Dá uma olhada nessa foto de um engarrafamento do passado. E agora dá uma olhada nessa outra foto de um engarrafamento do presente. Alguma coisa chama a atenção pra você quando você compara essas duas imagens?
Eu tenho certeza que sim, até porque você já viu o título do vídeo. Mas mesmo se não tivesse visto, a diferença realmente salta aos olhos. Antigamente os carros eram muito mais coloridos, mas hoje em dia, como você já deve ter reparado quando você andou na rua, a grande maioria é branca, preta ou prateada.
E isso não é só uma impressão, é um fato. Dados da Senatran, que é a Secretaria Nacional de Trânsito do Brasil, traduzem a nossa percepção em números. Segundo o levantamento feito no ano passado, dois em cada três carros nas ruas brasileiras são da escala de cinza.
O branco está em primeiro lugar no pódio com mais de 25 milhões de unidades. Depois vem o preto com 22 milhões. E o prata com 20 milhões.
Em comparação, na ponta oposta, o podio dos mais raros tem grena com pouco mais de 50 mil, rosa com 133 mil e fantasia com 185 mil. Meu carro, por exemplo, tem fantasia do Batman. Brincadeira!
A Senatran usa esse termo para se referir aos carros em que não é possível definir qual que é a cor predominante. Mas apesar dos tons de cinza serem a maioria no Brasil, eles não são os preferidos em todo o território nacional. Olha esse mapa que o portal GE1 fez.
Isso na verdade é a distribuição das cores predominantes de automóveis em cada cidade. E existem algumas curiosidades. A cidade que mais tem carros laranja no Brasil se chama Laranjal do Jari, no Amapá.
Será que algum inscrito do canal mora nessa cidade? Comenta aqui aí e me diz se tem muito carro laranja por aí mesmo. Mas de volta ao mapa, embora o vermelho seja a cor predominante, a frota brasileira é muito maior no sudeste do que nas outras regiões.
Por isso a maioria dos carros hoje em dia são mesmo nos tons de cinza. Mas por que isso acontece? A principal explicação é o dinheiro, por alguns motivos.
Primeiro porque variedade custa mais caro. E em tempos de busca desenfreada pelo menor custo e pelo maior lucro, as montadoras optam por gastar menos dinheiro com a pintura. Afinal, sai muito mais barato escolher duas ou três cores principais e fazer um monte de carros parecidos do que ficar produzindo modelos únicos e criativos com várias tonalidades diferentes.
Outro fator é que alguns dos principais clientes das montadoras hoje em dia são as locadoras, que optam por cores tradicionais para evitar dificuldades na hora de alugar os automóveis. Fora que também tem muita gente que compra carro já pensando em revender no futuro. E aí fica com medo de não encontrar um comprador interessado se o carro for, sei lá, rosa choque.
O grande problema nisso é que as ruas acabam perdendo a cor, e os engarrafamentos ficam ainda mais entediantes. É cada vez mais raro você conseguir dar um tapa no seu amigo quando você vê um fusca azul. Pra tentar deixar o mundo um pouco mais colorido, no ano passado a Fiat da Itália até anunciou que não iria mais produzir carros na cor cinza.
A ideia pode ser interessante, mas não é o suficiente. Até porque a falta de cor no mundo não se resume só aos carros. Na verdade, quase todos os objetos ao nosso redor ficaram menos coloridos ao longo dos últimos séculos.
E isso está comprovado em um estudo incrível feito pelo Museu da Ciência do Reino Unido, e que pode ser resumido basicamente nessa imagem. Mas antes, falando em estudos, você já decidiu o que quer fazer? O vestibular da FIAP está chegando e as inscrições vão até o dia 1º de agosto.
A FIAP conta com 15 graduações, algumas com opções presenciais e online, nas áreas de tecnologia, inovação e negócios. E ela é um lugar ideal para quem não só quer fazer parte do futuro, como também quer ajudar a moldá-lo. Na FIAP você aprende de um jeito diferente, testando o que você aprendeu na prática com professores que estão ativamente trabalhando e fazendo a diferença no mercado, inclusive em áreas quentes como inteligência artificial.
Existe jeito melhor de aprender do que além de ter uma boa base teórica também colocar mão na massa com laboratórios de ponta? Se você ficou interessado e não quer deixar o futuro chegar sem estar preparado, clique aqui no link da descrição ou do comentário fixado para se inscrever no vestibular da FIAP. Bem, eu ia dizendo que não apenas os carros, mas quase todos os outros objetos perderam as cores, de acordo com um estudo britânico.
