Olá pessoal sejam muito bem-vindos ao nosso canal onde as sombras da noite tomam forma através das histórias que vocês me enviam hoje trago mais um vídeo com relatos enviados diretamente para o nosso e-mail cada história que recebo é cuidadosamente editada por mim para garantir que a essência do terror seja preservada enquanto protegemos a privacidade daqueles que decidiram compartilhar seus momentos mais assust conosco embora eu acredite na realidade vivida por quem me manda esses e-mails devo lembrar que não tenho como comprovar a veracidade dos acontecimentos então resta a você acreditar ou não sou coveiro de um
cemitério pequeno no interior da Bahia fica numa Colina cercado por árvores grandes e antigas que parecem vigiar o lugar o sol aqui é Implacável durante o dia e a terra seca e avermelhada parece resistir a pá toda vez que preciso cavar é um trabalho que exige força paciência e um certo jeito com o calor a Bahia tem isso até quando venta o ar parece carregar o peso do calor com ele o cemitério não é grande é um daqueles típicos de interior com túmulos simples Cruzes de ferro enferrujadas e algumas lápides de mármore rachado as famílias
mais ricas da região têm jazigos maiores tornados com anjos de Pedra ou esculturas de Santos enquanto os túmulos mais Humildes são marcados apenas por uma cruz de madeira ou até mesmo uma placa de cimento com o nome escrito à mão é um lugar de contrastes como tudo por aqui o meu trabalho começa cedo chego com o sol ainda fraco o céu tingido de rosa e laranja e a primeira coisa que faço é dar uma volta pelo cemitério olhando se as flores deixadas nos túmulos estão murchas se o mato cresceu demais ou se algum vândalo Apareceu
à noite no interior a vida é pacata Mas isso não impede que de vez em quando alguém se ache esperto e venha bagunçar o descanso alheio depois disso o dia segue às vezes preciso preparar uma cova aqui não temos aquelas máquinas modernas para escavar é tudo no braço mesmo a Terra é dura cheia de raízes que agarram a ada e teimam em não soltar mas eu não reclamo é um trabalho honesto e de alguma forma me sinto responsável por esse lugar quando não estou cavando estou cuidando do restante limpando as lápides recolhendo folhas secas que
caem das Árvores consertando cercas de madeira que delimitam algumas áreas tem dias que o trabalho é leve outros nem tanto por aqui as pessoas velam seus mortos com muita emoção e os enterros são acompanhados por cortejos grandes com rezas cânticos e choros que ecoam pelo cemitério e quando o último punhado de terra é jogado sobre a cova O silêncio que fica é pesado Eu fico ali esperando que todos partam antes de terminar o trabalho as noites são diferentes o cemitério fica completamente deserto só iluminado pela lua ou por algumas velas que os familiares deixam acesas
nos túmulos é quando eu tenho mais tempo para refletir cercado por esse silêncio quase absoluto que só o interior da Bahia tem Às vezes o vento traz o som distante de uma sanfona ou de Risadas vindas da vila e eu me pego pensando em como a vida segue em outros lugares Enquanto Aqui eu cuido de quem já se foi no fim das contas ser coveiro nesse canto do mundo não é só um trabalho é quase como ser O Guardião de um pedaço da história da cidade cada túmulo tem uma história e mesmo que eu não
conheça todas sinto que é meu dever cuidar delas era mês de setembro a primavera começava a dar seus primeiros sinais com os botões de flores tímidos nascendo entre as árvores e o sol aparecendo por mais tempo mas naquele dia o clima não parecia Alegre como costumava ser nessa época não sei explicar direito mas havia algo diferente no ar algo que me fazia sentir desconfortável desde o momento em que coloquei os pés no cemitério pela manhã o ar estava mais denso pesado de um jeito que não se via era como se uma neblina invisível pairasse sobre
tudo tornando até o trabalho mais simples mais cansativo as folhas secas que varri caíam outra vez como se zombem do esforço e os pássaros que normalmente cantavam ao entardecer estavam em silêncio nada parecia estar onde deveria durante todo o dia senti uma espécie de aflição que não fazia sentido não era medo exatamente era algo mais Sutil mas mais difícil de ignorar como uma pressão que vinha de dentro uma angústia que se arrastava comigo enquanto eu trabalhava olhei para o céu algumas vezes tentando entender se era só o cansaço ou talvez a mudança de estação Mas
