História da Educação no Brasil - Aula 23 - A feminização do magistério.

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História da Educação no Brasil - (SHE-001) - Aula 23 - A feminização do magistério. Aula da discipli...
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[Música] Olá como vão estamos aqui para mais uma aula sobre os professores e dessa vez vamos tratar de uma temática bastante importante que é a feminização do magistério Mais Uma Vez vamos contar com a colaboração da professora Rosário genta lug da Unifesp que vai falar sobre essa questão para nós e a quem agradecemos bastante Rosário Obrigada pela colaboração e acho que nós poderíamos começar falando Em que momento é possível identificar um processo de feminização do magistério então em história da educação a gente frequentemente se a gente vai falar do modo como as coisas de fato
aconteceram né tem um tem um tempo das leis O tempo das leis a gente tem eh datas tá paraas leis paraas mudanças definidas porque é quando a lei é promulgada mas quando a gente vai falar de por exemplo uma entrada das mulheres no no magistério né a gente já não tem um pero tão definido porque se tratam de processos sociais mais fluidos né a gente tem a gente pode localizar tá o último quarto do século X tá mais ou menos por aí do último quarto do século X em diante uma um início da entrada das
mulheres no magistério antes disso só homens podiam da A tá a gente tem notícia no período colonial de mestras de primeiras letras né mas quando você tá falando de ensino primário quando você tá falando eh de escolas tá eh públicas mesmo cadeiras eh oficiais cadeiras públicas de ensino aí a presença das mulheres ela é eh inexistente quando no final do século XIX pro início do século XX a gente vai ter processos sociais de industrialização a gente vai ter um um dinamismo maior na na economia que tornou o magistério primário basicamente uma profissão um trabalho que
já não atraía tanto os homens e por por essa saída as mulheres começam a entrar você né não é um um processo que apareça tão assim eh para as pessoas estavam vivendo naquele tempo mas eh você começa a ter escolas Norma mais desde meados do século XIX você vai ter eh escolas normais que passam a receber meninas passam a ter o ensino feminino nas escolas normais e você passa a ter uma presença cada vez maior de mulheres como professoras de eh escola primária do último quarto do século XIX até e meados do século XX a
presença das mulheres no magistério portanto ela vai eh ela vai se ampliando né e é só que é uma presença que ela vai ter um diferencial nas mulheres então no início do na primeira década do século 20 elas tinham aulas elas davam aulas que pagavam menos né ah mais adiante tem existe um argumento de que as mulheres para dar aula no ensino primário elas são melhores porque porque elas são mais doces porque elas não são a rimo de família portanto elas não precisam ganhar tão bem e eh a gente vai ter uma entrada cada vez
maior dos mulheres para dar aula e elas ficam dando aula tá num num sistema de ensino que vai cada vez mais substituindo as escolas isoladas ou seja se tem um professor para crianças de diferentes faixas etárias diferentes níveis de aprendizagem eh progressivamente a gente vai tendo menos dessas escolas e mais grupos escolares que são escolas como a gente conhece hoje que tem salas de aula uma para cada série tá n Nesse contexto você passa a ter um sistema de ensino que vai se organizando com figuras de eh autoridade né você tem diretores você tem você
já tinha antes os inspetores de ensino que seriam é um equivalente aos supervisores hoje só que eh na década de 30 e até até um um um bom tempo depois você não vê quase mulheres diretoras de escola você não vê mulheres supervisoras ou inspetoras não existe né elas ficam fazendo o trabalho de base o trabalho com os alunos aí a gente vai ter na década de 30 e 40 particularmente na década de 40 uma expansão considerável do ensino primário né E para dar conta da de dar aula para todas essas escolas todas essas escolas novas
que vão sendo eh inauguradas todas essas crianças que vão entrando no ensino primário você precisa de mais professores e as mulheres acabam ocupando esses lugares né uma coisa notável que é um trabalho de pesquisa da professora zeila de Martini ela mostra que as professoras as mulheres elas dão conta de da aula elas dão conta do dia a dia de ensinar essas crianças mas dificilmente elas ocupam cargos de direção dificilmente elas ocupam cargos de inspeção do ensino Tá mesmo que elas fossem mais qualificadas que os homens que são indicados para essas posições a gente tem às
vezes depoimentos de professoras muito sentidas porque elas fizeram cursos pós normais ou seja elas se aperfeiçoaram se especializaram e ainda assim elas eram preteridas na nomeação pra direção de escola eh só porque eram mulheres tá e eh se preferia colocar um homem no lugar eh as professoras então elas vão eh durante o século XX elas vão constituir a maior parte do professorado primário em meados da década de 50 mas durante a década de 60 você começa a ter uma feminização do ensino secundário você começa a ter professoras que fizeram licenciatura em ensino superior eh entrando
para dar aula pro Ensino secundário que hoje seria de qu oitava e o segunda parte do ensino médio muito bem as professoras e era chega um momento durante o século XX que se constitui uma imagem né da normalista como a moça bonita moça feminina moça bem arrumada né Eh que existem até músicas né que relatam isso E e essa imagem ela tá muito bem analizada no seu trabalho Paula n Ah e nós tivemos uma aula falando sobre essa imagem da normalista recuperando a música do Nelson Gonçalves falando do Sorriso aberto e Franco enfim aham e