Para chegar a essa conclusão, o Laboratório Digital do Museu das Ciências amenou fotografias de 7 mil objetos diferentes fabricados ao longo dos últimos 200 anos. E foram objetos de todo tipo, desde câmeras até telefones, relógios, máquinas de escrever, enfim, tinha de tudo. O objetivo desse estudo era contabilizar todos os pixels, ou seja, todas as unidades de cor presentes nas fotografias de cada objeto.
E os pesquisadores, então, separaram as imagens pelo ano da fabricação dos objetos e aí chegaram a esse gráfico. Observe os pixels pretos, brancos e cinza no início dos anos 1800. Eles ocupavam uma porção relativamente pequena na parte de cima do gráfico, mas com o passar do tempo, olha como eles foram crescendo e tomando espaço das outras cores.
Uma análise feita pela própria equipe do museu ajuda a gente a entender como se deu esse processo. No início, as cores predominantes eram o beige, o marrom, o amarelo, entre outros tons mais terrosos. Isso porque boa parte dos objetos fabricados no século XIX eram feitos de madeira.
Com o desenvolvimento de novas tecnologias, outras cores começaram a ser utilizadas ao longo dos anos 1900. Mas é só lá para a metade do século que a gente vê uma expansão maior do azul, do verde, do vermelho e de outras cores mais vibrantes. E um dos motivos foi o advento de uma tecnologia muito específica, a TV colorida.
Com a possibilidade de divulgar os seus produtos em tons que iam muito além do preto e do branco, os empresários passaram a apostar cada vez mais na magia das cores. Os filmes dos cineastas e os clipes dos artistas também ajudaram a colorir as telas, e o movimento de contracultura espalhou ainda mais tinta na vida de muita gente. A cultura hippie e a era do flower power trouxeram uma estética inovadora e o mundo se viu mais colorido do que jamais tinha se visto antes.
E provavelmente jamais se veria depois. E isso porque, depois da explosão de cores no meio do século, foi a vez do preto e do branco voltarem a descolorir o mundo na virada do milênio. A utilização cada vez maior do plástico no lugar da madeira foi um dos fatores que levaram a essa mudança.
E se no passado a tecnologia foi responsável por ampliar o espectro de cores diante dos nossos olhos, agora ela foi a culpada por deixar tudo novamente em tons entediantes de cinza. Basta olhar para o celular, para o computador ou para a televisão em que você está assistindo esse vídeo. É bem provável que eles, assim como a maioria dos produtos eletrônicos lançados nas últimas décadas, sejam totalmente pretos, brancos ou cinza.
Isso inclusive ilustra uma tendência dos últimos séculos. É que antigamente um único objeto costumava ter muitas cores, já que eles eram produzidos de maneira mais artesanal. Mas hoje em dia, com a automatização dos processos de fabricação, fica mais fácil e mais barato de fazer objetos totalmente monocromáticos.
Dá uma olhada, por exemplo, nessa câmera do ano 1900. Observe quantas cores diferentes ela tinha. Se a gente colocar lado a lado um telégrafo antigo e um telefone moderno, parece até que o mundo passou a ter medo das cores.
Aliás, não só parece. Isso realmente aconteceu. E tem inclusive um nome.
É a cromofobia. Essa palavra define a aversão que muitas pessoas têm de usar uma ou várias cores no dia a dia. E em alguns casos pode até ter realmente uma origem patológica.
Ou seja, uma síndrome em que o paciente se sente mal, com ansiedade e só tiver uma determinada cor. A aversão a cada cor inclusive tem um nome específico. A leucofobia, o medo do branco.
A prazinofobia, do verde. A xantofobia, do amarelo. E por aí vai.
E nesses casos o paciente precisa de acompanhamento profissional com tratamento psicológico, mas são situações muito raras. O que é mais comum é que essa aversão seja motivada por motivos muito mais bobos, como o machismo, que faz alguns homens não usarem rosa, ou a homofobia, que faz eles, sei lá, evitarem escadarias ou bancos de arco-íris. Ou ainda pelo simples medo do julgamento que limita nossas formas de expressão.
Ou seja, você talvez até gostaria de usar umas roupas mais extravagantes, ou quem sabe pintar o cabelo de roxo, mas você fica com medo do que as outras pessoas podem pensar e acaba deixando pra lá. E isso tudo faz com que o preto, o branco e os tons de cinza sejam vistos como mais sérios e até mais respeitados. Como resultado, é cada vez mais frequente a gente ver empresas deixando as cores de lado e apostando em novos designs monocromáticos considerados mais elegantes e refinados.