não era só isso passei a tarde inteira assim com a cabeça cheia de pensamentos confusos até mesmo os visitantes que apareceram poucos naquela quinta-feira pareciam mais apressados do que o normal como se o próprio cemitério os repelisse quando o último deles saiu e a noite Começou a cair o desconforto se tornou algo mais a temperatura caiu rápido e o silêncio do se cemitério que sempre foi meu companheiro de repente parecia maior do que nunca era como se ele tivesse peso como se estivesse esperando algo os passos que ecoavam nas Alamedas pareciam mais altos mais arrastados
mesmo que fossem só os meus o vento que passava pelas árvores não era mais um sussurro mas um som mais seco mais ríspido quase como se estivesse zangado e foi então enquanto a escuridão se instalava por completo que o peso no ar se tornou insuportável algo mudou de um jeito que eu não sei descrever Mas eu senti e senti profundamente peguei minha lanterna e saí para fechar os portões e fazer a última Ronda da noite O ar estava gelado e cada respiração minha parecia pesar mais do que o normal o barracão com seu cheiro de
terra úmida e ferramentas enferrujadas ficou para trás e o Silêncio do cemitério parecia maior a cada passo assim que saí percebi que o cemitério estava mais claro do que deveria era como se uma luz fria quase Sobrenatural estivesse cobrindo cada lápide cada árvore olhei para o céu e lá estava ela uma lua cheia Colossal suspensa no alto brilhando com uma intensidade quase opressiva não era apenas Luminosa era diferente mas Branca mas fria como se tivesse roubado toda a Luz das Estrelas as sombras que ela projetava no chão eram longas e distorcidas quase vivas a lua
iluminava tudo com uma clareza perturbadora as árvores antigas do cemitério com seus Galhos retorcidos pareciam mãos esqueléticas apontando para o céu as Cruzes de ferro fundido lançavam sombras que se alongavam de maneira estranha pelo chão de Cascalho o brilho Prateado da lua fazia o mármore dos túmulos parecer reluzente mas não de um jeito bonito era algo quase cruel como se ela estivesse zombando da Morte que habitava ali era uma sexta-feira e o relógio no meu pulso marcava pouco mais de meia-noite a luz da lua era tão intensa que a lanterna na minha mão parecia inútil
mas eu a mantinha firme como um reflexo de proteção o caminho principal que levava até o portão estava quase completamente iluminado mas havia algo naquela claridade que não trazia conforto pelo contrário parecia amplificar o desconforto que eu já estava sentindo desde cedo enquanto caminhava para a entrada do cemitério um som estranho cortou o silêncio era Sutil no começo quase imperceptível mas logo se tornou impossível de ignorar o barulho parecia vir dos Fundos do cemitério continuei andando com passos apressados até chegar aos portões meus dedos trabalharam rápido para passar a corrente e fechar a fechadura O
Clique do Cadeado parecia mais alto do que deveria ecoando na noite Clara foi quando me aproximei mais dos Fundos que tudo mudou o som que antes era apenas um arrastar incômodo se transformou em algo muito maior um estrondo um barulho ensurdecedor que fez meu coração disparar no peito parecia que a própria Terra estava sendo rasgada como se algo gigantesco estivesse forçando passagem por entre as árvores fiquei paralisado por um instante com a lanterna Firme nas mãos mas sem coragem de apontá-la diretamente para a frente as árvores lá no fundo começaram a se mexer de forma
anormal não era o vento eu conhecia o som das Folhas balançando aquilo era outra coisa era como se algo com força brutal estivesse abrindo o caminho através da vegetação eu podia ouvir os troncos se partindo um por um como se fossem galhos secos sendo esmagados por mãos invisíveis o som ecoava de maneira estranha pelo cemitério como se o lugar todo estivesse reverberando aquele ruído E então vieram os uivos primeiro um longo e baixo que cortou o silêncio como uma lâmina depois outro mais próximo mais profundo carregando algo primitivo que fez fez o frio subir pela
