[Música] [Música] [Música] Estamos aqui no médio Rio Doce Minas Gerais nessa beleza de Rio tão simbólico até pelo nome e que foi duramente atingido pelo desastre em 2015 5 de novembro de 2015 em Mariana aos poucos o Rio vai se recuperando mas as marcas ainda persistem [Música] [Música] Ô Pedro ô seu Aílton que prazer eu aqui fico totalmente presenteado com a sua chegada aqui muito obrigado por receber a gente nessa Areinha aqui essa Areinha boa eu acho que eu vou Copiar seu exemplo tirar minha minha sapatilha e ficar descalço p p areia isso fica à
vontade Bora de o fim do mundo vamos que coisa boa que você chegou aqui muito bom obrigado da visita hoje a nossa conversa é o nosso estúdio é o universo a conversa céu aberto estamos aqui numa ilha no médio Rio Doce onde vios encontrar somos recebidos por Aílton kenac esse líder indígena que tornou-se conhecido pelo Brasil a geração dele nas décadas de 70 80 começou em plena ditadura eles começaram um tipo de atuação política indígena que era inédito até então e olha conseguiram muita coisa conseguiram demarcações de terra outros direitos e principalmente muito devido à
atuação do Aílton aqui o famoso Capítulo dos índios na Constituição de 88 uma conqu histórica mas esse senhor aqui que parece mais jovem que eu mas não é e ele podia ter feito carreira política sei lá virado Deputado não nada voltou pra terra dele para morar aqui na aldeia crenac Minas Gerais por hein ah porque é uma troca muito vantajosa para mim né Olha onde nós estamos andando bom você estaria na Explanada dos Ministérios nas rampas dos palácios Sem chance eh esse corpo d'água fazendo espelho aqui pra gente ele é incomparável com qualquer paisagem né
a gente tava comentando que a a qualidade da água ficou temporariamente eh imprópria para uso humano mas ele não se limita a esse uso humano né ele tem essa maravilha para mim a água é uma entidade não é um recurso aí quando eu ouço falar que a água é um recurso natural eu fico pensando ainda não entenderam nada e ele tem uma função maravilhosa que dispensa o nosso senso de utilidade mesmo que a gente não use nada do corpo da água ele tá fazendo um serviço essencial pro planeta e para outros seres também que nós
nem sabemos reconhecer né mas você eu acho que isso foi uma das grandes formulações suas nos seus livros que venderam tanto é a burrice quer chamar isso de recurso né É no mínimo é é limitar demais né É É esse corte entre a ideia de humano e de natureza né quando institui o corte de humano e natureza tudo vale daí paraa frente tudo vale a ideia de recu a ideia de patrimônio todas essas ideias que tem a ver com o jeito dos humanos administrar o mundo né que é uma pretensão escandalosa também porque os humanos
não administram mundo nenhum os humanos não administram mundo eles t a ilusão de estarem você acha que o seu o seu pensamento ter tido tanta repercussão ter eado tanto durante a pandemia não foi por acaso né Acho que as pessoas se assustaram com aconteceu na pandemia e buscaram uma voz como a sua uma voz que vem vem da terra né Pedro eh a pandemia ela podia ter sido uma travessia muito mais rica e a gente podia ter aprendido muito mais do que o que a gente conseguiu atinar eu fui assim grandemente abençoado por essa tragédia
que parece um paradoxo né sim porque a uma voz que já era emitida há muito tempo de repente foi escutada como se fosse uma novidade é igual aquela canção do Caetano né o Óbvio aí eu já falava todo mundo já falava antes de mim o tataravô falava o bisavô falava aí de repente aparece esse camarada falando como se fosse uma descoberta não tô descobrindo nada os nossos antepassados sempre disseram isso dizia pisa suavemente na terra pisa suavemente na terra que era aquela coisa de aprender com a Terra e a pandemia abriu uma janela de percepção
que essas falas que eu transmito ganharam extensão né e eu fico admirado porque eu também não tinha uma expectativa de que virasse tema de discussão nas universidades da Europa que eu me tornasse interlocutor de pessoas que estão pensando a terra em outros termos pensando na Terra como organismo vivo tinha uma uma cultura que estava se constituindo desde a década de 80 90 que é isso que deu no pensamento ambientalista né o ambientalismo mas ele ainda era muito acima da da linha assim do do toque da vida né ficava com aquela ainda era a ideia dos
