Ao longo de décadas, o Assassino do Zodíaco aterrorizou a costa oeste dos Estados Unidos com uma série de assassinatos brutais e mensagens criptografadas enviadas à imprensa. Durante aquele tempo, os seus ataques meticulosamente planejados e sua habilidade em evitar a captura deixaram as autoridades perplexas. Além disso, as suas ações deixaram um legado de medo e suspense que ecoa até os dias atuais.
Dessa forma, no episódio de hoje mergulharemos em todos os detalhes mais sórdidos de um dos maiores enigmas criminais existentes, e conheceremos cada circunstância por de trás dos atos do Zodíaco. A história do legado trágico do Zodíaco começou em uma sexta-feira fria para a cidade de Benicia, na Califórnia. Naquela época, grandes baixas na temperatura não eram comuns para as mais de 5mil pessoas que viviam na cidade.
Porém, de maneira quase que simbólica, naquela noite do dia 20 de dezembro de 1968, a temperatura havia caído ao ponto de fazer com que muitas pessoas ficassem em casa. No entanto, essa circunstancia não foi o bastante para prejudicar os planos do adolescente, David Faraday, de 17 anos. Afinal, era uma sexta-feira, e ele desejava visitar a garota com quem andava saindo, chamada Betty Lou Jensen, de 16 anos.
Naquela altura, os dois adolescentes estavam se encontrando a um bom tempo, com David de vez em quando até matando aulas para ir ficar com Betty. Mas aquela sexta-feira seria diferente, pois ele planejava pedi-la oficialmente em namoro. Os seus amigos relataram que David passou o dia inteiro ansioso pelo anoitecer.
Enquanto isso, Betty por sua vez também estava muito ansiosa pelo encontro. Nas primeiras horas daquela noite, ela permaneceu por um bom tempo ao lado de sua irmã, tentando encontrar a melhor roupa para ir ao encontro com David. A sua última combinação foi um vestido roxo, com gola branca – a qual ambas achavam perfeita para ocasião.
Assim, no início da noite David chegou na residência da Família de Betty em seu Rambler 1961, e informou aos pais da garota que planejavam ir ver o concerto de Natal na Escola Secundária Hogan. O pai de Betty era um militar aposentado, ele permitiu a saída, mas exigiu que eles voltassem até às 23h. Desse modo, o casal saiu em direção a tão esperada noite, onde pararam por um breve momento na casa de um amigo.
Na sequência, foram até um restaurante chamado Mr Ed’s. Mas enquanto jantavam, David e Betty decidiram que não iriam mais para o concerto de Natal, e sim para a Estrada do Lago Herman – um local relativamente isolado e pacato. Chegando lá, David estacionou seu veículo em um desvio de cascalho próximo do lago.
Embora fosse um lugar isolado, aquela rota era bem conhecida pelos adolescentes locais, que utilizavam a área para namorar. Tanto que por volta das 23h da noite, um segundo casal chamado Homer e Peggy Your, passaram pela região e avistaram o veículo dos jovens. De acordo com o seu futuro depoimento, Peggy informou que teria visto a garota dentro do Rambler com sua cabeça apoiada no ombro do garoto ao seu lado.
Mais à frente, o casal também viu uma caminhonete vermelha estacionada, onde estavam dois caçadores de guaxinins chamados Robert Connelly e Frank Gasser. Por volta das 23h10, esses caçadores saíram do local e notaram que o Rambler de David e Betty ainda continuava estacionado, mas não apresentava nada suspeito. Quatro minutos depois, o supervisor, James Owen, passou pela estrada em direção a refinaria de petróleo em que trabalhava, quando também viu o veículo estacionado.
No entanto, ele notou que havia um segundo carro estacionado próximo ao Rambler, mas como não havia nada de suspeito, James simplesmente não conseguiu se recordar de qual carro se tratava, mas garantiu que não havia nenhum tipo de cromado no veículo. Foi então que por volta das 23h20, a moradora da região, Stella Borges, também passou pela Estrada ao longo do Lago Herman. Lá, os faróis do seu carro iluminaram o Rambler dos jovens, onde ela observou que uma das portas estava aberta e o corpo de um jovem garoto se apresentava caído ao lado do veículo.
Do outro lado do passageiro, Stella notou uma menina de vestido roxo também estiraçada ao chão. E junto a eles havia um segundo veículo, que ela descreveria como um Rambler, da cor acinzentada, com um objeto cromado no topo. O cenário foi era assustador.
