ONDE ESTÃO TODOS ALIENÍGENAS? Com Leandro Karnal e Pirula

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Canal Nostalgia
Onde estão todos os Alienígenas? Descubra nesse especial de uma hora do Nostalgia Ciências com narra...
Video Transcript:
Onde estão todos os alienígenas? Existe realmente vida fora da Terra? E se sim, por que ainda não encontramos nenhum sinal dela? Estamos procurando no lugar certo? Ou será que já estamos sendo contactados pelos extraterrestres, mas simplesmente não sabemos disso? Embarque comigo no Nostalgia Ciência. Olá meus queridos amigos, tudo bem com vocês? Para quem não me conhece, meu nome é Felipe Castanhari e eu sou o apresentador do programa Nostalgia Ciência. Esse é um projeto que nasceu no YouTube com o intuito de mostrar que a ciência não é uma coisa chata. Ela não é feita só de
equações e números gigantescos. A ciência tem sim isso, mas ela possui também histórias maravilhosas. De todos os enigmas que a ciência encontrou até hoje, o universo continua sendo o mais desafiador deles. Fala a verdade, pelo menos uma vez na vida você já deve ter olhado para o céu e se perguntado qual será o tamanho do universo? Quais segredos ele esconde? O que pode existir entre as estrelas? E, mais importante, será que estamos sozinhos nesse universo gigantesco? Se você já pensou nisso, saiba que você não é o primeiro a fazer essa pergunta. Questões como essa sempre
estiveram na cabeça das pessoas e uma boa maneira de mostrar isso não é falando sobre foguetes, satélites ou telescópios super poderosos, e sim, olhando para o nosso passado, porque o momento em que o homem apareceu no planeta foi o momento em que o universo começou a nos desafiar. Então, nessa primeira parte da nossa viagem, eu gostaria de convidar você para voltar alguns milhares de anos atrás. Se pudéssemos viajar no tempo e voltar dez mil anos no passado, encontraríamos um planeta bem parecido com o que já conhecemos. Não existiam cidades e a natureza se espalhava por
todas as partes sem quase nenhuma interferência. Mas se você caminhasse por esse planeta, encontraria rios e montanhas que seriam bem familiares. O mesmo vale para a vida que você encontraria nessa viagem. A maioria das espécies de animais e plantas que conhecemos já existia nessa época. Andando por essa terra de dez mil anos atrás, você reconheceria quase todos os animais e as árvores. Foi nesta época que uma espécie de primata já estava se diferenciando dos outros animais: o Homo sapiens, que havia se espalhado por todos os continentes, ocupando o planeta inteiro. Em alguns lugares você já
tinha domesticação de animais, você já tinha a agricultura em alguns pontos, como milho, trigo, cevada e esses tipos de vegetais que ajudaram também para você conseguir uma fonte de alimentação mais constante. Em um livro recente, Yuval Harari, historiador israelense, chega a dizer que o plantio de cereais controlados pelo ser humano foi um grande atraso para a média das populações, mas a revolução neolítica foi boa para o Estado. Ela foi boa para quem controla as colheitas. Então ela produz pirâmides, enquanto que caçadores e coletores, segundo Yuval Harari, levavam uma vida mais livre, uma dieta mais rica
e não passavam o dia empilhando pedras para um faraó. Mas para o historiador, é a pirâmide que fica, e não o caçador que andava pelos prados e pelas campinas. Sabe de uma coisa? Eu acho que a melhor maneira de a gente entender as vantagens do Homo sapiens seria observar um de perto. Então vamos escolher um deles ao acaso e ver o que ele é capaz de fazer. Vamos ver, vamos ver... Aqui! Isso aqui vai servir para a gente. Vamos chamá-lo de Raj. Raj consegue fazer coisas que nenhum outro animal da sua época conseguia fazer. Ele
consegue fabricar ferramentas e armas para se proteger e caçar. Ele também é capaz de controlar o fogo. E controlar o fogo é muito mais profundo do que parece. Ao acender uma fogueira Raj mostra para o mundo que é capaz de dominar a natureza. E Raj também é capaz de se comunicar com seus amigos de uma forma muito mais complexa que qualquer outro animal. E ele, é claro, usa isso a seu favor, trocando ideia com seus companheiros, aprendendo a se organizar e a trabalhar em equipe. E outra coisa muito importante, ele consegue ensinar tudo o que
ele aprendeu para seus filhos. E assim Raj vive seus dias. Caçando e explorando territórios e compartilhando informação e conhecimento com sua tribo. Raj está pronto para dominar o mundo e isso vai ficar cada vez mais fácil com o passar do tempo, afinal de contas, Raj ainda não sabe disso, mas seus descendentes vão criar conceitos como economia, engenharia e até mesmo a matemática. A tecnologia não permite apenas que Raj se desenvolva, mas também faz com que nada na natureza seja páreo para ele. Quer dizer, existem coisas que Raj ainda não consegue compreender, mas uma em específico
o deixa fascinado. Quando a noite cai Raj olha para o céu. Ele vê uma escuridão imensa repleta de pontos brilhantes. De vez em quando, ele observa até mesmo um desses pontos, atravessando o céu e sumindo. E mesmo com todas as suas ferramentas e sua capacidade de comunicação, Raj não consegue compreender o que é aquilo. Na verdade, toda essa escuridão pode até ser assustadora para ele. Aqueles pontos luminosos podem ser obra de algum deus ou pelo menos de alguma criatura superior. Ele não faz ideia de como aqueles pontos brilhantes foram parar ali e o que os
impede de cair aqui na Terra. Então Raj percebe que existe um lugar que fica além das montanhas e florestas que ele conhece. Um lugar muito alto, que mesmo ele fazendo tudo o que ele sabe fazer, ele jamais vai conseguir alcançar: o universo Raj e seus amigos se foram há muito tempo, mas o que esses humanos primitivos aprenderam e também o que eles sentiam pelo universo não desapareceu com eles. Pelo contrário, foi passado de geração em geração. Com o passar do tempo, os humanos foram se organizando em sociedades maiores, as ferramentas e armas se tornaram mais
elaboradas e complexas. Os séculos foram passando. Cidades começaram a aparecer em todos os continentes. Impérios nasceram e caíram. Guerras começaram a derramar sangue sobre o planeta. A ciência e a tecnologia foram progredindo cada vez mais rápido, em todos os campos possíveis. E mesmo depois de tudo isso, o homem continuou fascinado pelo universo, tentando entender o que poderia existir além do nosso planeta. E talvez essa seja a maior qualidade de Raj, seus companheiros e de todos nós: a curiosidade O papel da curiosidade é fundamental na transformação humana. Ela produz coisas positivas e negativas. Nem todo o
avanço tecnológico, nem toda descoberta, colabora para a felicidade e o bem estar das pessoas. Então, curiosidade é fundamental. A curiosidade faz parte da humanidade. Não necessariamente ela provoca evolução, apenas transformação. Só que nós podemos fazer algo que Raj não podia. Podemos subir em um foguete e sair do nosso planeta natal. E assim fica um pouco mais fácil de enxergar tudo o que já aprendemos sobre o espaço. Então vamos entrar no foguete e ver mais de perto as estrelas? Hoje sabemos que o universo é bem diferente do céu que Raj observava. Para ele, tudo o que
existia no céu era um enorme tapete de estrelas. Mas nós sabemos que o universo não é assim. Ele é formado por galáxias que ficam separadas umas das outras por enormes espaços vazios, com quase nada para ser visto. Estas galáxias são o lar de bilhões de estrelas e a maioria dessas estrelas possui planetas girando ao seu redor. Este é o caso do planeta onde moramos. Durante muito tempo nós fomos arrogantes a ponto de achar que estávamos no centro do universo. Hoje sabemos que o nosso planeta gira em torno de uma estrela, como quase todos os planetas
que existem, e também conhecemos corpos celestes que Raj e seus amigos nem desconfiava que existiam, como buracos negros ou estrelas de nêutron. Somos capazes de calcular a distância entre estrelas e entender como a energia se comporta no espaço. Por outro lado, Raj talvez ficaria um pouco decepcionado ao saber que não temos respostas para tudo ainda. Por exemplo, nós ainda não sabemos o tamanho total do universo ou qual o seu formato. Nossa ciência ainda está muito longe de responder isso. Então os cientistas trabalham com o conceito de Universo Observável, que é a região do universo onde
está tudo aquilo que pode ser observado da Terra. E este Universo observável não é todo o universo, mas ele ainda é grandioso demais, até mesmo para nós que vivemos no século XXI. Não estamos falando de meia dúzia de estrelas, mas de mais ou menos dois trilhões de galáxias! E muitas delas possuem até centenas de bilhões de estrelas. Se colocarmos uma média de 100 bilhões de estrelas por galáxia, o Universo observável tem uma média de 200 sextilhões de astros. Você sabe o que são 200 sextilhões? Eu também não sei. Então vamos escrever aqui na tela para
aprendermos juntos. Duzentos milhões é o número dois, acompanhado de vinte e três zeros. Esse é o número de estrelas que os cientistas acreditam que existe no universo observável. Mas e o número de planetas? Bem, os cientistas não gostam nem de se atrever a tentar calcular esse número. Isso porque planetas são muito mais difíceis de serem observados, uma vez que eles não emitem luz. Mas vamos parar de contar estrelas e planetas e pensar um pouco no universo como um todo. Se sabemos que existem mais ou menos dois trilhões de galáxias e que há mais um espaço
enorme entre cada uma delas, podemos concluir que este universo é um lugar bem grande, certo? Ele não é bem grande. Ele é muito maior do que isso. Ele é muito maior do que você pode imaginar. Os cientistas dizem que o universo observável tem um diâmetro de 93 bilhões de anos luz. O que esse número significa? Nada, né? Para você, nada. Ano luz é a distância que a luz percorre durante um ano. Se a gente transformar isso em quilômetros, temos este número aqui. Um ano luz equivale a mais de nove trilhões de quilômetros. Então vamos lá.