humanos administrar a vida nos últimos 30 anos já tem uma observação de que nós não administramos a vida nós experimentamos a vida com bilhões de outros seres e isso é um maravilhamento isso é um maravilhamento isso pode tirar a gente de um abismo cognitivo de uma burrice e nos pôr num outro lugar os nossos netos as outras gerações né [Música] você falou a pouco quando você era jovem você tá você conta a idade Você tá com quantos anos esse ano você faz quanto eh eu passei obviamente a fazer a a conta depois dos 60 e
tantos né em setembro se Tudo continuar Florindo eu vou fazer 60 e 10 e9 70 hã 70 é o ano que vem 70 eu nasci em 53 Então tá eh tem algumas versões que diz que eu nasci em 52 mas a minha mãe falou que eu nas em 53 eu acredito Néa Ailton crenac a palavra crenac o nome quer dizer o quê cabeça de terra crem é como não tem na verdade é cabeça terra não tem o di e nem na cabeça terra tem um rito antigo dos crenac que é ficar no chão quase que
deitado no chão mas apoiado no no cotovelo e na no joelho tocando um Maracá e pondo encerrando um canto e botando a cabeça na terra esse essa mímica de fazer isso de botar a cabeça na terra é o nome que o essa gente carrega há muito tempo eu acho que a cabeça Terra no sentido que a gente tava tava conversando de que nós somos terra em 2015 esse livro reunindo pensamentos falas entrevistas do quiren foi organizado pelo Sérgio con e e apresentado pelo Eduardo viveiro de Castro foi lido por poucos aí o o palestras que
o Ailton fez em Portugal em outros lugares durante a pandemia estouraram ideias para adar oo fim do mundo e a vida não é útil aliás ideias para adar o fim do mundo é um título Espetacular como é que você teve essa ideia então eu estava no quintal de casa eh juntando as folhas e o cisco né que caiu lá no quintal eu tava Juntando os C igual quando você vai rastelar o quintal tava rastelando o quintal e e e minha mulher me chamou lá da cozinha dizendo Olha tem um pessoal de Brasília chamando para você
e dar uma palestra eu achei o convite muito legal falei claro eu vou e pronto né aí a pessoa liga de novo pera aí pera aí você vem eu venho quer dizer daqui a 4 meses né então achava uma coisa que daqui a 4 meses é claro que eu vou quro meses aí Aí ela fala assim qual é o título eu tava tão ocupado eu falei ah ideia para diar o Fim do Mundo itrio nenhum Faria melhor eles puseram título na minha palestra e você nem ficou sabendo não aí passaram os 4ro meses alguém me
liga e fala ó a passagem de avião tá aí você pega o avião e vem cá eu falo Para quê Para falar com a gente sobre as ideias para diar o fim do mundo eu fiquei pensando que isso é você que deu esse título eu falei tá bom Agora aguenta E tá assim de gente aqui no Campos querendo ouvir a gente querendo adiar o fim do mundo querendo alguém que propusesse isso não que eu ia te perguntar é o seguinte você tem livros mas você de fato você fala você escreve não você sempre fala e
isso é transcrito Liv eu ten uma dificuldade enorme para escrever escrever e agora né com essa com esse reconhecimento dos livros alguém vira e fala ah a gente quer que você escreve não vamos vamos reeditar drumon a gente quer que você escreve um prefácio da H de drumão aí eu falo não não faça isso comigo eu não escrevo Mas você fala alguma coisa e eles PR o que eu tô fazendo é isso eu falo eu vou falar do drumon mas eu não vou escrever nada do drumon Ailton você fala da sua relação com uma montanha
que tem em frente a sua Aldeia e o Drum e que fica do lado de lá desse Rio desse rio aqui você olha a montanha de manhã você já percebe mais ou menos como é que vai ser o dia é isso saber ler a montanha o drumon foi criado vendo uma montanha que desapareceu desapareceu enquanto ele crescia foi desaparecendo é o pico do caui isso virou uma cratera isso e eu fico imaginando que isso pode ter produzido no poeta um abismo aquele buraco veio para pra sua digamos pra sua imensidão para pensar o mundo e
pra nossa sorte ele tentou tapar esse buraco com poesia e fez a poesia dele maravilhosa pra nossa s a vida inteira né a vida inteira ele dizia isso que a poesia salvou a vida dele é e salvou de muita gente salvou o mundo né aquela coisa do drumon e mas Minas tem isso né Você tem uma montanha que é a sua essa montanha você classificaria como o quê como uma amiga uma parente olha Eh como o o passar do tempo vai resolvendo algumas eh mal entendido o que eu entendo é que um dia a gente
vai ser montanha também isso num uma melhor das hipóteses é nem que seja poeira de montanha é é sem muita pretensão e o Manuel de Barros ele fala que ele tem e que ele tem ele intenta ser árvore né pedra então é é mesma travessia e ela não é outra coisa o rio o atu quer dizer o qu a palavra o atu o atu é avô avô avô da mesma maneira que uma criança vê o avô dele Fala meu avô com essa mesma espontaneidade o atu para nós pros crenac ele é o avô e quando
