Salve salve pessoal, sejam todos muito bem-vindos a mais um episódio do Wesle Podcast. Estamos dando início a mais uma trilha de aulas, desta vez sobre saúde mental. Lembrando a você que nós já temos uma trilha sobre finanças com Rafael Lara. Também temos uma trilha sobre neurofisiologia com o Thiago. Também são quatro aulas. E hoje a gente inicia outra trilha aqui eh sobre saúde mental com a Dra. Ju, tá? Eh, só para lembrar, para quem não sabe, essas trilhas são iniciativas aqui do canal que a gente tenta trazer eh uma sequência de episódios com o mesmo
professor dentro de um mesmo tema para tentar ir um pouquinho mais a fundo nele e construir um raciocínio eh organizado sobre aquilo, como se fosse uma iniciativa de um curso livre, tá? Então, se você tiver interesse eh nessas outras trilhas, elas estão disponíveis no canal. E se você está assistindo esse vídeo recentemente após ser publicado, saiba que a gente ainda tem mais três episódios para soltar. Deixe seu like desde já, porque isso é importante para nós. E também confira se você está inscrito no canal, porque 50% das pessoas que assistem aos vídeos não estão inscritas.
Então, inscreva-se aqui para que você receba para que você consiga receber todos os os outros episódios. Fechou? Eh, hoje nós temos como convidada a Dra. A Juliana Fonseca já veio aqui outras vezes, né, Ju? A gente já tem algum um ou dois episódios. A gente já tem dois episódios. Dois episódios com a Ju aqui. É um prazer enorme te receber para essa nossa trilha aqui sobre saúde mental. Acho que vai ser bacana para pro pessoal. Eh, lembrando também, galera, que o episódio de hoje, na verdade, essa trilha inteira, ela tá sendo patrocinada pela clínica Behealth
ou pela Balth, né, que é uma intermediadora de serviço, onde você pode buscar atendimento em saúde mental, tanto com profissionais da psicologia ou psiquiatras e também com nutricionista. Você pode clicar no link que tá aqui na descrição desse episódio para você acessar o site da clínica BHalth ou ir lá pro Instagram também. Na minha bio tem o @daclínica também. Ela está eh eh possibilitando a existência desses quatro episódios aqui para vocês. Então, se você precisar de algum tipo de ajuda psicológica ou psiquiátrica, você pode eh eh buscar a nossa clínica. Fechou? Bom, pelo que a
Ju organizou, a gente vai começar hoje com uma introdução importante aqui sobre saúde mental, né? E eu acho que para começar essa trilha sobre saúde mental, vale a pena a gente explicar o que que é um transtorno mental. Perfeito, muito obrigada por ter convidado, né? Agradecendo a Belf essa essa oportunidade. E pro pessoal que tá assistindo o primeiro episódio, é importante deles assistirem todos, porque a gente vai criar uma linha de raciocínio aqui com começo, meio e fim, né? Então, vamos começar pelo pelo início aí, definindo o que que seria um transtorno mental. Transtorno mental
é uma condição em que a pessoa ela apresenta alguma alteração do comportamento, do humor ou alguma alteração ali de como que aquele cérebro foi desenvolvido. E com essas alterações, seja do pensamento, seja do humor, seja do comportamento, esse paciente ele começa a apresentar disfuncionalidade na vida dele. Ou seja, ele não consegue ter a mesma produtividade no trabalho ou ele não consegue socializar como antes. e isso produz sofrimento. Então, essas alterações das funções psíquicas, eh, elas geram tanto disfunção na vida do indivíduo quanto sofrimento psíquico. Essa é a definição do transtorno mental. E até interessante, Eslin,
a gente frisar porque que a gente usa essa palavra, né, transtorno invés de doença. Por que que a gente fala que doença mental não existe, né? Porque doença, eh, a gente dá esse nome quando a gente sabe toda a fisiopatologia para aquela doença existir. Então, por exemplo, diabetes, né, que você estudou muito durante a durante o seu mestrado. Eh, diabetes, a gente sabe o porqu, né? Quais hormônios estão envolvidos, da resistência insulina, da disfunção pancreática. A gente sabe o começo e o meio e fim, a gente sabe a história toda do diabetes. Agora, de uma
depressão, por exemplo, a gente não consegue saber. Lógico, a gente tem inúmeras hipóteses, mas a gente sabe que são esses transtornos, eles são complexos e tem causas biológicas, psicológicas, sociais, inclusive culturais. Então, a gente chama transtorno porque a gente não consegue identificar ali um patógeno ou uma causa para aquilo está ocorrendo, né? E além disso tudo, eu acredito que mental acabou ficando pejorativo de alguma maneira, né? Por isso que o termo certo é transtorno mental ou transtorno psiquiátrico, que seria um um mesmo nome para essas mesmas condições. Tem uma parte significativa do pessoal, infelizmente ainda
hoje em dia, acho que por falta de acesso a conteúdo sobre, embora tenha muito conteúdo, mas a gente precisa lembrar que a gente vive numa bolha, né, mesmo sendo uma bolha grande hoje da saúde mental, ainda é uma bolha que enxerga o diagnóstico em transtorno mental. eh como uma sentença de baixa qualidade de vida. A pessoa entende que uma vez que ela tenha recebido um diagnóstico, ela está sentenciada a pelo resto da vida dela ter uma baixa qualidade de vida. Hoje, o que que você tem teria dizer para essa pessoa que talvez esteja ouvindo aqui?