é é é exatamente isso então e a feminização ela acompanha essa mudança né da da imagem social do magistério eh se você tinha num momento anterior um um mestre escola né e é é um outro trabalho que fala da passagem do mestre escola para professora se você tinha antes um um professor rígido zangado muito estrito passa a a a uma imagem da professora delicada doce preocupada com os alunos e eh e é uma coisa interessante porque essa esse trabalho de professora era um dos trabalhos adequados para as mulheres né era uma saída profissional para algumas
moças se elas não não tinham Fortuna na família se não casavam bem elas podiam ser professoras e ou seja ao mesmo tempo que se pode falar numa certa depreciação do desse trabalho porque era só para mulheres porque elas não conseguiam uma ascensão no sistema de ensino ao mesmo tempo isso significou uma ampliação de perspectivas tá pras mulheres elas passam essas essas normalistas elas passam a poder trabalhar fora de casa elas eh se a gente pensar no que era carreira no início do século XX até década de 50 tá ou até a década de 60 eventualmente
às vezes até o hoje ainda acontece isso o professor recém formado que ia entrar na rede de ensino ele era enviado para um lugar muito longe muito longe da onde ele morava então Existem relatos de professoras que sua primeira escola sua primeira classe se chamava cadeira tá era muito longe tá no interior do Estado e no interior do Estado no momento em que a viagem se fazia de barco de trem lombo de burro andando no lamaçal Eh Ou seja eram às vezes três quro dias de viagem para chegar ao lugar aonde a professora ia dar
aula e aí essa professora então é uma coisa eh difícil você pensar num momento histórico uma moça jovem sai da sua casa sai do convívio da família e vai para um lugar muito distante onde ela não conhece ninguém para ser professora e eh ela precisa encontrar alojamento normalmente eh se é uma escola rural eh normalmente o dono da fazenda sede um quarto n e e é uma casa estranha né Eh são costumes outros e você tem eh esse deslocamento então ele ele é uma coisa eu Suponho que precisaria muita coragem tá para se deslocar tanto
para Poder chegar a dar aula poder chegar a ser professora eh e nesses lugares então eh a gente pode pensar o salário da professora era uma coisa estável né Eh se você pensar em termos do que podia ser o consumo da época não devia ser um salário muito ruim não que o salário fosse bom tá mas eh a gente não sabe se o salário era bom a gente sabe que os professores primários desde sempre se queixaram que ganhavam mal né Eh mas era um salário estável tá então se a professora eventual ente conseguisse e casar
né era uma situação eh que às vezes podia ser e difícil no sentido de que e tem um uma imagem clássica tem inclusive no dicionário tem a palavra Chupim um dos significados é marido de professora é o é o o o homem que casa com uma professora para viver do salário dela né Acho que seria interessante a gente recuperar o significado né que o Chupim é um passarinho que ele eh eh cria o filhote no ninho de um outro Passarinho né Para dar uma explicação sobre o porquê da da da da expressão né como se
o marido da professora fosse alguém que um aproveitador né alguém encostado né e acho que seria importante falar um pouco Rosário eh dos impactos dessa presença majoritária das mulheres eh no magistério para para v eração e e pra própria reconhecimento eh da da profissão né E E pensar um um pouco se essa ideia do do Chupim às vezes não leva uma visão um pouco equivocada que a professora ganhava também esquecendo-se que jovens de classe média o trabalho tinha uma série de de restrição em alguns períodos né se a as mulheres vão ser professoras né Eh
tem um um tem argumentos que aparecem de que não era preciso pagar muito bem porque o salário da professora não era para manter uma casa embora isso nem sempre fosse verdade né aí tendo em vista a figura do Chupim Ah o salário da professora então não era para manter uma casa era para um salário que complementava o do marido então era um salário pros alfinetes pras rendas para ah para alguma coisa que não era de Essencial então correu uma ideia de que então não era preciso pagar tão bem as professoras primárias então Rosário agora acho
que seria importante você falar qual o significado pras mulheres eh de ter a possibilidade de trabalhar como professora de ter estudado na Escola Normal então Eh pras moças você tinha dois tipos de eh moças que iam pra escola normal as que precisavam trabalhar as que não eram de origem privilegiada e precisavam trabalhar e desse ponto de vista a Escola Normal representava uma possibilidade de uma formação qualificada de um trabalho estável de um trabalho Digno né E você tinha moças de Elite que iam para escola normal não porque elas fossem ser professoras mas porque ir pra
escola normal representava a possibilidade de continuar estudando a gente tem que lembrar que as possibilidades de de estudo para além do do básico né Eh elas eram muito limitadas PR as mulheres elas eram de não que fossem limitadas por lei Mas eras elas eram limitadas em termos daquilo que podia ser respeitável né daquilo que era socialmente aceito Então você tem também uma uma entrada na escola normal que significava para muitas moças a possibilidade de estudar além a possibilidade de eh se aperfeiçoar né Eh essa ideia da Ou seja a feminização do magistério ela representou um
avanço para as mulheres se você pensa que eh em lá para 1930 em São Paulo as mulheres já eram maior a maioria das professoras do ensino primário Eh aí você explica por exemplo a eleição do primeiro Deputado professor do primeiro Deputado Estadual Professor pelo centro do professorado Paulista porque em 1932 eh se autoriza o voto feminino e bom as mulheres professoras votaram massivamente nesse Deputado ou seja o CPP consegue eleger a primeira pessoa para ocupar um cargo público representativo e que a defendeu o interesse dos Professores Tá era um deputado homem o CPP as lideranças
eram todas masculinas Tá mas via voto feminino Obrigada Rosário bom Espero que vocês tenham aproveitado as considerações da professora Rosário para se pensar a profissão docente e muito obrigada e até o próximo encontro [Música] [Música] r [Música] di
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