minha espinha era um som que nenhum animal da região fazia não era cachorro não era lobo e certamente não era humano minha mente tentava encontrar uma explicação lógica Mas o que eu estava vendo e ouvindo tornava isso impossível a cada segundo a vegetação ia cedendo como se algo monstruoso estivesse avançando empurrando as árvores para o lado com uma força impossível eu estava congelado e meus pensamentos corriam desordenados ainda em choque com o coração batendo descompassado no peito e os ouvidos atentos a qualquer som apontei a lanterna para o chão precisava de Alguma pista qualquer coisa
que explicasse o que tinha acabado de acontecer minha mão ainda tremia e o feixe de luz balançava de um lado para o outro iluminando Galhos quebrados folhas espalhadas e a terra revolvida Foi então que a luz da lanterna Parou em algo que me fez gelar ainda mais era um túmulo um dos túmulos recém cavados naquela mesma tarde Um homem simples sem muita família enterrado ao cair da tarde com poucas pessoas presentes aproximei-me com cautela sentindo cada passo pesar no chão mas foi quando me abaixei e olhei com mais atenção que notei algo que fez minha
respiração travar marcas a Campa estava marcada por arranhões profundos longos e desordenados não eram marcas de pau ou ferramenta disso eu tinha certeza parecia que algo tinha Cavado ali com unhas unhas grandes e afiadas as marcas ser penteavam pelo cimento como se algo quisesse desenterrar o caixão deixando rastros de força bruta e desespero só consegui sentir aquele peso opressivo no peito aquela certeza de que algo estava profundamente errado minha coragem ou o que restava dela acabou ali me levantei rápido e voltei pelo mesmo caminho por onde vim quase tropeando em algumas pedras no caminho a
luz da lanterna parecia mais fraca agora ou talvez fosse o medo me pregando peças quando cheguei à Cabana tranquei a porta imediatamente girando a chave duas vezes e empurrando a tranca de Ferro encostei a testa contra a madeira da porta por alguns segundos tentando recuperar o fôlego fui até a prateleira ao lado da pia e peguei a garrafa de cachaça que mantinha ali para noites como Aquela enchi um copo pequeno e o líquido ardente desceu queimando pela garganta mas não afastou o frio que parecia ter se alojado dentro de mim sentei-me na cadeira de madeira
ao lado da mesa com a lanterna ainda acesa e colocada sobre o tampo iluminando o ambiente com uma luz fraca e amarelada ali fiquei tentando entender o que tinha visto tentando afastar o nervosismo que fazia minhas mãos tremerem a garrafa foi ficando mais leve conforme a noite avançava mas o desconforto nunca passou só quando os primeiros Raios do Sol começaram a entrar pelas frestas da janela foi que senti que podia respirar de novo a noite tinha sido longa mas eu estava ali esperando o dia trazer alguma sensação de Segurança ao voltar para casa a esperança
de descansar o corpo e a mente de me afastar de tudo aquilo foi o que me fez deixar o cemitério para trás o caminho até minha casa parecia mais longo do que o normal como se o peso da noite ainda estivesse comigo grudado na pele cheguei tranquei a porta atrás de mim e sem forças para fazer mais nada fui direto para a cama coloquei os pés sobre o colchão sentindo o alívio de finalmente poder deitar de tirar o peso dos ombros mas ao me ajeitar percebi que o cansaço não era suficiente para acalmar minha mente
o corpo estava exausto mas o meu coração o meu coração estava agitado como se algo ainda o apertasse não consegui dormir mais do que algumas horas seguidas sempre acordava inquieto o coração disparando a cada ruído o que eu tinha visto o que eu tinha ouvido nada parecia certo e a cada vez que o sono tentava me alcançar a sensação de aflição voltava mais forte aquele dia não houve descanso logo eu já estava de volta ao trabalho no cemitério O sol estava forte o calor do meio da tarde fazia o ar parecer denso pesado como se
o dia se arrastasse Sem Fim fiz mais alguns sepultamentos a rotina seguiu Mas a sensação de inquietação parecia me acompanhar como uma sombra cada pá de terra que eu jogava sobre os caixões cada lápide que eu posicionava mais um movimento automático Eu sabia que o quer que tivesse acontecido naquela noite ainda estava me consumindo me deixando com uma sensação de que o pior ainda estava por vir e assim como de costume após trancar os portões e fazer a última Ronda voltei para o barracão já passava da meia-noite e eu tentava tirar um cochilo sentado em