A verdade é inversa, né? Porque quanto antes essa pessoa tem o diagnóstico, a maior possibilidade dela ter uma vida funcional e ter uma melhora do bem-estar. Então, quando a gente fala de um diagnóstico precoce, ou seja, um diagnóstico no início da doença, a gente tá falando que esse paciente ele possibilita que esse paciente tem um melhor prognóstico. Então, algumas doenças, por exemplo, como esquizofrenia, como transtorno esquizoafetivo, até mesmo transtorno bipolar, eh são doenças, são transtornos que se o paciente tem inúmeros surtos até ele ter o diagnóstico ou até ele ter acesso ao tratamento, esse paciente
apresenta uma deterioração neuronal, ele apresenta uma perda cognitiva que muitas vezes é irreversível dentro da esquizofrenia, por exemplo. Então, se esse paciente tem acesso ao psiquiatra, ao psicólogo, a um diagnóstico aos 18, no primeiro surto, ele tem uma chance de ter uma vida normal, funcional. Então é o inverso disso, né? quanto antes a gente faz o diagnóstico. Que bom que existe essa possibilidade de fazer o diagnóstico para as pessoas terem a vida delas, apesar de terem um transtorno. Então, muitos pacientes que estão já estáveis ali, ou com a medicação ou com a psicoterapia, ele sequer
lembra que ele tem um diagnóstico porque eles eles vivem como se não tivesse, né? Então é o inverso isso, né? A gente buscar o diagnóstico pra gente ter mais bem-estar, mais qualidade de vida. Isso também serve para outros transtornos, né? Por exemplo, a gente sabe que eh com base nos estudos de acompanhamento de corte e epidemiológicos, que o pico de abertura de quadros de humor é principalmente de final da adolescência e início da idade adulta, né? Se a pessoa ela tem um diagnóstico e um tratamento correto nessa altura, provavelmente o cérebro dela vai ter menos
tempo naquela condição patológica e com aquele comportamento e aquelas cognições distorcidas para fixar aqueles novos padrões de conectividade sináptica e, portanto, a intervenção vai ser muito mais eficiente. É, não cristaliza, né? É muito diferente se a gente pega um jovem no primeiro episódio depressivo aos 21 anos e um adulto com uma depressão recorrente com 50 anos. E aí tem um detalhe, Eslin, que se a gente pega, por exemplo, um homem de 50 anos que quando era jovem era outra cultura, às vezes uma cultura até marcado mais pelo machismo, onde homem não chora, homem não pede
ajuda, homem tem que ser forte, provedor. Então essa pessoa não procurou ajuda. Aos 50 anos, dificilmente ele vai ter só depressão. Às vezes, muitas vezes, ele piorou o problema dele, porque aí ele se tornou eh etilista, então ele começou a beber para ele conseguir lidar ali com o sofrimento ou ou outro tipo de de vício, outro tipo de dependência ou até mesmo uma vida em que ele se arrastou ali, não conseguiu construir um relacionamento, não conseguiu construir um patrimônio por conta da falta do acesso ou da falta do diagnóstico. Então, quando a gente fala do
diagnóstico precoce, é justamente a gente melhorar o prognóstico. e prognóstico essa essa previsão que a gente faz da evolução da doença, né? Então, quando a gente fala que tem um bom prognóstico, então quer dizer que provavelmente vai evoluir bem. Então, quando a gente faz esse diagnóstico precoce, a gente melhora o prognóstico eh desse paciente, porque no nos psiquiatras eh mais antigos e estudiosos, por exemplo, o KPLIN no final do século XIX, ele estudou a história natural da doença, principalmente o transtorno bipolar e da esquizofrenia, que tinham outros nomes, né? natural é não tratar, deixar exatamente
história natural da doença. É o que que acontece com aquele cara que tem aquele diagnóstico se a gente não faz nenhuma intervenção, que na época de fato não existia nenhuma intervenção, então ele vivia ali num laboratório vivo, né? Então, na história natural da doença da esquizofrenia e do transtorno bipolar, existe essa perda cognitiva. Então, se a gente sabe que evolui dessa maneira, quanto antes intervém, melhora o prognóstico desse desse paciente. Isso inclui não só um diagnóstico precoce, mas um tratamento contínuo, que eu acho que a hoje é a maior dificuldade, tá, Eslin? Porque as pessoas
procuram mais ajuda hoje, né? É fácil a gente ver com os números da da BHALh, né? é com pouco tempo de existência o número de pacientes que a gente já atendeu dentro da BHAL. Só que o que é mais difícil hoje, adesão e a continuidade. É aquele aquela pessoa que passa em consulta, tá tomando uma medicação ou tá fazendo terapia, se sente um pouco melhor, já abandona tudo. Então o diagnóstico é importante, mas o acompanhamento contínuo é o que dá resultado no tratamento. Isso para todas as áreas da saúde, né? Você vai em uma consulta
com o nutricionista, não vai adiantar, você precisa de ter um acompanhamento crônico ali para você ter o benefício daquela intervenção. Você comentou que a gente tem, tá, para para quem for mais curioso nessa área, pessoal, a gente tem um episódio, a gente tá falando aqui, a doutora comentou sobre você passar uma linha de alguns critérios e você entrar dentro de um de um diagnóstico, né? Porque a gente tem o DSM, que é o grande manual ali do da área da psiquiatria e da psicologia. E esse DSM tem uma série de comportamentos descritos lá e e
sintomatologia. E aí quando o paciente ele preenche alguns daqueles sintomas numa intensidade frequência específica, ele passa uma linha onde ele recebe o diagnóstico. Essa linha, você deve se imaginar o o espectador um pouco mais crítico aqui e cético, como é que chegaram nessa linha, né? Pois é, esse é um grande debate que ele não vai ser pauta aqui do nosso episódio, tá? dessa trilha, porque a gente já tem um grande episódio aqui com Jan. Sim. Que é só sobre como traçar essa linha e como a ciência traçou essa linha. Então, se você tiver interesse depois
desse desse dessa trilha aqui, você vai lá assistir que é um episódio com uma tamb é Jean Leonard, toda a doença mental começa assim, tá bom? Mas assim, eh, Ju, então beleza. A pessoa ela tá ali, chegou no psiquiatra, né? A gente já vai perguntar ali como, que hora que busca, né? Como que busca, mas a pessoa ela, primeiro a gente entende já hoje que a pessoa não precisa passar essa linha para estar em sofrimento, né? A pessoa pode não ter um diagnóstico e estar em sofrimento passível de tratamento, geralmente pela terapia, sem necessariamente medicamentos.