Assim, Stella saiu na procura pela polícia. Até que em alguns quilômetros, ela acabou trombando com uma viatura de patrulha no posto de gasolina mais próximo, onde encontrou dois policiais. Stella imediatamente contou o que havia visto, e levou eles até o Lago Herman.
Lá, eles encontraram a mesma cena horrível e chamaram por reforços. Vale ressaltar, que nesse momento a polícia apenas encontrou o Rambler dos jovens, sem nenhum vestígio daquele segundo veículo que foi relatado por Stella. Assim, o primeiro oficial do Departamento de Polícia a chegar no local foi Pierre Bidou.
Em seu relatório, ele descreveu ter encontrado a vítima masculina deitada do lado de fora do veículo. Ainda no local, Pierre notou que o garoto havia recebido um tiro atrás da orelha, que se apresentava queimada, indicando um disparo feito à queima-roupa. Ele também percebeu que a vítima ainda tinha pulso, e tentou prestar os primeiros socorros ao garoto.
Quando a ambulância chegou, os paramédicos rapidamente levaram ele em direção ao Hospital. Curiosamente, enquanto estava sendo tratado na ambulância, os profissionais de saúde notaram que ele tinha um objeto em sua mão esquerda. Mais tarde, esse objeto seria identificado como o seu anel de namoro, indicando que David estava prestes a entrega-lo a Betty quando foi interrompido.
Já, o corpo de Betty foi localizado a quase dez metros do veículo. Quando o depoimento de Stella foi registrado, eles notaram que quando ela passou no local, a jovem ainda estava viva e possivelmente se arrastou por alguns metros até sucumbir aos ferimentos. E de fato, o rastro de sangue no chão demarcava os últimos minutos de vida da garota.
Na autópsia foi encontrado cerca de cinco projéteis de uma arma de fogo, que atingiram a parte superior e inferior de suas costas. Diante ao caso de homicídio, a polícia foi em direção ao Hospital com o objetivo de coletar um depoimento de David, mas quando chegaram descobriram que ele também havia sucumbido aos ferimentos. Assim, a área do crime foi cercada e uma imensa busca por evidências se iniciou.
Curiosamente, o primeiro item a ser encontrado foi a bolsa de Betty, que parecia intocada e com isso os investigadores rapidamente descartaram o motivo para o crime como sendo roubo. Além disso, dada a posição dos corpos, parecia que o assassino tinha apenas disparado contra os jovens e depois fugido da área. Nos dias seguintes as investigações, as testemunhas já conhecidas por nós se apresentaram para informar o que haviam visto naquela noite.
No entanto, houve duas a mais que também procuraram a polícia, uma delas foi William Crow, que disse ter visto um Chevy Impala 1959 Branco estacionado na região por volta das 21h30. Essa informação combinaria com a dos caçadores de guaxinins, Robert Connelly e Frank Gasser, que relataram que tinham visto um Chevy Branco por volta das 21h quando chegaram no Lago Herman. Mais tarde, esse relato seria novamente fortalecido quando um fazendeiro local também disse ter visto o Impala Branco estacionado ao sul da entrada para o Lago.
Desse modo, eles consideraram o testemunho de Stella como errado, pois dado o modelo do Impala, ela acabou confundindo com um Rambler. Inicialmente, os dois caçadores de guaxinins foram obrigados a levarem seus rifles para análises, já que eram os únicos a serem vistos próximos da cena do crime e armados. No entanto, eles foram logo liberados.
Quando a veículo das vítimas foi analisado, descobriram que o Assassino tinha errado três disparos, com dois deles atingindo o teto e o vidro traseiro do Rambler. Porém os Investigadores logo observaram essa pista com outros olhos, teorizando que as marcas não se tratavam de disparos mal sucedidos, mas sim feitos como aviso contra as vítimas. Isso porque Betty parecia ter tido tempo de fugir, enquanto David foi rapidamente alvejado ao tentar fazer o mesmo.
Diante esse cenário, os Investigadores deduziram que o responsável pelo duplo assassinato sem dúvidas era alguém familiarizado com a arma que usou. Para eles, poderia muito bem se tratar de algum profissional como um policial, militar ou caçador da região. Entretanto, eles também exploraram a possibilidade do envolvimento com tráfico de drogas, pois David havia recentemente se metido em uma briga contra um traficante local.