quando meus filhos estavam pequeno seguindo um costume de sempre e a gente pegava eu peguei esses meninos pequenos com 40 dias e levei eles na beira do rio quando esse rio abraçava os netos dele e enfiei ele dentro da água você mergulha o corpo da criança e puxa você faz esse movimento com a certeza inabalável de que você tá vacinando a criança então enfiar a criança na água e tirar ele eh dava uma certeza para família de que aquela criança tava salva É incrível como esses gestos do Sagrado se repetem nas cultura você falou dos
eh do do dos crenac que põe a cabeça na terra que é um movimento de islâmicos rezando você falou de mergulhar na água e tirar que é um movimento de cristãos O Sagrado se manifesta com gestos parecidos na Índia também né na Índia G é e sobre o Ganges quando tava em discussão o evento que ename o rio as pessoas falavam comigo tá mas ele é só um rio eu peguei e falei então por que que a gente entende que lá na Índia tem um rio que é sagrado é o Ganges e aqui a gente
não consegue admitir que um corpo de um rio seja sagrado isso só pode lá na Índia eu fiz uma brincadeira sobre isso a gente quer dizer a gente não tem nem cidade disso só na Índia que dá para fazer isso queria te aproveitar que você falou aí da Índia te te perguntar uma coisa hoje eh muita gente com a melhor das intenções tá buscando Mudar o jeito de chamar e falar algumas coisas então por exemplo minha eu tenho filhinhas eu sou velho mas eu tenho criança pequenininha E aí na escola falam para ela agora você
não pode mais chamar de índio você que chamar de indígena é ofensivo a palavra índio é ofensiva se ela me encontrar ela pode me chamar de índio numa boa Mas dependendo da pessoa dependendo do jeito que é usada a palavra né é e dependendo da pessoa que tivesse recebendo esse tratamento pode ter diferentes eh observações eu tenho uma observação que eu já até publiquei que essa essa espécie de recolonização que nós estamos eh fazendo do mundo e que é chamado de correção é uma ideia de uma correção na linguagem tudo é corrigir a linguagem essa
coisa toda isso são experiências que cada tempo vai imprimindo e no caso da gente aqui na América do Sul a gente acaba fazendo isso por uma provocação totalmente externa importada e que não é resultado de uma experiência eh da diversidade dos nossos digamos da a gente não produziu isso na nossa história mas nós somos capazes numa boa de nos apropriar de aparatos eh da cultura externa e adotar isso como um valor próprio nosso eu não tenho nenhuma problema com isso quando eu comecei a organizar a o que chamam de resistência indígena aqui no nosso país
existia uma coisa chamada questão Palestina questão eu achava questão uma palavra feia aí eu peguei e propus pros nossos pra minha geração da gente chamar o nosso movimento de Nações Indígenas União das Nações Indígenas eu achava que era mais ass afirmativo mais bonito do que questão né Eu não tenho questão nenhuma né Parece aquele cara que já chega no lugar e pergunta qual é a questão né voltando coisa da correção de linguagem a gente chamou de União das Nações Indígenas se eu tivesse problema com o nome eu teria chamado de outra coisa a gente teria
dado outro nome seria mais ou menos como a gente evitar chamar alguém de trabalhador né tipo não mas trabalhador Ô você tá chamando ele de trabalhador rapaz não não chama ele de trabalhador não vamos chamar ele de outra coisa ele é um colaborador porque agora tem também esse papo furado né algumas empresas não chamam mais seus funcionários de trabalhadores e nem de funcionário Funcionário é feio você tem que chamar ele de colaborador Aham Aí eu fiquei olhando e falei tá legal a gente vai transformar a linguagem tanto que vai chegar uma hora que os nossos
netos e filhos não vão saber mais como conversar eles vão ficar diante um do outro dizendo o que que eu chamo ele eu falo com ele e aí mas eu acho Qual é a questão acho que só fica só fica o que funcional foi de verdade Aral passa vamos lá eu quero mostrar um negócio aqui a gente tá tô vendo o rio passando aqui ele tá falando mostra isso mostra isso o doce o atu eh no filme do meu conheço Marquinho alberg meu amigo CEST marberg Ailton kenak o sonho da Pedra filme lançado em 17