Mas a minha pergunta é a seguinte, quando a galera procura um médico psiquiatra, uma médica psiquiatra, eu acho que existe uma uma expectativa pros dois lados, assim, a pessoa ela tem um pouco de medo porque tá indo ao psiquiatra, psiquiatra, né? um negócio assim meio que ainda no Brasil tem essa esse esse negócio. E também eu percebo que ela espera muito receber o medicamento. Existem pessoas que vão ao psiquiatras e não recebem medicamentos? Sim, com certeza. Principalmente porque é o objetivo do psiquiatra não dar medicamento. Tipo, o psiquiatra tenta ao máximo não dar medicamento. Não,
não vejo que é o objetivo principal. Eu acho que eh dentro do raciocínio clínico ali, dentro de uma primeira namnese, ali, de uma primeira consulta, eh o nosso objetivo é achar a melhor intervenção possível para aquele paciente naquele momento. Então, às vezes, numa primeira anamnese, a gente não chega num diagnóstico final. Lógico que a gente chega alguma hipótese, mas a gente não chega num diagnóstico final. E às vezes a a rotina da pessoa tá tão suja assim, Eslin, que a gente a gente precisa clarear alguns pontos pra gente conseguir ver melhor, né? Então, ontem pela
manhã, antes da da nossa reunião, eu atendi um paciente em que trabalha no mercado financeiro, faz uso de cannabis todo final de semana, assim, sábado e domingo. A diversão dele é só o uso de cannabis. E é um paciente que dorme de meia-noite a 5 todos os dias, pega metrô em São Paulo e vive uma vida extremamente estressante. Cortisol deve est no talo. Viu todos os colegas um trabalho tomando psicoestimulantes para render mais, principalmente por conta de trabalhar no mercado financeiro. E veio já com todas as queixas que se a gente pegar os critérios do
DSM, ele fechava para TDH. Só que seria muita irresponsabilidade do do médico ali, da minha parte, eu prescrever uma medicação para uma pessoa que não dorme, não se exercita, faz uso de cannabis e tem uma vida muito estressante. Então, primeiro a gente precisa melhorar dentro das condições dele, o estilo de vida dele, pra gente ver se realmente ele vai permanecer com aqueles sintomas. E ele veio muito com aquele autodiagnóstico de internet, né, de ele devia ter até visto os sintomas e exatamente. Então deu aquele Google, viu e já falou ali quase que os critérios diagnósticos
do DM na mesma ordem ali, né? Eu vejo que tem até a ordem, certo? Não sei se a pessoa deixa na tela ali o os os sintomas. Falou: "Olha, você vai arrumar isso, isso, issoá agora, né? Vou a uma psiquiatra que quero receber medicamento TDAH". Exatamente. Então, encaminhei pro psicólogo, falei o que que ele precisaria melhorar e vou entrevistar a mãe, já que é um paciente jovem, vou entrevistar a mãe para saber como que ele era na infância. Então esse paciente foi nítido para mim no no 10o minuto de consulta que ele tava ali para
pegar uma medicação, mas não seria ético e nem responsável passar uma medicação para um caso que tava buscando um diagnóstico para poder ter acesso a uma medicação que na cabeça dele faria ele aumentar a produtividade, né? Mas seria o caminho mais rápido ali para ele ter bom burnout ou enfim piorar muito a ansiedade dele. Então o nosso objetivo, qual que é o objetivo do psiquiatra? Objetivo de qualquer médico, de qualquer profissional da saúde, aumentar o bem-estar do paciente, né? O conceito de saúde, né? bem-estar físico, emocional, psíquico. O meu objetivo é aumentar o bem-estar dele,
melhorar a qualidade de vida dele. Pode ser que eu use medicação, pode ser que seja apenas terapia, ou pode ser que, na maioria dos casos que chega até mim, a que a melhor opção é a combinação da terapia e da medicação. E para fazer essa escolha, Esna, é importante para quem não é da área da saúde entender que não é uma escolha pessoal, né? Porque a Dra. Ju quer fazer assim. Existem algoritmos ali que faz que que nos direciona do que que a gente deve fazer para cada quadro. Então, há uma transtorno de ansiedade generalizada.
Aí eu classifiquei como leve por uma escala. O que que eu tenho que fazer numa tag leve? Tá lá psicoterapia. Qual psicoterapia? A TCC é o que mais tem evidência hoje. Beleza? Então eu mando esse paciente só para terapia, não vou medicar. Ah, mas se for uma uma tag grave, TCC mais medicação. Qual medicação? inibidor seletivo de recaptação de serotonina. Então essa escolha não é uma escolha pessoal, não é uma escolha assim que veio na minha cabeça, é uma escolha que é baseado naquilo que já produziram de ciência e a gente se baseia nisso. E
é importante falar isso, Wesley, porque existe um risco muito grande dos profissionais de saúde quererem agradar os pacientes. Isso é muito perigoso na nossa área, né? Porque a gente precisa oferecer aquilo que o paciente precisa e lógico respeitando ali aquilo que ele deseja também. Mas se vem um paciente tag que nunca fez uso de antidepressivo e chega para mim e fala: "Não, Ju, mas eu quero tomar canabidiol. Se eu ofereço esse tratamento com canabidiol, eu não tô trabalhando com PBE, porque não é a melhor evidência que existe pro tratamento de ansiedade. Então, a gente tem
que tomar muito cuidado para fazer o vínculo com o paciente, ensinar o paciente sobre o que ele tá sentindo e dar a melhor conduta. Então eu sempre falo para meus pacientes que eu sou expert na psiquiatria, mas ele é experto nele mesmo e a gente precisa ter um encontro dessas desses saberes pra gente ver como vai ajudar mais ele. Perfeito. Então o tratamento nem sempre é medicamentoso e isso frusta o paciente. Paciente fal: "Nossa, mas eu passei em consulta, você só vai me encaminhar para pro psicólogo da Belf". Falei: "Não é só esse, não é
só isso. A conduta é essa, né? Eu não preciso te passar uma medicação para eu sentir que eu tô fazendo meu trabalho. Você vai ter menos colateral, vai ter um tamanho de efeito parecido, não tem porquê, né? E com outra especialidade a gente não vê isso acontecer. Então, se eu vou num cirurgião com uma dor infosilíaca direita, eu acho que é um apendicite, não é, é uma inflamação ali intestinal, eu não vou falar: "Não, mas eu quero que você me opere, você não vai fazer nada, vai passar só um uma pirona". Uhum. A gente não
