O ser humano é fruto da combinação de infinitos fatores. São características físicas e sociais que moldam exatamente quem a gente é. A cor dos seus olhos, por exemplo, vem do seu DNA.
Já o seu estilo de vida depende de diversos fatores. Mas e se eu disser que existem outros atributos improváveis? Como se fossem configurações secretas que meio que ajudam a reger a sua vida?
Por exemplo, que um mês em que você nasceu pode aumentar a sua chance de se tornar um atleta olímpico. Ou que o nome que os seus pais escolheram pode alterar a probabilidade de você cometer um crime. Tudo isso pode parecer estranho, mas uma série de pesquisas sugerem algo fascinante.
A receita que dá origem ao ser humano tem ingredientes inimagináveis. Mas antes de te explicar, o que mais você quer aprender hoje? Eu pergunto isso porque a Alura e eu somos parceiros de longa data.
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Dito isso, vamos tentar responder uma pergunta que mistura biologia com filosofia. O que faz você ser você? A parte física depende, antes de mais nada, da genética.
Da nossa altura, nossa voz, da cor da pele ao tamanho do nariz, das curvas do cabelo, as linhas de impressão digital, cada uma dessas informações já está pré-determinada desde que o nosso corpo começou a ser gerado. Já a personalidade, além da genética, é o resultado também do contexto social. A cidade em que você mora, os amigos que você tem, os músicos que você ouve ou os assuntos que você estuda.
Tudo isso ajuda a compor o seu jeito de ser. Tem ainda o emprego, o salário, o tamanho da casa, a quantidade de filhos, enfim, são tantos detalhes e combinações possíveis que dá pra garantir que, mesmo em meio às 8 bilhões de pessoas no mundo, cada uma delas é realmente única. Um exemplo curioso para ilustrar isso que eu estou dizendo vem lá da Austrália.
O pessoal do censo fez um levantamento para descobrir quem era o cidadão médio, ou seja, qual seria um perfil geral de morador que resumiria as características da maior parte dos australianos. O resultado mostrou que essa pessoa seria uma mulher de 37 anos, branca, com ascendência britânica. Ela tem 1,62 metros, 71 quilos, é casada, tem uma filha de 9 anos, um filho de 6 e um canguru de estinto americano.
Mas essa seria, digamos, uma pessoa padrão na Austrália. Só tem um problema, essa pessoa não existe. O mesmo censo descobriu que nenhuma, absolutamente nenhuma australiana tinha todas as características dessa lista.
Ou seja, nós temos realmente muitos atributos que determinam quem nós somos. Mas o mais interessante é que alguns desses atributos são extremamente inusitados e podem influenciar nossa vida mesmo sem a gente se dar conta. Lembra que eu falei, por exemplo, que o mês do seu nascimento pode aumentar a sua chance de ser um atleta olímpico?
Eu estou me referindo ao efeito da idade relativa. E é o seguinte, normalmente os clubes esportivos dividem os jovens atletas de acordo com o ano de nascimento deles. As crianças que nasceram em 2010 jogam em uma determinada turma, as que nasceram em 2011 em outra, e as de 2012 em outra e assim por diante.
O que acontece é que, na infância e na adolescência, um intervalo de 11 meses faz muita diferença no desenvolvimento físico de um ser humano. A puberdade faz com que o corpo de meninas e meninos mude muito rapidamente em pouquíssimo tempo. Com isso, um adolescente que nasceu no mês de janeiro, por exemplo, tende a ser maior e mais forte do que um outro que nasceu em dezembro.
E aí, em uma turma de basquete, é natural que o garoto mais velho tenha um desempenho melhor na quadra e acabe se sobressaindo em relação aos colegas mais novos. E, por consequência, ele tende a ser mais incentivado pelo professor e pela família, que por sua vez tende a investir mais tempo e dinheiro na carreira esportiva daquele jovem. E isso, é claro, aumenta as chances de ele virar um atleta profissional.
E isso não é só uma percepção, é um fato comprovado por diferentes estudos. Dá uma olhada, por exemplo, nesse gráfico que mostra o semestre de nascimento dos jogadores da categoria sub-19 de alguns dos principais clubes do futebol europeu. A proporção de atletas nascidos no primeiro semestre em relação aos que nasceram no segundo semestre é realmente impressionante.
E essa mesma lógica se repete em muitos esportes. O quanto antes no calendário nasce um atleta, maiores são as chances de ele ter sucesso na carreira. Então, em resumo, se você quer ter um filho medalhista olímpico, a minha dica é para fabricar ele mais ou menos em abril.
Isso obviamente foi uma piada. Ou não. Mas além da data de nascimento, uma outra característica aparentemente irrelevante, mas que pode fazer toda a diferença na sua vida, é o seu nome.