disponível no n tem uma figura importante falando sobre o atu a o atu nosso aí é Água Grande ag fala Rio Doce porque água doce né ag Fala aí é igual Branco fala áa doce todas pessoas fala limpa meu corpo que Tod nós toma banho primiro n bate na água tem moto Néia tem PR né nada tudo isso tem aí a gente fala conversa com a água Primeiro vou atravessar o o aí sai dentro daágua [Aplausos] oh ah Dona Laurita ela é a vovó desses meus filhotes que Eu enfiava na água para tirar e alguns
deles estavam brincando na água ali enquanto ela falava ela não está mais e na nossa convivência ela inspira a gente demais e ensinou eh ensinou muito né paraas nossas famílias a Reinventar uma vida tribal num lugar desolado então é uma Muler é uma mulher muito sábia porque a dispersão das famílias é um fato corrente na vida brasileira né as pessoas migram vão de um lugar pro outro ficam distante uns dos outros e elas sempre teve essa coisa gregária de juntar a gente juntar e esse esforço dela de juntar a gente era ela juntava a gente
no meio da tempestade da Tempestade social durante eh quase toda a infância e juventude dela ela viveu exilada daqui desse território ela teve que sair daqui porque essa terra foi disputada de uma maneira tão violenta que ela não pode ficar com a mãe dela e o pai dela aqui então eles foram andar foram numa aldeia Guarani lá em itatins no litoral de São Paulo naquela serra do mar e se refugiar lá por um tempo para depois quando passou a primeira infância já jovem poder retornar e reconstituir essas famílias aqui e ir buscando os parentes e
juntando ah os meus primeiros 20 anos eu vivi também eh rodando pelo Brasil desterrado é literalmente desterrado então tem uma geração inteira que a gente chama de geração do exílio é um exílio não é uma diáspora é só um exílio depois a gente volta para casa que língua Qual foi a língua que você aprendeu primeiro a a língua que me que me fez a cabeça é o português talvez seja por isso que eu sou tão eh fluente e eu sei que tem gente que fala nossa cara mas você estudou muito né eu digo não eu
escutei muito você porque para falar você só tem que aprender a escutar você aprendeu muito você aprendeu a escutar e aprendeu a escutando porque nem todo mundo né escutei muito e como é que você foi parar na na ação política direta lá nos anos 70 como é que você foi levado a isso eh quando eu tinha 16 para 17 anos eh a gente fez a segunda fuga daqui um monte de famílias do mesmo jeito que a v Laurita e a a mãe dela tinha sido expulsa e pelos mesmos motivos pela disputa da terra essa região
aqui foi uma região onde a questão fundiária só deu alguma estabilizada eh na década de 80 a partir da década de 80 até a década de 80 isso aqui era um foroeste e foi aí que você sentiu a necessidade de não eu já tava mesmo na na ladeira Na luta né já tava na queda eu falei que tal inventar para-quedas coloridos e o e o paraqueda colorido que me ocorreu naquela época foi o movimento indígena pera aí se eu ficar sozinho tentando resolver isso eu vou resolver não então deixa eu ver se tem um monte
de gente com problema parecido com o meu tem então eu vou chamar todos eles pra gente fazer alguma coisa junto fo é isso mas teve um momento um momento que entrou pra história setembro de 1987 em que você mostrou que você sabia falar não só com as palavras com os gestos com símbolos esse discurso e eu espero faz parte da história do Brasil com a minha manifestação o protocolo dessa casa mas eu acredito que [Aplausos] os senhores não poderão ficar omissos os senhores não terão como ficar alheios h mais essa agressão movida pelo poder econômico
pela ganância pela ignorância do que significa ser um povo indígena povo indígena tem um jeito de pensar tem um jeito de [Aplausos] viver um povo que habita casas cobertas de palha que dorme em esteiras no chão não deve ser identificado de jeito nenhum como um povo que é o inimigo dos interesses do Brasil inimigo como os interesses da Nação e que coloca em risco qualquer desenvolvimento Que coisa linda seu Ailton como é que foi essa ideia de genipo né eu olho essa imagem eu vejo outra pessoa e não era não essa é eu não essa
identificação direta eu fico assistindo falando Nossa que rapaz corajoso rapaz era corajosa como é que ele fala uma coisa dessa naquele lugar né que aquilo lá é o Parlamento ah 10 anos depois me disseram você fez uma performance aí eu fui atrás do sentido da palavra performance eu falei incrível eu não sabia que eu estava fazendo uma performance e Pode parecer um um absurdo que o cara fala ah não mas você tava à frente de um movimento eh crescente né que juntava pessoas com vulto tão relevante quanto do Chefe rauni né do Mário juruna você