É o caso dos logotipos de várias marcas que estão ficando cada vez mais simples. Ou até mesmo das lanchonetes, que antigamente eram multicoloridas e agora focam em paletas entre o cinza e o marrom. Mas não pense que essa tendência se limita só ao comércio.
Isso também aconteceu até com os lares de muita gente. Afinal, a necessidade de acomodar uma quantidade cada vez maior de pessoas nas cidades ao longo do último século levou à construção de prédios onde antes havia casas. E, mais uma vez, para economizar dinheiro, esses prédios tendem a ter cores parecidas sem muita criatividade, dando às cidades um tom mais acinzentado do que elas tinham antigamente.
Basta lembrar como era comum algumas décadas aquele estilo casa da vovó, com paredes super coloridas, super decoradas, cheias de enfeites, além daquele clássico piso de caquinho do lado de fora. Hoje em dia, as mudanças de estilo na arquitetura trouxeram um ar mais discreto para os apartamentos de muita gente. O minimalismo reduziu a quantidade de objetos e também de cores que ficavam expostos nas residências.
A chamada arquitetura industrial ganhou destaque e não está mais presente apenas nas fábricas. Ela agora também aparece nas nossas salas, nas nossas cozinhas, nos nossos quartos, levando um tom mais bruto onde antes havia uma certa delicadeza. Características desse estilo arquitetônico, como o concreto aparente e os acabamentos metálicos fizeram com que o cinza se tornasse predominante, onde antes havia espaço para muitas outras cores.
E aqui, só para deixar claro, eu não estou criticando o gosto pessoal de ninguém. Eu gosto de arquitetura industrial. Só o que eu estou dizendo é que esse visual minimalista tem deixado as nossas vidas menos divertidas.
E até mesmo um pouco mais tristes. Pois é, a gente pode ficar literalmente mais feliz ou mais triste por causa das cores. Isso porque elas carregam significados e nos transmitem mensagens como qualquer outro tipo de estímulo.
Ou seja, assim como a música que nossos ouvidos escutam é capaz de nos emocionar, as cores que nossos olhos enxergam também provocam muitas sensações. E é isso que estuda a área chamada psicologia das cores, muito utilizada no marketing. Os publicitários analisam quais são as ideias que as cores passam para as pessoas e aplicam isso no produto que eles querem vender.
O vermelho, por exemplo, costuma ser associado a força e energia. Por isso é comum ver essa cor sendo usada em marcas que querem passar uma ideia de agito, como refrigerantes, ou de urgência, como canais de notícias. O verde é mais ligado à saúde e à harmonia.
E com isso os publicitários usam essa cor com frequência em produtos naturais, como alimentos veganos, e também em marcas ligadas a causas humanitárias, como ONGs de defesa do meio ambiente, por exemplo. Assim, cada cor acaba ganhando seu significado próprio, com marcas e produtos associados a cada ideia. O preto é ligado à elegância, o laranja à alegria, o azul à segurança, o roxo à criatividade.
E assim segue, ao longo de todo o espectro de cores. Isso é usado não apenas para ganhar dinheiro, mas também com outros objetivos, alguns inclusive bem inusitados. Na Suíça, por exemplo, alguns presídios têm as celas pintadas de rosa.
A intenção é acalmar os presidiários, já que essa cor é associada à tranquilidade. Por esse mesmo motivo, o vestiário dos visitantes do estádio da Universidade Americana de Kinnick também é toda cor de rosa. A ideia é que os atletas adversários entrem em campo relaxados, menos ligados na partida.
Só é importante deixar claro que tudo isso é psicologia. Ou seja, não existe nenhuma substância no pigmento da tinta, por exemplo, que provoque uma reação física para tranquilizar ou irritar as pessoas. Aliás, nem os animais.
Caso você não saiba, aquela história do touro ficar nervoso com o vermelho é coisa de desenho animado. O que realmente provoca o touro são os movimentos feitos pelo toureiro no tecido. E não a cor do tecido.
Mas voltando para os seres humanos, ainda que os significados das cores sejam psicológicos, isso já faz toda a diferença. Primeiro porque o aspecto psicológico é fundamental para o convívio do ser humano em sociedade, e as cores têm um papel cultural muito grande nesse sentido. Um exemplo bem comum disso está todo dia na nossa vida, e você talvez nem se deu conta ainda.
Eu estou falando do semáforo. Ou se você for de São Paulo, do farol. Ou se for do Rio, o sinal.