Imagine que em um segundo você anda 300 mil quilômetros. A distância entre São Paulo e Japão é de cerca de 18.500 quilômetros. Na velocidade da luz, em um segundo, você consegue ir e voltar para o Japão mais de oito vezes. Então, se existisse uma nave espacial que se movesse à velocidade da luz, ela demoraria 93 bilhões de anos para ir de um extremo ao outro do Universo Observável. Mas esse tempo valeria apenas para nós, que estamos parados aqui na Terra, observando essa nave. Para ela as coisas seriam bem diferentes, pois quando se move na velocidade
da luz, o tempo não passa. Realmente, às vezes para a gente é um pouco difícil entender o que é um ano luz. Aliás, muita gente acha que um ano luz é uma distância razoavelmente pequena, logo ali na esquina. Afinal de contas, se enxergamos galáxias que estão a bilhões de anos luz de distância da gente, um ano luz deve ser ali na esquina. Quase a distância da mercearia do seu bairro, certo? Então vamos descobrir o que cabe nessa distância? E que tal se a gente pegar o nosso planeta para isso? Lembra do Raj? Pois é. Ele
não fazia ideia do tamanho do planeta em que ele morava. Só que a gente sabe. O diâmetro da Terra é de 12.742 quilômetros. Se nós pudéssemos enfileirar um planeta Terra atrás do outro, em linha reta, precisaríamos de um pouco mais de 742 milhões de planetas Terra para preencher o espaço de um ano luz. Isso que você viu é apenas um ano luz. A estrela mais próxima do Sol é a Próxima Centauri, que é uma anã vermelha menor que o nosso Sol, e ela fica a 4,2 anos luz de distância. Ou seja, entre ela e o
nosso planeta existe um espaço suficiente para acomodar mais de 3,1 bilhões de planetas Terra. Mesmo quando pensamos no tamanho do universo, temos que partir do princípio que nada está perto de nós. Mesmo distâncias que parecem pequenas são muito maiores do que você imagina. A distância entre a Terra e a Lua é de 1,3 segundo-luz. Ou seja, uma luz que está na Lua demora pouco mais de um segundo para chegar até a Terra. Se a Lua explodisse agora, veríamos sua explosão 1,3 segundos depois de ela realmente acontecer. um vírgula três segundo-luz parece pouco, mas a distância
média entre a Terra e a Lua é de 384.400 quilômetros, o suficiente para que a gente possa alinhar um pouco mais de trinta planetas Terra. Por falar nisso, entre a Terra e o Sol cabem 11.740 planetas Terra. E sabe o que é mais impressionante nisso tudo? É que o universo é gigantesco, mas ele não está satisfeito com isso e continua crescendo. Isso não é algo que ele começou a fazer agora. Na verdade, o universo faz isso desde que surgiu, quase 14 bilhões de anos atrás. A teoria mais aceita para explicar a origem do universo é
que, em algum momento, muito tempo atrás, o universo inteiro ocupava um espaço menor que o da cabeça de um alfinete. Mas, um dia, uma enorme explosão, que os cientistas chamam de Big Bang, fez com que esse ponto minúsculo se expandisse para todos os lados a uma velocidade assustadora. E essa esfera, que tem um diâmetro de mais ou menos 93 bilhões de anos luz constitui o que a gente chama de Universo Observável. Ele é maior do que o universo de ontem e menor que o universo de amanhã. Então, a cada momento que passa, o Universo Observável
está aumentando. Sim, o universo é a impressionantemente grande. E ainda assim, depois de ver o universo sob essa perspectiva, temos a impressão que a nossa galáxia não é tão grande comparado ao tamanho do resto do universo. Não. Por mais que ele seja uma parte bem pequena do universo, ele ainda tem uma dimensão assustadora para nós. Estamos falando de um aglomerado de estrelas em formato de espiral que se estende por mais ou menos 100 mil anos luz. Com esse tamanho, é claro que existem estrelas de sobra para passearmos. Os cientistas estimam que o número de estrelas
da Via Láctea pode chegar a 400 bilhões. E temos estrelas para todos os gostos. Super gigantes, anãs vermelhas, anãs brancas e muitas e muitas estrelas parecidas com o nosso sol. Planetas? Bem, os cientistas apostam que o número de planetas da Via Láctea pode ser até mesmo maior que o número de estrelas. E caso você esteja se perguntando, aquela pequena bola azul que nós conhecemos tão bem fica neste ponto aqui. Sim, é aqui que nós moramos. Esse é o nosso endereço. Se você pensar no universo como uma cidade gigantesca, a Via Láctea seria o nosso bairro.