vê isso acontecer em outras especialidades, mas com a psiquiatria existe essa expectativa de que vou ser medicado de alguma maneira, né? Exit. E que horas que você acha que é a pessoa que tá em casa assistindo, tá eventual? Porque assim, o sofrimento, ele é uma característica que provavelmente nos acompanhará até o fim das nossas vidas. a gente vai ter momentos de de sabor, momentos amargos, ásperos, né, emocionalmente falando, eh, principalmente para nós que vivemos num país com altíssima desigualdade, com cidades muito violentas, com insegurança muito grande, tanto em segurança política, insegurança jurídica, uma série de
problemas, né? Eh, é um país com educação média muito baixa, o que gera, de certa forma mais intolerância, seja intolerância religiosa, seja intolerância de gênero, seja intolerância racial. A gente vive meio que num caldeirão complicado assim de não sofrer, né? eh, cidades mal planejadas que não tem metrô direito ou tem um metrô que entope e aí o cara tem que chegar em casa 11 da noite. Então, acho que o sofrimento no brasileiro, o brasileiro ele tem um longo passado pela frente, como diria Milor Fernandes, é diferente de um cara que mora nos Estados Unidos ou
mora no na Inglaterra. Não que eles não irão sofrer, mas historicamente eles fizeram coisas que diminuem um pouquinho o problema, a probabilidade deles se ferrarem em algumas instâncias, não necessariamente desenvolver o não transtorno mental, mas um sofrimento cotidiano, digamos assim, tem menos violência e tal. Então, o sofrimento vai acompanhar. Como é que a pessoa que tá em casa, ela identifica quando esse sofrimento deixou de ser por morar num país subdesenvolvido? Coisas do dia a dia que, pô, tem que segurar isso daí também. achar que isso é o suficiente para procurar psiquiatra é demais, mas também,
pô, aqui você já passou, qual que é o o nível ali que a pessoa tem que Esse esse limite não é um limite tão tão concreto assim, né? É uma uma linha tênua ali de de do que que é o sofrimento normal, do que que é o sofrimento patológico, o que que é uma ansiedade normal esperada, o que que é uma ansiedade patológica. Isso é difícil mesmo da pessoa ali que está sofrendo com aquele problema perceber. Mas o o que que o que que eu tenho percebido assim, Eslin, a as pessoas elas estão buscando, não
sei se por conta de uma consequência dessa dessa vida editada pelas redes sociais, né, onde todo mundo tá muito feliz, onde tudo dá certo, as pessoas estão buscando o não sofrer em hipótese nenhuma. Isso é impossível, porque o sofrimento ele faz parte da nossa existência. a gente vai ter momentos eh que vão ser muito desafiadores, a gente vai sofrer por isso. Então, existe essa tentativa de não sentir nada e essa tentativa pode levar a gente a ou um aumento de diagnósticos que possam não existir. Então, a gente tem que ficar muito atento a isso. Vou
dar um exemplo para você. No domingo saiu o resultado do cizu do do Enem e o site do ministério ele ele acabou caindo, acho que de tantos acessos. O paciente me mandou um mensagem desesperado, que tava muito ansioso e que ele não ia aguentar. Eu liguei, falei: "Mas que que tá acontecendo? Eu tô esperando o resultado do Cizu." Falei: "Mas todos os seus colegas estão ansiosos. O que que tá acontecendo de diferente do que você espera, né? Você não pode fazer outra coisa." Então, as pessoas elas não suportam ali situações que elas vão sentir mais
ansiedade, que vão sentir mais medo, que vão sentir mais insegurança. Ser estranho, ele não tá ansioso, né? Exatamente. Seria estranho se não tivesse ansioso, porque aí demonstraria que ele não se importa com o resultado ali do valor daqu do do vestibular. Então, existe essa essa parte do dessa dessa tentativa do não sentir e aí pode deixar as pessoas embotadas afetivamente nesse sentido ou vivendo uma vida de prazeres que é igualmente perigoso. E existe essa dificuldade das pessoas perceberem o que que é um sofrimento faz parte da vida, o que que é um sofrimento de pera
aí, eu preciso buscar ajuda. Nesse sofrimento que é necessário buscar ajuda psicológica e psiquiátrica, é aquele sofrimento onde a pessoa ela tem o grau da da do sofrimento dela é desproporcional ao que está acontecendo ou é duradouro demais. Então penso numa pessoa que divorcia em janeiro e em agosto tá chorando todos os dias por conta do da separação. Esse sofrimento tá desproporcional porque já faz muito tempo o estress para est vivendo aquilo como se fosse o agora. Então é a questão temporal. Então, quanto tempo que a pessoa tem aquele sofrimento a partir do estress ali
que ela teve? é a questão da disfunção. Então, aquela pessoa que não consegue socializar mais porque tá muito triste com com um término de namoro ou que não passou no vestibular ou que não consegue mais ir na faculdade por conta do sofrimento ou não consegue apresentar um trabalho de t de tanta ansiedade que sente e evita sentir essa ansiedade de de se expor ali com medo de ser julgado. Então isso separa, né? Então, uma pessoa tímida, por exemplo, viria aqui Uhum. conversar com você, mesmo sofrendo um pouquinho ali, com medo de de alguma maneira desagradar,
mas o fóbico social sem tratamento não conseguiria sentar aqui nessa cadeira, porque ele evitaria qualquer custo de sentir o sofrimento e essa ansiedade faria ele evitar esse estímulo. Então a gente precisa separar e muitas vezes a pessoa que tá em casa não vai conseguir fazer essa distinção sozinho, essa distinção do que que é uma ansiedade normal, o que que é patológico, o que que é uma tristeza, o que que é uma depressão, o que que é uma timidez. Traços da personalidade da pessoa e o que que é uma fobia social. Muitas vezes vai precisar do
