Ensinar é uma especificidade humana. Quais são as habilidades que os professores devem trabalhar para que os estudantes sejam estimulados a se expressar, a se desenvolver e a realizar todo o potencial criativo de sua curiosidade? Para Paulo Freire, uma das qualidades que o professor deve desenvolver para firmar a sua autoridade democrática e garantir a liberdade dos alunos é a segurança em si mesmo.
Aquela segurança que vem da qualidade da sua formação – por isso que cuidar bem da prática da formação docente, tanto em termos de conteúdo quanto no que diz respeito à formação pedagógica, é uma das ações políticas mais importantes nas lutas pela valorização do professor. Daí a importância do compromisso do professor em estudar permanentemente, o que implica em lutar pelas condições de trabalho que não só permitam, x mas que favoreçam o estudo. Daí a importância da curiosidade do próprio professor, o que o leva a ficar sempre atento, tanto em relação aos conhecimentos que os alunos trazem, quanto às transformações que a ciência provoca dentro de sua própria área de conhecimento.
É essa segurança que se expressa na firmeza com que o professor atua. Que é a mesma segurança que o leva a respeitar a liberdade dos alunos, a discutir com naturalidade as suas próprias posições, a rever as suas interpretações, sabendo que pode errar. E mais do que isso.
Nós vimos nos vídeos anteriores, o professor tem o direito de errar e o direito de rever as suas posições. E isso não desqualifica a sua autoridade. Pelo contrário.
Assumir os erros e aprender com erros é um sinal de segurança. E isso é importante. A autoridade de um professor seguro de si não precisa ficar o tempo todo fazendo discursos sobre a própria autoridade.
Um professor que tem segurança sobre o seu trabalho não vai ficar perdendo tempo exigindo respeito. O respeito se constrói na relação. Quem quer impor respeito pela intimidação, pelo medo, pelo autoritarismo, pelo: “você sabe com que você está falando” é o sujeito que não está seguro de si e que por isso desperdiça o tempo da aula tentando se afirmar, em vez de aproveitar o tempo para ensinar e aprender.
O terceiro capítulo de Pedagogia da Autonomia discute todos esses pontos. A segurança do professor, o seu comprometimento, as relações entre liberdade e autoridade, a importância de saber escutar para que a aula se torne realmente um diálogo, e todas as outras questões que perpassam essa consciência de que ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade. É o que veremos no próximo vídeo.
Não se esqueça de curtir e compartilhar esta série com seus amigos. Esses debates são urgentes na educação e essa série pode ser uma boa oportunidade para que estudantes e professores sejam introduzidos às ideias de Paulo Freire e queiram, depois, aprofundar os estudos lendo os livros originais.