uma cadeira velha com os braços debruçados sobre a pequena mesa da minha cabana de descanso o cansaço do dia inteiro pesava nos meus olhos mas não o suficiente para me preparar para o que estava por vir acordei num sobressalto primeiro com o som de algo se quebrando era um estalo alto como madeira rachando meu corpo ainda estava tentando entender o que acontecia quando ouvi novamente aquele mesmo uivo o mesmo som que dias atrás tinha feito meu coração quase parar só que dessa vez parecia ainda mais alto mais próximo levantei-me de um pulo o coração disparado
no peito minhas mãos tremiam enquanto tateei o móvel em busca da lanterna a luz fraca mal me dava segurança mas dessa vez decidi que não ia sair tão despreparado abri o baú de madeira velho que ficava ao lado da cama dentro dele estava uma garrucha antiga deixada pelo coveiro anterior antes de desaparecer sem qualquer explicação eu nunca tinha usado aquela arma antes e confesso que mal sabia como manuseá-la mas achei melhor tê-la comigo do que sair completamente desarmado coloquei a arma na cintura respirei fundo e saí da Cabana o uivo ainda ecoava pelo ar mas
parecia agora mais distante era como se aquilo Seja lá o que fosse Estivesse se movendo talvez se afastando com passos rápidos e cautelosos segui o som ele vinha do lado leste do cemitério exatamente onde mais cedo naquele dia eu havia feito um sepultamento conforme me aproximava percebi que a terra estava estranhamente bagunçada primeiro eram montes de terra soltos depois pegadas que não consegui identificar direito como se algo pesado tivesse caminhado por ali foi então que vi meu coração gelou e meu corpo paralisou bem ao lado de um túmulo recém Cavado estava um corpo era o
mesmo corpo que eu tinha enterrado horas antes estava jogado de bruços com o lençol que o cobria parcialmente sujo de terra por um instante não consegui me mover minha mente lutava para entender o que estava acontecendo era como se o tempo tivesse parado Meu Coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo Depois de alguns minutos parado tentando recuperar a coragem decidi que precisava fazer algo Eu precisava recolocar o corpo no túmulo precisava preservar o mínimo de dignidade daquele homem e impedir que Algo pior acontecesse aproximei-me lentamente cada passo parecendo pesar mais que o anterior quando
finalmente cheguei perto Segurei o corpo com cuidado para virá-lo Foi então que meu sangue congelou ao virar o corpo vi que seu pescoço estava coberto de marcas profundas eram mordidas não eram marcas normais como as que um animal poderia deixar eram mordidas grandes como se dentes afiados tivessem cravado profundamente em sua carne a pele ao redor das marcas parecia pálida quase cinzenta de uma forma que não era natural para um corpo recém enterrado minha mente entrou em Pânico Tentei encontrar alguma explicação lógica mas não havia aquilo não era trabalho de animal nem de homem olhei
ao redor vasculhando com a lanterna mas não havia nada nenhuma pegada que fizesse sentido nenhum sinal de que alguém ou algo ainda estivesse ali o uivo que eu ouvira parecia agora muito distante quase como se aquilo estivesse zombando de mim com esforço voltei a me concentrar no que precisava ser feito recoloquei o corpo no caixão cobri novamente com o lençol e usei toda a força que me restava para fechar o túmulo e jogar a terra por cima cada pá de terra parecia pesar uma tonelada o suor escorria pelo meu rosto misturado com lágrimas de Puro
medo quando terminei voltei para a Cabana correndo tranquei a porta e sentei-me na cadeira segurando a garrucha com as mãos ainda trêmulas o que quer que fosse aquilo não era algo que eu pudesse enfrentar passei o resto da noite acordado olhando para a porta esperando que algo viesse bater nela no dia seguinte quando o sol finalmente nasceu meu corpo ainda tremia e pela primeira vez eu pensei seriamente em abandonar aquele lugar o cemitério tinha segredos que eu não estava preparado para entender e naquela noite eu havia sentido o quão real esses Segredos podiam ser antes
que eu pudesse Encerrar meu turno enquanto atravessava os portões do cemitério ouvi Passos por um momento me preparei para o pior virei rápido mas era só seu Joaquim O zelador da igreja ele vinha caminhando devagar com um terço na mão e uma expressão de preocupação no rosto dormiu mal Antenor ele perguntou me encarando com aquele olhar que parecia saber mais do que dizia depois do que aconteceu aqui ontem Acho que nunca mais vou dormir direito respondi gaguejando um pouco ele coçou a cabeça como se já Esperasse por aquela resposta então me contou uma coisa que