olhar clínico ali do profissional, que seria o psicólogo e o psiquiatra. Você acha que mesmo assim a pessoa muitas vezes tem dificuldade de fazer essa diferenciação, mas é uma é um alerta vermelho quando o grupo dela percebe essa diferença também. Sim, com certeza. Esse eu acho que é o maior sinal de alerta que a pessoa pode ter, né? É comum todo mundo. É estranho do nada a galera começar a notar que você tá muito diferente. Eu acho que esse é um sinal bem importante pro pessoal se atentar em casa, né? Sim. principalmente em transtornos ali
que podem ser silenciosos, né? Então, eh, quando a gente fala, por exemplo, de jogo patológico, então a pessoa tá tá apostando ali, eh, no tigrinho, isso não é perceptível, porque é um vício que a pessoa tem ali no banheiro, no quarto, sozinho, ninguém vê que a pessoa tá apostando. Mas a partir do momento que começa a ter consequências financeiras para toda a família, sofrimento para toda a família, essa família vai falar: "Você tá com problema, você precisa de ajuda." Perfeito. Eh, o que vale pro álcool também. Às vezes a pessoa no começo ela consegue esconder,
mas depois ela começa a chegar cheirando bebida ou no trabalho ela fala coisas inapropriadas porque ela tá é sobre efeito do álcool. Então essa quando as pessoas começam a perceber de pôen, você tá para baixo, cara, você tá diferente. Antes você conversava mais, tá acontecendo alguma coisa? Se você recebeu esse toque de alguém que te conhece de perto, já é um sinal para você procurar ajuda. Então assim, quando procurar ajuda de um de um psicólogo, qualquer problema dessa esfera emocional, então a pessoa tá muito triste, tá muito ansiosa, tá muito impulsiva, tá gastando muito dinheiro,
não tá conseguindo conter algum comportamento que ela tem ou tá com pensamento muito acelerado, tá muito desorganizado. Então, tudo que é dessa esfera psíquica comportamental já merece uma avaliação do psicólogo, mesmo que não seja patológico, porque o psicólogo não vai tratar só uma pessoa doente. Uhum. O psicólogo também trata pessoas sem diagnóstico. É, a pessoa quer mudar de emprego e não sabe. Exatamente. Uma pessoa, por exemplo, tá mudando de cidade ou tá mudando de emprego e tá sofrendo ali com medo da mudança. Ela não tem um diagnóstico, mas existe ali uma dificuldade de organização ou
um pensamento catastrófico pensando que vai dar tudo certo, que não vai dar conta. Então, qualquer alteração dessa esfera cognitiva, comportamental, emocional, já vale uma avaliação de um psicólogo. Salve, galera. Recado rápido para você que tá acompanhando essa trilha da Ju. Nós temos um Qcode durante todo o episódio no canto da tela e agora tá bem grande aqui para você escanear. O link também tá descrição, onde você pode se cadastrar. A gente vai lançar uma trilha do cuidado em breve para vocês. E se cadastrando aqui, você deixa os seus dados e você receberá condição especial quando
a gente lançar essa trilha do cuidado. A ideia dessa trilha é que a gente consiga fornecer a você algo muito próximo a um tratamento digital para você conseguir amenizar os seus problemas em saúde mental. Cadastre-se aqui que você receberá todas as informações em primeira mão e sempre com desconto. Fechou? Bom episódio. Continua aí e valeu. E dentro do seu do da sua experiência e da sua rotina clínica como psiquiatra, né? Qual que é o o a importância do psicólogo no teu no teu trabalho? Assim, olha, Esley, eu tenho a experiência eh eu tenho título tanto
de psiquiatra como de psicoterapeuta pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Então eu faço os dois, né? Eu tenho pacientes só de psiquiatria, eu tenho pacientes que eu atendo só a psicoterapia. E é importante ressaltar que quem eu atendo psicoterapia eu não medico, aí eu encaminho para um psiquiatra. Então eu eu acabo aí não tem, mas é uma questão, é uma questão minha, na verdade não tem nenhuma eh nada que a BP, né, que é a nossa associação, fale para você não medicar um paciente que tá em terapia, mas eu acho que suja muito, porque eu tô
em contato com o paciente toda semana, aí toda semana o paciente vai falar: "Ai, Ju, tô com tremor, diminui o remédio, aumento o remédio, então eu prefiro que tenha esses". E e outra coisa, eu tenho um cara ali do meu lado aumenta o time, né, para ver coisas que talvez eu não esteja vendo, né? Então, quando eu sou psicoterapeuta, eu não sou a psiquiatra do paciente. Então, como eu tenho as duas atuações, eh, eu consigo perceber, eu tenho esse olhar em relação à importância do psicólogo, eh, que o psicólogo ele eh ele vai ser necessário,
em quase todos os casos que já estão no na psiquiatria. Tem pouquíssimas exceções que a gente, o psiquiatra vai trabalhar sozinho. exceções, um esquizofrênico que tá delirante, não tem como o psicólogo atuar com paciente que tá fora da realidade. Então esse esse paciente precisa melhorar e muitas vezes, mesmo melhorando, a gente vai preferir um terapeuta ocupacional ali para ajudar a rotina do paciente, que já tem uma perda muito grande, e um paciente demenciado que, né, já perdeu essa parte cognitiva. Tirando essas situações, Eslin, todas as vezes o psiquiatra vai precisar do psicólogo junto. Então eu
nem acredito muito no meu trabalho sem o psicólogo junto, porque o meu contato é muito pontual, uma vez no mês, duas vezes no mês, no máximo, o psicólogo tá toda semana e tem coisas que eu preciso do psicólogo me ajudar para eu para eu conseguir ter evolução com o paciente. Então o paciente começa a melhorar da depressão, mas ele não tem ativação comportamental. O cara não faz atividade física, ele nem sabe do que ele gosta. Tem paciente que eu falo: "Poxa, que que você gosta de fazer, Esne? Que esporte que você gosta de fazer? O
que que você gosta de fazer no seu tempo livre? Não sei. Não teve nem levantamento de valores. Ele não teve tempo também na na psiquiatria de aprofundar nisso, né? Clarificação de valores. Geralmente eu demoro duas sessões para fazer. Então eu demorei dois meses para fazer com o paciente e perderia o foco ali da medicação, da parte clínica, né, da parte médica. Ex. Então, eu não acredito no trabalho do psiquiatra sozinho, assim, eu acho que o psiquiatra ele vai ser um profissional que ele necessariamente vai trabalhar de forma interdisciplinar num transtorno alimentar junto com nutri, num
