, São João da Cruz. Ela era 20 anos mais velha que ele, ele 20 anos mais novo, mas uma pessoa inteiramente com o coração voltado para Deus. Ele e ela também se tornaram grandes amigos e não falam de outra coisa a não ser de Deus e da glória de Deus todas as vezes que se encontravam.
Essa era a pauta. Então aqui Santa Teresa coloca esse ponto, dizendo que as amizades—e isso valia para o tempo dela e vale para o nosso tempo—poderiam cair no erro da falta ou do excesso. Ou seja, pessoas que têm gênios e que têm temperamentos muito parecidos tendem a se aproximar demais e tendem até a ter uma relação em que um toma as dores do outro.
Um se aproxima tanto do outro que a ofensa feita a um afeta diretamente o outro. E aí Santa Teresa fala do excesso. Então, aquela amizade onde as pessoas são tão apegadas, só elas querem ficar juntas e não dão tanta importância às outras.
É claro que aqui ela está falando no contexto de um convento, mas isso vale para nós que estamos aqui fora, né? Porque nós que estamos aqui fora não temos uma obrigação, como as religiosas que estão numa clausura. Nós não temos uma obrigação de conviver com pessoas que não escolhemos.
E aí isso pode se tornar um problema. Por quê? Porque nós podemos começar a excluir, na nossa família, no nosso trabalho, no nosso círculo de proximidade, podemos começar a excluir pessoas que não sejam compatíveis ou próximas ao meu gênio, ao meu jeito, aquilo que eu quero.
E aí, como cristão, eu que poderia ser luz na vida dessas pessoas, tratando-as bem, convivendo com elas, dando uma opinião que poderia, de repente, iluminar a vida dela, eu já não faço isso. Então eu vou renunciando àquilo que é minha missão humana e divina também, ao mesmo tempo. Porque, humanamente e sobrenaturalmente, eu poderia ajudar, mas não vou ajudar porque me fechei sobre mim mesmo, sobre os meus gostos.
Então, Santa Teresa fala aqui da necessidade de buscarmos amizades de pessoas que realmente valorizam aquilo que precisa ser valorizado. E o que precisa ser valorizado? A glória de Deus.
Então nós devemos buscar amizades que nos levem para Deus. Devemos buscar amizades que queiram as mesmas coisas que nós queremos. E mesmo que a pessoa não tenha exatamente o mesmo temperamento, o mesmo gênio que eu, se é uma pessoa que quer as mesmas coisas que eu quero, nós podemos caminhar para Deus.
Santo Tomás de Aquino, inclusive, dá esse conselho, né? "E den vele e den nole," né? É o termo que Santo Tomás usa, né?
Que diz querer as mesmas coisas e odiar as mesmas coisas. Quem detesta as mesmas coisas e ama as mesmas coisas, esse é o verdadeiro amigo. Nós devemos querer a glória de Deus, nós devemos amar a Deus, e devemos evitar e detestar tudo aquilo que nos afasta de Deus.
Então, estas amizades realmente vão nos edificar. Então, Santa Teresa fala: existem amizades que são edificadas no excesso, no apego meramente humano, como se um quisesse possuir o outro. Isso é um mal.
E aí Santa Teresa fala da falta também, daquelas amizades que não criam um vínculo verdadeiro. Então há aí uma falta. Então, Santa Teresa fala do ponto de vista humano.
Mesmo o ser humano precisa se relacionar, ele precisa de amigos. Amar. Nós devemos amar a todos.
E o que significa amar a todos? Significa gostar de todo mundo? Longe disso!
Não é o que ela diz aqui, né? Amar a todos é o quê? Ser capaz, por causa de Deus, de ajudar, de ser disponível, de se colocar a serviço de todas aquelas pessoas que precisarem.
Isso é amar. E para isso eu não preciso gostar da pessoa. A pessoa pode ter um gênio que seja o oposto do meu, pode ter um jeito que não me agrada.
Por isso, naturalmente, eu não ficarei perto dela. Até aí, nenhum problema. O problema está no fato de ser incapaz de amar essa pessoa que, às vezes, possa parecer até mesmo insuportável para mim.
Mas eu não sou capaz de ajudá-la quando ela precisa. Então, eu não amo. Agora, por pior que seja a pessoa, se ela precisa e, por causa de Cristo, eu sou capaz de ajudá-la com aquilo que eu posso, com aquilo que eu sei, com aquilo que eu tenho, então aí sim já entrou no meu coração a caridade de Cristo.
Que Nossa Senhora nos ajude a buscar as verdadeiras amizades. Que Nossa Senhora nos ajude, colocando-nos no seu imaculado coração, para que o nosso pobre coração seja limpo dos falsos apegos e das falsas impressões sobre as coisas de Deus. À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Amém. Senhor Todo-Poderoso, nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Meus caros, até a nossa meditação de amanhã, se Deus quiser.
Tchau, tchau!