E é aqui que nós nascemos e crescemos. E é aqui que vamos aprender como essa cidade inteira, ou pelo menos uma parte dela, funciona. Então, temos estrelas de todos os tipos, planetas de todos os tamanhos, buracos negros, isso sem falar também da poeira e gás espacial. A nossa galáxia é um mosaico que ilustra muito bem o que existe no universo. Aí vem a pergunta: Será que existe vida inteligente em algum outro lugar da Via Láctea? Se tem uma coisa que a ciência nos ensina é que o primeiro passo para saber a resposta de uma pergunta
é reunir o máximo de informações possíveis sobre essa pergunta. Então, antes de procurarmos vida fora da Terra, é essencial que a gente aprenda o que é a vida e como ela surge. Por isso, vamos colocar o nosso foguete em pelo automático por alguns momentos e consultar os computadores da nave, para entendermos como a vida pode aparecer no universo. Você que está assistindo esse documentário, sabe que está vivo, correto? Mas, por acaso, você consegue definir o que é vida? Pode tentar, eu espero. Não? É difícil, né? Não se preocupe, essa pergunta é mais complicada de ser
respondida do que parece. Na verdade, esse mistério também desafia a humanidade há muito tempo. Vida é um conceito bastante amplo do ponto de vista histórico e filosófico. Biólogos podem identificar a presença de carbono, a capacidade de reprodução. A gente pode falar de vida senciente, vida com consciência. A vida é um arranjo muito louco da química. Porque basicamente é isso que nós somos. A vida é um jeito muito particular de organização de moléculas e de elementos químicos que faz aquilo lá funcionar e se replicar e produzir mais dele mesmo. Mas o problema é que durante muito
tempo a palavra 'vida' esteve associada a uma ideia que, em um primeiro momento, parece estar bem longe de ciência. Estou falando da alma. Usar a alma para explicar a vida. Ainda exigem definições religiosas ou filosóficas, mas não é isso que estamos procurando agora. Para nossa sorte, a ciência vem buscando outras formas de definir o que é vida. O problema é que essa não é uma tarefa muito fácil. Vamos olhar então a definição mais conhecida de vida, que diz que o organismo precisa experimentar alguns fenômenos para ser considerado vivo. O organismo vivo passa por vários estágios
sequenciais do momento em que ele é gerado até sua morte. Seu corpo absorve e metaboliza nutrientes para crescer, se livrando daquilo que não serve para nada. O organismo vivo tem movimento em nível celular que pode ou não rolar junto com o movimento externo, ou seja, do corpo como um todo. Uma criatura viva é capaz de gerar descendentes semelhantes a ela. Um corpo vivo consegue perceber mudanças no ambiente e agir de acordo com o que acontece ao seu redor. Ao longo das gerações, uma criatura viva tem capacidade de evoluir e se adaptar cada vez mais ao
meio em que vive. Todo organismo vivo passa por esses fenômenos pelo menos uma vez na sua existência. Eu, você e o nosso amigo Raj fazemos tudo isso. Logo, nós três estamos vivos. Correto? Mas e os vírus? Existem vírus que não conseguem crescer. Isso significa que eles não são seres vivos? No caso específico da biologia, para definir vida de maneira teórica, realmente é complicado basicamente, por causa dos vírus. O vírus só existe quando ele pode parasitar algum outro ser vivo. Como todo parasita perde partes, às vezes para facilitar o seu trabalho de parasitismo, pode ser que
os vírus tenham perdido boa parte do seu equipamento celular, porque ele não era necessário. Mas é complicado você definir, por exemplo, a vida com filamentos de DNA ou de RNA que podem se reproduzir ou se replicar, porque essa seria a definição mais básica que incluiria os vírus também. E se você amplia muito a definição de vida, um vírus de computador é vida porque eles têm capacidade de aprender e o algoritmo consegue selecionar aqueles códigos binários e funcionar a partir daquilo. Então começa a ficar uma coisa meio complicada. Hoje a gente está usando a vida restrita
ao DNA e ao RNA. Eu e você sabemos que os vírus de computador não estão vivos. Eu estou usando esses exemplos apenas para mostrar o quanto é difícil definir a vida. Agora mesmo, se um dia a ciência definir de forma clara e cristalina o que é vida, ainda teremos um grande problema: Como essa vida surge? A explicação mais aceita hoje em dia de como a vida surgiu é muito complexa, porque não envolve apenas biologia, mas também química, física, astronomia e geologia. Vamos voltar mais uma vez no tempo. Mas agora vamos deixar Raj para trás e
viajar bilhões de anos para o passado. Os sinais mais antigos da vida encontrados na Terra estão em rochas que são de 3,5 a 3,8 bilhões de anos atrás. Então, sabemos que a vida surgiu antes disso. Como nosso planeta foi formado há 4,5 bilhões de anos, a vida com certeza apareceu durante esse primeiro bilhão de anos na Terra. Isso aconteceu quando a Terra ainda não era exatamente uma bola azul cheia de água como a conhecemos. Durante seus primeiros anos, a Terra não sólida, nem líquida. Imagine que a Terra era composta basicamente de rocha e lava, como
se fosse uma enorme bola quente. Mas, aos poucos, o planeta foi se modificando. Sua superfície foi esfriando e endurecendo. As constantes atividades sísmicas deram origem a inúmeros vulcões. As erupções desses vulcões mudaram nossa atmosfera, que ficou repleta de elementos como amônia, metano, hidrogênio e vapor de água. Isso foi essencial para a vida surgir. Mas a vida não pode surgir sozinha, né? O que aconteceu foi que essa atmosfera começou a sofrer influência da temperatura altíssima do planeta, de tempestades elétricas e também de raios ultravioletas que vinham do sol. Com isso, essas substâncias começaram a se combinar
formando aminoácidos, que são as matérias-primas das proteínas. Se esses aminoácidos continuassem flutuando na atmosfera, talvez nós não estivéssemos aqui hoje. Por isso, temos muito que agradecer à umidade do nosso planeta, porque as chuvas que formaram os primeiros oceanos também levaram esses aminoácidos para a superfície da Terra. Depois disso, eles continuaram a sofrer os efeitos do calor e começaram a se unir uns com os outros, formando proteínas. Essa é a famosa Sopa Primordial que teria dado origem à vida na Terra. Na água morna dos mares da época, o trabalho dessas proteínas se tornou mais fácil. Elas
começaram a se unir e a se modificar, até que finalmente formaram as primeiras células, que ainda eram muito simples. Essa é a teoria mais aceita pelos cientistas, especialmente depois que pesquisadores conseguiram reproduzir esse cenário nos anos 1950. Eles reuniram metano, amônia, hidrogênio e vapor de água em um balão de vidro, criando uma espécie de terra primitiva em miniatura. Começaram a expor o conteúdo desse balão ao calor e a descargas elétricas, até descobrirem que moléculas de aminoácidos haviam aparecido no experimento. Então foi assim que a vida surgiu, correto? É, não sabemos, pelo menos não com certeza.
A vida pode, sim, ter sido iniciada dessa forma, mas não tem como a gente ter certeza se foi realmente isso que aconteceu. Além disso, há pouco tempo, uma fenda vulcânica com águas super aquecidas foi descoberta no Mar do Caribe. Esse local é habitado por microrganismos bem parecidos com os mais antigos da Terra. Então é possível que essas fendas tenham sido, sim, um dos berços originais da vida também. A ciência pode não ter certeza da origem da vida, mas de uma coisa ela sabe: essa vida teve que lutar muito para chegar aonde estamos. Mesmo depois da
vida surgir, o planeta Terra demorou para se estabilizar. A temperatura, a atmosfera e até mesmo as porções de terra e água. O mundo antigo era um lugar perigoso, com vulcões e meteoros caindo na Terra o tempo inteiro. E sempre que o mundo sofria uma transformação muito grande, isso resultava em uma extinção em massa. Esses eventos podem ser comparados a apocalipses, mas eram comuns o suficiente a ponto de terem rolado pelo menos cinco vezes na história. A maior extinção em massa que a gente tem registro aconteceu entre o Permiano e o Triássico. Ainda há alguma especulação
sobre o que causou esse extinção, mas provavelmente foi uma modificação muito grande no planeta todo. Não estão descartardos os asteróides, mas como a gente não tem nenhum registro efetivo de choque de asteróides, o pessoal prefere lidar mais com fatores endógenos, fatores terrestres, que seriam erupções vulcânicas em quantidades enormes, uma mudança ambiental muito grande, talvez uma variação de temperatura muito grande... É mais ou menos nesse período que começa a formar a Pangeia. Até antes, no Paleozóico, a Pangeia estava se formando, para depois, no Mesozoico ela começar a quebrar. E o interessante disso é que pode ser
que a junção desses continentes possa ter gerado uma modificação ambiental monstruosa, que gerou essas extinções. Você tem que levar em conta que a maior parte da vida naquela época era aquática, marinha, e mais ou menos 96% de todas as formas de vida foram extintas. Aliás, nós temos uma pequena contradição aí. Como eu disse, a definição de vida não precisa usar a ideia de alma, mas ao mesmo tempo, podemos dizer que a vida ter surgido e permanecido na Terra foi quase um milagre. Mas nós conseguimos, passamos com dificuldade por todos esses filtros da vida e estamos
aqui hoje. Então, será que é tão impossível assim a vida nascer, evoluir e sobreviver em outros planetas? E é importante lembrar que essa teoria que explica como a vida surgiu aqui na Terra não necessariamente tem validade fora do nosso planeta. Se a vida existe do outro lado da nossa galáxia, é bem provável que as coisas tenham acontecido de forma bem diferente por lá. Mas, ao menos por enquanto, esse é o único modelo que conhecemos de como a vida pode surgir. Então, vamos reunir tudo o que aprendemos sobre a vida e voltar a observar o universo.