A começar, na verdade, pela primeira letra. E aqui eu trago uma má notícia pra você que se chama Zuleide. É que quanto mais pro final do alfabeto for a letra inicial do seu nome, menores tendem a ser as suas notas ao longo da vida.
E quem diz isso é a Universidade de Michigan, que fez um levantamento com mais de 30 milhões de registros de notas de estudantes. A diferença, é claro, é bem pequena, de apenas alguns décimos. Então não adianta usar essa desculpa para justificar um boletim cheio de notas vermelhas.
Ouviu, Dona Yasmin. Na verdade, já que o estudo foi feito nos Estados Unidos, ele se refere às iniciais dos sobrenomes, que são usados mais ou menos como se fossem os nomes aqui no Brasil. E para os especialistas, uma das possíveis explicações é que os professores que corrigem as provas em ordem alfabética tendem a ficar mais cansados e impacientes ao longo da correção.
E aí acaba sobrando para quem fica no final da lista de chamada. Então se você quer ter um filho considerado genial, fica a dica para chamar ele, sei lá, de Albert Einstein. Albert Ainstein.
Mas quando a gente para de olhar só para a letra inicial e começa a pensar no nome inteiro, a influência na nossa vida é ainda maior. Isso porque o nome é um dos nossos principais cartões de visitas. Ou seja, uma das primeiras informações que as pessoas recebem sobre nós assim que nos conhecem.
E como qualquer outra palavra, os nomes também transmitem ideias e carregam significados. Algumas dessas informações são mais óbvias. A partir do nome de alguém, por exemplo, a gente consegue deduzir a possível nacionalidade dessa pessoa.
Se você ouve um nome tipo Satoshi Nakagawa, você já imagina que deve se tratar de um japonês. E aí, se eu te mostrar essas quatro imagens, você provavelmente vai saber de quem é esse nome. E o melhor de tudo é que nenhuma dessas pessoas existe.
Todas elas foram geradas em um site que literalmente se chama Essa Pessoa Não Existe. Mas o mais impressionante é que isso também pode acontecer mesmo quando a gente exclui o fator geográfico. Um estudo feito por uma universidade de Israel mostrou que a gente tende a relacionar corretamente o nome ao rosto, mesmo de pessoas totalmente desconhecidas.
Ou seja, o ser humano acaba se parecendo com o nome que ele tem. Quer ver um exemplo? Dá uma olhada nesse rosto.
Qual você acha que é o nome desse homem? Jacob, Dan, Josef ou Nathaniel? Essas foram as opções apresentadas pelos pesquisadores.
E teoricamente, cada uma delas deveria receber uns 25% dos votos e com isso 25% dos participantes acertariam aleatoriamente. Mas não foi o que aconteceu. Na verdade 38% dos participantes escolheram o nome Dan.
E o mais impressionante é que eles acertaram. Conta aqui nos comentários se você acertou também. Os autores do artigo não sabem explicar por que exatamente ele é um Dan, mas de maneira geral eles dizem que a nossa aparência tende a representar as expectativas sociais sobre como uma pessoa com um nome específico deve se parecer.
Só que isso depende de tantos fatores que é difícil de detalhar precisamente o motivo. O que os pesquisadores já sabem é que um dos tipos de associações que o nosso cérebro faz é o chamado efeito Kiki-Boba. Olha só essas duas imagens.
Se eu te disser que uma delas se chama Kiki e a outra se chama Boba, qual nome você acha que combina mais com cada forma? A maior parte das pessoas tende a dizer que essa é a Kiki e essa é a Boba. E eu não sei pra você, mas isso pra mim não faz o menor sentido e ao mesmo tempo faz todo sentido do mundo.
O fato é que esse mesmo efeito estranho também se aplica aos nomes de pessoas. Ao olhar essas fotos de um homem com o rosto mais redondo e o outro com o rosto mais comprido, quem você diria que se chama Bob e quem você diria que se chama Mike? Pois é, a gente tende a associar o nome Bob ao rosto mais arredondado e o nome Mike ao rosto mais pontudo.
Tem alguma coisa acontecendo no nosso cérebro? Mas enfim, na maioria dos casos, as imagens que nós associamos aos nomes não causam muito problemas. São apenas uma curiosidade, como esses casos que eu trouxe até aqui.
Mas em outras situações, os nomes podem ser alvo de preconceito. Uma pesquisa conduzida depois do 11 de setembro nos Estados Unidos mostrou que currículos de pessoas com nomes árabes levavam a menos entrevistas de empregos do que currículos exatamente iguais, mas com nomes considerados, entre aspas, brancos. Um outro estudo nos Estados Unidos apontou que mulheres advogadas com nomes que são unissex por lá, como por exemplo Kelly, têm mais chance de virarem juízas do que advogadas com nomes estritamente femininas.