me deixou ainda mais perturbado Antenor esse cemitério já viu muita coisa estranha muito pecado enterrado aqui muita alma que não encontrou descanso não é só superstição não tem histórias antigas coisas que os mais velhos contam esse lugar tem algo diferente Ele sempre foi um homem reservado mas naquele dia ele veio até mim de propósito como se precisasse dizer algo que estava engasgado H muito tempo ele encostou-se no portão de ferro do cemitério olhando ao redor com a expressão de quem esperava ver algo que não queria após um longo silêncio ele finalmente falou com a voz
grave e baixa você tá percebendo não tá esse lugar muda quando a lua tá cheia fiquei confuso mas antes que pudesse responder ele continuou cruzando os braços e fixando os olhos no horizonte eu trabalho na igreja faz mais de 30 anos sempre de olho no que acontece por aqui e vou te dizer uma coisa esse pedaço de terra guarda histórias que ninguém deveria ouvir toda vez que tem lua cheia e tem corpo fresco enterrado uma criatura aparece não é bicho comum nem coisa de Deus ela vem porque precisa do sangue sangue que ainda tá fresco
a cada palavra minha mente tentava negar o que ouvia mas algo na voz de Joaquim a convicção a seriedade me fazia acreditar antes de ir embora Joaquim parou de repente como se algo muito importante ainda precisasse ser dito ele virou-se para mim agora com o olhar pesado quase paternal mas carregado de urgência Antenor me escuta bem começou ele não saia mais da cabana depois da meia-noite não importa o que você ouça o que você veja não saia eu fiquei ali parado confuso e com o coração apertado mas Joaquim não parou por aí ele se aproximou
um pouco mais baixando a voz como se tivesse medo que alguém mais pudesse ouvi-lo e ore rapaz Ore como nunca orou antes porque é a única proteção que você tem nesse lugar pelo menos até a Lua mudar de fase e o que acontece se eu comecei a perguntar mas ele levantou a mão me interrompendo não faça perguntas Antenor Apenas ouça o que eu tô te dizendo se sair ela vai te sentir e se te sentir não tem reza que salve aquelas palavras ficaram ecoando na minha mente enquanto Joaquim ajeitava o chapéu lançava um último olhar
em direção ao cemitério e seguia seu caminho de volta para a igreja naquele dia Enquanto o Sol ainda brilhava fiquei remoendo tudo o que tinha aconte se realmente havia alguma ligação entre a lua cheia e aquelas aparições no cemitério talvez tudo terminasse assim que a fase da lua mudasse mas até lá eu não fazia ideia do que mais poderia acontecer a tensão parecia crescer com cada minuto que passava Foi então que em meio a uma tentativa de buscar conforto encontrei em casa um velho terço e uma cruz que pertenciam a minha mãe ela era muito
devota e costumava dizer que a fé podia afastar qualquer mal embora não fosse exatamente religioso resolvi Levar Comigo aqueles objetos talvez mais por superstição do que por crença de que eles realmente pudessem me proteger Quando a Noite Chegou a ansiedade tomou conta de mim minha respiração estava descompassada meu coração parecia pronto para saltar do peito cada som lá fora por mais inocente que fosse me deixava ainda mais tenso tranquei a porta da cabana com cuidado Fechei as janelas e coloquei uma cadeira para escorar a entrada a velha garrucha estava carregada e descansava sobre a mesa
ao meu alcance a cruz e o terço estavam no bolso da minha camisa como se fossem a última linha de defesa contra o que quer que estivesse a espreita o relógio na parede parecia marcar cada segundo com mais força do que o normal quando finalmente cravou meia a calma que ainda restava foi arrancada de mim o uivo começou novamente no início vinha de longe um som abafado que parecia ecoar pelos Campos e pelo cemitério Mas diferente das outras vezes ele começou a se aproximar desta vez não era algo que parecia estar fugindo pelo contrário os