Vamos observar nossa galáxia com calma, a procura de vida alienígena. E assim, lugares para procurar não faltam. Se levarmos em conta o tamanho e a idade do universo e o fato de que planetas como a Terra, ou seja, capazes de suportar a vida, são relativamente fáceis de encontrar em nossa galáxia. Então não seria difícil encontrar civilizações em outros planetas. A existência de vida alienígena, acho que é o Santo Graal da ciência. É uma das principais questões que os astrônomos tentam responder aos cientistas. Claro que a gente queria dar uma resposta positiva, mas não existe evidência
de qualquer tipo de vida que não seja aqui na Terra. O sistema Solar tem quatro mil bilhões de anos. Aqui na nossa vizinhança já descobrimos estrelas muito mais velhas. Tem a Estrela de Captain, se não me engano, que está alguma coisa em torno de 12 anos luz de distância... Foi encontrado um planeta habitável ao redor dessa estrela, então, sendo muito mais velha do que o Sol, é possível que lá tenha vida. Isso parece até um paradoxo, né? Mas é! Essa contradição entre as chances enormes de encontrarmos vida alienígena e o fato de que isso nunca
aconteceu é conhecido como Paradoxo de Fermi, batizado com esse nome em homenagem ao físico italiano Enrico Fermi. Ele estava em um certo dia conversando com seus amigos sobre alienígenas e em determinado momento ele virou para os outros cientistas e perguntou: "Onde está todo mundo?" "Cadê os aliens, mano?" O que ele estava questionando é exatamente o fato do ser humano nunca ter encontrado nenhuma outra civilização. E eles começaram a debater essa questão. E o Fermi, que era conhecido por fazer contas muito rápido, pegou um guardanapo, começou a fazer cálculos e estimativas concluindo que, pela lógica, a
gente já deveria ter sido visitado por inúmeras espécies de alienígenas muitas e muitas vezes. Nós não precisamos olhar para as contas no guardanapo do Fermi para usar o senso comum e saber que ele tem razão. Basta olharmos tudo o que sabemos sobre a Via Láctea. Eu disse que podem existir 400 bilhões de estrelas na nossa galáxia, não é? Bom, pelo que nós sabemos, cerca de 5% dessas estrelas são parecidas com o nosso Sol, ou seja, 20 bilhões de estrelas. E os cientistas acreditam que pelo menos um quinto desses 20 bilhões de estrelas possuem um planeta
do tamanho da Terra em sua zona habitável. Ou seja, esse planeta não está nem muito longe da estrela, onde a temperatura seria baixa demais, nem muito perto, onde o calor intenso iria evaporar os oceanos, acabando com a chance da vida florescer. Temos pelo menos quatro bilhões de planetas, que, astronomicamente falando, são parecidos com a Terra e estão no lugar ideal para sustentar a vida. Você não entendeu errado. Quatro bilhões de planetas! Vamos fazer de conta que a vida surgiu em 0,1% desses planetas. Eu não estou pedindo muito, né? Estou falando de 0,1% desses planetas. Isso
é algo que o universo tem de sobra para emprestar para nós usarmos nesse exemplo. Vamos assumir, então, que a vida surgiu em 0,1% desses planetas. Nós teríamos quatro milhões de planetas com vida alienígena. Se existisse só um tipo de vida nesses planetas, o que seria improvável, já que só na Terra temos mais de um milhão de espécies catalogadas, ainda teríamos pelo menos quatro milhões de espécies alienígenas diferentes. Mas vamos em frente com o raciocínio: se a vida surgiu em quatro milhões de planetas da Via Láctea, vamos assumir que destas quatro milhões de vidas, 0,1% delas
conseguiu passar por todos os filtros da vida que nós passamos e se desenvolveram até se tornarem inteligentes. Elas teriam evoluído, criado religiões, guerras, costumes, tecnologias e foram avançando até colocarem o pé fora do planeta onde nasceram e começaram a navegar pela galáxia. Estamos falando de quatro mil civilizações alienígenas desenvolvidas na Via Láctea. Parece pouco, né? Afinal, são quatro mil civilizações em um espaço de 400 bilhões de estrelas. Mas imagine que muitas dessas quatro mil civilizações rodam pela galáxia em naves espaciais, montam colônias em outros planetas, emitem sinais com o objetivo de se comunicar com outras
espécies! O que a gente pode especular, é que deve existir algum tipo de organização. Civilizações que vão se encontrando no espaço e podem entrar em guerra, podem entrar em entendimento ou, eventualmente, deve existir alguma maneira de se comunicarem. Qual seria a chance de a gente ter visto algum tipo de sinal, pelo menos de uma dessas civilizações? A não ser, é claro, que nós sejamos tão feiosos e monstruosos que eles não querem nem chegar perto da gente. Sim, você já pensou que talvez você seja um monstro asqueroso aos olhos de um alienígena? Enfim, essa conta que
fizemos rapidamente mostra como a probabilidade de encontrar vida alienígena na galáxia é enorme e nós ainda deixamos de fora um fator muito importante, o tempo. Essa conta vale para o tempo presente. Se colocarmos todo o passado da galáxia nessa equação, as chances de encontrarmos sinais de vida extraterrestre são ainda maiores, porque estamos lidando com uma galáxia que surgiu há 13 bilhões de anos e ganhou seu primeiro planeta, capaz de sustentar a vida no máximo dois bilhões de anos depois de ser criada. Em outras palavras, quando a Terra surgiu há 4,5 bilhões de anos, ela era
apenas mais um planeta habitável na Via Láctea. Isso não era mais novidade para a nossa galáxia, que havia passado quase sete bilhões de anos vendo planetas surgirem dessa forma. Sete bilhões de anos! Uma janela dessa é tempo suficiente para que civilizações enormes tenham se desenvolvido em vários cantos. Mesmo se elas já deixaram de existir, com certeza teremos encontrado algum indício da passagem desses povos pelo universo. E eu não estou falando apenas de ruínas ou vestígios arqueológicos, mas também de objetos espaciais. Se uma civilização antiga enviou diversas sondas para o espaço para estudar galáxias e essa
civilização foi dizimada por algum motivo, as sondas continuam vagando pela Via Láctea. Será que somos tão azarados que nenhuma delas passou perto de nós? E é aí que o Paradoxo de Fermi se lembra que é um paradoxo e joga na nossa cara que nunca vimos nada desse tipo! Nunca vimos algo que sequer se pareça com isso. Muitos cientistas, inclusive dizem: Se encontrarmos vida inteligente no espaço, é provável que sejam as máquinas deles. Porque máquinas são muito mais duráveis, não têm a necessidade de um ambiente tão protegido quanto seres biológicos têm. Vantagens existem muitas. A questão
é chegar à tecnologia desse ponto. E nós sabemos que da nossa parte, vontade para isso não faltou. Não é de hoje que as pessoas olham para os céus em busca de naves alienígenas. Eu, pessoalmente, nunca vi nada. No meu trabalho jornalístico como consultor da Revista UFO, a gente teve acesso a documentos que já estão no Arquivo Nacional, encontros da Força Aérea Brasileira com... Alguns objetos podem ser chamados de "objetos estranhos". Mas, por definição, é "objeto voador não identificado". Você não sabe o que é. Pode ter vários formatos. As aparições que o pessoal alega... Provavelmente tem