Mas essa linha de investigação não iria muito longe. Em resultado, os familiares das vítimas ficaram atormentadas pelo crime sem sentido. Principalmente porque nenhum dos dois tinha um círculo de amizade negativo, que apontasse para um possível homicídio por raiva ou descontentamento.
Em pouco tempo, os arquivos do caso já haviam se tornado enormes, mas nada levava para alguma direção. O oficial Pierre Bidou foi questionado sobre a possibilidade de se tratar de um duplo Assassinato aleatório, no qual ele respondeu não acreditar que o criminoso apenas estivesse de passagem quando decidiu matá-los. Já, o pai de Betty, Verne Jensen, sendo um ex militar apenas disse acreditar que um maluco estava à solta na região, apontando em direção ao início de ainda mais possíveis mortes.
E nos meses seguintes, o dito Duplo Assassinato do Lago Herman permaneceu sem novas pistas, mas ninguém poderia imaginar o que estava prestes a acontecer. Sete meses depois dos assassinatos no Lago Herman, no feriado de 4 de julho de 1969, a cidade de Vallejo, que ficava a quase sete quilômetros do local do primeiro crime, festejava com churrascos e fogos de artifício. E uma dessas pessoas que aproveitava a ocasião era Darlene Ferrin, de 22 anos.
Na época, ela estava casada com Dean Ferrin, um funcionário de um restaurante local de Vallejo. No entanto, recentemente Darlene estava saindo com frequência com outras companhias para São Francisco e região. E uma dessas companhias era o jovem, Michael Mageau, de 19 anos.
Ele era um garoto quieto, que ainda morava com sua mãe e tinha um simples emprego como diarista. Porém, Michael havia conseguido o afeto de Darlene. Assim, na noite do dia 4 de julho, ele telefonou para ela e pediu se Darlene gostaria de sair.
Por volta das 23h45, ela apareceu na frente da casa de Michael com seu Chevy Corvair 1963 marrom. Ambos ainda não haviam jantado, assim decidiram parar no Mr Ed’s – o mesmo lugar onde David Faraday e Betty Lou Jensen haviam jantado na noite em que foram mortos. No entanto, quando chegaram no local viram que ele estava bem cheio, e decidiram apenas seguir para um lugar mais tranquilo.
Por volta da meia-noite, eles chegaram no estacionamento do Parque Blue Rock Springs, onde se beijavam enquanto os fogos de artifícios recheavam o céu de Vallejo. Nesse meio tempo, eles foram interrompidos por um grupo de adolescentes que estava se preparando para soltar mais fogos de artifícios. Mas em poucos minutos, tudo ficou em silêncio e aparentemente pacato.
Até o momento em que um veículo estacionou justamente atrás do carro em que Michael e Darlene estavam. Os faróis desse carro se apagaram repentinamente, e se acenderem novamente alguns instantes depois. A situação deixou Michael apreensivo, mas Darlene tentou acalma-lo.
Aquele veículo suspeito acabou indo embora mas retornou após dez minutos, agora com os faróis apontados diretamente para os retrovisores dos jovens. Em um primeiro instante, eles cogitaram que fosse um policial, porém, o desenrolar dos acontecimentos logo tomaria um rumo assustador. O motorista desconhecido saiu do veículo com uma lanterna brilhante apontada para eles.
Ambos imediatamente pegaram suas carteiras de motorista ainda acreditando que fosse um policial. Conforme o sujeito se aproximava, mais a luz da lanterna atingia os olhos de Michael e Darlene. Era uma luz tão forte que eles mal conseguiam manter os olhos abertos.
E quando Michael estava prestes a se comunicar com a pessoa desconhecida, ele foi interrompido por uma rápida sequência de cinco disparos. Em questão de segundos, tudo simplesmente parecia ter desmoronado para os jovens. dizer se ela ainda estava viva ou não.
Michael, ainda respirava, mas com muita dor. Enquanto lutava para se orientar e tentava rastejar para o banco de trás do Chevy Corvair, ele pôde perceber que o atirador ouviu seus sons e passou a observar o movimento de dentro do carro. O terror tomou conta de Michael naquele momento, enquanto se encontrava indefeso e preso em seu possível túmulo.
E para seu horror maior, o atirador retornou e disparou mais duas vezes contra ele e Darlene. Em seguida retornou para o veículo e acelerou noite adentro, deixando os dois naquela situação horrível. De alguma maneira, Michael ainda estava vivo e teve força o suficiente para se jogar pela janela aberta.