tava na esteira de grandes eh de grandes pessoas também isso não te dava um ensimesmamento não porque a minha ideia de servir a esse comum ele é desde cedo eu podia ter inventado um trabalho para mim quando eu saí com 17 anos daqui sei lá podia ter virado astronauta sei lá e ou poeta mas eu eu não não escolhi nenhum Ofício eu sou um sujeito sem Ofício você acumulou você se fosse proibido se fosse proibido não ter Ofício eu tava frito olha você é artista de performance Você acabou de dizer ativista político filósofo escritor poeta
mas você gosta mesmo de ser contador de história contador de história vou voltar a uma cena do filme do Marquinho do Aílton crenac O sonho da pedra que é a primeira vez que você foi a Portugal você resistia essa ideia você não não te atraía muito a ideia no fundo no fundo eu acho que eu tinha preconceito agora que tá muito na moda esse negócio de não ter preconceito eu queria revelar que eu tinha o o eu falava não eu não vou lá não que isso esses portugueses invadiram isso aqui e eu eu eu a
minha formação digamos de pensamento indígena eh foi ouvindo importantes pessoas eh de vários povos dizendo os brancos vieram aqui e tomaram a nossa terra e eu lógico falava eu vou fazer o que numa festa deles se eles tomaram a minha terra eu quero ficar longe deles então eu tinha mesmo esse préconceito mas quando eu encontrei finalmente os portugueses lá na sua Lisboa eu superei uma porção de eh digamos ideias erradas sobre a própria vinda dos portugueses para cá eu entendi que aquela coisa os portugueses vieram para cá da mesma maneira que continua vindo gente para
cá do mundo inteiro talvez porque aqui continua sendo o melhor lugar do mundo como diz o Gil né o melhor lugar do mundo é aqui e agora e o pior lugar do mundo também é aqui e agora quando você consegue eh sentir que o pior lugar do mundo e o melhor lugar do mundo pode ser o mesmo lugar Você já alcança uma boa percepção do mundo tem até o poeminha do do Oswald né o português chegou na nossa praia Estava uma baita chuva daí ele vestiu o índio mas se ele tivesse chegado num dia de
sol os índios tinham despido português então é um poeminha Modernista do do oswal para brincar com esse negócio dizendo E se tivesse um dia de sol que tipo de civilização que a gente ia ser a gente ia ser uma civilização do controle ou a gente ia ser uma civilização sabe da da da abundância da da do do tropicalismo e tudo né antes dos portugueses descobrirem o Brasil o Brasil já tinha descoberto a felicidade mas contar contar falar o poeminha dos pus português é muito diferente É verdade nossa eles riram então agora a gente faz um
rápido intervalo e na volta a gente vai ouvir uma nova canção dedicada ao Rio Doce de dorica Caim Paulo César Pinheiro e se é dedicada ao Rio Doce ao guu é dedicada também a a Ilton crenac em instantes [Música] bem-vindos de volta agora mais perto do atu mais perto do Rio Doce um dia começa a se despedir daqui a pouco vem a noite vem a lua e E aí quando tava vindo para cá eu queria levar um presente pro Ailton kenac pensei em levar livros alguma coisa assim mas o o cara é uma biblioteca não
precisa de livros tem uma biblioteca dentro dele mas como há pouco tempo eu gravei um programa com dorica caime e ele cantou uma música que ele fez especialmente pro Rio Doce eu falei é isso que eu tenho que levar a música do Dori Caim Paulo César Pinheiro dedicado ao Rio Doce vou dar um play para você [Música] a água do rio que vem da Nascente que desce do Monte criando corrente fazendo caminho abrindo vertente cortando Vereda formando afluente a água do rio tem medo de gente [Música] a água do rio que é tão diferente da
água do mar do céu da GU ardente que rompe barreira que vira uma enchente que ziguezague mas que segue em frente a água do rio tem medo de gente a água que segue correndo em desvio riscando seu feito de um jeito arredio tem medo de gente no seu rodopio e o medo que sente não é desvario que é gente que mata a água do [Música] rio água do rio [Música] água do [Música] rio da família Caim pra família kenac que benção e essa frase que a água do rio tem medo de gente é terrível né
medo de gente água do rio ter medo de gente que tipo de gente né que mete medo em água do rio que tipo de gente muito obrigado Aílton foi um prazer est contigo espero que a gente se reveja ainda aqui presente pro rio para mim para nós todos vocês virem aqui como é que diz Adeus até a próxima a in er ré a até a próxima ou encrenque eré eré [Música] eré a água do rio que vem da Nascente que desce do Monte criando corrente fazendo mi abri