alguma explicação. Talvez fosse um avião... Uma pergunta que o pessoal sempre faz pra gente: "Você é astrônomo, já viu alguma coisa estranha no céu?" A gente já viu muita coisa estranha, mas quando a gente vai tentar apurar, a gente acaba descobrindo que se tratava de um fenômeno natural. Então, muitas vezes os relatos de avistamentos são, na verdade, porque as pessoas não conhecem as possíveis causas daquilo que estão vendo. Eu não tenho na minha experiência biográfica, nenhuma existência metafísica ou extra-terrestre, o que não quer dizer que não exista. Agora, claro que os cientistas não se dão
por satisfeitos com esse paradoxo e tentam resolver esse enigma. Não é uma tarefa fácil. E aí, precisamos falar do astrônomo Frank D. Drake. Drake é um dos nomes mais atuantes nesse campo, sendo um dos fundadores do Programa SETI, dedicado a buscar sinais de inteligência extraterrestre na galáxia. Drake é famoso também por criar uma equação que indicaria a chance de encontrarmos vida inteligente fora da Terra. Ela é chamada de Equação de Drake e é montada da seguinte forma. Calma, calma, não vou entrar em matemática para tentar resolver essa equação, calma! Mesmo porque, resolver essa equação não
vai ajudar a gente em nada. A equação de Drake é uma estimativa probabilística, é um retrato na verdade, da nossa ignorância sobre esse assunto e ela é a primeira aproximação que a gente faz para tentar chegar em um número possível de civilizações extraterrestres. O problema é que nós só conhecemos os dois primeiros termos com bastante exatidão da equação. E os outros termos são meramente especulações. Então, por que diabos nós estamos falando dessa equação? Porque ela ainda é bastante importante para a gente. Vamos esquecer os números de Drake e pensar somente na equação. A informação mais
importante está em todas essas variáveis que listam tudo o que devemos levar em conta na hora de pensar se existe vida alienígena ou não. Então vamos olhar para isso com calma: R asterisco, é a taxa de formação de estrelas em nossa galáxia. Fp, é o número dessas estrelas que possuem planetas em órbita. Ne, é o número médio desses planetas com potencial para sustentar vida. Fl, é o número desses planetas que conseguem realmente desenvolver vida. Fi, é o número de planetas que desenvolvem vida inteligente. Fc, é o número de civilizações que desenvolvem capacidade de comunicação interestelar.
E, por fim, L, é o tempo esperado de vida dessa civilização. O dia que nós tivermos esses dados, poderemos fazer essa multiplicação e descobrir o valor de N, que é o número de civilizações extraterrestres em nossa galáxia, com as quais poderíamos ter a chance de fazer contato. O problema é que, para saber exatamente os valores de alguns dados dessa equação, como o número de planetas que desenvolveram a vida inteligente ou o tempo de vida de uma civilização alienígena, nós precisamos explorar o espaço e encontrar outra forma de vida. Vamos então deixar a equação de Drake
de lado e ver que outras maneiras os cientistas encontraram para explicar o Paradoxo de Fermi. E isso é algo que não falta, porque os cientistas quebraram a cabeça com isso durante muito tempo. Essas ideias são divididas em dois grupos, e o primeiro deles gira em torno de um conceito conhecido como O Grande Filtro. Essa hipótese diz que nós não encontramos nenhuma vida explorando os planetas, porque na evolução de qualquer espécie, existiu uma enorme barreira ou um filtro, impedindo que a civilização se desenvolva a ponto de se espalhar pela galáxia. E esse filtro pode estar em
qualquer ponto da evolução. Se pensarmos na evolução humana, o grande filtro pode estar no nosso passado ou no nosso futuro. Vamos pensar primeiro no nosso passado. Imagine que, assim como aconteceu na Terra, a vida surgiu em vários outros planetas. Só que quase nenhuma dessas vidas conseguiu ultrapassar o Grande Filtro. Elas surgiram e evoluíram até que chegaram ao Grande Filtro e foram extintas. Se ele estiver no nosso passado, nós somos uma das poucas espécies da galáxia que atravessou o Grande Filtro, que estaria em algum momento entre o surgimento da vida na Terra e o estágio em
que estamos hoje. A conclusão mais imediata que podemos tirar é que a humanidade é extremamente sortuda, porque ela ultrapassou o Grande Filtro sem sequer saber que ele existia, muito menos o que ele é. Esse cenário coloca ele no nosso passado e mostra que em termos de evolução, a humanidade já deixou o pior para trás e tudo o que temos a fazer é nos desenvolver ainda mais, para começar a colonizar o universo, que está todo à nossa disposição. Agora existe outra ideia, que diz que o problema pode estar justamente nessa parte de colonizar o espaço. Isso,
porque o Grande Filtro pode não estar no nosso passado, mas sim, no futuro, e que ele não precisa ser algo biológico. Então, o grande Filtro impediria esse último degrau da evolução. Nós ou qualquer outra civilização que exista lá fora, vamos nos desenvolver o máximo possível. Mas mesmo assim, vamos ficar apenas no nosso planeta, porque é impossível colonizar o espaço e ainda não sabemos disso. E existem outras ideias que não usam o Grande Filtro para explicar por que nunca encontramos outra civilização na galáxia. Uma delas diz que o correto não seria dizer que não existe vida
inteligente no universo, mas sim, que essa vida ainda não existe. Essa hipótese diz que é somente agora, depois de quase 14 bilhões de anos, que o universo ganhou condições de permitir que a vida se desenvolvesse em alguns planetas. E o universo possui várias maneiras de impedir a vida. Um exemplo são as explosões de raios gama que acontecem, por exemplo, quando duas estrelas se chocam. Isso libera um flash extremamente potente de radiação de altíssima energia, que pode deixar regiões inteiras do universo completamente inóspitas, impossibilitando a vida. Mas os cientistas que defendem essa hipótese dizem que com
a idade que o universo tem hoje, esses fenômenos teriam começado a se tornar mais raros e a vida finalmente começaria a aparecer e a se desenvolver em algumas regiões. Por isso, nós nunca teríamos achado nenhuma civilização inteligente, porque nós somos a primeira civilização de todo o universo. Mas a partir de agora, outras começarão a surgir. E existe uma hipótese ainda mais radical, que é conhecida como a hipótese da Terra Rara. A teoria da Terra Rara diz que planetas que são parecidos com a Terra, que têm as condições de abrigar vida como a Terra abriga vida
aqui, é uma probabilidade muito, muito baixa. É uma teoria polêmica, principalmente nos últimos anos que foram identificados milhares de novos sistemas planetários e a tecnologia está melhorando e vai permitir que a gente identifique planetas cada vez menores, isso tem mostrado que a presença de planetas é muito comum. Diversos fatores podem ter se combinado para transformar a Terra em uma verdadeira jóia do universo. Se for esse o caso, nós não devemos mais perguntar se existe vida inteligente fora da Terra, e sim, se existe vida de qualquer forma em outro planeta. E a resposta provavelmente seria não.
