Bom dia a todos bom dia eu fiquei muito feliz quando você se referiu que a gente está numa plateia de maioria Branca por quê que eu vou dizer isso e fiquei muito feliz quando você falou da parte [Aplausos] desculpem quando você falou da parte da educação eu vim eu sou de uma região do Sul você já pode imaginar no sul do Paraná eh quer dizer eu vim no interior do Paraná lá do mato estudar em Curitiba Tive ontem a palestra das moças sobre a mãe me tocou profundamente que eu sobrevivi E sobrevivo hoje como brasileira
porque tive uma mãe que fez de tudo passou por tudo do que era humilhação para que nós estudássemos [Aplausos] fui desculpa que eu tô me estendendo que a grande oportunidade da minha vida que os dois e a palestra de ontem me deu para eu poder falar fui para um colégio interno aos 5 anos ia completar porque passavam as freiras para quem é bem do interior do mato sabe disso que tinha um negócio da religião chamado missões eles passavam pelas cidades eh recolhendo crianças como se fosse assim em troca de você ir PR Esta escola para
estudar na verdade a gente foi para trabalhar então eu trabalhei duro desde os 5 anos Son neta de escravos é Aparentemente a gente teve uma libertação que não existe até hoje [Aplausos] Então você bem rapidinho eu vou contar só uma história que marcou a minha vida eu não vou ser tão rápida assim eu não ten eu contar uma história que marcou a minha vida que dos 6 anos eu senti a diferença amadureci aos 6 anos que as freiras contavam a seguinte história que Jesus que eu não eu demorei muito para aceitar o tal de Jesus
porque eu era contra tudo e contra quem acreditava também então as freiras contavam a seguinte história que Jesus Deus criou um lago um rio e mandou todos tomar banho assim e se banhar na água abençoada daquele maldito Rio tá aí as pessoas que são brancas é porque eram pessoas trabalhadoras inteligentes e chegaram nesse Rio tomaram banho ficaram brancos nós como negros somos osos e não é verdade porque esse país vive hoje por meus antepassados deram condiç calma [Aplausos] então nós como negros preguiçosos chegamos no final quando todos tinham tomado banho o rio tinha só tinha
lama Então como a gente era preguiçoso então nós temos a palma da mão Clara e a sola dos pés porque nós só conseguimos tocar as mãos e os pés aí você saiu por isso que a gente tem as palmas da mã e os pés Claros isso ela explicava ela contava a história para contar pros brancos como a gente era preguiçoso e não era verdade isso não é verdade porque senão a gente não teria sobrevivido e eu sou uma sobrevivente pela e ção pela luta da minha mãe que nunca eu era Rebelde eu sempre era Rebelde
eu tinha até vontade de matar mas a minha mãe falava assim eu falava não vou mais pra escola porque ela tinha que pedir caderno lápis lavava a roupa pros outros em troca de material escolar e daí ela dizia assim eu falava assim e porque eu tinha que entregar também as roupas na casa para ajudar minha mãe então falava assim não vou mais pra escola ela dizia assim para mim com um gesto que ontem eu me lembrei da palestra das mães que você guarda da sua mãe ela falava assim porque se ela falasse não eu ia
contra ela ela falava assim olha bem pra mãe olhou eu falava claro que eu tô olhando que eu era Rebelde né aí ela dizia assim para mim então olhou bem se você quiser ser como a mãe não vá pra escola eu irava com a minha rebeldia que hoje eu ela tá no outro plano e eu converso muito com ela e agradeço tudo que ela fez por mim aí eu falava assim igual a senhora nunca que eu vou ser ela falava só tem um jeito vai estudar e eu pegava meu caderninho e saía correndo pra aula
acreditando Então eu acho que a gente como negro não é querer ser vítima eu não sou eu sou grata minha mãe e grata também algumas com raras exceções porque quando ela falou do racismo eu falei pra moça aqui do meu lado eu falei ela não tá falando de Portugal ela tá falando do Brasil nos dias de hoje né E por também para eu vencer para eu conseguir trabalhar em Curitiba que todo mundo acha que Curitiba é cidade europeia de intelectuais de coisa nenhuma vai viver em Curitiba como negro e Como morador da Periferia para vocês
tirarem esse encanto do de Curitiba de isso daquilo não é na real não é não é e é tido como uma cidade evoluída porque é europeia porque é uma cidade europeia tem as coisas boas em Curitiba na realidade tem mas os cotistas negros índios sofrem o preconceito dentro da das Universidades e o mais ainda em Londrina que é uma das maiores cidades do Norte do Paraná que tem grandes universidades os indígenas perderam a bolsa de R 400 de ajuda porque o nosso Governador meu não o governador do Paraná cortou a bolsa então eu eu eu
assim eu não quero desistir e eu fui uma uma professora muito assim e defensora dos meus alunos e fui uma pessoa que que trabalhou na época da ditadura então como eu falava com os meus alunos como eu falava às vezes Professora porque eu não quero mais porque isso aquilo falava não aí eu contava a minha história para eles não como miséria como sofredora eu falava como como vocês são capazes Você tem dois olhos dois braços você pensa você quer ser respeitado seja melhor que ele estude que ele vai precisar de você e ele vai te
respeitar e eu era considerada na minha escola como subversiva porque eu passava isso pras crianças Então é isso que eu tenho que falar que a minha história é longa mas eu com todo o preconceito com todas as coisas Venci estudo até hoje aí as pessoas falam Ah mas por que que você quer não é porque eu quero para minha cabeça eu quero raciocinar tá eu quero saber o que eu tô lendo o que tá acontecendo com o meu país o que tá acontecendo comigo [Aplausos] [Música] [Aplausos] obrigado ela tá falando a Como é o nome
professora é o nome da Senhora professora como é seu nome professora Diva Guimarães a senhora quer matar a gente Dona pelo amor de Deus meu coração tá aqui assim pequenininho obrigado pela coragem de contar a história que bom e a senhora falou uma coisa muito importante que eu quero falar junto com a senhora aqui a gente precisa fazer um pacto de investir em educação pública de qualidade não podem sucatear a educação brasileira a escola pública tem que ser valorizada o professor tem que ser valorizado [Música] B bara bara baraa [Aplausos]