transtorno de humor necessariamente o psicólogo vai estar junto ou dependendo do transtorno. Então, um paciente com depressão e fibromialgia, ele vai est junto com com o fisioterapeuta que tá tratando a dor, junto com o reumatologista que tá tratando a fibromialgia. Então, o psiquiatra ele ele é um médico que geralmente, quer dizer, idealmente não deveria trabalhar sozinho, ele sempre deveria estar acompanhado de outros profissionais. Então, o neuropsicólogo para fazer avaliação, terapeuta ocupacional, que é uma profissão mega desvalorizada no Brasil e muito importante pros pacientes esquizofrênicos, pros pacientes autistas. Então, o psiquiatra não deve trabalhar sozinho. E
como é que você, como é que é o o universo da psiquiatria? E existe uma escola, digamos assim, de psiquiatras que ainda não aderiu a essa sua a essa sua ideia, que imagino que deva ter outros grandes psiquiatros que aderem a sua tese, não digo sua tese, quando digo sua tese é que você leva, né, isso eh porque se você for ver, inclusive na história da psicologia, os grandes nomes eram psiquiatras, né? Eh, então, obviamente, isso é uma, para quem é um pouco mais atualizado, acho que é comum trabalhar dessa forma, mas a pergunta é:
ainda existem psiquiatras que ou um contingente significativo que negligenciam o psicólogo? Sim. Eh, eu eu trabalho trabalhei num hospital, né? Tive a eh a experiência de trabalhar sempre com psiquiatras, já com psicólogos na discussão. Então, a discussão da psiquiatria era da psicologia também. Então, a minha a minha formação foi essa. Então, eu não acho que nem o mérito meu, né? O mérito da minha formação de ter me criado já assim com essa visão interdisciplinar. Mas tem muitos locais e muitos médicos, principalmente médicos eh mais antigos, no sentido que vem eh essa figura do médico como
uma visão superior. Então, como ele se vem às vezes como a visão superior, então é quase como se fosse uma relação eh vertical, né, onde o médico manda o psicólogo fazer porque o psicólogo está abaixo dele. E o a maneira que eu trabalho, que é a maneira que a gente trabalha na BHF, é justamente essa relação horizontal entre os profissionais. Eu já aprendi muito sobre transtorno alimentar com o nutricionista da BHAL e transtorno alimentar teoricamente é mais minha área do que a dela. Então a gente une os saberes ali de forma horizontal. Então logicamente que
a gente pode discordar de alguns pontos e e justamente as reuniões e é saudável, né? né? As reuniões clínicas são justamente pra gente ver o que que você tá vendo que eu não tô vendo. Eh, só que existe sim ainda uma parcela aí de psiquiatras que, né, tiveram uma formação eh mais antiga que vê essa questão da superioridade médica, né, onde eu mando, você obedece, o diagnóstico é meu e você não tem que fazer diagnóstico. Então, mas eu acredito que esses profissionais vão perder muito espaço, porque as pessoas sabem disso. Já tem pacientes que eles
já chegam e falou: "Você vai falar com o meu psicólogo", né? Então assim, já me põe na parede nesse sentido. Falei: "Não, fica tranquilo que eu vou conversar com o seu psicólogo". Então os pacientes estão empurrando a gente para fazer esse tratamento que é o que mais tem resultado mesmo, que é o interdisciplinar. é que se você for considerar os achados das neurociências nos últimos 50 anos sobre como o nosso cérebro responde a a a aprendizagens e a psicoterapia não deixa de ser um é um treino de aprendizagem, né? A psicoterapia é como se fosse
um exercício físico para pro cérebro, porque você reconfigura circuitos, você eh atenua. Eu uma vez eu f eu eu sempre falei inativa. Aí um professor meu na minha banca de mestrado ou de doutorado deu uma enrabada, falou: "Cara, não é inativa, para de falar inativo, é atenua a atividade de algumas regiões no cérebro e aumenta a atividade de outras regiões do cérebro". Então, o o psicoterapeuta eh principalmente dos do guarda-chuva das TCCs, né? Ele atua reconfigurando aspectos cognitivos da pessoa e atua mexendo em aspectos comportamentais que vão fazer com que essa pessoa crie uma nova
interpretação da realidade, tanto cognitiva quanto comportamental. E essa nova interpretação, ela é sustentada por pilares físicos que são mudanças estruturais do cérebro, né? Ou seja, o tratamento é a psicoterapia é biológica, né? atua no cérebro, na nos circuitos do cérebro. Aí eu fico pensando, considerando esses achados, né? considerando principalmente do Lomo, do Candel, da equipe até do Ivan Esquerdo, um professor eh argentino naturalizado, brasileiro da URGs e da PUC, que morreu recentemente, infelizmente. Um contingente gigantesco de pesquisadores nos últimos nos últimos nas últimas décadas mostrando isso. É, seria estranho imaginar, considerando isso, que o medicamento
fosse resolver o problema, porque o medicamento ele não posso estar sendo ignorante aqui, mas o que eu o pouco que eu sei de neurociência, o medicamento ele não entra no seu cérebro e tira um um neurônio de uma via, bota noutro ou faz tal coisa. Ele é uma alteração química que quase que momentânea. Exato. Que ele dá que na no meu entendimento que ele pega a massinha de modelar, que é os circuitos, e ele deixa mais fragilizada para você reconfigurar. Sim. E isso é tão verdade, Eslin, que quando o paciente pensa um paciente psicótico, um
esquizofrênico que deixa de tomar medicação, é questão de tempo para ele psicotizar de novo ou ele estabilizar de novo. Então a terapia ela ajuda o tratamento eh ter mais eficácia e ser mais duradouro. Mas eu eu ainda, Ju, fazendo uma provocação, o paciente esquizofrênico e o paciente psicótico, o paciente numa mania, eu diria que esse esse paciente a o medicamento, eu até entendo a tese, eu não tô falando quanto o medicamento, pelo amor de Deus, deixa eu tentar me explicar. Mas eu penso um paciente com fobia, um paciente com transtorno depressivo, com características de aquele