Mas existe outro grupo de explicações que gira em torno de uma ideia ainda mais excitante. Existem civilizações avançadas navegando pelo cosmo, explorando as estrelas e colonizando planetas. E por que nós não vemos nada disso? Por um motivo simples: Nós não estamos preparados para isso, tanto em termos tecnológicos como sociais. Talvez exista uma sociedade galática e nós estamos no degrau mais baixo dela. Como eu falei, essa ideia é excitante, mas alguns cenários que surgem a partir desse pensamento são mais assustadores que qualquer grande filtro que você possa imaginar. Vamos fazer de conta que somos apenas mais
uma civilização em um universo que está cheio de civilizações e muitas delas mais avançadas que nós. Onde estão essas civilizações? Onde estão todas essas naves espaciais? Toda essa tecnologia e todo esse conhecimento? Por que elas não fazem contato com a gente? Bom, antes de discutirmos as várias explicações que existem a partir desse cenário, temos que falar de um astrofísico russo chamado Nikolai Kardashev. Kardashev sempre pensou bastante sobre como seria a vida fora da Terra e conclui que seria possível catalogar o grau de desenvolvimento de uma civilização alienígena mesmo antes de encontrá-la. Para isso, ele usou
o elemento que é comum a todas as civilizações: a energia. Basta olhar para o nosso passado. Todas as civilizações, sejam elas a pequena tribo de Raj ou o grandioso Império Romano. Todas precisaram coletar energia do meio ambiente para utilizá-la a seu benefício. Foi assim que surgiu a Escala Kardashev, que classifica os vários estágios de desenvolvimento de uma civilização alienígena, dividindo elas em três tipos. As civilizações de tipo um, são aquelas capazes de aproveitar toda a energia potencial de seu planeta natal. Já as civilizações do tipo dois conseguem usar absolutamente toda a energia potencial da estrela
que ilumina o seu planeta natal. E as civilizações de tipo três são aquelas gigantescas, que conseguem aproveitar a energia potencial de uma galáxia inteira. O homem ainda não conseguiu explorar todos os recursos energéticos da Terra. Nos estudos que as pessoas fizeram, o valor mais aceito da nossa posição nessa escala, é que nós estaríamos por volta de 70% do primeiro nível. Isso é uma das principais causas para nunca termos feito contato com civilizações alienígenas, caso elas existam. Porque vamos pensar uma coisa: imagine a nossa galáxia com todos aqueles números que falei aqui. O impacto que nós
causamos na Via Láctea é nulo. Basta pensarmos na Voyager 1. A sonda espacial lançada pela NASA em 1977 e que é o objeto humano que está mais distante da Terra. Em 2013, 36 anos depois de ser lançada andando a uma velocidade média de 60 mil quilômetros por hora, ela finalmente atingiu a fronteira do Sistema Solar. E essa conquista é enorme para nós. Mas e para o resto da galáxia? É algo totalmente insignificante. Isso vale também para o impacto que causamos na galáxia, mesmo sem sair do planeta. Todos sabemos que, teoricamente, uma das maneiras mais conhecidas
de fazer contato com alienígenas é por ondas de rádio, pois elas correm pelo espaço na velocidade da luz. Então vamos pensar nas ondas de rádio que emitimos no planeta e foram para o espaço. Se elas andam na velocidade da luz, com certeza já devem ter chegado a algum planeta habitado, correto? Bem, o rádio foi inventado no final do século XIX, há mais ou menos 120 anos. Então já temos um problema aí, porque qualquer transmissão de rádio enviada de outro planeta que chegou à Terra antes disso não foi nem captada por nós. Mas estamos falando das
transmissões que enviamos para fora do planeta. Então vamos pegar esses 120 anos e arredondar para 100 anos apenas para dar um tempo até que as estações de rádio se espalhassem pelo mundo, com ondas transmitidas em maior quantidade e para todos os lados do globo. Se fizermos essa conta, as ondas de rádio que emitimos nos últimos 100 anos estão viajando pelo espaço e já se espalharam formando um círculo com 200 anos luz de diâmetro. Parece bastante, certo? Afinal, a distância entre a Terra e a Nuvem de Oort, que delimita o Sistema Solar, é menor que um
ano luz. Então, 200 anos luz é muita coisa. Sim, é muita coisa quando pensamos no nosso planeta ou até mesmo no nosso sistema solar. Mas quando pensamos na Via Láctea, esses 200 anos luz são mais ou menos isso aqui. E este é o impacto do homem na galáxia. Nossas ondas de rádio, que são as pegadas de nossa civilização no universo, não atravessaram sequer a nossa galáxia. Qualquer civilização alienígena inteligente, mesmo tendo aparelhos que captam ondas de rádio, precisaria viver dentro desse círculo para que ela recebesse nossos sinais. Mas essas não são as únicas explicações possíveis
para o Paradoxo de Fermi. Outra hipótese diz que a vida inteligente não apenas existe, como já visitou a Terra. Mas isso aconteceu muito antes de estarmos aqui. Os primeiros Homo sapiens sencientes, ou seja, com capacidade de entender conscientemente o que acontece ao seu redor, surgiram na Terra cerca de 70 mil anos atrás. Parece muito tempo para nós, mas para o Universo isso é apenas um instante. Nosso planeta foi formado há 4,5 bilhões de anos. Nada impede que, em algum momento do passado da terra no qual o homem nem sonhava em existir, um alienígena tenha pousado
aqui, coletado amostras do solo e partido para explorar outro planeta. Existe uma famosa história de um trilobite, que era um ser aparentado com os insetos, que viveu há centenas de milhões de anos, aparentemente amassado por uma marca que parece uma bota. Mas é especulação. Você não tem como saber, afinal, uma coisa de milhões de anos. Nossos instrumentos não têm como determinar isso com segurança. Outra explicação diz que nós somos extremamente azarados a respeito do lugar onde moramos. Essa ideia aponta que a galáxia é habitada por outros povos mais evoluídos e também colonizada por eles. Se
essas espécies se conhecem, então podem até mesmo fazer alianças, acordos comerciais, entrar em guerras. Existe todo um Game of Thrones espacial acontecendo na nossa galáxia, mas nós estamos bem longe disso. Demos azar de cair em uma região desabitada e que talvez seja desconhecida por esses povos. Na terceira explicação, as coisas começam a ficar um pouco mais complicadas. Uma civilização do tipo dois é capaz de explorar a energia de uma estrela. Nós não temos como saber se, ao chegar nesse nível tecnológico, eles já não criaram uma sociedade virtualmente perfeita e sustentável, que fornece tudo o que
eles precisam. O ponto é: será que todas as civilizações mais avançadas realmente sentiriam o desejo ou a necessidade de entrar em uma nave e mapear uma galáxia que não tem nada muito interessante para eles? Outro cenário é um pouco mais assustador e diz que este enorme silêncio que existe no espaço não acontece sem motivo. Imagine que você tem diversas civilizações mais avançadas que nós espalhadas pela galáxia e todas com capacidade de enviar sinais, entregando sua localização para outras formas de vida. Mas elas, que conhecem um pouco mais da galáxia que a gente, não fariam isso
porque sabem que publicar o seu endereço no universo não é algo muito inteligente, pois pode atrair espécies que não tenham intenções exatamente amistosas. E nós fazemos isso. Além do programa SETI, que escuta ruídos do espaço em busca de vida inteligente, temos o programa METI, que envia mensagens para o espaço. Uma mensagem bem famosa foi enviada em 1974. A mensagem de Arecibo, que tem esse nome, porque foi enviada pelo radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, É um código binário, formando uma série de desenhos simples, que mostram os elementos químicos do nosso DNA, até uma representação do