Ou se for de Santa Catarina, meu caso, sinalena. Enfim, você já entendeu do que eu tô falando. Mas é curioso observar justamente como, seja qual for o nome que você der ou até mesmo de qual idioma você estiver falando, praticamente o mundo inteiro sabe o que significa cada uma dessas cores.
Quer dizer, alguns motoristas eu acho que não entendem que o amarelo é pra ir freando e não pra sair acelerando. Mas enfim, o que eu quero dizer é que o significado das cores supera até mesmo as barreiras linguísticas e serve como uma forma de comunicação que é praticamente universal. Querem mais um exemplo disso?
Vamos imaginar que você está caminhando em uma praia desconhecida, em um país em que você nem sabe a língua. E do nada você avisa um monte de bandeiras vermelhas fincadas perto do mar. Você provavelmente vai optar por não entrar na água, porque você vai associar o vermelho a um alerta de perigo.
Mas também é interessante observar que isso pode mudar quando a gente pensa em outras cores e outros contextos. E nesses casos o significado das cores muda totalmente dependendo do país em que você está. Por exemplo, ao avistar uma manifestação em que todo mundo está vestido de preto, você imediatamente já vai associar ao luto, provavelmente.
Mas não é assim no Japão, onde a cor do luto é o branco, enquanto no Egito é o amarelo. Esses são exemplos bem claros de como entender o aspecto psicológico das cores é fundamental nas nossas vidas. Além disso, esse aspecto também é importante porque a nossa mente comanda o nosso corpo.
Um exemplo disso está num estudo americano bem curioso. Os voluntários passaram por um teste de força depois de olhar separadamente para cartolinas da cor azul e da cor rosa. O resultado sugeriu que os voluntários tiveram uma pequena perda de força depois de olhar para a cartolina rosa em relação à cartolina azul.
Outro exemplo de como as cores afetam o nosso corpo e a nossa saúde vem dos países nórdicos. Lá, como os dias são bem mais curtos durante uma boa parte do ano, a falta de luminosidade e de cores afeta diretamente a saúde mental de muita gente de tempos em tempos. E isso se manifesta através da chamada SAD.
Coincidência ou não, é a mesma grafia da palavra sad, que é triste em inglês, mas que nesse caso se refere à sigla inglesa do Transtorno Afetivo sazonal. É um tipo de depressão que acontece sempre numa mesma época do ano, normalmente durante o inverno, quando tudo lá fora fica branco durante o dia e o céu fica escuro na maior parte do tempo. Uma outra pesquisa britânica mostrou que apesar de a palavra em inglês blue, que significa azul, ser usada também para se referir à tristeza, a maioria das pessoas com depressão se identifica mais com o cinza na hora de escrever em cores qual é o seu estado de espírito.
Por outro lado, um estudo da Universidade de Chiba, no Japão, mostrou que frequentar espaços verdes faz bem para a saúde mental. Ajuda a reduzir o nosso cortisol, que sai ligado à sensação de estresse e aumenta a produção de dopamina, que é uma das responsáveis pelo nosso bem-estar. E aí não é só por causa da cor, mas de todos os outros estímulos que ambientes naturais, como parques e florestas, oferecem para nossa mente e para o nosso corpo.
Os sons, os cheiros, o tato, tudo ao redor ajuda a fazer a gente se sentir mais leve e mais feliz. E no fim das contas, essa é a grande dica que eu dou para quem não quer se ver refém de um dia a dia cada vez menos colorido. Você não precisa viver a sua vida em 50 tons de cinza.
Dá para mudar essa realidade mesmo com hábitos simples no cotidiano. Pense, por exemplo, na possibilidade de dar uma renovada no guarda-roupa. Um estilo que surgiu nos últimos anos é o chamado Dopamine Drssing, que defende justamente o uso de tecidos coloridos e estampas arrojadas para dar uma alegrada no dia a dia.
Quem sabe não vale a pena experimentar, para descobrir se ele combina com você. Já na hora de decorar sua casa, dê uma chance, por exemplo, à arquitetura tropical. É um estilo marcado pelo uso de muitas cores e plantas, ideal justamente para um país quente e tropical como o nosso.
Em resumo, é importante procurar as cores onde elas estão. Respire o verde da natureza e mergulhe no azul do mar. Admire o laranja do pôr do sol e o brilho das estrelas brancas em meio ao preto da noite.
Frequente museus, tire muitas fotos, se entregue a beleza da arte, das pinturas, da fotografia, do cinema. Aproveite todas as cores que a vida tem pra oferecer. E mesmo quando o mundo temar em deixar tudo na escala de cinza, não se permita, jamais, viver na monotonia.
Muito obrigado e até a próxima.