Vale lembrar que lá a seleção de juízes não é feita em concursos públicos como no Brasil, e sim através de votações e indicações políticas. E além do preconceito, o nome também pode ser motivo de bullying, principalmente quando a gente ainda é criança. Seja com trocadilhos de mau gosto, ou rimas engraçadinhas, ou até por motivos mais.
. . imprevisíveis.
Não é à toa que os pais de meninas chamadas Alexa andam revoltados mundo afora. Outra dor de cabeça que o nome pode causar na sua vida é se ele estiver fora de moda, na falta de uma palavra melhor aqui. Pesquisadores alemães observaram que num site de relacionamentos, pessoas com nomes considerados antiquados tinham chances maiores de serem rejeitadas.
E o problema disso vai muito além da dificuldade para conseguir um date. Essas pessoas tendem a ter uma autoestima mais baixa e até um grau de escolaridade menor. Até por isso, um estudo chinês chegou a uma conclusão impressionante.
Pessoas com determinados nomes são mais propensas a cometer crimes. Mesmo controlando variáveis sociais e demográficas, que poderiam claramente influenciar o resultado, porque tudo é muito complexo na humanidade, os pesquisadores do Instituto de Psicologia de Pequim analisaram centenas de milhares de casos policiais e concluíram que essa relação de fato existe. E isso porque nomes considerados impopulares levam pessoas a se sentirem mais excluídas, o que, por sua vez, pode levar a um certo comportamento de repulsa social e, em último caso, à prática de crimes.
Mas os nomes considerados mais diferentões também têm um lado positivo. Os mesmos pesquisadores observaram que pessoas com nomes incomuns e marcantes tendem a desenvolver um senso de identidade único, ou seja, por ter um nome curioso, a pessoa acaba criando uma personalidade mais excêntrica. E com isso é mais provável, inclusive, que ela siga uma carreira mais exclusiva, como, por exemplo, um diretor de cinema.
Tá aí, por exemplo, um Quentin Tarantino que não nos deixa mentir. E isso faz a gente se lembrar de um conceito muito estranho, mas muito interessante. É o chamado determinismo nominativo.
É uma hipótese que aponta que as pessoas tendem a trabalhar em áreas que se encaixam com seus nomes. Por exemplo, alguns estudos mostram que pessoas com sobrenome Lawyer, que é advogado, em inglês, têm mais chance de se tornarem advogados do que médicas, enquanto pessoas com sobrenome doctor, que significa médico, têm mais chances de se tornarem médicas. E isso se aplica até à especialidade dentro da medicina.
Um profissional chamado Raymond, cujas primeiras letras são saciadas a palavra raio, tem mais chance de serem radiologistas do que dermatologistas. Em alguns casos, isso pode ser atribuído ao que os especialistas chamam de egoísmo implícito, que é quando as pessoas têm uma preferência inconsciente por tudo aquilo que tem relação com elas próprias. Mas em outros casos, a explicação é histórica.
Por exemplo, pessoas com sobrenome Smith, que significa ferreiro em inglês, tendem a ter uma capacidade física semelhante ao dos antepassados que exerciam a profissão de ferreiro. E existem ainda os casos em que tudo não passa de uma coincidência. E esses são chamados aptônimos.
Essa palavra descreve aquelas pessoas que parecem ser predestinadas. Elas, por acaso, têm nomes que soam como trocadilhos e se encaixam perfeitamente com o que elas fazem da vida. É como se fosse, sei lá, uma salva-vidas chamada Socorro Marinho.
Ou uma médica veterinária chamada Sara Coelho. Mas por mais que pareça piada, existem muitos aptônimos na vida real. Que tal o homem mais rápido do mundo se chamar Usain Bolt, que significa justamente raio.
Ou ainda o presidente da Nintendo, que se chama Doug Bowser. E olha que esses são só alguns exemplos. Na verdade, o artigo em inglês da Wikipedia reúne quase uma centena de autônomos reais.
Enfim, como você deve ter percebido ao chegar até aqui, o universo dos nomes é fascinante e repleto de curiosidades. Eles são a nossa marca e são os responsáveis por nos tornar pessoas realmente únicas. Por isso, mesmo se o seu nome for meio diferente, não se sinta mal.
Entre vantagens e desvantagens, não é isso que vai definir o seu futuro. Nada muda o fato de que é você quem escreve o livro da sua vida. E no fim das contas, o nome é só a forma como você assina essa história.
E por isso eu quero aproveitar esse vídeo para descobrir quem será o inscrito do canal que tem o nome mais diferente de todos. Escreva o seu aqui nos comentários e não esqueça de explicar a origem dele. Muito obrigado e até a próxima!