sistema solar indicando em qual planeta estamos. Isso pode mostrar para o resto da galáxia que somos inteligentes. Mas ao mesmo tempo, pode deixar claro que não somos muito espertos. O físico Stephen Hawking já declarou que se um dia aliens aparecerem por aqui, nada impede que a situação seja parecida com o que rolou na chegada dos espanhóis na América. A chegada de Colombo em 1492 foi a chegada de um impacto muito grande, que significou primeiro povos que conheciam o ferro, povos que conheciam a pólvora. Povos que tinham inclusive um sistema imunológico mais forte, por terem convivência
com um leque maior de doenças. Resultado, a chegada dos europeus trouxe, além de elementos de destruição muito importantes como a pólvora, trouxe também doenças em larga escala. America é o maior genocídio da história, um genocídio principalmente por doenças e secundariamente pela violência direta, que é mais visível, mas são as doenças que matam mais. Se as outras civilizações do espaço permanecem em silêncio, talvez Stephen Hawking esteja certo em pensar assim. Isso poderia estar relacionado a outro cenário, que é talvez o mais assustador de todos. Graças aos recursos técnicos, nós eliminamos os nossos predadores naturais ou os
cercamos. Porém, se você considerar que um ser humano largado na floresta é um dos mais frágeis de todos os animais, qualquer gorila, nossos primos diretos, vence com facilidade um ser humano. Porém, é graças ao fato de que os nossos predadores históricos foram subjugados e os animais que nos beneficiam, como cachorros e galinhas foram multiplicados, mostram que nós vivemos esse Antropoceno, essa era da humanidade, e que ela é um desastre para a maioria das espécies. A gente sabe que, depois das grandes navegações, a quantidade de extinções aumentou absurdamente. Os europeus começaram a levar vacas, gato, cachorro,
ratos para ambientes que não tinham preparo para lidar com isso. Então, por exemplo, população em ilhas, eu posso dizer que quase 50% de todas as espécies nativas de ilhas, seja do Pacífico, seja do Atlântico, seja do Índico, foram quase todas extintas. Ou seja, nós somos grandes predadores e ao mesmo tempo, isoladamente, somos uma espécie muito frágil e a técnica nos torna dominantes no planeta. Agora, se a tecnologia nos transformou em um dos super predadores do nosso planeta e nós não tivemos problema nenhum em aceitar esse papel, isso seria impossível de acontecer fora da Terra. Imagine
que a galáxia é habitada por uma civilização extremamente desenvolvida e por várias outras civilizações mais atrasadas. Uma explicação para o Paradoxo de Fermi sugere que sempre que uma dessas civilizações mais atrasadas evolui até um certo grau de desenvolvimento, ela é literalmente exterminada pela civilização superior. Como nós não conhecemos essa civilização super avançada, não fazemos ideia dos motivos dela acabar com as outras. Ela faria isso para evitar a concorrência na exploração de recursos? Ou seria algo cultural? Ou ela começaria a encarar a nova civilização como uma espécie de praga na galáxia? Qualquer motivo que pensarmos, pode
se encaixar aí. Mas vamos deixar guerras e genocídios estelares de lado e pensar um pouco em outra ideia que envolve comunicação, ou melhor, a incapacidade de comunicação. Uma explicação para todo esse silêncio seria simplesmente o fato de que não temos tecnologia para captar sinais alienígenas dentro e fora de nossa galáxia. Talvez existam milhões de conversas acontecendo lá fora que nós nem sabemos exatamente o que deveríamos estar ouvindo. Isso, porque essas conversas podem acontecer em velocidades diferentes do que o nosso cérebro é capaz de entender ou até mesmo serem transmitidas de maneiras que nós nem desconfiamos
que existam. Estamos tentando captar mensagens com radiotelescópios, mensagens de outros seres via rádio. Mas será que eles ainda usam rádio? Imagine um homem de nossa civilização voltando mil anos no passado. Ele leva consigo uma mini estação de rádio e a monta próxima de um vilarejo antigo, lar de cerca de 200 pessoas. Ele começa a tentar se comunicar enviando sinais de rádio para os moradores desse local. O que vai acontecer? Nada! Ninguém vai nem saber que esse cara existe. Se você voltar no passado e tentar enviar um sinal de rádio para uma civilização que não tem
um aparelho de rádio, sua mensagem não será recebida. Isso significa que não existem pessoas nesse vilarejo? Nós podemos estar recebendo sinais alienígenas nesse exato momento. Mas sem os meios necessários para interpretar esses sinais de uma forma que faça sentido para a gente, vai acontecer a mesma coisa que aconteceu naquele vilarejo de mil anos atrás. Esses sinais vão passar desapercebidos. Aliás, a vida não tem nem mesmo a obrigação de existir de uma forma parecida com a vida na Terra. Vamos extrapolar um pouco e pensar sobre isso? Um dos principais motivos para existir vida na Terra é
a existência de água, correto? Por isso que sempre que os cientistas encontram um corpo celeste que pode abrigar água, isso se torna um marco na exploração espacial. Afinal, a Terra e aquele corpo celeste compartilham uma característica essencial para a vida. Mas existem outros ciclos químicos que podem resultar em vida, mas você trocando a água por outro tipo de solvente. No caso, então, o metano líquido poderia ser um substituto para a água nos processos químicos que levariam para algo parecido com a vida. E aí, nessa direção, existe a Lua Titã, que é a maior Lua de
Saturno. É a única Lua que a gente conhece do Sistema Solar que tem uma atmosfera espessa. E lá foi identificado que na superfície dessa lua existem lagos de metano e etano. A gente tem a nossa vida baseada em água, mas não necessariamente a vida precisa ser baseada em água. Então, outras formas de vida desenvolvidas em outros planetas poderiam ter outro tipo de líquido. Titã tem oceanos líquidos de metano. É uma molécula enstável que nem a água. Vai saber se ele não permitiria um tipo de vida no metano, que seja. Se a gente tem bactérias extremófilas
que vivem em fontes de enxofre, em temperaturas inacreditáveis... Então, é um dos alvos mais interessantes das pesquisas de astrobiologia e da origem da vida, porque pode ser que nesse ambiente você tenha condições que propiciem o início de um ciclo do tipo biológico. E ainda existe espaço para uma última hipótese, que na verdade se divide em dois cenários diferentes. Como vimos, estamos falando aqui em civilizações do tipo dois ou até mesmo do tipo três. Só que é importante lembrar, que nós ainda não estamos nem no tipo um. Então, temos que nos perguntar por um momento como
a civilização do tipo três olharia para nós? Será que ela olharia com curiosidade e interesse ou isso é exagero nosso? Imagine que você está andando por uma floresta e andando por uma floresta, de repente, você olha para baixo e vê um formigueiro. Você vê as entrando e saindo de um buraco na terra e sabe que elas estão vivas e vivem de maneira organizada. Podemos dizer que elas são um tipo de civilização. Podem ser muito menos elaboradas e desenvolvidas que a nossa civilização. Mas você ainda reconhece aquilo como uma civilização. O que você faz? Como aquilo
é uma civilização, você se ajoelha na terra e tenta estabelecer contato com as formigas? Tenta se apresentar e dizer quais são as suas intenções e se oferece para ensinar a elas como cortar a grama de forma mais eficiente usando tesouras? Ou você simplesmente ignora aquelas formigas, porque sabe que elas são completamente irrelevantes naquela floresta que tem tanta coisa mais legal para ser descoberta? Já foi dito como piada que a maior prova que há povos avançados no universo é que eles nunca nos visitaram e que isso seria uma evidência muito forte de que há civilizações avançadas.