colete de chumbo. Uhum. É muito estranho você imaginar que você vai dar medicamento para esse paciente, ele vai trazer o humor dele ou a percepção ali, o humor dele pro para um nível relativamente normal. Mas se você não tiver um treinamento de comportamento, ou ele fica tomando o resto da vida, o que vai ser difícil, porque tem que aumentar a dose, trocar, tem efeito colateral, ou quando ele parar vai voltar o sintoma, porque ele não treinou os, ele não desenvolveu hábitos novos, ele não desenvolveu comportamentos novos. o circuito do cérebro dele tá meio que congelado
no tempo e sendo mantido bem, digamos assim, por um químico. É, ele não temer, ele não eh tem ferramentas fora a medicação, né? Então a terapia ela acaba, o processo de psicoterapia acaba mantendo eh por mais tempo a melhora do paciente. Ele sustenta a melhora do paciente. Você já pegou o paciente assim que tava tomando medicamento, entrou na terapia e depois desmamou? de não. E assim, às vezes precisa porque tem alguns transtornos que tem um caráter mais crônico e precisam de mais medicação mesmo, no sentido do toque, por exemplo, né? É um é um transtorno
mais refratário. Eh, mas o que a gente consegue perceber é a questão de a possibilidade de diminuir medicação, não, ou a melhora clínica no sentido do paciente que tava com uma melhora de 60% evoluir para uma melhora de 90% ou sair de dois medicamentos para um. Exatamente. Então, além de ser um tratamento conjunto, que é mais eficaz por si só, que a combinação é é aquilo que é preconizado, a gente vai ter uma necessidade menor de medicação. Às vezes tem a possibilidade, inclusive do desmame completo da medicação e entre uma crise e outra vai demorar
mais. Perfeito. Então, um paciente com depressão recorrente que vai ter um episódio a cada stress ou a cada 6, 8 anos, talvez ele tenha um episódio a cada 12, 15 anos, isso já faz diferença pro paciente. Então, a psicoterapia esse processo de treinamento mesmo que dá ferramentas pra pessoa. que depende, dependendo do terapeuta, se é um processo bem feito, esse paciente muitas vezes ele consegue num próximo episódio às vezes nem precisar de tanta terapia mais, porque ele já prendeu, né? Igual uma pessoa que ali fez uma academia com personal por muito tempo e depois ela
ela tem já a técnica para ela conseguir treinar sozinha, né? Então isso é é bem interessante mesmo. E quais são os casos que o medicamento assim é innegociável? Não não tem como não tomar. Então, pacientes, então isso pensando que o paciente está em terapia já, eh, paciente que tá piorando mesmo fazendo terapia, ou seja, ele tá ficando cada vez mais grave os sintomas ali, ou até o terapeuta sente que o paciente tá patinando ali na terapia, não tá evoluindo de alguma maneira, sintomas que são incapacitantes. Então, pensa um paciente que não consegue sair de casa
porque tá com síndrome do pânico, tem medo de sair de casa e ter um ataque de pânico, incapacitante, deixa de trabalhar, deixa de viver a vida dele por conta daquele sintoma, sintoma que altera muito o pensamento da pessoa. Então, um delírio ali, a pessoa acha que tá sendo perseguida, acredita que tem pessoas atrás dela. Então, é um sintoma que a gente precisa tratar com medicação e pacientes graves ao ponto de quererem tirar a própria vida, né? Então, um paciente que acredita que não tem mais como ele viver, que não tem esperança para ele, é um
paciente que necessariamente a gente vai precisar de medicação. Então, tem quadros assim, então as psicoses são quadros que precisam de medicação. O transtorno bipolar acaba que é um espectro, né, que que tem evoluções diferentes. Então eu tenho inúmeros ciclotímicos que estão sem medicação, mas o transtorno bipolar tipo um, tipo dois, geralmente vai precisar de de tratamento medicamentoso também. Então tem uma série de diagnósticos que geralmente é mais difícil de tratar sem remédio, né? A evolução eh seria muito muito devagar e a psicoterapia iria se arrastar. Então tem gente que fala: "Ah, eu não quero tomar
remédio". Um paciente me falou ontem, "Não quero tomar o remédio, já tô gastando com terapia". Eu falei: "Você vai gastar menos com terapia". Porque se sua terapia você demorar 3 anos, você vai encurtar esse tempo para um e meio porque você vai conseguir evoluir, porque toda semana seu psicólogo fala a mesma coisa, porque você não evolui. Então a medicação permite que a terapia às vezes deslanche também. Então tem esse esse ponto. E o pessoal ainda tem muita resistência? Y tem muita resistência, mas eu percebo que é uma questão às vezes da da das gerações assim
40 mais, 50 mais. Os pacientes jovens estão vindo muito mais abertos paraa questão da medicação. Inclusive, hoje de manhã, que eu tava fazendo uma revisão de prontuário de dados, eu vi que eu atendi 52% de mulheres e 48% de homens. E eu fiquei feliz quando eu vi essa estatística assim, porque a gente vê na história que homem procura menos ajuda, né? Eu fiquei feliz que o meu tá tá bem equiparado assim. Então eu tô vendo que a geração mais jovem tá muito mais aberta para tomar medicação do que as gerações mais mais velhas. Mas mesmo
quando a pessoa vem e fala: "Olha, eu vim aqui, mas eu não quero tomar remédio". É a hora do psiquiatra ali ou até até mesmo o psicólogo que tá com o paciente de acolher esse paciente, perguntar: "Mas por que que você o que que você tem eh na sua cabeça que é o tomar remédio?" "Ah, vou ficar dependente." Explica o que é dependência. explica que tem remédios que não causam dependência, que o que causa dependência são os calmantes ali, que realmente não pode ser tomado por um grande período. Ah, porque com remédio eu vou eu
vou ficar impotente. Explica o que que é uma uma impotência, explica o que que um remédio pode fazer na função sexual. Porque a maior parte das vezes ou a pessoa ela repete frases que ela já ouviu ou a pessoa é ignorante naquele assunto. Então a gente precisa educar o paciente sobre isso. E tem algumas coisas que eu percebo, semana passada atendi uma uma um adolescente, a mãe veio junto na consulta e ela não queria que eu tratasse ansiedade do menino e o menino fazendo uso de de cannabis diariamente para conseguir dormir por conta da ansiedade.