uivos vinham em minha direção cada vez mais altos e mais nítidos como se estivessem me cercando minha as pernas tremiam mas não me movi pelo contrário permaneci dentro da cabana segurando firme a cadeira que escorava à porta então o som parou um silêncio absoluto tomou conta do lugar era tão profundo que eu conseguia ouvir o som do meu próprio coração batendo freneticamente por alguns instantes Pensei que talvez tudo tivesse acabado que fosse apenas minha imaginação pregando peças em mim mas antes que eu pudesse me convencer disso um estrondo sacudiu a porta da cabana foi tão
forte que a cadeira quase se deslocou meu corpo congelou no lugar eram batidas violentas como se algo ou alguém estivesse tentando arrombar a entrada peguei a lanterna e tentei olhar pelo pequeno vitrô que ficava acima da porta mas tudo o que consegui ver foi um vulto enorme maior do que o próprio Barracão Não consegui identificar o que era era apenas uma sombra massiva que parecia se mover de maneira errática como se fosse algo selvagem Fora de Controle o medo tomou conta de mim minhas mãos estavam tão trêmulas que quase deixei a lanterna cair sem saber
o que fazer instintivamente levei a mão ao bolso da camisa e tirei a cruz e o terço que havia trazido me ajoelhei ali mesmo no chão da cabana segurando os objetos com força entre as mãos eu não sabia rezar direito mas naquele momento isso não importava apertei os olhos com força e comecei a proferir algumas palavras quase murmurando pedindo proteção minha voz saía entrecortada carregada de desespero meu Deus me ajuda proteja Este Lugar proteja a minha vida as batidas continuaram por mais alguns segundos Cada uma mais forte que a outra a porta rangia como se
fosse ceder a qualquer momento mas então de repente o barulho parou o silêncio voltou mas dessa vez ele parecia diferente era um silêncio pesado que me envolvia como se o próprio ar tivesse parado de se mover ainda ajoelhado no chão abri os olhos lentamente olhei ao redor meu coração batendo como um tambor levantei a cabeça e fiquei ali imóvel tentando entender se o perigo havia realmente Pass o tempo parecia congelado mas não ouvi mais nada não havia mais batidas na porta nem uivos nem passos do lado de fora respirei fundo tentando acalmar o coração reuni
toda a coragem que me restava levantei-me devagar e com as mãos ainda trêmulas tirei a cadeira da frente da porta peguei a chave e a girei A Porta Se Abriu com um leve rangido o lado de fora parecia calmo quase como se nada tivesse acontecido mas o ar ainda carregava uma sensação pesada como se algo estivesse errado meu corpo ainda estava ofegante o suor escorria pela minha testa e o som do meu coração ecoava em meus ouvidos fiquei ali na porta olhando para o cemitério iluminado pela luz da lua cheia tentando entender o que acabara
de acontecer aquela noite marcou minha vida de uma maneira que nenhuma palavra seria capaz de descrever a sensação que senti ali ajoelhado no chão daquela Cabana foi a pior que já vivi em toda a minha existência era como se eu estivesse à beira de algo impossível de compreender preso entre o medo e a certeza de que o mundo que eu conhecia escondia muito mais do que podia ser visto no dia seguinte tomei uma decisão não dava mais para seguir com a rotina como se nada tivesse acontecido pedi alguns dias de afastamento alegando problemas de saúde
não era mentira afinal minha mente estava um turbilhão eu precisava de um tempo para processar tudo para tentar juntar os pedaços do que parecia ser um quebra-cabeça impossível mesmo em uma cidade cercada de lendas de histórias sobre visagens e criaturas Sobrenaturais algo dentro de mim sabia que aquilo não era só folklore eu vi eu ouvi eu senti algo de Sobrenatural realmente aconteceu naquela noite com o tempo percebi que aquilo mudou a forma como eu enxergava o mundo Antes eu era cético sempre preferi acreditar apenas no que era visível palpável explicável mas depois daquela noite comecei
a encarar os mistérios da vida de uma maneira diferente Talvez existam coisas que não podem ser compreendidas pelo menos não por nós coisas que escapam às explicações simples que caminham no entre o real e o impossível mesmo agora quando volto ao cemitério e caminho entre as sepulturas sinto que algo está diferente não é mais só trabalho cada Cruz cada túmulo cada sombra parece Carregar um segredo eu continuo fazendo meu serviço mas toda vez que a lua cheia desponta no céu a lembrança daquela noite volta com força me fazendo lembrar que por mais que a gente
Ache que conhece o mundo há coisas escondidas nas sombras que desafiam tudo o que sabemos