Imaginar que um disco voador atravessa a galáxia, chega a esse quadrante, sobrevoa uma área, dá um vôo rasante e volta, é um pouco idiota. Talvez seja um playboy E.T. fazendo um racha em planetas primitivos. Em todo caso, é absolutamente antropocentrismo você imaginar que nós sejamos o foco. Nós, um planeta pequeno ao redor de uma estrela média, em uma zona não muito nobre da Via Láctea, que não é a maior das galáxias, é uma galáxia em espiral... Imaginar que nós somos o centro da atenção, vai ser um choque no nosso Narciso, o dia que descobrirmos que
ninguém veio aqui, porque realmente não havia nada, nada de interessante. Sem dúvida teria curiosidade. Ela é movida para o espaço, com certeza pela curiosidade, se não, não evoluiria. Se nós não fôssemos movidos pela curiosidade, estaríamos nas cavernas ainda. Poderia haver aquele... "Aquele pessoalzinho do terceiro planeta." "Olha que bonitinho, eles tem satélites!" "Vamos ver o que eles andam fazendo!" Ou então eles podem pensar: "Que povo atrasado ainda não conquistou sequer" "os outros planetas do seu sistema." "Vamos voltar em milhões de anos." Mas eu disse que essa alternativa rende dois cenários. E um deles é que os
cientistas não descartam a hipótese de que, caso isso esteja acontecendo, caso nós sejamos as formigas, alguma espécie extraterrestre esteja nos observando e esperando que o nosso desenvolvimento atinja outro patamar antes de finalmente fazer contato conosco. Quem sabe? Bem, pelo menos por enquanto, ninguém sabe. Afinal, nós ainda sabemos muito pouco sobre a nossa galáxia. Quando pensamos em exploração espacial, o homem é uma criança que está engatinhando e apenas pensando em aprender a andar. Foi difícil atravessar nossos milhares de anos de história para chegarmos até aqui? Sim, muito! Mas precisamos saber que isso é apenas o começo.
E agora que estamos aprendendo cada vez mais sobre o que existe fora da Terra, a nossa responsabilidade é muito grande. Será que somos a única civilização do universo? Se isso for verdade, temos que continuar existindo e, principalmente, evoluindo. Por outro lado... E se o universo for habitado por dezenas de outras espécies? Temos a obrigação de aprendermos e evoluirmos para que, um dia, possamos ser dignos de fazer parte dessa comunidade. Eu acho que nós temos hoje como desafio uma separação, um hiato, entre tecnologia e ética. Nós não crescemos na sensibilidade com a vida da mesma forma
que nós crescemos no desenvolvimento tecnológico. E acho que esse é o grande ponto, a grande amarra desse momento. Nós habitamos uma poeirinha de nada em um universo gigantesco. E falta muito esse entendimento que nossos problemas aqui são insignificantes diante do universo. A humanidade poderia se extinguir amanhã. O universo não estaria nem aí. E se você for pensar de uma maneira mais ampla, o fato do homem ter chegado onde estamos e ser uma espécie inteligente, capaz de entender o universo e capaz de chegar a outros locais sem ser o seu próprio planeta é uma coisa maravilhosa!
Pode ser que nós sejamos os únicos e seria uma pena a primeira civilização a atingir esse estágio se extinguir por motivos banais. Então, uma das primeiras coisas que a gente tem que aprender é: nossos recursos são limitados. Eles podem não ser tão limitados quanto as pessoas mais catastróficas dizem, mas eles ainda assim não são infinitos. Tirando isso, acho que a gente se vira bem. Por que esse povo conseguiria viajar pelo universo? Por já viver em paz consigo mesmo, no seu planeta. Isso é o que está faltando na Terra. É como fala a teoria da mola.
Você solta a mola, depois de uma pressão muito grande, ela nunca volta para o ponto de equilíbrio. Ela vai fazer assim até ela realmente chegar em um ponto de equilíbrio. A gente está agora em um contrafluxo da mola. Ela estava apertada, a gente soltou e agora ela está voltando. Estamos no contrafluxo, que lembra 100 anos atrás e provavelmente em algum tempo... Isso é a minha esperança, eu estou sendo milagrosamente otimista aqui... Em algum momento a gente chega em um equilíbrio para a gente conseguir sobreviver, ao mesmo tempo que a gente não "zoe" muito o planeta
para as próximas gerações. Nós precisamos começar a enxergar nós mesmos de uma forma um pouco diferente do que fazemos hoje. Temos que olhar para o nosso próprio planeta e enxergar que não somos apenas um apanhado de tribos diferentes. Nós somos uma civilização e temos que começar a nos comportar como tal. Nosso amigo Raj, cuja curiosidade pelo espaço ainda vive dentro de nós, ficaria bem orgulhoso disso. Então eu gostaria de me despedir de vocês aqui, citando um texto do famoso astrônomo Carl Sagan. Em 1990, quando a sonda Voyager 1 estava a seis bilhões de quilômetros da
Terra, a NASA fez com que ela virasse sua câmera para cá e tirasse uma foto de nosso planeta a pedido do Sagan. Essa imagem ficou conhecida como "o pálido ponto azul" e mostra o nosso planeta de uma forma minúscula na vastidão do espaço. De uma forma bem poética, esse ponto menor que um pixel ficou suspenso em uma faixa de luz do Sol. Em 1994, durante uma palestra, Sagan exibiu essa fotografia e fez o seguinte discurso. "Vista desta distância," "a Terra não parece ter nada de especial," "mas para nós, é diferente." "Considere novamente esse ponto:" "É
aqui, é nosso lar." "Somos nós." "Nele, todos que você ama," "todos que você conhece, todos de quem você já ouviu falar," "todos seres humanos que já existiram viveram suas vidas." "A totalidade de nossas alegrias e sofrimentos," "milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas," "cada caçador e saqueador" "cada herói e covarde," "cada criador e destruidor da civilização," "cada rei e plebeu," "cada jovem casal apaixonado," "cada mãe e pai, criança esperançosa," "inventores e exploradores," "cada educador, cada político corrupto, cada superstar," "cada líder supremo, cada santo e pecador" "na história da nossa espécie, viveu ali." "Em um grão
de poeira suspenso em um raio de Sol." "A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica." "Pense nos rios de sangue" "derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que," "em sua glória e triunfo, eles pudessem se tornar" "os mestres momentâneos de uma fração de um ponto." "Pense nas infindáveis crueldades infringidas" "pelos habitantes de um canto desse pixel," "os quase imperceptíveis habitantes de algum outro canto." "Como são frequentes seus mal entendidos!" "Como é grande a sua ânsia por se matarem!" "E o quão fervorosamente eles se odeiam!" "Nossas atitudes, nossa imaginária auto-importância," "a
ilusão de que temos uma posição privilegiada no universo" "é desafiada por esse pálido ponto de luz." "Nosso planeta é um espécime solitário" "na grande e envolvente escuridão cósmica." "Na nossa obscuridade em toda essa vastidão" "não há nenhum indício que ajuda possa vir de outro lugar" "para nos salvar de nós mesmos." "A Terra é o único mundo conhecido até agora que sustenta a vida." "Não há lugar nenhum, pelo menos no futuro próximo," "no qual nossa espécie possa migrar." "Visitar? Talvez." "Se estabelecer? Ainda não." "Goste ou não, por enquanto," "a Terra é o lugar onde podemos viver."
"Foi dito que a astronomia é uma experiência" "que traz humildade e constrói o caráter." "Talvez não haja melhor demonstração das tolices e vaidades humanas" "que essa imagem distante do nosso pequeno mundo." "Para mim, ela enfatiza nossa responsabilidade" "de tratarmos de forma mais gentil uns aos outros" "e de preservar e celebrar o pálido ponto azul," "o único lar que conhecemos."
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