E ele falou: "Jô, eu não gosto do cheiro da maconha, mas eu fumo, que senão eu não consigo dormir". E a mãe resistente em tratar. Eu falei assim, mas assim, não faz sentido. A gente, você prefere que seu filho fume maconha que a gente não sabe, a qualidade que a gente não sabe, o que que vai acontecer no cérebro dele num período de é um período de risco ali para ele desenvolver uma psicose do que ele faça o tratamento para ansiedade, pro sono. Então, às vezes é uma questão de acolhimento e da gente explicar pra
pessoa. Eu não costumo prescrever a qualquer custo, a não ser que a pessoa esteja muito grave, de ação suicida, psicótica. Se a primeira consulta, a pessoa tá resistente, falei: "Então não vou prescrever, vamos marcar um outro encontro, vou pedir os exames, no próximo encontro a gente conversa". Porque não adianta ser a qualquer curso, Eslin, porque é muito fácil para eu fazer receita e mandar. Uhum. Mas eu preciso que você tome o remédio, que senão não vai funcionar. Então, acho que falta também eh informação e informação de qualidade, né? Saiu um estudo na no foi no
do Canadá, é o jornal de psiquiatria do Canadá. E eles fizeram um estudo do de todos os vídeos do TikTok sobre TDAH com a hashtag de de TDAH. 52% dos vídeos tinham informações erradas. Olha só. Então assim, muitas pessoas elas têm acesso à informação de fontes duvidosas. Às vezes não é um neurocientista, um psiquiatra que tá falando sobre o transtorno. Às vezes é uma pessoa que tem e ela vai falar o que tá na cabeça dela, né? não tem um filtro ali no experiência dela ali, experiência de vida dela. Então tem pessoas que vêm com
essas informações baseado nesses vídeos, nesses conteúdos. Então é nosso papel. Acho que todo psicólogo, todo psiquiatra também, ele é um educador ali na consulta. Ele tem que explicar o que tá acontecendo, tem que se fazer entender pro paciente, inclusive adaptando a linguagem, falando de um jeito que que o paciente receba mensagem ali no final da consulta. Perfeito. Ô Ju, eh, indo aqui pro final do nosso episódio, se a pessoa eh tiver algum tipo de surto assim, tipo, a pessoa tiver um uma crise muito forte, eh, e ela tá na casa dela no final de semana
e tal e do nada tiver um surto e etc, como é que funciona para essa pessoa na cidade dela? O que que que ela busca? Onde ela onde ela deve ir? Qual que é a orientação dos psiquiatras? Vai no postinho, vai no hospital, qual que é o liga? Qual que é o é essa essa se a pessoa tem, né, uma crise ali que ela vê que ela tá agravando ou ela tem sintomas muito eh desconfortáveis, como pensamento que ela pode morrer com aquela crise ou que o corpo dela tá reagindo de uma forma que é
incontrolável, né, com com ataque de pânico, ela deve procurar o pronto atendimento ou do plano de saúde dela ou pronto atendimento da cidade, porque no postinho não vai ter eh eh calmantes ali sedativos que fazem esse tratamento da crise. Então tem que ir pro pronto atendimento mais perto da casa dela. Se tiver caps na cidade e se for, né, durante o dia, tem caps que funciona 24 horas, tem caps que é só de urno, dá para procurar o CAPS. Mas se não quer ter erro, vai pro pronto atendimento, explica ali pro médico os sintomas que
está tendo, porque tem algumas crises, Eslin, que confundem, porque tem ataques de pânico que evoluem com dor no peito. E dor no peito, eu não posso falar que é crise de ansiedade até eu fazer um eletro e descartar que o cara não tá inertando. Posso falar: "Ah, não, e aí parece ser ansioso." Não. Então, vai no pronto atendimento, se precisar fazer um exame já faz. e o médico faz um tratamento para crise. Depois que fez o tratamento para crise, no dia seguinte já marca o psiquiatra, um psicólogo para fazer um tratamento para ele não ter
mais crises, né? Aí o pessoal fica indo só no pronto atendimento. Eu quando eu trabalhava em péss era o pessoal batia a carteirinha lá para tomar o Rivotril para sair da crise. Falei: "Cara, eu só tô tirando da crise, eu não tô fazendo com que você não tenha nunca mais essas cris"es e imagina que até a frequência dele deve ir aumentando com o tempo, né? Sim. Um dia sim, um dia não, depois começa a bater a carteirinha, a enfermagem nem avaliava mais pressão, nada, vai direto ali na doutora, já passa o rivotril. Então essa pessoa
que tá batendo ponta ali no pronto atendimento tem que buscar um tratamento com especialista. Perfeito. Próximo episódio nós falaremos sobre como funciona a avaliação psiquiátrica, né? Terceiro episódio nós falaremos sobre medicamentos, tá? E aí no último episódio a gente vai falar sobre preconceitos, futuro da psiquiatria, principais mitos. Então, assista toda a nossa trilha, tá, pessoal? Eh, lembrando que esse episódio aqui e essa trilha tá sendo patrocinado pela Behal. Então, se você tiver interesse ou precisar de algum atendimento psicológico ou psiquiátrico psiquiátrico, você pode colocar aí BHalth no clínica, BHelf no Google que você é encaminhado
para lá ou clicar aqui, Mateus, se você puder deixar na descrição aí do episódio, o site da BHelf também é muito bem-vindo. E se você puder também bota na primeiro comentário fixado, deve tá aí também para vocês, pessoal. É isso, então nos vemos no próximo episódio. Muito obrigado pela sua audiência.